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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Conceito: improbidade administrativa são condutas praticadas pelo agente


público (em alguns casos também pelo particular) que ofendam, desrespeitem,
desmoralizem a prática administrativa com o mau uso do domínio público.

Fonte normativa: Art. 37, §4º da CF e Lei 8.429/92.

“Art. 37 (...) § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão


dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da
ação penal cabível.”
As sanções da lei de improbidade administrativa são de natureza civil, penal
ou administrativa?

Apesar da possibilidade de incorrer nas três responsabilidades, as sanções


previstas em consequência da prática de atos de improbidade são de natureza
civil, sem prejuízo das consequências penais e administrativas (art. 37, §4º da
CF). Mas a previsão da Lei 8249/92 é apenas civil através de ação de
improbidade ou ação civil pública por ato de improbidade.

É possível aplicar sanção de improbidade sem prévio processo


administrativo?
Sujeito ativo: agente público ou particular (terceiros – art. 3º da LIA) que concorra,
induza ou se beneficie com o ato de improbidade praticado pelo infrator.

Agentes públicos: são todos aqueles que atuam em nome do Estado ainda que
temporariamente ou sem remuneração (art. 2º da LIA).

Particular: todos os particulares que concorram, induzam ou se beneficiem do ato


de improbidade devem por ele responder, inclusive terceiros (particulares – art. 3º
da LIA).

Exceção: a jurisprudência do STF diz que os agentes políticos que respondem por
crime de responsabilidade não respondem perante a lei de improbidade, se não
haveria bis in idem, já que as sanções pela prática do crime de responsabilidade
também são de natureza civil.
Sujeito passivo: todos os entes da administração direta e indireta (autarquias,
consórcios, empresas públicas e entidade privada que recebem dinheiro público, e
empresas que recebam benefício ou incentivo fiscal).

Obs.: pessoa para cuja criação ou custeio o erário haja contribuído (criação) ou
contribua (custeio) com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual e aquelas
em que o dinheiro público concorra para menos de 50% do custeio.

Mais de 50%: a lei se aplica a ela integralmente (art. 1º da LIA).

Menos de 50%: se aplica somente às sanções patrimoniais e no limite do dinheiro


público (paragrafo único da LIA).
Atos de improbidade

São quatro espécies de atos de improbidade.

a) aqueles que geram enriquecimento ilícito (mais grave – art. 9º da LIA): o autor
aufere qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício do
cargo, mandato, função, emprego ou atividade.

b) Dano ao erário doloso ou culposo (art. 10 da LIA - gravidade média): qualquer


ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres.
c) aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao mínimo de
2% no caso do ISSQN, além de conceder isenção, incentivo ou benefício.

Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão


para conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que
dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho
de 2003.

d) Atentam contra Princípios da Administração omissiva e comissivamente (mais


leve): atentado contra os princípios da administração pública, qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade
às instituições.
SANÇÕES
Perda de bens e valores: tem suporte constitucional e, portanto, é passível de previsão em lei
ordinária, tem como fim evitar o enriquecimento ilícito;

Ressarcimento integral do dano: o ressarcimento só tem aplicabilidade quando o autor tenha


causado danos ao erário;

Perda da função pública: trata-se de punição rigorosa, que enseja a extinção do vínculo jurídico que
liga o servidor à entidade que foi vítima do ato de improbidade;

Suspensão dos direitos políticos: por ela aquele que praticou os atos de improbidade
administrativa tem suspenso (temporariamente) o direito de votar e ser votado;

Multa: imposição pecuniária sobre o agente ímprobo;

Proibição de contratar e receber benefícios: refere-se, dentre outros prejuízos, ao impedimento de


participar de licitações, que são verdadeiros pressupostos para a celebração de contratos com a
Administração.
PERDA DA FUNÇÃO
(EI) Perda da função.
(DE) Perda da função.
(CBT) Perda da função.
(VP) Perda da função.
Obs.¹: : o STJ entende que o sujeito perde a função que esteja exercendo no momento da aplicação
da pena.
Obs.²: por óbvio, se aplica exclusivamente aos agentes públicos e jamais aos particulares.

PERDA DOS BENS


(EI) Perda dos bens.
(DE) Perda dos bens.
(CBT) não tem, pois não adquire bens.
(VP) Não tem, pois não adquirie bens.
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Obs. :a pena pode incidir sobre bens que integravam o patrimônio do sujeito antes da infração.
RESSARCIMENTO AO ERÁRIO
(EI) Ressarcimento ao erário.
(DE) Ressarcimento ao erário.
(CBT) não há, pois não lesionou o erário.
(VP) Ressarcimento ao erário.

SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS


(EI) de 8 a 10 anos.
(DE) de 5 a 8 anos
(CBT) de 5 a 8 anos
(VP) de 3 a 5 anos
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Obs. : em caso de omissão da sentença por não afirmar o tempo de suspensão se aplica o menor
tempo previsto em lei.
MULTA
(EI) Multa de até 3 vezes o valor do enriquecimento ilícito do agente.
(DE) Até 2 vezes o valor do dano criado.
(CBT) Multa de 3 vezes o valor do benefício.
(VP) Até 100 vezes a remuneração do agente.
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Obs. : com aplicação do princípio da adequação política os agentes que não
recebem remuneração pagarão o valor de até 100 o valor do salário mínimo.

PROIBIÇÃO DE CONTRATAR E RECEBER BENEFÍCIOS


(EI) por 10 anos.
(DE) por 5 anos
(CBT) não há esta aplicação.
(VP) por 3 anos
Prescrição

Detentor de mandato eletivo, função de confiança ou cargo em comissão:


prazo prescricional de 5 (cinco) anos contados do término do mandato ou do cargo
da função.

Efetivo: o prazo é o mesmo no estatuto do servidor para as infrações puníveis com


demissão. Ou seja, o prazo é de cinco anos (Lei 8112/90) contados a partir do
momento em que a Administração Pública toma conhecimento do fato.

Particular: para este se aplica o mesmo prazo de prescrição que se aplica ao


particular com o qual concorreu para a prática do ato de improbidade.
Obs.: art. 37, §5º da CF. A ação de ressarcimento ao erário não prescreve se
relativa à prática de ato de improbidade.

Obs.: As sanções patrimoniais pela pratica do ato de improbidade se estendem aos


herdeiros e sucessores do servidor falecido nos limites da herança.

Obs.: não pode ser feito nenhum tipo de transação ou acordo sobre os atos que
ensejam a improbidade administrativa.

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