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INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3
1 DA CONQUISTA À REFORMA DOS DIREITOS TRABALHISTAS ............... 4
Prezado aluno,
Bons estudos!
1 DA CONQUISTA À REFORMA DOS DIREITOS TRABALHISTAS
Para uma abordagem adequada requer uma análise das origens históricas do
direito do trabalho, mostrando como os direitos dos trabalhadores foram cumpridos e
como essas garantias evoluíram até o nível constitucional.
Somente analisando o desenvolvimento dinâmico ao longo do tempo, a partir
do seu surgimento, pelas mudanças nos meios de produção e nas condições de
trabalho dos trabalhadores, é possível compreender a construção e as mudanças que
estão ocorrendo na concepção do direito do trabalho hoje.
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Com o desenvolvimento da sociedade, as corporações de ofício começaram a
existir já na Idade Média, uma forma de trabalho mais complexa e em que os
trabalhadores tinham maior liberdade.
As corporações de ofício buscavam agrupar trabalhadores do mesmo setor e
local para criar um estatuto com algumas regras que disciplinassem as relações de
trabalho. Havia três personagens nesta organização, os professores, os
companheiros e os aprendizes.
Nas palavras de Martins, verbis:
1
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
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motores a vapor já geravam milhares de desempregados que começaram a viver à
margem da sociedade.
Com o aumento do número de desempregados, havia uma grande procura de
empregos, o que fazia com que os empregadores pudessem expor seus trabalhadores
a condições extremamente humilhantes, obrigando-os a trabalhar em condições
insalubres, em casos de incêndios, explosão, intoxicação por gás, inundações,
deslizamentos de terra, prestação de serviços com baixos salários e com uso de várias
horas.
Foi um período sombrio para os trabalhadores que enfrentaram uma miríade
de riscos no desempenho das suas funções, pois não tinham um nível mínimo de
saúde, higiene e segurança no local de trabalho, estavam sujeitos a doenças ou
sofreram um acidente de trabalho. Em todo caso, se eles ficassem incapacitados, logo
seriam substituídos por outra pessoa que trabalharia até a exaustão sob os mesmos
riscos.
As cidades daquela época descreviam os problemas dos operários nas
fábricas. Enquanto um grupo de desempregados vivia à margem da sociedade, sem
oportunidade de buscar uma vida melhor, aqueles que tinham trabalho viviam em
condições terríveis, dadas as condições muitas vezes desumanas que lhes eram
impostas. Eles permaneciam enfornados durante horas em fábricas úmidas e sujas.
Nesse ponto, tornou-se evidente a necessidade de intervenção governamental,
capaz de regular as relações industriais e coibir abusos cometidos por empregadores.
Naquela época, ainda estimulados pelas ideias iluministas repetidas desde a
Revolução Francesa, surgiram movimentos da classe trabalhadora convocando o
Estado a intervir nas relações industriais e em busca do bem-estar social. Essa
pressão dos trabalhadores forçava o Estado a expandir as funções tradicionalmente
atribuídas a ele pela doutrina liberal: além de proporcionar segurança, justiça e
construção de obras públicas, distribuir a renda e melhorar a qualidade de vida dos
desfavorecidos”.
Com a crescente mobilização dos movimentos proletariados, o Estado
começou a interferir ainda que provisoriamente nas relações de trabalho, e leis
dispersas foram criadas em vários países para suprir a hiporregulamentação.
Levantar a proibição do trabalho infantil noturno e por mais de 12 horas e o “conseils
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de prud'hommes”, um conselho estabelecido na França em 1806 para administrar
organizações de trabalhadores e resolver disputas industriais.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, surgiu pela força um movimento de
constitucionalismo social que pretendia elevar vários direitos sociais ao nível das
normas constitucionais.
Nesse contexto, foi criada em 1917 a Constituição do México, a primeira
constituição a conter diversos direitos trabalhistas, que estabelecia, verbis:
2
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Direito do Trabalho na Constituição de 1988. São Paulo:
Saraiva, 1989.
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do trabalho insalubre para menores de dezoito anos e para as mulheres, o
repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos, as férias, a
indenização e o princípio da regulamentação do exercício de todas as
profissões. (NASCIMENTO, 1989, p. 8)
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MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
9
Sabe-se que o regime militar privou os cidadãos brasileiros de inúmeros direitos
políticos e civis, mas em termos de legislação trabalhista, apesar das mudanças,
muitos deles tinham o poder de proteger os trabalhadores.
Os primeiros passos do regime no campo do trabalho referiram-se à
regulamentação do direito à greve pela Lei nº 4.330 de 1 de junho de 19645 e à
criação da Lei nº 4.589 de 1 de dezembro de 19646, que apagou as autoridades fiscais
dos sindicatos e criou os Departamentos Nacionais de Emprego e Salário, de
Segurança e Higiene no Trabalho.
Com isso, o regime representou uma de suas principais influências no moderno
Direito do Trabalho, a saber, a introdução do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS) pelo Decreto nº 59.820, de 20 de dezembro de 19667, que possibilitou ao
trabalhador optar pela adesão ao novo fundo ou continuação do antigo regime.
