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DIREITO
EDUARDO COSTA
ELISAMA MARQUES
Governador Valadares/MG
2022
ANDRÉ LUCAS MAGGIONI
ANA CAROLINA BORGES NASCIMENTO
EDUARDO COSTA
ELISAMA MARQUES
Governador Valadares/MG
2022
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ART. ARTIGO
CC CÓDIGO CIVIL
CF CONSTITUIÇÃO FEDERAL
TJ TRIBUNAL DE JUSTIÇA
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LISTA DE SÍMBOLOS
§ PARÁGRAFO
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SUMÁRIO
Por mais que essas esferas possuam autonomia, sendo possível a aplicação
de maneira cumulativa de tais responsabilidades, notaremos que, a sentença penal
que negue a autoria ou materialidade do crime, exclui a responsabilização nas outras
esferas. Atualmente já se entende que a excludente da legítima defesa, também e
aplicada. Mas veja, outras exclusões de punibilidade elencadas no código penal, não
geram escusa de responsabilização nas outras esferas (civil e administrativa), salvo,
a esfera da improbidade administrativa, que será excluída a responsabilidade do
agente, se houver alguma causa de excludente penal aceita pelo processo penal
autônomo. Por isso, quando vermos o processo, veremos que poderá haver
suspensão do processo de improbidade, para aguardar a sentença penal
condenatória.
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conhecimento do ato ímprobo, somente o Ministério Público, poderá mover ação de
improbidade administrativa (titular exclusivo).
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
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modalidades (aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário), e a ação
podendo ser movida, somente pelo MP (titular exclusivo). A prescrição das sanções
(tanto as sanções, como o afastamento do agente e sequestro de bens, serão feitas
somente por decisão judicial, e não mais administrativa) passando de 5 para 8 anos.
3. CARACTERÍSTICAS
4. NATUREZA JURÍDICA
7. HIPÓTESE DE CABIMENTO
Visto os requisitos gerais para que a conduta seja considera relevante para o
LIA, veremos algumas das condutas relevantes e que geram sanções; essas,
podendo ser aplicadas isolada ou cumulativamente pelo juiz:
Primeiro, vale citar, as atuações mais graves, que geram enriquecimento ilícito
(umas das modalidades da Lei de Improbidade Administrativa). As sanções, por
consequência, são mais graves, sendo que se pode aplicar:
- Perda da função pública e suspenção dos direitos políticos, por até 14 anos;
- Perda da função pública e suspenção dos direitos políticos, por até 12 anos;
Por fim, veremos as ações que não necessitam de prejuízo ao erário público,
nem mesmo, enriquecimento ilícito. Denominado de atos que atentem contra os
princípios, tal modalidade, sendo de menor gravidade, ensejando em sanções mais
leves, tais como:
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Enseja ato de improbidade administrativo que atente contra os princípios;
negar publicidade aos atos públicos, frustrar concorrência de concurso público, revelar
fato ou circunstância sigilosa em virtude do cardo, etc.
8. LEGITIMIDADE
9. FUNÇÕES DO LEGITIMADO
10. COMPETÊNCIA
De regra, não basta que os recursos sejam provenientes da União, para que
a justiça competente seja federal, pois, se tais recursos, sejam incorporados ao
patrimônio do Estado, ou do município, será competente a justiça estadual. O fato de
as verbas estarem sujeitas ao controle do Tribunal de Contas da União, não enseja a
responsabilização perante à justiça federal, necessitando para tanto, que seja o dano
relativo aos bens, patrimônios e recursos, pertencentes e em detrimento da União.
Para ficar claro, agente público, é todo aquele que ocupa cargo (seja efetivo,
político ou comissionado), função, emprego; seja de maneira permanente ou
temporária, remunerada ou não. Ou seja, a LIA quando se trata de agente público,
coloca em seu sentido mais amplo possível. Nesse sentido, até mesmo mesários
(agentes honoríficos que exercem função transitória e não remunerada), ou até
mesmo os estagiários.
