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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
• Convém destacar que não há litisconsórcio passivo necessário entre o agente público e os
terceiros beneficiados com o ato ímprobo (STJ: AGRG no REsp 1.421.144/PB).
• Quanto ao prazo prescricional, a ação de improbidade contra particular sujeita-se à mesma
forma de contagem aplicável ao agente litisconsorte.
NOVIDADE: Súmula 634-STJ: Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na
lei de improbidade administrativa para os agentes públicos.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
No julgamento do Recurso Especial n. 892.818-RS, o Superior Tribunal de Justiça afastou
a aplicação do princípio da insignificância na prática de atos de improbidade administrativa.
• O tribunal entendeu que nos atos de improbidade está em jogo a moralidade administrativa,
“não se admitindo que haja apenas um pouco de ofensa, sendo incabível o julgamento basear-se
exclusivamente na ótica econômica”.
Assim, o princípio da insignificância e a teoria dos delitos de bagatela não se aplicam aos atos de
improbidade administrativa.
• O STJ vem sustentando que a LIA não deve ser aplicada para punir meras irregularidades
administrativas, erros toleráveis ou transgressões disciplinares (Resp 1.245.622).
A mera prática de tipo penal contra a Administração Pública, em si, não caracteriza improbidade
administrativa (REsp 1.115.195).
NOVIDADE: Aliando-se ao entendimento do STJ no sentido da inexistência de ato de
improbidade insignificante, a Lei 1Lei n. 14.230/21/2021 fixou dias regras específicas:
• art. 11, § 4º: “os atos de improbidade de que trata este artigo exigem lesividade relevante ao
bem jurídico tutelado para serem passíveis de sancionamento e independem do reconhecimento
da produção de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos.”.
• art. 12, § 5º: “a sanção limitar-se-á à aplicação de multa, sem prejuízo do ressarcimento do dano
e da perda dos valores obtidos, quando for o caso, nos termos do caput deste artigo.”.
IMPROBIDADE TENTADA
O STJ considerou que é punível a tentativa de improbidade nos casos em que as condutas não
se realizam por motivos alheios à vontade do agente, com fundamento na ocorrência de ofensa
aos princípios da Administração Pública (REsp 1.014.161).
AÇÃO JUDICIAL
• A efetiva aplicação das sanções previstas na LIA, assim como a concessão de
cautelares, é de atribuição privativa do Poder Judiciário, não podendo ser realizada pela
Administração Pública (STF, RTJ 195/73).
• O STJ não admite ação de improbidade proposta em caráter preventivo, o que agora consta
expressamente na LIA no art. 17-D, inserido pela Lei n. 14.230/2021, “a ação por improbidade
administrativa é repressiva, de caráter sancionatório (...)”.
• A ação de improbidade administrativa deve ser proposta na primeira instância, e sua tramitação
segue o procedimento comum do CPC.
• A competência para julgamento do feito incumbe ao foro do local onde ocorrer o dano ou da
pessoa jurídica prejudicada.
• Não há foro determinado por prerrogativa de função (“foro privilegiado”) na ação de improbidade
(STF, ADIn 2.860).
Quanto à legitimidade ativa, somente o Ministério Público pode propor ação de improbidade
administrativa. Foi revogada a possibilidade da ação de improbidade ser proposta pela entidade
estatal lesada. Agora, o MP passou a ser o único legitimado para a ação de improbidade.
DICA: A entidade estatal vítima do ato ímprobo deve ser intimada para, caso queira, intervir no
processo (art. 17, § 14, da LIA).
NOVIDADES IMPORTANTES:
• Sendo o réu acusado pelo mesmo fato, em qualquer uma das sete hipóteses listadas no art. 386
do CPP, a absolvição criminal acarreta automática absolvição também na ação de improbidade.
• A Lei n. 14.230/2021 acrescentou à LIA o § 5º ao art. 21 prescrevendo o dever de compensação
das sanções eventualmente aplicadas em outras esferas com as penas decorrentes da
condenação pela prática de improbidade.
DOSIMETRIA DA PENA
A Lei n. 14.230/2021 inseriu o art. 17-C na LIA estabelecendo detalhadamente os
parâmetros que o juiz deve observar ao fixar a dosimetria da pena de forma isolada ou
cumulativamente, sendo que tais elementos aplicam-se tanto a pessoas físicas quanto jurídicas.
O Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento no sentido de que, uma vez
caracterizado o prejuízo ao erário, o ressarcimento é obrigatório e não pode ser considerado
propriamente uma sanção, mas uma consequência imediata e necessária do ato questionado.
• Desse modo, uma condenação fundamentada no art. 10 da LIA (ato que causa lesão ao erário)
deve obrigatoriamente resultar na aplicação da pena de ressarcimento do valor exato do prejuízo,
além de mais alguma sanção prevista no art. 12.
• Enquanto a pena de multa civil cumpre o papel de verdadeiramente sancionar o agente
ímprobo, o ressarcimento serve para caucionar o rombo consumado em desfavor do erário (REsp
622.234).
• A revisão da dosimetria das sanções aplicadas em ação de improbidade administrativa implica
reexame do conjunto fático-probatório dos autos, encontrando óbice na Súmula 7/STJ, salvo se
da leitura do acórdão recorrido verificar-se a desproporcionalidade entre os atos praticados e as
sanções impostas” (STJ: AgRg no REsp 1.452.792/SC).
PRESCRIÇÃO
• A ação prescreve em oito anos contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de
infrações permanentes, do dia em que cessou a permanência. (art. 23, da LIA, com redação dada
pela Lei n. 14.230/2021)
Súmula 634-STJ: Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na Lei de
Improbidade Administrativa para os agentes públicos.
DANOS MORAIS
Existe controvérsia jurisprudencial quanto à possibilidade de condenação por danos morais
na ação de improbidade administrativa.
• A 1ª Turma do STJ rejeita tal possibilidade, considerando incompatível o dano moral, qualificado
pela noção de dor e sofrimento psíquico, e a natureza transindividual da referida ação (REsp
821.891).
• Em sentido contrário, a 2ª Turma admite condenação por dano moral, quer pela frustração
causada pelo ato ímprobo à comunidade, quer pelo desprestígio efetivo causado à entidade
pública lesada (REsp 960.926).
Importante notar que nem toda condenação por improbidade é punida pela lei da ficha limpa, para
o que seja exige-se a ocorrência dos seguintes requisitos simultaneamente:
1) condenação por improbidade em órgão judicial colegiado;
2) uma das penas aplicadas pelo órgão colegiado deve ter sido a de suspensão dos
direitos políticos;
3) caracterização de ato doloso de improbidade;
4) enquadramento da conduta no art. 9º da Lei n. 8.429/92 como ato de improbidade que
importe enriquecimento ilícito do agente;
5) lesão financeira ao erário.