Logo após a fiscalização do FGTS, o novo regimento de 1967 foi aprovado e
alterado, vejamos:
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4330.htm
6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4589.htm
7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D59820.htm
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PEDROSO, Márcia Naiar Cerdote. Revista Latino-Americana de História: Edição Especial -
Lugares da História do Trabalho. Rio Grande do Sul: Unisinos, v. 1, n. 3, mar. 2012. Semestral.
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Nesse ponto, vale destacar a grande conquista da CLT, que passou a ser vista
pela Lei Maior como um direito essencial para o bom funcionamento do Estado, que
é elevado a direito fundamental.
A respeito dessa conquista alcançada pelos direitos trabalhistas, salienta
Maurício Godinho Delgado, in verbis:
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participação popular direta, separação de poderes, legalidade e direitos (individuais e
políticos)". Como eu disse, para obedecer aos direitos fundamentais dos cidadãos é
necessária uma lei maior que deve ser respeitada pelos subordinados, conhecida
como Constituição.9
Isso garante a participação direta e indireta da população no processo decisório
e garante que esse direito não seja prejudicado pelas atuais maiorias que chegam ao
poder. Ou seja, a existência da Constituição garante maior segurança jurídica,
sabendo-se que as regras continuarão a ser observadas independentemente de quem
estiver no poder.
Dito isso, conforme conclui o jurista italiano Pietro Costa, verbis:
9
SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. 4. ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2009.
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Um sistema jurídico complexo é caracterizado por uma infinidade de fontes que
estabelecem regras de conduta. Isso se deve à necessidade de normas para manter
o bom funcionamento da sociedade.
Portanto, além de sua fonte direta, também chamada de fonte original, todo
pedido possui fontes indiretas ou inferidas que podem ser divididas em duas
categorias: fontes reconhecidas e fontes delegadas. As primeiras são aquelas
resultantes do reconhecimento de padrões já estabelecidos por outros regulamentos
anteriores, enquanto as fontes delegadas são baseadas quando a
autoridade para desenvolver padrões legais é delegada a órgãos inferiores. Desse
modo, fica claro que as regras também surgem dos mais diversos pontos e, assim,
uma ordem complexa se configura.
Em relação ao conceito e às diferenças entre fontes delegadas e fontes
reconhecidas, é necessário compreender o conceito geral sobre a formação e
estrutura do sistema jurídico.
Se todas as regras vêm do poder primitivo, enfrentaremos uma ordem simples,
mas na ordem real, as regras são realizadas por meio de múltiplos canais, que são
causados principalmente por dois fatores.
O primeiro está relacionado ao fato de que qualquer sociedade civil que forma
um sistema jurídico foi protegida por várias regras, incluindo moralidade, religião,
sociedade e tradição. Portanto, a nova ordem formada não pode apagar
completamente as raízes das normas anteriores, de modo que as normas existentes
passam a fazer parte da nova ordem, e esta nova ordem é restringida pela ordem
anterior. O poder básico aqui é mais legal do que histórico, porque o poder soberano
está sujeito a restrições externas.
O segundo ponto diz respeito à necessidade da instituição original manter
padrões constantemente atualizados para atender ao desejo do país de definir e
regulamentar padrões. Ao contrário da primeira situação, quando a restrição vem de
fora, é executada pelo poder originário e, por fim, termina com a autocontenção,
transferindo o poder normativo para o sistema que dele depende e criando um número
ilimitado de fontes.
Devido às diversas fontes do direito moderno, é necessário um elemento que
sustente a harmonia normativa e unifique todo o sistema jurídico.
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As normas que existem em uma ordem não estão todas no mesmo nível. A
norma superior é a base da existência da norma inferior, ou seja, as primeiras dirigem
as últimas.
Em síntese, Kelsen explica:
Segundo o autor, cada regra criada possui uma regra superior que lhe dá uma
base efetiva (até a base final, que é uma regra básica), mas também impõe restrições
à sua implementação. Na maioria das vezes, as normas básicas superiores
determinam limites materiais e formais que delimitam o conteúdo que a norma inferior
pode regular e a forma como é transmitido.
Esses limites ficam claros quando analisamos os poderes que as normas
constitucionais conferem às leis ordinárias. O limite formal é explicado pelas várias
regras da Constituição, que descrevem em pormenor o funcionamento dos órgãos
legislativos na produção de normas. Os limites materiais, por outro lado, residem na
impossibilidade de a norma ordinária contrariar a norma constitucional, de modo que
nenhuma matéria promulgada pela lei ordinária pode violar a lei superior.
Para ilustrar a ideia de Kelsen, costuma-se exemplificar a escala normativa de
sua teoria em uma pirâmide onde as normas superiores apoiam as normas inferiores.
No entanto, em todo o processo de desenvolvimento da teoria da escala normativa, o
autor enfrentou o problema de que um padrão deveria se tornar uma pirâmide, sem
exigir um padrão superior ao conceito.
Este padrão supremo tem sido chamado de Padrão Básico e se refere à ideia
hipotética de um padrão que é hipotetizado que pode unificar as normas da mesma
ordem, mas ao mesmo tempo dar à constituição o poder de criar e regular outras
regras A principal função da norma fundamental “é dar unidade a todas as outras
normas, ou seja, faz com que as normas, que estão dispersas e provêm de diferentes
fontes, formem um conjunto unificado que pode ser chamado de "ordem".
