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DISCIPLINA: LEI Nº 8.

429/92 - LIA
PROFESSOR: MAYARA @mayaraosd

LEI 8.429/92
IMPROBIDADE
ADMNISTRATIVA - LIA
PROF. MAYARA
DISCIPLINA: LEI Nº 8.429/92 - LIA
PROFESSOR: MAYARA @mayaraosd

LEI DE IMPROBIDADE ADMNISTRATIVA – 8.429/92

Olá, pessoal! Muito estudo por aí?


Eu espero que sim! Lembre-se: Vale a pena todo o sacrifício. Então se anima aí!

A aula de hoje será sobre um tema de extrema relevância e que está sempre em evidência
em nossa sociedade – por isso as bancas o amam - a Lei de Improbidade Administrativa.

Caso tenha alguma dúvida sobre o tema não hesite em me contatar pelas redes sociais,
estou inteiramente à disposição!

Então, aos estudos!


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PROFESSOR: MAYARA @mayaraosd

LEI 8.429/92 – IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LIA)

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Um dos deveres gerais impostos aos agentes públicos consiste na probidade. A ideia de
probidade, intimamente ligada à da moralidade administrativa, informa que os agentes
devem “servir à Administração Pública com honestidade, exercendo suas atribuições no
intuito de alcançar o interesse público” sem tirar proveito pessoal dos poderes inerentes a
elas.

Caso, por outro lado, seja descumprido o dever de probidade, terão lugar os chamados
atos de improbidade administrativa, objeto da Lei 8.429/1992.

Tamanha é a importância do assunto no ordenamento jurídico pátrio que o tema foi alçado
ao texto da própria Constituição, ao se mencionarem os “atos de improbidade
administrativa” e as respectivas penalidades:

CF, art. 37, § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos


direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
penal cabível.

Tecidas estas breves considerações iniciais, passemos aos comentários ao texto da Lei,
será feita a leitura de todos os artigos e inciosos, e os mais relevantes para a sua prova
será tecido comentários a respeito.
Vamos lá!

CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não,
contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da
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União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa


incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário
haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da
receita anual, serão punidos na forma desta lei.

Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou
custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do
patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

O texto da Lei de Improbidade inicia mencionando os sujeitos passivos dos atos de


improbidade administrativa, isto é, as vítimas diretas destes atos. São estas mesmas
pessoas jurídicas, mencionadas no seu art. 1º, que poderão posteriormente propor,
judicialmente, a ação de improbidade administrativa em face dos agentes ímprobos.
Adiante veremos que o ajuizamento destas ações também é facultado ao Ministério
Público (MP).

No que se refere aos entes da Administração Pública, notem que estão incluídos os
órgãos da administração direta e as entidades da administração indireta, sejam de
direito público ou privado. Lembro que, neste rol, estão incluídos órgãos de todos os
Poderes e esferas de governo.
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Notem que, quanto aos atos de improbidade praticados contra sujeitos secundários, nem
todas as sanções da LIA são aplicáveis, mas apenas as sanções patrimoniais e desde que
limitadas à parcela dos danos sofridos pelo poder público.

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

Quanto ao conceito de “agente público” adotado no art. 2º acima, reparem sua grande
amplitude, alcançando até mesmo situações em que a pessoa age transitoriamente em
nome do Estado ou sem remuneração.
Para os fins de improbidade administrativa, foram enquadradas como “agentes públicos”
variadas espécies de funcionários, como:
a) agentes políticos (parlamentares, chefes do Executivo, Ministros e Secretários).
b) servidores públicos (regidos por estatuto ou vínculo especial)
c) empregados públicos (com vínculo empregatício com o Estado)
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d) militares
e) magistrados, membros do Ministério Público e dos tribunais de contas
f) particulares em colaboração com o Estado (mesários de eleições, tabeliães etc.)
g) empregados de entidades privadas que sejam consideradas sujeito passivo

Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber àquele que, mesmo
não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade
ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

A partir do art. 3º acima, vemos que também serão considerados sujeitos praticantes de
atos de improbidade particulares que atuarem em conjunto com agentes públicos.
Mas, atenção, o particular não pode ser considerado, de maneira isolada, sujeito ativo do
ato de improbidade administrativa, mas apenas quando houver também a
responsabilização de um agente público.