Fica claro, que mesmo que o vínculo não seja de direito público (estatutário)
como é o caso dos efetivos, haverá responsabilização por improbidade, como é o caso
dos empegados públicos que prestam concurso público para ingressarem nos
empregos disponibilizados pelas pessoas jurídicas de direito privado da administração
indireta, possuindo vínculo celetista com a administração, e não estatutário. Mesmo
que o vínculo seja pela CLT, responderam conforme o rito imposto pela LIA.
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Tudo acerca a Lei de Improbidade Administrativa (LIA), se encontra
fundamentada em lei seca, que corresponde à Lei nº 14.230, de 25 de outubro de
2021. Tal lei é recente, razão pela qual, jurisprudências e entendimentos novos sobre
o tema podem surgir. Fato é, que a lei, simplificou de maneira sistêmica o “modus
operandi” do processo, além das sanções possíveis, expressas no texto legal.
14. PROCEDIMENTO
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Antes mesmo de iniciada a ação, ou depois de iniciada, o Ministério Público
ou a parte interessada, poderá solicitar a indisponibilidade de bens, quando fundado
o prejuízo, para o integral ressarcimento do dano; afastamento cautelar do agente
público, sendo de 90 dias, prorrogáveis por igual período. Todas as medidas
cautelares, serão aplicadas somente pela autoridade judiciária, e sempre com a oitiva
do réu, sobre tais medidas, sempre assegurando o contraditório e a ampla defesa.
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anteriormente. Por óbvio, algumas sanções, vincularam o magistrado, como a
impossibilidade de aplicação de perda da função pública aos aposentados (STJ).
Vale destacar, por fim, as demissões por justa causa, que os empregados
públicos (regidos pela CLT) podem ter, em decorrência do ato ímprobo. Veja que, a
demissão feita pelas pessoas jurídicas de direito privado da administração pública
indireta (empresas públicas e sociedades de economia mista, entre outras), serão
tuteladas pela justiça trabalhista, e, o agente, tendo sido condenado por ato de
improbidade, irá configurar a justa causa de sua demissão, por parte da pessoa
jurídica interessada.
15. JURISPRUDÊNCIA
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AÇÃO DE POPULAR
1. CONCEITO
A ação popular tem como maior objetivo proteger direitos difusos, coletivos,
ou seja, não é possível satisfazer apenas um dos detentores dos interesses, mas sim
na necessidade de satisfação do coletivo.
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Segundo Almeida apud Fernandes, a ação popular tem uma origem remota
no direito romano e uma origem próxima nas Leis Comunais, na Bélgica, em 1937, na
França, em 1837. (2011, p. 327)
- Constituição de 1824:
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“Art. 157”. Por suborno, peita peculato, e concussão haverá contra eles ação Popular,
que poderá ser intentada dentro de ano, e dia pelo próprio queixoso, ou por Qualquer
do Povo, guardada a ordem do Processo estabelecida na Lei.”
-Constituição de 1934:
(...)
(38) Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a declaração de nulidade ou
“Anulação dos atos lesivos do patrimônio da União, dos Estados ou dos Municípios.”
- Constituição de 1946:
(...)
- Constituição de 1967:
(...)
§ 31 - Qualquer cidadão será parte legítima para propor ação popular que vise a
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País a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e à
Propriedade, nos termos seguintes:
(...)
§ 31. Qualquer cidadão será parte legítima para propor ação popular que vise a
- Constituição de 1988:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
Seguintes:
(...)
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a Anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
Moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural
Ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
“Sucumbência;”
3. CARACTERÍSTICAS
É importante salientar que a Ação Popular pode ser acionada antes ou depois
de te ocorrido o dano, assegurando uma melhor eficiência para a proteção de todos
os direitos aqui estudados.