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Abaixo da norma básica, no topo da pirâmide está a Constituição, que é o
instituto o qual confere validade e todos os poderes do Estado são legítimos na medida
em que os reconhece e na medida em que os distribui. Afinal, é lei constitucional
suprema, pois contém a estrutura do Estado e a organização de seus órgãos; este
contém as normas básicas do estado, e só nisso se estabelece sua superioridade
sobre as normas jurídicas.
A Constituição tem o papel de principal norma não transcendental da teoria de
Kelsen, ou seja, está apenas subordinada à norma básica para que nenhuma outra
norma a possa violar.
Seguindo a estrutura hierárquica da pirâmide de Kelsen, na Constituição temos
as regras gerais oriundas dos Poderes Legislativo e Judiciário, enquanto a segunda
cria as regras gerais aplicando as regras existentes com a formação do judiciário.
Na base da pirâmide de Kelsen estão as normas individualizantes, que se
dividem em decisões judiciais isoladas e transações jurídicas. Quando diversos casos
semelhantes surgem em diferentes tribunais e o Judiciário tem necessidade de
unificar a decisão, ele efetua essa unificação criando a jurisprudência mencionada e
convertendo a norma individualizante em norma geral.
Por fim, há a figura do negócio jurídico em que o sistema jurídico confere às
partes o poder de regular seus desejos, geralmente por meio de um contrato. A forma
e o alcance deste contrato são exigidos por lei, mas dentro desses limites as partes
têm liberdade de negociação e estabelecem regras entre as partes que devem ser
cumpridas.
É, portanto, claro que a intenção de Kelsen ao desenvolver esse mecanismo
de hierarquia de normas visava criar uma unidade no sistema jurídico e evitar que ele
entre em contradição. Portanto, se houver antinomia entre os padrões inferiores e
superiores, ela pode ser facilmente resolvida, desde que os primeiros sejam
considerados inválidos, ou seja, se uma lei simples viola o direito constitucional, deve
ser considerada inconstitucional
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fundamento da República Federativa do Brasil e o Estado de Direito, são todas as leis
e interesses públicos da perspectiva do propósito social, portanto, todas as normas e
todos os institutos do sistema jurídico nacional devem ser entendidos e interpretados
à luz desses princípios, e a interpretação deve mostrar a harmonia dos sistemas
jurídicos e ser baseada nos princípios básicos.
O ilustre Celso Antônio Bandeira Mello define o princípio da seguinte forma:
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normas para que os empregadores possam assumir a responsabilidade civil pelos
danos causados aos trabalhadores no trabalho. Arnaldo Susseckind assegura, verbis:
10
SUSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. 3ª ed. Revista e atualizada. Rio de
Janeiro: Renovar, 2010, p. 109.
11
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 19°.ed. São Paulo: LTr, 2020.
p,180
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não resultem, direta ou 17 indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena
de nulidade da cláusula infringente desta garantia. (BRASIL, 1943)
Assim, aplica-se o princípio da regra mais favorável, que entre duas ou mais
regras que se apliquem simultaneamente e que sejam igualmente aplicáveis ao caso
concreto, se aplique a mais favorável para o trabalhador.
12
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
13
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 10. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2016. p. 98.
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presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988)
19
A exceção à regra são os contratos por prazo determinado, inclusive o
contrato de trabalho temporário. A ideia geral é a de que se deve preservar o
contrato de trabalho do trabalhador com a empresa, proibindo-se, como
exemplo, uma sucessão de contratos de trabalho por prazo determinado. O
Enunciado 212 do TST adota essa ideia ao
dizer que “o ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando
negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o
princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção
favorável ao empregado”. (MARTINS, 2012. p, 77)
4 DIREITO AO TRABALHO
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promovida na busca por uma universalização igualitária da emancipação da
humanidade.
Os direitos sociais, especialmente o direito ao trabalho, tornaram-se o principal
padrão para alcançar a justiça social, ou seja, ao implementar os direitos sociais, só
se pode falar em direitos individuais ou transindividuais, caso contrário, é um discurso
vazio.
Desta forma, o direito ao trabalho como direito social fundamental constitui um
desses elementos essenciais da existência humana, de realização material e
espiritual. Por meio do trabalho, o homem interage com a natureza, transforma à sua
imagem e semelhança. Nesse diálogo, ele atinge as dimensões da possibilidade-
necessidade da ação ético-moral. Mas, dessa perspectiva, o trabalho deve ser
entendido como trabalho livre e criativo, em oposição ao trabalho forçado e de
emergência. Trabalho e lazer como dimensões complementares.
Por outro lado, o direito do trabalho pode ser entendido como específico.
Trabalho como gerador de riqueza, trabalho como regime de regra naturalizado. Neste
último há trabalho escravo, trabalho servil e trabalho assalariado.
Nesses sistemas, a lógica do trabalho é moldada de acordo com as nuances
da dominação, trabalho como finalidade, para manter vivo o mínimo existencial,
trabalho como um valor transcendental que é característico das religiões.
Com a superação do modo de produção feudal e a transição para o modo de
produção capitalista, a regra deixa de ser tradicionalmente patrimonial e passa para o
nível de regra legal. Todas as relações entre capital e trabalho são agora reguladas
por normas legais, fruto da autonomia da vontade e da liberdade individual formal.