Portanto, para ser alcançado por uma sanção da LIA, o particular deve ter atuado
conjuntamente com “agentes públicos”, seja (i) induzindo o agente público ao
cometimento do ato de improbidade, (ii) concorrendo com ele para sua prática ou (iii) se
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beneficiando do ato ilegal – seja direta ou indiretamente.

Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar


pela estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e
publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.

Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou


culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.

Interpretando-se o preceito acima, tem-se entendido que a responsabilização com


fundamento na Lei de Improbidade é de natureza subjetiva, exigindo-se a presença de
dolo ou de culpa. Não se admite, portanto, responsabilidade objetiva na aplicação da Lei
8.429/1992.

Nesse sentido, tem-se entendido que os atos das categorias de enriquecimento ilícito
(art. 9º), violação aos princípios (art. 11) e concessão indevida de benefício fiscal (art.
10-A) exigem que a conduta tenha sido praticada na modalidade dolosa.

Por outro lado, tratando-se de atos que causem prejuízo ao erário (art. 10), as sanções
poderiam ser aplicadas se houver, indistintamente, dolo ou culpa consoante mencionado
no art. 10, caput, destacado adiante.

Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito perderá o agente público ou terceiro


beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.

Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar


enriquecimento ilícito caberá à autoridade administrativa responsável pelo inquérito
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá


sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo
patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
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No art. 7º acima, o legislador previu a possibilidade de, antes mesmo da condenação dos
responsáveis, o MP solicitar ao Judiciário a indisponibilidade dos bens dos agentes
suspeitos.

Tal medida visa impedir que agentes públicos e particulares acusados de atos de
improbidade dilapidem seu patrimônio antes da sentença condenatória. Dessa forma,
busca-se assegurar a existência de bens suficientes para a efetividade de futura decisão
judicial.

Nos termos previstos no caput do art. 7º, a autoridade administrativa representa ao MP, o
qual poderá requerer a medida ao Judiciário. Tal medida cautelar poderá ser manejada
quando a conduta houver importado em enriquecimento ilícito (art. 9º) ou prejuízo ao erário
(art. 10).

Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer


ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.

Diferentemente do próprio agente ímprobo, a responsabilidade dos herdeiros é limitada ao


valor da herança por eles recebida. Tal regra tem aplicação especial quanto às sanções
de ressarcimento ao erário e da perda dos bens acrescidos ilicitamente.

Exemplo:

João Pedro, após ser condenado a ressarcir o erário público em R$ 10 milhões por ato de
improbidade, falece e deixa todo seu patrimônio para o único filho, Pedrinho. A herança
recebida é avaliada em R$ 1 milhão.
Neste caso, Pedrinho poderá ser alcançado pelas sanções da LIA e ser condenado à
restituição da integralidade da herança recebida.

CAPÍTULO II - DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Entre os artigos 9º a 11 da Lei 8.429/1992, o legislador constituiu 4 categorias de atos de


improbidade administrativa, conforme a gravidade de cada ato, da seguinte forma:
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Antes de passarmos ao estudo de cada grupo de atos de improbidade administrativa,


quatro observações importantes!

1) É exemplificativa a lista de atos de improbidade previstos nos arts. 9º, 10 e 11. Isto
significa que a prática de outros atos que, embora não expressamente previstos, se
enquadrem nas definições de “enriquecimento ilícito”, “prejuízo ao erário” e “violação de
princípio” poderá também ser caracterizada como ato de improbidade administrativa.

Seção I - Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento


Ilícito

No art. 9º a seguir, estão listados, de modo exemplificativo, os atos de improbidade


considerados mais graves pelo legislador.

