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Turma 01.

DELEGADO DE POLÍCIA
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SIMULADO 01. COMENTÁRIOS

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. RESPONSABILIDADE


AMBIENTAL

DIREITO ADMINISTRATIVO

Conforme as disposições legais sobre Improbidade Administrativa, julgue os itens subsequentes.

1. Analise as seguintes assertivas: (I) As cominações da Lei de Improbidade Administrativa


alcançam os sucessores até o limite do valor da herança daquele que causar lesão ao patrimônio
público ou se enriquecer ilicitamente. (II) O particular que se beneficia do ato de improbidade,
ainda que indiretamente, se sujeita à Lei de Improbidade. Há uma assertiva correta e uma
incorreta.
( )C ( x )E

As duas assertivas estão corretas:


Além do agente público e do terceiro que concorre, induz ou se beneficia, é possível que o
SUCESSOR daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente esteja
sujeito às cominações da Lei de Improbidade.
Dois pontos importantes:
1. O limite é o valor da herança.
2. Apenas as sanções patrimoniais podem passar para o sucessor. Exemplo: não é possível
que o sucessor tenha seus direitos políticos suspensos.
Art. 8º da Lei 8429/1992. O SUCESSOR daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se
enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta lei ATÉ O LIMITE do valor da herança.

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O terceiro previsto no artigo 3º da Lei é a PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA que, mesmo não sendo
agente público, induziu ou concorreu para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficiou
direta ou indiretamente.
É o que a doutrina denominou de sujeito ativo IMPRÓPRIO.
Art. 3º da Lei 8429/1992. As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que,
mesmo não sendo agente público, INDUZA ou CONCORRA para a prática do ato de improbidade
ou dele SE BENEFICIE sob qualquer forma direta ou indireta.

2. Com base em disposição legal expressa, as sanções penais, civis e administrativas são
independentes, estando o responsável pelo ato de improbidade sujeito as cominações da Lei nº
8.429/92, que apenas podem ser aplicadas cumulativamente.
( )C ( x )E

Essa é uma questão clássica em provas de Delegado.


As instâncias são independentes. Pelo mesmo fato, o servidor pode ser punido nas três esferas.
Ademais, as cominações previstas na Lei de Improbidade podem ser aplicadas ISOLADA OU
CUMULATIVAMENTE.
Esse é o erro da assertiva.
Art. 12 da Lei 8429/1992. INDEPENDENTEMENTE das sanções PENAIS, CIVIS e ADMINISTRATIVAS)
previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas ISOLADA OU CUMULATIVAMENTE, de acordo com a
gravidade do fato:

3. Adriano, servidor público lotado em uma Secretaria Estadual, passou a utilizar de forma dolosa
o veículo do seu trabalho fora do horário de expediente, inclusive em viagens com a família e aos
finais de semana para visitar parentes. Considerando o previsto na Lei nº 8.429/1992, afirma-se
corretamente que sua conduta constitui ato de improbidade, sujeitando o responsável suspensão
dos direitos políticos de oito a dez anos e pagamento de multa civil de até três vezes o valor do
acréscimo patrimonial.
( x )C ( )E

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A assertiva está correta.
Adriano cometeu ato de improbidade na modalidade Enriquecimento Ilícito.
Art. 9º, IV, da Lei 8429/1992. UTILIZAR, em obra ou serviço particular, VEÍCULOS, MÁQUINAS,
EQUIPAMENTOS OU MATERIAL de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o TRABALHO DE SERVIDORES PÚBLICOS,
EMPREGADOS OU TERCEIROS CONTRATADOS por essas entidades;

Não confunda!
Tenha atenção aos verbos!
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO LESÃO AO ERÁRIO
Art. 9º, IV. UTILIZAR, em obra ou serviço Art. 10, XIII. PERMITIR QUE SE UTILIZE, em obra
particular, VEÍCULOS, MÁQUINAS, ou serviço particular, veículos, máquinas,
EQUIPAMENTOS OU MATERIAL de qualquer equipamentos ou material de qualquer

natureza, de propriedade ou à disposição de natureza, de propriedade ou à disposição de


qualquer das entidades mencionadas no art. 1° qualquer das entidades mencionadas no art. 1°
desta lei, bem como o TRABALHO DE desta lei, bem como o trabalho de servidor
SERVIDORES PÚBLICOS, EMPREGADOS OU público, empregados ou terceiros contratados
TERCEIROS CONTRATADOS por essas entidades; por essas entidades.