Temos duas formas básicas para iniciar a proposta da ação popular, sendo
elas:
Podemos observar que o ato além de nocivo ao patrimônio público, deverá ser
também ilegal. Entretanto a própria Constituição menciona que o ato praticado
necessitará de ofensa à moralidade administrativa para que seja utilizado a ação
popular. Como podemos ver a seguir:
4. LEGITIMIDADE
É importante salientar que, por ser uma ação constitucional, pode acorrer o
autor propor em qualquer localidade, tendo em vista que a condição de cidadão é
nacional.
a) Pessoas jurídicas de direito público, cujo patrimônio se procura proteger, bem como
suas entidades autárquicas e qualquer outra pessoa jurídica que utilizem do dinheiro
público;
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b) Qualquer responsável pelos atos lesivos, podendo ser a autoridade diretamente
responsável pelo ato ou os administradores ou os demais funcionários;
5. NAUREZA JURIDICA
Consoante ao artigo 1º, § único da CF/88 a ação popular tem como foco o exercício
pleno da cidadania como forma de efetivação, através do poder judiciário, no estado
democrático de direito.
“Contudo ela se manifesta como uma garantia coletiva na medida em que o autor popular
invoca a atividade jurisdicional, por meio dela, na defesa da coisa pública, visando à tutela de
interesses coletivos, não de interesses pessoal. ” Silva (2005, p.466).
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“considerando-se o caráter marcadamente público dessa ação constitucional, o
autor está, em princípio, isento de custas judiciais e de ônus da sucumbência,
salvo comprovada má-fé (art. 5º, LXXIII, DA CF/88). A ação popular é um
instrumento típico da cidadania e somente pode ser proposta pelo cidadão, aqui
entendido como aquele que não apresente pendências no que concerne às
obrigações cívicas, militares e eleitorais que, por lei, sejam exigíveis”
(Mendes,2014, p. 497).
Cidadão brasileiro que estiver em débito com os seus direitos políticos. Porém
os inalistáveis, os partidos políticos, as entidades de classe e qualquer pessoa jurídica
não têm qualidade para propor ação popular.
Por fim temos a lesividade do ato que é todo aquele que desfalca o erário da
Administração, que atinge a moralidade administrativa, o meio ambiente e o
patrimônio histórico e cultural. Observe-se que a ação popular também alcança
aqueles atos que ferem a moralidade administrativa. Assim, mesmo à míngua de lesão
patrimonial, comprovada a ofensa à moralidade administrativa, teremos motivo para a
propositura da ação.
8. HIPÓTESE DE CABIMENTO
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O cabimento para darmos início a ação popular é o conjunto de condições
que, uma vez preenchidas, permitirão o ajuizamento da demanda. O termo refere-se
ao domínio de atuação desse requerimento especial, à sua aceitação pelo Poder
Judiciário, à sua justificativa.
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meio ambiente, à moralidade administrativa ou ao patrimônio histórico e cultural, bem
como a condenação por perdas e danos dos responsáveis pela lesão”.
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Federal, os Municípios, as entidades autárquicas, as sociedades de economia mista,
as sociedades mútuas nas quais a União represente os segurados ausentes, as
empresas públicas, as de serviços sociais autônomos, as instituições ou fundações,
conforme o artigo 1º, caput, da Lei 4.717/65.
O ART 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal estabelece que “qualquer cidadão é
parte legítima para propor ação popular e impugnar, ainda que separadamente, ato
lesivo ao patrimônio material, moral, cultural ou histórico do Estado ou de entidade de
que ele participe.”
11. COMPETÊNCIA
Pela origem do ato a ser anulado que é definida a competência para processar e julgar
a ação popular.
Na ação popular quando comprovado a má-fé o autor ficará inseto das custas
judiciarias e do ônus da sucumbência, como consta na nossa constituição art. 5°,
LXXIII.
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LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais
e do ônus da sucumbência;
Diante dos réus obviamente, não é necessário falar em isenção do ônus de sucumbir:
se a ação coletiva for considerada procedente, eles serão sentenciados a reembolsar
as despesas incorridas pelo autor bem como as despesas.