A característica marcante das condutas do art. 9º é o fato de o agente ímprobo se


enriquecer ilicitamente, percebendo qualquer tipo de vantagem econômica indevida,
como presentes, comissões etc.

É o caso, por exemplo, do agente fiscal de rendas que recebe propina para deixar de
autuar determinada empresa.
Assim, o legislador em geral utiliza verbos como “receber”, “perceber” e “incorporar”.
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Para a caracterização das condutas do art. 9º, entretanto, não se exige efetivo prejuízo
aos cofres públicos, mas apenas o enriquecimento do agente público em prejuízo à
probidade no exercício de suas funções.

Outra observação importante!

A caracterização dos atos de enriquecimento ilícito (art. 9º) exige conduta comissiva (isto é,
ação) – sendo insuficiente a conduta meramente omissiva.

Sabemos que este rol é exemplificativo. No entanto, boa parte das questões de prova faz
referência a um dos tipos previstos expressamente nos incisos a seguir.

Assim, vamos ler com atenção redobrada cada uma destas condutas e associá-las ao
enriquecimento ilícito!

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir


qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,
função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e
notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra
vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou
presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado
por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou


locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas
no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou
locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
valor de mercado;
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IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material


de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados
ou terceiros contratados por essas entidades;

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a


exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de
usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer


declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço,
ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens
fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função
pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do
patrimônio ou à renda do agente público;

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento


para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado
por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba


pública de qualquer natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir


ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
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Da lista acima, reparem que o legislador incluiu, como ato que importa enriquecimento
ilícito, a aquisição de bens com valor desproporcional à renda do agente público (art.
9º, VII), revelando presunção relativa, ou seja, admite que o agente prove a origem
lícita do bem.

Seção II - Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário

Consoante previsto no caput do art. 10 constitui ato de improbidade administrativa que


causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento (isto é, esbanjamento, desperdício) ou
dilapidação dos bens ou haveres das entidades públicas.

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

Diferentemente dos atos que importam enriquecimento ilícito (art. 9º), os atos de prejuízo
ao erário do art. 10 podem ser caracterizados mediante (i) ação ou omissão e (ii) dolo ou
culpa.

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de


pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas,
verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º
desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
espécie;
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III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins
educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e
regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio


de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço
por parte delas, por preço inferior ao de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço


superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou


aceitar garantia insuficiente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais
ou regulamentares aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de


parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;

ATENÇÃO!

FRUSTRAR LICITUDE DE ATO QUE VIOLA PRINCÍPIO ADM.


CONCURSO PÚBLICO

FRUSTRAR LICITUDE DE ATO QUE CAUSA PREJUÍZO AO ERÁRIO


LICITAÇÃO PÚBLICA OU DE
SELEÇÃO DE PARCERIAS
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IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;

Notem a importância do inciso IX acima! Sabemos que, como regra geral, a realização de
despesas pela Administração Pública deve ser previamente autorizada na lei orçamentária.

X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz


respeito à conservação do patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de
qualquer forma para a sua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

Mais um alerta! No caso do inciso XII acima, o agente público apenas facilita para que um
terceiro se enriqueça ilicitamente, em desfavor dos cofres públicos. Por este motivo, tal
conduta é enquadrada como causadora de prejuízo ao erário. Diferente é a situação em
que o próprio agente público enriquece ilicitamente, enquadrada como ato de
enriquecimento ilícito do art. 9º.

O mesmo ocorre com o inciso XIII a seguir, em que o beneficiário da utilização das
máquinas e servidores públicos é o particular, não o patrimônio do agente público.

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,


equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor
público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços
públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;
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XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação


orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei.

XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio


particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos
transferidos pela administração pública a entidades privadas mediante celebração de
parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
espécie;

XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas,
verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada
mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;

XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a


observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas


de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas;

XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades


privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma
para a sua aplicação irregular.

XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades
privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma
para a sua aplicação irregular.