Art. 12, I da Lei 8429/1992. na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos
ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três
vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;

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ENRIQUECIMENTO LESÃO AO ERÁRIO CONTRA PRINCÍPIOS BENEFÍCIO
ILÍCITO FINANCEIRO OU
TRIBUTÁRIO
Suspensão dos direitos Suspensão dos direitos Suspensão dos direitos Suspensão dos
políticos de 8 a 10 políticos de 5 a 8 anos políticos de 3 a 5 anos direitos políticos de 5
anos CESPE CESPE CESPE CESPE CESPE CESPE FGV (UEPA – a 8 anos CESPE
VUNESP VUNESP (UEPA – PC/PA) PC/PA)
(UEPA – PC/PA)
Pagamento de multa Pagamento de multa Pagamento de multa Pagamento de multa
civil de até 3x o valor civil de até 2x o valor do civil de até 100x o valor civil de até 3 vezes o
do acréscimo dano CESPE CESPE da remuneração valor do benefício
patrimonial (UEPA – PC/PA) percebida pelo agente financeiro ou
(UEPA – PC/PA) CESPE FGV tributário concedido
(FAPEMS – PC/MS)

4. De forma culposa, Amanda, coordenadora do Setor de Licitações e Contratos do DETRAN/PE,


frustrou a licitude de um processo licitatório que visava a celebração de parcerias com entidades
sem fins lucrativos. ASSERTIVA: A situação não se amolda na modalidade lesão ao erário, pois
está requer no mínimo o elemento subjetivo dolo.
( )C ( x )E

A modalidade de Improbidade Lesão ao Erário é a única que admite DOLO ou CULPA.


A conduta de Amanda se amoldou no artigo 10, VIII da Lei de Improbidade.
Art. 10 da Lei 8429/1992. Constitui ato de improbidade administrativa que causa LESÃO AO ERÁRIO
qualquer AÇÃO OU OMISSÃO, DOLOSA OU CULPOSA, que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art.
1º desta lei, e notadamente:
Elemento subjetivo - DOLO OU CULPA
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias
com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;

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INFORMAÇÃO EXTRA
STJ: Em regra, para a configuração dos atos de improbidade administrativa previstos no art. 10 da
Lei nº 8.429/92 exige-se a presença do EFETIVO DANO AO ERÁRIO. EXCEÇÃO: no caso da conduta
descrita no inciso VIII do art. 10, VIII não se exige a presença do efetivo dano ao erário. Isso porque,
neste caso, o dano é presumido (dano in re ipsa). (1ª Turma. AgInt no REsp 1542025/MG)

EXCEÇÃO:
STJ: A dispensa indevida de licitação ocasiona PREJUÍZO AO ERÁRIO IN RE IPSA. (AgRg nos EDcl no
AREsp 419769/SC)
Ou seja, NÃO precisa de dano comprovado.

ATENÇÃO!! NÃO CONFUNDA!!


Art. 10- LEsão ao erário Art. 11- Atos que atentem CONtra os Princípios
VIII - FRUSTRAR a Licitude de processo Licitatório V - FRUSTRAR a licitude de CONcurso Público.
ou de processo seLEtivo para celebração de
parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou
dispensá-los indevidamente.

5. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício configura ato de improbidade que
atenta contra os princípios.
( x )C ( )E

Ato de ofício é aquele que deve ser praticado independentemente de provocação.


É necessário que o agente tenha entre suas atribuições o dever legal de praticar o ato, além da
consciência da ilicitude de retardá-lo ou omiti-lo (dolo).
Art. 11, II, da Lei 8429/1992 - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ATO DE OFÍCIO;

STJ: A autoridade que deixa de fazer o encaminhamento de cópia do inquérito administrativo


instaurado contra servidor e no qual há indícios da prática de crime incorre na prática de ato de

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improbidade administrativa prevista no art. 11, II, da Lei nº 8.429/92 (“retardar ou deixar de
praticar, indevidamente, ato de ofício”). (REsp 1312090/DF)

6. O agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado,
será punido com pena de suspensão pelo prazo de 30 dias.
( )C ( x )E

A PENA É DE DEMISSÃO a bem do serviço público.


Art. 13, § 3º, da Lei 8429/1992. Será punido com a pena de DEMISSÃO, a bem do serviço público,
sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos
bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.