A ação popular está fundamentada na lei (Lei nº 4.717, de 1965) tendo como foco
regula a previsão constitucional de ações que podem ser iniciadas por pessoas do
povo, com objetivo de anular algum ato da administração pública que tenha causado
danos aos cofres do governo ou a patrimônio público, seja na esfera Federal, Estadual
ou Municipal.
14. PROCEDIMENTO
- Logo após, ordenará a citação pessoal dos que praticaram o ato e a citação edital r
nominal dos beneficiários, se o autor assim requerer.
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- E por fim decidirá sobre a suspenção liminar do ato impugnado, se for pedida;
Uma vez citada, a pessoa jurídica interessada na demanda poderá contestar, abster-
se de contestar ou encampar expressamente o pedido da inicial.
Tendo como prazo para contestação de 20 (vinte) dias, prorrogável por mais vinte, a
requerimento dos interessados, se difícil a obtenção da prova documental.
A liminar concedida na ação popular proposta contra o Poder Público poderá ser
cassada (suspensa) pelo Presidente do Tribunal competente para o conhecimento do
respectivo recurso, mediante despacho fundamentado, a requerimento do Ministério
Público ou da pessoa jurídica de direito público interessada, em caso de manifesto
interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à
saúde, à segurança e à economia pública.
O Presidente do Tribunal, tem cinco dias para ouvir previamente o autor e o Ministério
Público quando da apreciação do pedido de cassação de liminar.
14.3 Sentença
Porém, a sentença pode ter, subsidiariamente, efeito condenatório, o que tem levado
parte da doutrina a denominá-la de desconstitutiva-condenatória (Alexandre de
Moraes).
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b) determinará as restituições devidas, condenando ao pagamento de perdas e danos
os responsáveis pela prática do ato e os beneficiários de seus efeitos;
c) condenará os réus ao pagamento das custas e despesas com a ação, bem como
dos honorários do advogado do autor da ação; Como se vê, a sentença cuida de três
aspectos distintos, a saber:
2º) dos responsáveis pela prática do ato (réus), responsabilizando-os pela reparação
do dano;
14.5 Recursos
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As sentenças proferidas em ação popular são passíveis de recurso de ofício e
apelação voluntária, com efeito suspensivo.
Conforme ensina o Prof. Hely Lopes Meirelles, “O recurso de ofício só será interposto
quando a sentença concluir pela improcedência ou pela carência da ação. Inverteu-
se, assim, a tradicional orientação desse recurso (que nas outras ações é interposto
quando julgadas procedentes), para a melhor preservação do interesse público, visto
que a rejeição da ação popular é que poderá prejudicar o patrimônio da coletividade,
lesado pelo ato impugnado”.
14.7 Apelação
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Nesse ponto, o processo da ação popular também se distingue do de mandado de
segurança pois neste a apelação possui efeito meramente devolutivo, na ação popular
a apelação é dotada de efeito suspensivo.
Nem toda sentença definitiva proferida em ação popular produz coisa julgada. Há
necessidade de se averiguar se houve ou não exame do mérito da ação, conforme
expendido a seguir.
Nos dois primeiros casos, em que a sentença decide sobre o mérito, há efeito da coisa
julgada, oponível erga omnes. Se há coisa julgada, significa dizer que não poder ser
admitido outro processo com o mesmo fundamento e assunto, mesmo que tenha sido
proposto por outro cidadão. Se proposto, poderá o réu alegar coisa julgada, para o
não conhecimento da nova ação popular.
No entanto, no terceiro caso, como a sentença não examinou o mérito da ação, não
há que se falar em coisa julgada e, podendo, portanto, ser proposta nova ação com
os mesmos fundamentos, caso sejam apresentadas novas provas.
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15. JURISPRUDÊNCIA
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AÇÃO DE CUMPRIMENTO
1. CONCEITO
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Apresento de forma breve, as alterações sofridas pela execução ao longo do tempo,
desde o processo romano até o Código de Processo Civil brasileiro de 1939,
passando pela legislação medieval e pela legislação portuguesa.