Nessa perspectiva de promoção da liberdade individual, o pensamento liberal
ortodoxo entendeu que os indivíduos deixados à própria sorte acabariam encontrando
seu lugar na sociedade diante do mercado competitivo.
No final do século XIX, com confluência a esta ideologia, houve uma
confluência de ideias, a denúncia de mazelas sociais e a procura de soluções
específicas passou a ter grande impacto entre os trabalhadores, que começaram a
organizar-se e a reclamar.
No contexto destas transformações, surge a construção de um
constitucionalismo que vai absorver, mais a adiante, um novo conteúdo no campo dos
direitos fundamentais. Os direitos de proteção e emancipação sociais.
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O rápido crescimento econômico dos países desenvolvidos e o forte aumento
no número de trabalhadores assalariados em vários campos das atividades humanas
estabeleceram a base material para o desenvolvimento do Estado de bem-estar.
O surgimento do Estado de bem-estar é o resultado de mudanças fundamentais
ocasionadas pela industrialização e é também uma resposta às demandas da
oposição à acumulação e à legalização do sistema capitalista. Sobretudo através da
expansão progressiva dos direitos civis, políticos e sociais, nesta ordem cronológica,
combinados com boas condições de enquadramento económico.
O Estado de bem-estar tem sido retratado como um longo processo de
desenvolvimento social por meio de uma série de políticas sociais desenvolvidas pelo
Estado para promover a cobertura de riscos de invalidez, velhice, doenças, acidentes
de trabalho, proteção e aconselhamento, além de buscar formas de diminuir o
desemprego.
Nos anos seguintes, após a Segunda Guerra Mundial, emergiu o espectro de
uma revolução socialista, especialmente sobre a Europa, acelerou a unificação entre
capital e trabalho e promoveu o nascimento do Estado de bem-estar. Uma estratégia
capitalista para contrariar os ideais revolucionários em dimensões universais.
A crença no direito absoluto à propriedade privada e a consequente exploração
ilimitada do trabalho humano empurrou o liberalismo econômico para além dos limites
do que é justificável e produziu uma ampla gama de queixas sociais.
O Direito do Trabalho nasceu neste contexto do Estado de bem-estar. Diante
desse cenário, surgiram várias correntes socialistas e comunistas para as quais o
Estado atuou com o dever de promover a regulação jurídica da vontade do indivíduo
por meio da adoção de atos normativos que organizariam a vida social desordenada
dos trabalhadores.
Antes da adoção dessa nomenclatura, o direito do trabalho era batizado com
várias denominações típicas de seu surgimento no início da revolução industrial, tais
como: direito do trabalho, direito do trabalho, direito do trabalho, direito das
sociedades ou sindicais, direito social e do trabalho; Esta nova lei surge como uma
série de normas jurídicas impostas pelo Estado para regular as relações industriais
gerais e a proteção do trabalhador em suas várias relações jurídicas com os
proprietários dos meios de produção.
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Portanto, o Direito do Trabalho tornou-se uma disciplina normativa do trabalho
em uma sociedade do trabalho. Trabalho subordinado, ou seja, “uma pessoa usa sua
capacidade produtiva para trabalhar para outra pessoa, ou seja, o trabalho do
empregador que trabalha por conta dela”.
A legislação trabalhista só se aplica às relações de trabalho cujos contratos
tenham as características de ônus e filiação, que tenham a finalidade de produção e
lucro, e nada tenham a ver com caridade ou fins humanitários.
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4.4 Direito Fundamental ao Trabalho e o Princípio da Dignidade Humana na
CF/88
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atividade fundamental do trabalho, que primeiro transforma a pessoa em ser humano
e social.
Do que foi dito acima, outros elementos essenciais da troca material resultam
da relação entre o homem e a natureza, que é gerada pela atividade de trabalho: o
próprio trabalho, ou seja, a atividade orientada para um propósito, o objeto do trabalho
e os meios usado para realizar o trabalho.
Esses elementos essenciais trabalham juntos e formam um processo dialético
entre homem/homem e homem/natureza, uma vez que os humanos não apenas
influenciam a natureza em sua atividade produtiva, mas também interagem através
da troca de atividades e da cooperação entre eles. No processo de atividade produtiva,
as pessoas constroem relacionamentos mútuos e, dentro dessas relações sociais,
ocorre a ação do homem sobre a natureza.
A complexidade associada à atividade laboral é representada da seguinte
forma: 1) a relação entre a pessoa e o objeto, o produto, o resultado da objetivação
do seu trabalho; 2) a relação do homem com seu próprio trabalho, com sua própria
atividade produtiva; 3) relação do homem com sua vida genérica (seu ser genérico) e,
finalmente, 4) relação do homem com outras pessoas.
A dialética do trabalho como processo de desenvolvimento do ser biológico ao
social sempre se caracterizou por avanços e retrocessos, com inúmeros desafios que
exigiram ajustes e mudanças importantes.
Assim, entendemos que o trabalho em si é uma necessidade humana além de
outras necessidades humanas como alimentação e segurança. Para que o ser
humano não se realize sem ação, como sentido da ação, sempre intersubjetivo,
externalizando e transformando o mundo, humanizando a natureza e a si mesmo. É o
trabalho em si, um exercício da autonomia, da razão, um valor da capacidade humana
sem o qual não é possível uma vida digna.