As bancas costumam trocar por suspensão, multa ou advertência. O que está errado.

7. Apenas o cidadão poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja
instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
( )C ( x )E

Assertiva está incorreta, logo, não possui respaldo no ordenamento jurídico pátrio.
Qualquer PESSOA poderá REPRESENTAR à autoridade administrativa competente.
Art. 14 da Lei 8429/1992. Qualquer PESSOA poderá REPRESENTAR à autoridade administrativa
competente para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de
improbidade.

Atenção!
Cobrado de forma recorrente em provas de Delegado!
PARA REPRESENTAR À AUTORIDADE PARA AJUIZAR A AÇÃO PRINCIPAL DE
ADMINISTRATIVA (art. 14) IMPROBIDADE (art. 17)
Qualquer pessoa Pessoa jurídica interessada ou Ministério

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Público

ATENÇÃO! O cidadão não tem legitimidade para propor ação de Improbidade.

8. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo ministério público ou pela pessoa
jurídica interessada, dentro de sessenta dias da efetivação da medida cautelar.
( )C ( x )E

Assertiva está incorreta, logo, não possui respaldo no ordenamento jurídico pátrio.
O prazo é de 30 dias e é trocado de forma recorrente em provas.
Art. 17 da Lei 8429/1992. A ação PRINCIPAL, que terá o RITO ORDINÁRIO, será proposta pelo
MINISTÉRIO PÚBLICO ou pela PESSOA JURÍDICA INTERESSADA, dentro de TRINTA DIAS da
efetivação da medida cautelar.

9. Na Lei de Improbidade, há algumas sanções que apresentam delimitação temporal, ou seja,


tornam-se efetivas apenas com o trânsito em julgado da sentença condenatória. Entre elas está, a
perda da função pública, a suspensão dos direitos políticos e a proibição de contratar com o
poder público.
( )C ( x )E

A assertiva está incorreta por acrescentar a proibição de contratar com o poder público.
A Lei determina:
SÓ SE EFETIVAM COM O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA
perda da função pública suspensão dos direitos políticos

Art. 20 da Lei 8429/1992. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se
efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

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10. Higor Leonardo é prefeito de Campinas/SP e está sendo investigado por possíveis atos de
improbidade praticados durante o seu mandato. Nesse caso, a consequente ação de improbidade
poderá ser proposta até cinco anos após o início do exercício do seu mandato.
( )C ( x )E

O erro da questão não está no prazo prescricional. De fato, ele é de 5 (cinco) anos. O erro está no
termo inicial da prescrição. O prazo de cinco anos começa a ser contado a partir do término do
exercício do mandato.
Nesse caso, a consequente ação de improbidade poderá ser proposta até cinco anos após o FINAL
do exercício do seu mandato.
Art. 23 da Lei 8429/1992. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem
ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de
confiança;

E se o prefeito se candidatar a um novo mandato?


O STJ definiu:
STJ: No caso de agentes políticos reeleitos, o termo inicial do prazo prescricional nas ações de
improbidade administrativa deve ser contado a partir do término do último mandato. (Ed. 38 STJ
em TESES)

DIREITO PENAL

No que se refere aos crimes contra o patrimônio, julgue os itens subsequentes.

11. No crime de Apropriação indébita previdenciária, é facultado ao juiz deixar de aplicar a pena
se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que tenha promovido, após o início da
ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária,
inclusive acessórios.
( x )C ( )E

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A assertiva possui completa consonância com o artigo 168-A, § 3º, I, do Código Penal:
Apropriação indébita previdenciária
Art. 168-A do CP. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos
contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for
primário e de bons antecedentes, desde que:
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da
contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; OU
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
execuções fiscais.
12. O concurso de duas ou mais pessoas é causa de aumento de pena do crime de Extorsão e
circunstância qualificadora do Roubo.
( )C ( x )E

Em verdade, o concurso de duas ou mais pessoas é causa de aumento de pena do crime de Extorsão
e no crime de Roubo.
Roubo
Art. 157 do CP. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:
§ 2º A pena AUMENTA-SE de 1/3 (um terço) até metade:
II - se há o concurso de DUAS OU MAIS PESSOAS;

Porém, segundo Rogério Sanches, no crime de Extorsão, diferentemente do que ocorre no roubo,
só será majorada se houver, no mínimo, duas ou mais pessoas executando o crime, não se
computando eventuais partícipes.
Extorsão

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Art. 158 do CP. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter
para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por DUAS OU MAIS PESSOAS, ou com emprego de arma, aumenta-se a
pena de um terço até metade.