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que “não mais conservava a sumariedade da execução per officium
iudicis” (BAUMÖHL, 2006, p. 99).
Isso ocorreu, de modo especial, por influência do direito francês, no qual o
padrão executivo passou a ser o dos títulos executivos extrajudiciais e não o das
sentenças.
Desaparecia, destarte, a executio per officium iudicis (execução de sentença)
e reinstalava-se o método romano de só se poder chegar a execução forçada
por meio de uma nova relação processual. E foi assim que o Código de
Napoleão acolheu o processo executivo nos princípios do século XIX
(THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 161).
3. CARACTERÍSTICAS
Ação de conhecimento de cunho condenatório, isto é, não cabe recurso,
obedece a regra do artigo 651 da CLT, sua finalidade é o cumprimento das cláusulas
constantes dos instrumentos normativos coletivos (acordos coletivos, convenções
coletivas e sentenças normativas). Percebe-se que os instrumentos normativos da
ação de conhecimento não comportam execução, portanto, o não cumprimento
espontâneo voluntário ensejará a propositura de ação de cumprimento. Sendo esse
procedimento semelhante ao do dissídio individual, não sendo havendo possibilidades
das partes discutirem questões de fato ou de direito que já foram apreciadas na
sentença normativa expedida, mesmo que ela ainda não tenha transitado em julgado,
sua fundamentação está prevista no artigo 872 da CLT, com a principal característica
a de garantir que o direito dos trabalhadores não seja violado, forçando seu
cumprimento compulsoriamente, caso o executado não a cumpra voluntariamente.
4. NATUREZA JURÍDICA
Não há um consenso sobre a natureza jurídica da ação de cumprimento.
Predominando no plano doutrinário o entendimento de que a sua natureza é de ação
condenatória, pois seu objeto é efetivar determinada decisão contida em uma
sentença normativa. Essa é a argumentação de Francisco Ferreira Jorge Neto e
Jouberto de Quadros Pessoa Cavalcante.
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Ressalta-se que as ações condenatórias, dão ao vencedor o poder de requerer
a seu favor a imposição da satisfação do direito nelas declarado pelo sujeito passivo
da obrigação. Perfilha esse entendimento Manuel Antônio Teixeira Filho, mediante os
seguintes argumentos:
Ação de cumprimento é, pois, de natureza condenatória, por visar a um
pronunciamento jurisdicional que imponha ao réu acatamento de cláusulas
constantes de acórdão normativo, podendo essa condenação implicar
obrigação de pagar quantia certa, de fazer ou de não fazer.
Consequentemente, a sentença emitida na causa converter-se-á em um título
judicial, assim que se submeter ao fenômeno da coisa julgada material (CLT,
artigo 876: CPC, artigo 467, nessa ordem). Com base nela, o autor formulará
uma nova pretensão, desta feita de índole executiva, cujo objetivo será o de
conduzir o réu a realizar, de maneira coacta, forçada, a prestação
correspondente à obrigação contida no título executivo, inclusive, mediante
equivalente expropriação patrimonial, se necessário.
TEIXEIRA FILHO. Curso de processo do trabalho em perguntas e respostas:
n. 27, p. 27.
Sendo sua natureza de ação condenatória, a pretensão é forçar o devedor a
satisfazer o que restou determinado na norma, seja obrigação de fazer ou não fazer
algo ou pagar quantia determinada. Essa norma coletiva é que dá fundamentação a
essa espécie de ação que tem força de lei.
Outros doutrinadores da corrente minoritária, assevera, que a sentença nela
proferida é que tem natureza executiva, pois, nesse momento o autor da ação
pleiteará novo pedido com o fito de submeter o réu ao cumprimento da obrigação
imposta no título.
Na esteira desse posicionamento, Ronaldo Lima dos Santos (SANTOS.
Sindicatos e ações coletivas, p. 385-386) sustenta que “a ação de cumprimento busca
a satisfação da disposição contida em norma coletiva judicial ou extrajudicial”.