Para apreciar esta dimensão do trabalho como uma necessidade humana em
si mesma e medir sua importância em relação à existência, é da maior importância
decifrar o conceito de dignidade da pessoa humana. Chama-se isso de valor do
elemento central, que prova e medeia o relacionamento de uma pessoa com os outros,
consigo mesmo e com a natureza.
A dignidade humana na compreensão moderna vem da religião, como diz a
Bíblia: "O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus". Ao contrário da
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religião, o Iluminismo lidará com a centralidade dos seres humanos em relação ao
universo, trazendo a dignidade humana para o reino da filosofia, com base na razão,
a habilidade de fazer julgamentos morais e a habilidade de fazer autodeterminação
pessoal.
No século XX, a dignidade humana passou a ser um valor político
proporcionado pelo Estado e pela sociedade. Após a Segunda Guerra Mundial, com
a flexibilidade do positivismo jurídico, o conceito de dignidade humana se aprimorou,
e a fusão do direito, da filosofia moral e da filosofia política. A inclusão da dignidade
humana em vários documentos internacionais e nas constituições de países
democráticos fortalece o relacionamento.
Em vista desse significado jurídico, além do valor humano, a dignidade humana
também pode ser melhor decifrada por meio da filosofia. A filosofia lida com a filosofia
moral e jurídica, e seus elementos básicos são as ideias da razão e do dever, que se
desenvolvem na capacidade do indivíduo de controlar suas paixões e reconhecer em
si mesmo o comportamento correto.
Compreender o valor da dignidade humana implica definir os termos
"imperativo categórico" e autonomia. A ética é uma lei interna do homem, cujo objeto
é a vontade do mesmo. Assim como a física regula as leis da natureza, a ética
prescreve leis que regulam o comportamento diante dessa vontade, leis que
“deveriam” expressar um imperativo que determina o imperativo categórico ou
hipotético.
O imperativo categórico refere-se ao comportamento necessário e bom em si
mesmo, independentemente da finalidade, ou seja, independentemente do resultado
que produza. O imperativo categórico seria uma lei descrita da seguinte maneira: “Aja
de forma que a máxima de sua vontade se torne uma lei geral.
O imperativo hipotético que depende de seu objetivo seria um comportamento
necessário para atingir um objetivo específico, mesmo que só seja bom como um meio
para outra coisa. Em vez de listar o que é virtude e o que não é, uma lista de coisas
que devemos e não devemos fazer, o imperativo categórico exige, portanto, uma
autonomia do indivíduo, que identifica o sujeito passível de autodeterminação de
acordo com a representação de certas leis. Essas leis estão dentro do indivíduo, daí
a singularidade da filosofia, pois não é uma lei heterônoma de fora para dentro, mas
uma lei do próprio indivíduo, movida pela autonomia que expressa um livre arbítrio.
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O indivíduo é um ser moral, o dever neste indivíduo moral tem precedência
sobre os impulsos e os interesses, ou seja, o indivíduo ético que age de acordo com
uma moral não pode se desviar do imperativo categórico. Atua orientando seu
comportamento de acordo com suas próprias leis elaboradas racionalmente, que
entende serem válidas para todos, isto é, de acordo com uma máxima de que quer
ser uma lei universal.
Partindo da autonomia, pré-requisito para o processamento do imperativo
categórico, é necessário também que essa autonomia se baseie no valor da dignidade
humana, portanto, em um mundo em que cada um categoriza seu próprio
comportamento a partir de um imperativo. Ninguém é usado como um objeto para
atingir certos fins da vontade dos outros. A dignidade é o valor de algo inestimável que
não pode ser substituído por mais nada, a condição de ser humano.
O que tem preço pode ser substituído por outro equivalente, mas quando algo
está acima do preço e não pode ser substituído, tem dignidade ”.
Com base no que foi dito acima a respeito da compreensão filosófica da
dignidade da pessoa humana, é necessário determinar como este termo é utilizado
no campo jurídico, uma vez que a dignidade da pessoa humana não é um termo que
possamos associar a uma visão abrangente e definição detalhada, como é habitual
na teoria jurídica. O conceito de dignidade humana é, por natureza, aberto e plural.
Apreciada no mundo do pós-guerra, a dignidade humana foi a arma legal e
social unificadora contra regimes totalitários como o Nazismo. Em pouco tempo, a
dignidade humana se tornou o grande alicerce da luta pelos direitos humanos e pela
igualdade para todos.
Difícil ou melhor, impossível construir um conceito transnacional de dignidade
humana, visto que, como já foi mencionado, é um conceito aberto e plural. Que se
configura em cada espaço e tempo de acordo com as realidades históricas, religiosas
e políticas dos diferentes países, o que dificulta a construção de um conceito unificado.
No entanto, face a esta dificuldade, sendo a dignidade da pessoa humana uma
categoria de direitos de grande importância, é necessário defini-la com o mínimo de
conteúdo que dê à sua interpretação e aplicação uniformidade e objetividade.
Forma que não permite o abuso da dignidade da pessoa humana, como recurso
retórico, aplicado a qualquer situação, inclusive sob o risco de legitimar posições
morais e autoritárias.