INFORMAÇÃO EXTRA – SÚMULA RECORRENTE EM PROVAS


Súmula 96 do STJ. O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem
econômica.

Atenção! O concurso de duas ou mais pessoas é QUALIFICADORA no crime de FURTO.


Furto qualificado
Art. 155, § 4º, do CP. A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
IV - mediante CONCURSO DE DUAS OU MAIS pessoas.

13. Sobre o crime de Furto, tipificado no artigo 155 do Código Penal, analise as seguintes
assertivas: (I) Se o agente é primário e a coisa furtada é de pequeno valor, há furto privilegiado,
caso em que é possível que o juiz aplique somente a pena de multa. (II) A energia elétrica ou
qualquer outra que tenha valor econômico equipara-se à coisa móvel para configuração do crime.
Há apenas uma assertiva correta.
( )C ( x )E

As duas assertivas estão corretas.

O § 2º do artigo 155 estabelece uma causa de diminuição de pena, chamada pela doutrina de “furto
privilegiado” se o bem é de pequeno valor e o agente é primário:
Furto
Art. 155 do CP. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

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§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar SOMENTE A PENA DE
MULTA.

É também chamado de furto de pequeno valor, ou furto mínimo.

Nos termos do §3º do art. 155 do Código Penal, equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
qualquer outra que tenha valor econômico. Assim, a lei equiparou a energia elétrica a coisa móvel.
Engloba-se ainda a energia nuclear.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a ENERGIA ELÉTRICA ou qualquer outra que tenha valor
econômico.

14. Joncleber cometeu crime de estelionato contra uma Autarquia Estadual, causando prejuízos
significativos à entidade, sendo condenado à pena de reclusão, porém sem trânsito em julgado.
Nessa situação, é possível afirmar que a causa de aumento prevista no art. 171, § 3º, do Código
Penal é aplicável ao caso por se tratar o ofendido de entidade de direito público, sendo a fração
de aumento sempre fixa, em 1/3 (um terço).
( x )C ( )E

A assertiva está em total consonância com o § 3º do 171 do Código Penal.


O estelionato é crime patrimonial praticado mediante fraude: o agente utiliza o engano ou se serve
deste para que a vítima, inadvertidamente, se deixe espoliar na esfera do seu patrimônio. A fraude
consiste, portanto, na lesão patrimonial por meio de engano.
Estelionato
Art. 171 do CP. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
§ 3º - A pena AUMENTA-SE DE UM TERÇO, se o crime é cometido em detrimento de entidade de
direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

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Súmula 24 do STJ. Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade
autárquica da previdência social, a qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal.

15. No estelionato, se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz deve


substituir a pena de reclusão pela de detenção.
( )C ( x )E

O juiz PODE substituir a pena:


Art. 171, § 1º do CP. Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz PODE aplicar
a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.

Furto
Art. 155 do CP. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz PODE SUBSTITUIR A
PENA DE RECLUSÃO PELA DE DETENÇÃO, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a
pena de multa.

INFORMAÇÃO EXTRA
NOVIDADE LEGISLATIVA (2019)
LEI 13.964/2019 (PACOTE ANTICRIME): ALTERAÇÕES NO CÓDIGO PENAL
AÇÃO PENAL NO CRIME DE ESTELIONATO (ART. 171, § 5º, DO CP)

QUAL É A AÇÃO PENAL NO CASO DO CRIME DE ESTELIONATO?


Antes Depois da Lei nº 13.964/2019
Ação penal pública incondicionada Em regra, é crime de ação penal pública condicionada à
representação.
Exceções:
Será de ação penal incondicionada quando a vítima for:
a) a Administração Pública, direta ou indireta;

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b) criança ou adolescente;
c) pessoa com deficiência mental; ou
d) maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.

Veja o § 5º inserido no art. 171 do CP:


Art. 171, § 5º do CP. Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for:
I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.

16. Há a configuração do crime de roubo na conduta de subtrair coisa móvel alheia, para si ou
para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência. A pena aumenta-se de 2/3 terços se da violência
resulta morte.
( )C ( x )E

O resultado morte é uma QUALIFICADORA do crime roubo e não causa de aumento de pena.
Art. 157 do CP. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:
§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

Atenção! O latrocínio já era crime hediondo.