Vejam que a liberação de verbas públicas de modo irregular ou a liberação de recursos


a entidades privadas parceiras sem atender aos requisitos legais são atos enquadrados
como geradores de prejuízo ao erário (art. 10, XI e XX).

Por outro lado, tratando-se de entidades privadas na área de saúde o legislador optou
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por ser mais condescendente. Dessa forma, a liberação de recursos a entidades privadas
parceiras sem o respaldo em convênio ou contrato, se disserem respeito à área de saúde,
serão enquadradas apenas como violação a princípio (art. 11, X), tipologia menos grave
e que exige conduta dolosa.

Seção II-A - Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de Concessão ou


Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário

Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para
conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o
caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003.

O art. 10-A na Lei de Improbidade (e a Seção II-A), dispondo que constitui ato de
improbidade administrativa qualquer ação ou omissão que objetive conceder, aplicar ou
manter benefício financeiro ou tributário que contrarie as regras referentes ao Imposto
Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).

Seção III - Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os


Princípios da Administração Pública

Adiante a modalidade de improbidade com menor gravidade, a qual importa violação aos
princípios da Administração Pública.

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios
da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

Tem-se entendido que o rol de princípios mencionado em seu art. 11 (honestidade,


imparcialidade, legalidade e lealdade) é exemplificativo, de sorte que a violação a
qualquer princípio da administração pública caracteriza ato de improbidade
administrativa.

Reparem que a caracterização destes atos, apesar de exigir conduta dolosa, pode
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resultar de qualquer ação ou omissão.


Além disso, diferentemente do que estudamos a respeito do art. 10, a existência de efetivo
prejuízo aos cofres públicos é irrelevante para a caracterização dos atos violadores de
princípios.

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na
regra de competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva
permanecer em segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;

V - frustrar a licitude de concurso público;

Em relação ao inciso V acima (concurso público), reforço a diferença quanto à frustração


da licitude de licitação pública (art. 10, VIII).

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

Pela incidência em provas, merece destaque especial a previsão acima, de que o gestor
público que indevidamente deixa de prestar contas também terá praticado ato de
improbidade na modalidade violação a princípio.

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva


divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço.

VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de


parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas.
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IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação

X - transferir recurso a entidade privada, em razão da prestação de serviços na área de


saúde sem a prévia celebração de contrato, convênio ou instrumento congênere, nos
termos do parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.

Já comentamos brevemente a hipótese abaixo, ao compararmos com a situação prevista


no inciso XX do art. 10.
Além desta distinção, é importante salientar que a inclusão deste inciso X ocorreu apenas
em abril de 2018, por meio da Lei 13.650, o que aumenta as chances de esta hipótese ser
objeto de cobrança em prova.
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CAPÍTULO III - DAS PENAS

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na


legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às
seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de
acordo com a gravidade do fato:

O art. 12 concentra, para cada modalidade de ato de improbidade, a previsão das sanções
aplicáveis. Reparem que tais sanções podem ser aplicadas de modo isolado (por
exemplo, apenas a “perda da função pública”) ou cumulativamente (por exemplo, “perda
da função” + “multa civil”).

Além disso, lembro que tais sanções não possuem natureza penal. Apesar das
controvérsias doutrinárias a respeito, pode-se dizer que a LIA prevê sanções de 3
naturezas para atos de improbidade:

a) política: suspensão dos direitos políticos

b) administrativa: perda da função pública, proibição de contratar com o poder público e


proibição de receber benefícios fiscais ou creditícios

c) civil: ressarcimento ao erário, multa civil e perda dos bens e valores acrescidos
ilicitamente ao patrimônio
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Além disso, destaco que a aplicação das sanções previstas na LIA não impede que outras
sanções sejam aplicadas, sejam elas cíveis penais ou administrativas.

Exemplo: imagine determinado agente público que passou a exigir propina para exercer
suas atribuições.

Reparem que, além de cometer ato capitulado na LIA (categoria de enriquecimento ilícito),
a mesma conduta constitui crime previsto no Código Penal (crime de concussão – CP, art.
316).