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Como premissa fundamental, o conceito de dignidade humana em sua forma
jurídica exigirá um conteúdo mínimo que ofereça uma opção pelo laicismo e não
permitirá uma abordagem religiosa para a construção desse conteúdo, como a visão
judaica, cristã ou muçulmana, a não ser que são atos de valores que são
compartilhados por eles, que são naturalmente universais.
Deve também ser pensado com a máxima neutralidade política, com elementos
comuns a todas as formas de expressão, sejam liberais, conservadoras ou socialistas,
e por fim, que esses conteúdos sejam universais, multiculturais e compartilhados por
toda a humanidade.
Tendo esses limites na definição do conteúdo mínimo do conceito de dignidade
humana, ele tenta visualizar o valor desse conceito em sua forma jurídica. Conforme
já explicado, a dignidade humana e os direitos humanos são as duas faces da mesma
moeda. Um rosto voltado para a filosofia que expressa valores morais que tornam as
pessoas únicas e merecem igualdade.
Do outro lado está a lei, que traduz as posições jurídicas tomadas pelas
pessoas e amparadas pelo ordenamento jurídico com normas compulsórias e ações
judiciais.
Ao aplicar o conceito de dignidade humana, é muito útil analisar seus principais
conteúdos e estabelecer uma ponte entre a filosofia e o direito. Destes, três deles são
os conteúdos essenciais, a saber, o valor intrínseco da pessoa humana, a autonomia
do indivíduo e o valor social da pessoa humana.
O primeiro conteúdo mínimo trata do valor intrínseco da pessoa humana.
Elemento filosófico de dignidade que está intimamente relacionado com a natureza
do ser humano. Este valor é reconhecido em diversos documentos internacionais e
trata da posição especial do ser humano no mundo, que o difere de outros seres vivos
e coisas.
A racionalidade, a inteligência, a sensibilidade, a comunicação pela palavra e
pela arte, são justificativas únicas desta distinção. Desse valor intrínseco surge o
imperativo categórico já revelado acima, que é um determinante não utilitário e
também um determinante não autoritário, na ideia de que o Estado existe para o
indivíduo e não o indivíduo para o Estado.
O valor intrínseco da pessoa humana é o ser humano, independente de seu
dono, não pode ser tirado e nem perdido mesmo que o dono seja indigno de si mesmo.
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É independente da própria razão, por isso estará sempre presente. em todas as
pessoas, independentemente de suas habilidades.
No plano jurídico, o valor intrínseco da pessoa protege a sua dignidade e é a
base dos direitos fundamentais. Por exemplo, temos o “direito à vida” em primeiro
lugar, é claro, que está no centro das decisões de grande complexidade moral e
jurídica sobre a pena de morte ou o direito a morrer com dignidade, ou a questão do
aborto.
Também temos o “direito à igualdade”, que prescreve o direito à igualdade de
tratamento, consideração e respeito para todas as pessoas, independentemente de
sua raça, religião ou nacionalidade. A lei não pode discriminar, assim como uma
pessoa não pode ser discriminada perante a lei, isso é igualdade formal. Para além
do valor intrínseco das pessoas, o respeito pela diversidade e identidade das minorias
sociais, a igualdade como condição de reconhecimento e dignidade pessoal.
Existem também "direitos à integridade física", como a proibição da tortura, da
escravidão e do castigo cruel. Existem também "direitos à integridade moral e
psicológica", como reconhecimento pessoal e direitos de nome, privacidade, honra e
imagem. Esse valor intrínseco da dignidade humana também protege as pessoas
contra si, evitando que elas se machuquem por causa de sua dignidade.
O segundo conteúdo, embutido no conceito de dignidade humana, envolve
autonomia individual, resultados racionais e livre exercício da vontade responsável,
que leva à autodeterminação individual.
É o direito de determinar o curriculum vitae, de desenvolver livremente a
própria personalidade, de elaborar os valores morais e de decidir sobre as próprias
decisões existenciais sem compulsões externas. Liberdade de escolher um trabalho,
de ser guiado pelas próprias ideologias. Qualquer obstrução a esses direitos é uma
violação da sua dignidade.
Como já foi dito, a autonomia é também o conteúdo mínimo da dignidade da
pessoa humana e na dimensão jurídica quando se trata das declarações jurídicas,
tanto nas declarações internacionais quanto internamente na Constituição brasileira,
princípio da ideia para apoiar tais declarações. Na declaração dos direitos individuais,
a dignidade e o direito à liberdade manifestam-se através da ideia de autonomia
privada, como direito à autodeterminação sem imposição externa ilegal.
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Para tal escolha, é claro, a existência das condições necessárias para a
autodeterminação deve ser verificada, o que naturalmente combina o direito à
igualdade material. No nível político, a dignidade se expressa em termos de autonomia
pública, o direito de todas as pessoas de participar no processo democrático, de
participar no debate público, de se organizar socialmente e de influenciar as decisões
políticas.
O terceiro conteúdo mínimo ainda diz respeito ao valor comunitário presente no
conceito de dignidade humana, no campo jurídico trata do respeito ao indivíduo pelo
grupo. Esse elemento traduz uma expressão de dignidade associada a valores
comuns da comunidade, como a cultura, e seria um valor coletivo característico dos
padrões civilizacionais desse grupo.