INFORMAÇÃO EXTRA
Em 2019, pela Lei nº 13.964, de 2019 (Pacote Anticrime), o crime de roubo qualificado pelo
resultado lesão corporal grave (art 157, § 3º, I) foi incluído no artigo 1º, II, c da Lei nº 8072/1990 (Lei
de Crimes Hediondos).

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Assim, considera-se crime hediondo tanto roubo qualificado pelo resultado MORTE como
qualificado pelo resultado LESÃO CORPORAL GRAVE.

Art. 1º da Lei 8072/1990. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
II - roubo:
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

17. É isento de pena quem comete qualquer crime contra o patrimônio em prejuízo do cônjuge,
na constância da sociedade conjugal; de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo
ou ilegítimo, seja civil ou natural.
( )C ( x )E

O art. 181 do CP trata das denominas ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS. As escusas absolutórias, também
conhecidas como imunidade absolutas, são circunstâncias de caráter pessoal, referente a laços
familiares ou afetivos entre os envolvidos, que por razões de política criminal, o legislador houve
por bem afastar a punibilidade.
A assertiva está incorreta, pois o artigo 183 excepciona a regra de isenção de pensa caso o crime
seja se roubo, extorsão ou quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa.
Art. 181 do CP. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em
prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.

Art. 183 do CP. NÃO se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou
violência à pessoa;

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18. Somente se procede mediante representação se o crime de furto é cometido em prejuízo de
irmão, ainda que ilegítimo.
( x )C ( )E

O art. 182 do Código Penal prevê as chamadas IMUNIDADES RELATIVAS OU PROCESSUAIS, as quais
têm o papel de transformar crimes contra o patrimônio de ação penal pública incondicionada em
delitos de ação pública condicionada à representação.
Por corolário, as imunidades relativas não se aplicam aos crimes patrimoniais originariamente de
ação penal pública condicionada e nem mesmo aos crimes de ação penal privada.
A assertiva está conforme o artigo 182 do Código Penal.
Art. 182 do CP. Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é
cometido em prejuízo:
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;

O artigo 183 excepciona a regra de isenção de pensa caso o crime seja se roubo, extorsão ou
quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa.
Art. 183 do CP. NÃO se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou
violência à pessoa;

19. Aquele que sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate comete o crime de extorsão mediante sequestro.
( x )C ( )E

O crime de extorsão mediante sequestro é crime complexo, pois nele há a junção do crime de
extorsão com o sequestro ou cárcere privado.
No crime de extorsão mediante sequestro há uma finalidade específica, qual seja, com o fim de
obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.
A conduta delitiva consiste em seqüestrar pessoa com o fim de obter para si ou para outrem
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.

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A assertiva possui embasamento no artigo 159 do Código Penal.
Extorsão Mediante Seqüestro
Art. 159 do CP. Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem,
como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

Cumpre destacar que o crime de extorsão mediante seqüestro é crime hediondo em quaisquer de
suas formas (art. 159, caput e §§ 1º a 3º)

20. Haverá dano qualificado se o crime for cometido contra o patrimônio da União, de Estado, do
Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista. O mesmo não ocorre se o crime é cometido contra o patrimônio de empresa
concessionária de serviços públicos.
( )C ( x )E

Embora as empresas concessionárias de serviços públicos não sejam entes da Administração


Pública e tenham personalidade jurídica de direito privado, por estarem afetas à prestação de
serviço público, há a qualificadora do crime.
Dano
Art. 163 do CP. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Dano qualificado
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos.

DIREITO AMBIENTAL

Com base na Lei nº 9.605/1998 e na Constituição Federal, julgue as assertivas abaixo.

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21. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Carlos capturou, para sua criação doméstica, um mico-leão-dourado,
espécie ameaçada de extinção. ASSERTIVA: No caso dessa guarda doméstica de espécie silvestre,
pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
( )C ( x )E

Esse é um dos artigos de predileção da banca CESPE. São raras as provas que ele não é cobrado.
Tenha atenção: o juiz APENAS pode deixar de aplicar a pena se o animal silvestre NÃO ESTIVER
AMEAÇADO DE EXTINÇÃO:
Art. 29 da Lei 9605/1998. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre,
nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre NÃO CONSIDERADA AMEAÇADA DE
EXTINÇÃO, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.