Assegura também que, em razão da natureza constitutiva ou declaratória da sentença
normativa, relativamente às cláusulas normativas, se faz necessária a fase de
execução. Contudo, a ação a que ele se refere processa-se como qualquer outra ação
trabalhista, cuja finalidade é a condenação do devedor, está sim executável.
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Sendo assim, a dignidade da pessoa humana está em voga na proteção ao bem
jurídico tutelado.
6. REQUISITOS
Para que haja o ajuizamento da ação de cumprimento, além dos requisitos da
petição inicial (artigo 282 do CPC c/c 840 da CLT), também deverá estar instruída com
a cópia da sentença normativa ou da certidão de julgamento do dissídio coletivo, do
acordo homologado judicialmente ou do acordo coletivo de trabalho ou, ainda, da
convenção coletiva de trabalho.
Caso ocorra a ausência de documentos essenciais para a propositura da
demanda, trazendo dificuldades para o deslinde da controvérsia, o juiz concederá o
prazo de 10 (dez) dias para que o autor tome as providências cabíveis, sob pena de
extinção do processo sem resolução do mérito (artigos 267, I e IV e 284 do CPC).
A Lei nº 7.701/88 autoriza a propositura da ação com base no acórdão ou na
certidão de julgamento, a partir do 20º dia subsequente ao julgamento do dissídio
coletivo, (BRASIL. Lei 7.701, de 21 de dezembro de 1988) conforme preceitua o §6º
do artigo 7º, in verbis:“ A sentença normativa poderá ser objeto de ação de
cumprimento a partir do 20º dia subsequente ao julgamento, fundada no acórdão ou
na certidão de julgamento, salvo se concedido efeito suspensivo pelo presidente do
Tribunal Superior do Trabalho.
7. HIPÓTESE DE CABIMENTO
A ação de cumprimento caberá na hipótese de os empregadores deixarem de
satisfazer o pagamento de salários, na conformidade da decisão proferida.
No sentido amplo da ação de cumprimento é válida a quaisquer outras condições de
trabalho previstas na sentença normativa, inobservadas pelo empregador.
Sendo competente para conhecer, conciliar e julgar a ação de cumprimento a
instância da Justiça do Trabalho, ou seja, às Varas do Trabalho ou, se for o caso, ao
Juiz de Direito investido na jurisdição trabalhista, na conformidade do que preceitua o
parágrafo único do artigo 872 da CLT. No dizer de Mozart Victor Russomano, apud
Emílio Gonçalves "abre-se, aqui, exceção ao princípio de que o juízo que prolatou a
sentença o órgão competente para executá-la.
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8. LEGITIMIDADE
Os sindicatos profissionais podem legitimar uma ação de cumprimento
mediante a condição de substituto processual
Art 872 CLT
Parágrafo único – Quando os empregadores deixarem de satisfazer o
pagamento de salários, na conformidade da decisão proferida, poderão os
empregados ou seus sindicatos, independentes de outorga de poderes de seus
associados, juntando certidão de tal decisão, apresentar reclamação à Junta ou
Juízo competente, observado o processo previsto no Capítulo II deste Título,
sendo vedado, porém, questionar sobre a matéria de fato e de direito já
apreciada na decisão. (Redação dada pela Lei nº 2.275, de 30.7.1954).
9. FUNÇÕES DO LEGITIMADO
O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que o art. 80, III
da CF/88 conferiu às entidades sindicais substituição processual ampla e irrestrita o
Tribunal Superior do Trabalho expediu o Enunciado no 310, que exige em seu item V
a individualização dos substituídos, a Lei permite o sindicato figure como reclamados,
garantir o cumprimento dos acordos coletivos firmados.
10. COMPETÊNCIA
A respeito da competência conhecer, conciliar e julgar a ação de cumprimento
é atribuída a instância da Justiça do Trabalho, ou seja, às Varas do Trabalho ou, se
for o caso, ao Juiz de Direito investido na jurisdição trabalhista, na conformidade do
que preceitua o parágrafo único do artigo 872 da CLT.