O valor comum da dignidade moldará a liberdade de cada ser humano, por isso
as escolhas pessoais devem levar em conta os deveres e responsabilidades a eles
associados. Esta expressão de dignidade protege os indivíduos de decisões
egocêntricas que violam a dignidade de cada pessoa humana. Protege a dignidade
dos outros, os valores sociais e promove a solidariedade.
Deve-se notar que a dignidade não deve ser vista exclusivamente como
inerente à natureza humana, pois a dignidade também possui uma dimensão cultural
que é o resultado do desenvolvimento das diferentes gerações e de toda a
humanidade. Desse modo, dignidade é a interação e complementaridade entre a
dimensão natural e a dimensão cultural da dignidade da pessoa humana.
Nesse sentido, a dignidade da pessoa humana limita-se ao Estado e à tarefa
do Estado, e a dimensão cultural da dignidade humana é tarefa do poder público e da
comunidade, pois exige que o Estado oriente suas próprias ações, tanto no sentido
de preservar a dignidade existente quanto na ampliação das condições que
possibilitem o pleno exercício da dignidade humana e da liberdade.
Depois de esclarecidos os conteúdos essenciais do conceito de dignidade
humana, é possível compreender como esse conceito atinge seu nível jurídico-
normativo. A dignidade da pessoa humana ao nascer é um conceito filosófico de valor,
ligado à ideia do bom, do justo, do virtuoso, neste sentido a lei a toma como um valor
central, bem como os valores de segurança, justiça e solidariedade.
33
O desenvolvimento dos Estados em direção a Estados constitucionais
democráticos assumiu o conceito de dignidade humana como uma justificativa moral
para os direitos humanos e fundamentais, e uma decisão política fez desse valor a
base para a construção de documentos constitucionais e internacionais. com base no
princípio básico do Estado democrático.
A dignidade humana tornou-se um princípio jurídico com caráter constitucional,
tanto por ser positivamente identificada como norma expressa, quanto por ser base
de interpretação e mandato jurídico extraído do sistema. Portanto, serve tanto como
uma justificativa moral quanto como uma base normativa para os direitos
fundamentais.
É importante apontar a diferença entre princípios e regras neste ponto, sem
aprofundar a discussão de que os princípios são tarefas de otimização, ao contrário
das regras, eles não se aplicam na lógica do tudo ou nada. Os princípios são normas
jurídicas que ganham dimensão e peso em relação aos elementos do caso individual,
e a sua implementação deve realizar-se, tanto quanto possível, através de um sistema
de contrapesos com outros princípios, em que os factos sejam ponderados e
proporcionais de modo que sua intenção normativa pode dar lugar a elementos
opostos em determinadas circunstâncias.
A adoção da dignidade humana como valor jurídico na posição constitucional
leva à determinação do seu conteúdo, da sua estrutura normativa, da sua forma de
aplicação e da sua função no ordenamento jurídico. Os princípios constitucionais
devem estabelecer valores e orientar os objetivos do sistema constitucional.
Não definem quaisquer direitos específicos, quando determinadas regras são
extraídas de seu texto abstrato, são aplicadas por classificação, ou quando se opõem
a outros valores de igual peso e tamanho, são aplicadas por ponderação. São, claro,
ainda fontes de luz que brilham em todo o ordenamento jurídico, iluminam outras
disposições legais, condicionam o seu alcance e importância.
A eficácia dos princípios, em particular o princípio da dignidade humana, tem
três significados de eficácia, a saber, eficácia direta, interpretativa e negativa.
Por exemplo, o princípio da dignidade humana é uma regra específica e
objetiva em seu efeito imediato quando proíbe a tortura e o trabalho escravo ou
punição cruel. A eficácia interpretativa depende das normas jurídicas em geral através
34
dos valores protegidos por este princípio no que diz respeito às suas aplicações e
significados.
Em primeiro lugar, o princípio da dignidade humana faz parte do conteúdo dos
direitos materiais fundamentais, mas não deve ser confundido com eles.
Em segundo lugar, o princípio da dignidade da pessoa humana não é um direito
fundamental que se contraponha aos demais; pelo contrário, está acima deles e, em
relação a eles, desempenha um papel de parâmetro de ponderação em caso de
conflito entre eles.
Em terceiro lugar, o princípio da dignidade humana, como já o deciframos, é
um valor, mas não tem caráter absoluto, sempre assumirá diferentes expressões
desse valor, dependendo do caso individual, levando em consideração, entre outras
coisas, tempo, lugar e cultura.
A Constituição de 1988 foi a primeira na história do constitucionalismo brasileiro
a reservar um título próprio e uma posição superior em reconhecimento e homenagem
ao significado especial e à função desses princípios básicos.
Colocado no início do texto, o constitucionalista explicou clara e
inequivocamente a intenção de conferir aos princípios básicos a força das normas
básicas e orientadoras de todo o ordenamento constitucional, incluindo os direitos
básicos, que juntamente com os princípios constituem o essencial cerne da
constituição material.
5 CONTRATO DE TRABALHO
35
justifica ou não a interferência do Estado nas relações entre empregados e
empregadores; b) para satisfazer a concepção jurídica tradicional que não admite
qualquer relação fora do quadro da admirável teoria das obrigações do direito romano
e emprestada do direito civil moderno, as leis sociais aparecem como simples
cláusulas jurídicas nos contratos de trabalho.14
Lima também esclarece o contrato de trabalho, in verbis:
14
CALDERA, Rafael. Relação de trabalho. Trad. Carmen Dolores Correa Meyer Russomano.