22. Conforme disposição legal, a prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro a um


fundo estadual, de importância fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a
trezentos e sessenta salários mínimos.
( )C ( x )E

A assertiva está errada, pois a prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou
à entidade pública ou privada com fim social e não a um fundo estadual.
Art. 12 da Lei 9605/1998. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à
entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um
salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido
do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.

ESQUEMATIZANDO A PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA:

Pena restritiva de direito

Pagamento em dinheiro

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À vitima ou à entidade pública com ou privada com fim social

Importância fixada pelo juiz

Não inferior a 1 salário mínimo

Não superior a 360 salários mínimos

O valor pago SERÁ DEDUZIDO de eventual reparação civil

23. A Lei de Crimes Ambientais estabelece de forma expressa a possibilidade de aplicação da Lei
dos Juizados Criminais (Lei 9.099/1995) com as devidas modificações no caso de suspensão do
processo. Admite, ainda, a possibilidade de suspensão condicional da pena.

( x )C ( )E

A Lei de Crimes Ambientais admite a possibilidade de suspensão condicional da pena:

Art. 16 da Lei 9605/1998. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser
aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.

Admite também a suspensão do processo. No tocante a este instituto, a lei faz remissão à Lei de
Juizados Especiais (Lei 9.099/1995):

Art. 28 da Lei 9605/1998. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995,


aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes
modificações:

A previsão na Lei 9.099/1995:

Art. 89 da Lei 9099/1995. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um
ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a
suspensão do processo, por DOIS A QUATRO ANOS, desde que o acusado não esteja sendo
processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que
autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

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24. Dentre as circunstâncias que agravam a sanção penal, quando não constituem ou qualificam o
crime, considera-se o fato de o agente ter cometido a infração em sábados ou feriados e a
reincidência nos crimes de natureza ambiental.
( )C ( x )E

SOMENTE: em DOMINGOS OU FERIADOS a pena será agrava, pois dificulta a ação fiscalizatória.
Essa é uma pegadinha frequente em provas de Delegado.
Art. 15 da Lei 9605/1998. São CIRCUNSTÂNCIAS QUE AGRAVAM A PENA, quando não constituem
ou qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
h) em DOMINGOS ou FERIADOS;

A reincidência nos crimes de natureza ambiental está correta.

25. A pessoa jurídica que realize atividades consideradas lesivas ao meio ambiente estará sujeita
à sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
( x )C ( )E

Em um primeiro momento, o aluno deve compreender que o art. 225, § 3º, da CF/88 prevê a
TRÍPLICE RESPONSABILIZAÇÃO AMBIENTAL, estando, portanto, o causador de danos ambientais
sujeito à responsabilização administrativa, cível e penal, de modo independente e simultâneo:

Art. 225, § 3º, da CF. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.

RESPONSABILIDADE CIVIL

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A responsabilidade por danos ambientais na esfera CÍVEL É OBJETIVA. Isso significa que não é
preciso provar a culpa ou dolo do réu.

Entendimento do STJ consagrado na 30 edição do Jurisprudência em Teses:

A RESPONSABILIDADE POR DANO AMBIENTAL É OBJETIVA, informada pela teoria do risco integral,
sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do
ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes
de responsabilidade civil para afastar sua obrigação de indenizar. (REsp 1374284/MG)

No § 1º do art. 14 da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente está prevista a responsabilidade na


esfera cível:

Art. 14 (...) §1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor
obrigado, INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE CULPA, a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União
e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos
causados ao meio ambiente.

RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA

Por outro lado, para a aplicação de penalidades administrativas, não se obedece a essa mesma
lógica. A responsabilidade ADMINISTRATIVA ambiental apresenta CARÁTER SUBJETIVO, exigindo
dolo ou culpa para sua configuração.

Assim, ADOTA-SE A SISTEMÁTICA DA TEORIA DA CULPABILIDADE, ou seja, deverá ser comprovado


o elemento subjetivo, além da demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano.

A diferença entre os dois âmbitos de punição e suas consequências fica bem estampada da leitura
do art. 14, caput e § 1º, da Lei nº 6.938/81.