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O polo ativo de um processo é aquele que entra com a ação, no caso de ação
trabalhista fica a cargo do sindicato, denominado de reclamante e o empregar de
reclamado.
Art 872 da CLT: “Quando os empregadores deixarem de satisfazer o pagamento
de salários, na conformidade da decisão proferida, poderão os empregados ou
seus sindicatos, independentes de outorga de poderes de seus associados,
juntando certidão de tal decisão, apresentar reclamação à Junta ou Juízo
competente, observado o processo previsto no Capítulo II deste Título, sendo
vedado, porém, questionar sobre a matéria de fato e de direito já apreciada na
decisão. (Redação dada pela Lei nº 2.275, de 30.7.1954)”
Já o polo passivo é o réu contra quem a ação é movida sendo representados pelos
sindicatos que participaram dos acordos trabalhistas.
14. PROCEDIMENTO
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É um tipo de ação judicial para a resolução de conflitos referentes ao trabalho,
seja reclamatória trabalhista proposta por empregador, empregado ou Ministério
Público do Trabalho (MPT).
Peça que se inicia a tutela jurisdicional. Pode ser verbal ou escrita, requer
endereçamento, a qualificação das partes, exposição dos fatos, pedido, valor da
causa, data, assinatura do reclamante ou de seu representante, conforme art. 840 da
CLT.
14.2 Sentença
14.3 Recursos
Os recursos estão previstos a partir do art. 893 da CLT, em regra, têm prazo
de 8 dias úteis a partir da decisão publicada, sendo exceções o recurso extraordinário
(até 15 dias úteis) e os embargos de declaração (até 5 dias úteis).
Com previsão no art. 899, §4º da CLT, o depósito recursal é feito em conta
judicial e acompanha os índices de correção da poupança, além disso, mencionado
dispositivo legal agora tem em seus parágrafos 9º e 10º, respectivamente, os
contemplados com redução pela metade e isenção do depósito recursal. O advogado,
ciente de tal informação, pode gerar economia processual para PMEs, entidades sem
fins lucrativos e empregadores domésticos, por exemplo.
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14.4 Execução
A contagem dos prazos são em dias úteis com teto às custas na fase de
conhecimento — até “quatro vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral
de Previdência Social”, segundo art. 789 da CLT.
A nova redação do art. 876 da CLT agora contempla nota promissória e cheque
como títulos executivos extrajudiciais. Antes da reforma trabalhista, a execução podia
ser promovida de ofício ou por qualquer interessado; depois, somente pelos litigantes
e por iniciativa do juiz ou presidente do tribunal quando as partes não tiverem
advogado.
15. JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO
SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. AÇÃO DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
NORMATIVA. ARGUIÇÃO DE AUSÊNCIA DE COMUM ACORDO. MATÉRIA AFETA
AO DISSÍDIO COLETIVO. O "comum acordo" é pressuposto processual de
desenvolvimento regular do dissídio coletivo (art. 114, § 2º, da CF), e só pode
verificado nos autos daquele processo, não sendo matéria própria à ação de
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cumprimento da sentença normativa. No caso concreto, o Tribunal Regional de origem
consignou que a questão foi resolvida no referido dissídio coletivo e se encontra
envolta pela coisa julgada. A Parte Recorrente, no recurso de revista, insiste na
alegação de que incide o óbice da ausência de comum acordo para a instauração do
dissídio coletivo, de modo que o presente processo também deveria ser extinto.
Contudo, suas razões não conseguem desconstituir os fundamentos da decisão
recorrida, em especial o fato de que a questão já foi discutida no dissídio coletivo e
sobre ela se operou a coisa julgada. A decisão agravada, portanto, foi proferida em
estrita observância às normas processuais (art. 557, caput, do CPC/1973; arts. 14 e
932, IV, a, do CPC/2015), razão pela qual é insuscetível de reforma ou
reconsideração. Agravo desprovido.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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