São Paulo. Revista dos Tribunais, 1927
36
Nesse sentido, o artigo 442 da Consolidação das Leis Trabalhistas define o
contrato de trabalho: “O contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso
que corresponde à relação de trabalho”.15
Verifica-se também se a prestação do trabalho e não apenas o acordo de
vontade que forma o contrato é firmado para que o contrato seja negociado. Portanto,
como já mencionado, é necessário considerar o contrato de trabalho juntamente com
o contrato consensual, o contrato de realidade, expressão associada à ideia da
condição do ato extraída do direito administrativo; como se o mero acordo de vontade
snão fosse suficiente para dar realidade e efeito jurídico ao contrato, e como se isso
não deixasse por resolver o caso das relações de trabalho extracontratuais.
As relações de trabalho e os contratos de trabalho não fazem parte da
legislação trabalhista para todos os empregados, mas uma categoria especial de
empregados. Existem muitos tipos de trabalhadores que não estão incluídos nesta
aplicação. Apenas funcionários subordinados são protegidos por lei, uma CLT é
basicamente uma lei trabalhista.
A Justiça do Trabalho é a justiça do trabalhador, então esse esclarecimento é
necessário. O termo “contrato de trabalho” não contém uma definição precisa do
objeto, da mesma forma que o termo “relação de trabalho” deve ser objeto da mesma
crítica. A relação que pode ser estabelecida entre o contrato de trabalho e a relação
de trabalho deve ser explicada novamente. É mais do que um problema que o contrato
de trabalho e a relação de trabalho sejam expressões diferentes de uma mesma e
única realidade: o vínculo entre trabalhador e empregador.
A continuidade é muito importante para a execução do contrato de trabalho.
Deve haver continuidade para a existência do contrato, ou seja, deve haver um
procedimento unificado na relação. O prestador de serviço não é empregado, mas um
subordinado sujeito à responsabilidade do empregador.
Devido ao ónus, o trabalhador deve ser remunerado pelos serviços prestados
ao empregador, por isso a relação fica onerosa. Para uma pessoa, um contrato é um
intuitu personae, isto é, executado por uma determinada pessoa que está em uma
relação jurídica. O trabalhador é sempre uma pessoa singular, visto que o contrato é
a prestação de serviços, tratando-se de pessoa coletiva, caso contrário o próprio
trabalhador presta os serviços.
15
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
37
5.1 Contrato por Prazo Indeterminado e Determinado
16
LIMA, Francisco Meton Marques de. Elementos de direito do trabalho e processo
trabalhista. 11°. ed. São Paulo: Ltr, 2005.135 p.
38
Segundo referência do artigo 443 da Consolidação das leis trabalhistas faz-se
necessário citá-lo.
O contrato a termo deve ser expresso, podendo ser escrito ou verbal. Isto é,
deve ser comunicado ao empregado o tempo de duração, pois a finalidade é
que as partes contratantes tenham conhecimento, do prazo de vigência do
contrato para não serem surpreendidas com o sei término, sem qualquer
aviso prévio (princípio da transparência e da
boa-fé). Havendo prova da ciência do empregado, desde a admissão, de que
seu contrato teria duração igual a 30 dias, por exemplo. Implementado o
termo e rompido o contrato, não serão devidos os haveres pertinentes à
dispensa imotivada. (Cassar, 2009. p,249)
17
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p,50
39
Seria melhor reconhecer que a legislação favorece aqueles que têm a condição
social de trabalhadores independentemente do contrato civil que tenham com seus
empregadores.
O conceito mencionado nesta categoria “direito individual do trabalho é a parte
do direito do trabalho que examina o contrato de trabalho individual e os regulamentos
legais ou oficiais que se aplicam a ele.
Da mesma forma, Delgado18 define os direitos pessoais de um funcionário
como "um contrato de trabalho que estipula os direitos, obrigações e obrigações de
ambas as partes. Em circunstâncias especiais, também se aplica a outras relações de
trabalho legalmente regulamentadas.
O direito coletivo do trabalho é o segmento do direito do trabalho responsável
por tratar da organização sindical, da negociação coletiva, dos acordos coletivos, da
representação dos empregados e das greves. O direito coletivo do trabalho é apenas
um ramo do Direito do Trabalho que não possui autonomia, pois não possui diferenças
específicas das demais áreas do Direito do Trabalho e, como as demais, está
amplamente incorporado à CLT.
18
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 19°.ed. São Paulo: LTr, 2020.
40
6 BIBLIOGRAFIA
41
PEDROSO, Márcia Naiar Cerdote. Revista Latino-Americana de História: Edição
Especial - Lugares da História do Trabalho. Rio Grande do Sul: Unisinos, v. 1,
n. 3, mar. 2012. Semestral;
SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. 4. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2009;
SUSSEKIND, Arnaldo. Curso de Direito do Trabalho. 3ª ed. Revista e
atualizada. Rio de Janeiro: Renovar, 2010;
ZANGRANDO, Carlos. Princípios jurídicos do direito do trabalho. São Paulo:
LTr, 2011.
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