O caput do art. 14, que trata sobre a responsabilidade administrativa, não dispensa a existência de
culpa. Logo, interpreta-se que ele exige dolo ou culpa:

Art. 14. Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos
causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:

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RESPONSABILIDADE CRIMINAL

A TUTELA PENAL do meio ambiente tem o seu núcleo na Lei 9.605/1998 (Lei dos Crimes
Ambientais). Essa lei regulamentou o quanto disposto no artigo 225, § 3.º, da Constituição Federal
de 1988. Eis o dispositivo regulamentador da Lei 9.605/1998:

“Artigo 3º. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente


conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua
entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras,
coautoras ou partícipes do mesmo fato”.

A responsabilidade criminal ambiental é subjetiva. É vedada a responsabilidade penal objetiva.

RESPONSABILIDADE POR DANOS AMBIENTAIS

Responsabilidade Responsabilidade Responsabilidade

CIVIL ADMINISTRATIVA PENAL

Objetiva Subjetiva Subjetiva

§ 1º do art. 14 da Lei 6.938/81. Caput do art. 14 da Lei É vedada a responsabilidade


6.938/81. penal objetiva.

26. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o
Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de
participar de licitações, pelo prazo de três anos, no caso de crimes dolosos.

( )C ( x )E

Assim dispõe o artigo 10 da Lei de Crimes Ambientais:

PROIBIÇÃO DE O CONDENADO CONTRATAR COM O PODER PÚBLICO, DE RECEBER INCENTIVOS


FISCAIS OU QUAISQUER OUTROS BENEFÍCIOS, BEM COMO DE PARTICIPAR DE LICITAÇÕES

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CRIME DOLOSO CRIME CULPOSO

5 ANOS 3 ANOS

Art. 10 da Lei 9605/1998. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o


condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros
benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes
dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.

27. Julgue os itens que contemplam crimes ambientais: (I) Impedir ou dificultar a regeneração
natural de florestas e demais formas de vegetação, com pena de detenção de seis meses a um
ano e multa. (II) O abate de animal, para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação
predatória ou destruidora de animais, dispensada a autorização da autoridade competente.
Ambos são crimes com base na Lei nº 9605/1998.

( x )C ( )E

A assertiva (I) está prevista na Lei 9605/1998.

Art. 48 da Lei 9605/1998. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas
de vegetação:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

INFORMAÇÃO EXTRA

A CESPE considerou correta a seguinte assertiva: O crime ambiental que consiste em impedir o
nascimento de nova vegetação ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas
de vegetação É CRIME PERMANENTE, visto que a consumação do delito se protrai no tempo,
violando o bem jurídico tutelado de forma contínua e duradoura, renovando-se, a cada momento a
consumação, consoante entendimento do STF.

A assertiva (II) também é considerada crime.

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Pois a conduta é atípica apenas se legal e expressamente autorizado pela autoridade competente.

Art. 37 da Lei 9605/1998. NÃO é crime o abate de animal, quando realizado:

II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais,


desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;

28. É passível de sanção penal de reclusão ou multa, ou ambas cumulativamente, construir,


reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, obras ou serviços
potencialmente poluidores sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes.

( )C ( x )E

O único erro da assertiva é a pena de reclusão.

Pois o tipo penal prevê pena de DETENÇÃO.

Art. 60 da Lei 9605/1998. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer
parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem
licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e
regulamentares pertinentes:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: A empresa Z3, produtora de alimentos, juntamente com a sua


proprietária Rayanna, foi autuada sob a imputação do crime de causar poluição - art. 54 da Lei nº
9.605/1998.

Com base na situação, responda os dois itens subsequentes.

29. A pena prevista para o crime de poluição é agravada caso dele decorra poluição hídrica que
torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade.

( )C ( x )E

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A assertiva está incorreta.

Causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de
uma comunidade é uma QUALIFICADORA do crime de poluição e não agravante, conforme se
verifica do artigo 54, § 2º, inciso III, da Lei 9.605/1998:

Art. 54 da 9605/1998. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição
significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 2º Se o crime:

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de
uma comunidade;

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

30. A responsabilidade civil da pessoa jurídica depende da infração ter sido cometida por decisão
de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da
sua entidade. Essa responsabilidade não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou
partícipes do mesmo fato.
( x )C ( )E

A assertiva possui respaldo no artigo 3º da Lei de Crimes Ambientais.


O artigo campeão de cobrança em provas de Delegado.

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o


disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante
legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas NÃO EXCLUI a das pessoas físicas,
autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

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