Portanto, se o ato de improbidade for também tipificado como crime, a mesma conduta
poderá resultar em sanções penais, aplicadas de modo cumulativo com as penalidades
previstas na LIA, sem que isto caracterize bis in idem.

Nesse sentido, lembro que o próprio texto constitucional ressalva a aplicação das sanções
de improbidade “sem prejuízo da ação penal cabível” (CF, art. 37, §4º).
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PENAS ENRIQUECIMENTO DANO VIOLAÇÃO CONCESSÃ


ILÍCITO AO AO PRINCÍPIO O INDEVIDA
ERÁRIO DE
BENEFÍCIO
PERDA DA SIM SIM SIM SIM
FUNÇÃO

PERDA DOS SIM SIM, SE -------- ---------


BENS FOR O
CASO.

RESSARCIMENT SIM, SE HOUVER SIM RESSARCIMENT ------


O AO DANO O INTEGRAL DO
ERÁRIO DANO, SE
HOUVER

SUSPENSÃO DOS 8 A 10 ANOS 5 A 8 3 A 5 ANOS 5 A 8 ANOS


DIREIROS ANOS
POLÍTICOS

MULTA ATÉ 3X O ATÉ 2X O ATÉ 100X O ATÉ 2X O


ENRIQUECIMENTO DANO VALOR DA VALOR DO
REMUNERAÇÃO BENEÍCIO
CONCEDID
O
PROIBIÇÃO DE ATÉ 10 ANOS ATÉ 5 ATÉ 3 ANOS ------
CONTRATAR ANOS
COM O PODER
PÚBLICO
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A aplicação das sanções previstas na LIA (perda da função pública, suspensão de direitos
políticos, multa civil etc) é competência exclusiva do Poder Judiciário, inclusive quanto à
perda de função pública.

Portanto, um processo administrativo não poderia resultar na aplicação de sanções com


fundamento na Lei de Improbidade.

No entanto, A aplicação da pena de demissão por improbidade administrativa não é


exclusividade do Judiciário, sendo passível a sua incidência no âmbito do processo
administrativo disciplinar.

Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a
extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

Já comentamos por ocasião do art. 5º, mas reforço que os atos das categorias de
enriquecimento ilícito (art. 9º), violação aos princípios (art. 11) e concessão indevida
de benefício fiscal (art. 10-A) exigem que a conduta tenha sido praticada na modalidade
dolosa.
Por outro lado, tratando-se de atos que causem prejuízo ao erário (art. 10), as sanções
poderiam ser aplicadas se houver, indistintamente, dolo ou culpa.

CAPÍTULO IV - DA DECLARAÇÃO DE BENS

Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação


de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de
ser arquivada no serviço de pessoal competente.

§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos,


ações, e qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no
exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou
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companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do
declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.

§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente público


deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.

§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de
outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens,
dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.

§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens


apresentada à Delegacia da Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto
sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, para
suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo.
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CAPÍTULO V - DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDICIAL

Adiante iremos examinar dois conjuntos de regras, que dispõem sobre (i) a apuração
administrativa e (ii) as características da ação judicial por improbidade administrativa.

No entanto, apesar de a LIA mencionar a apuração administrativa dos atos de


improbidade, não podemos nos esquecer de que a aplicação das respectivas sanções
somente pode ocorrer no bojo de um processo judicial.

Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para
que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.

§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a


qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação
das provas de que tenha conhecimento.

Vejam que qualquer pessoa poderá comunicar à autoridade administrativa a prática de


atos de improbidade administrativa. Tal comunicação pode ser apresentada por escrito
ou, oralmente, desde que seja reduzida a termo e assinada pelo denunciante. Além disso,
deve indicar provas do alegado, de que o representante tenha conhecimento.

Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao


Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a
decretação do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente
ou causado dano ao patrimônio público.

Além da medida cautelar de indisponibilidade de bens (art. 7º), a Lei de Improbidade prevê
a possibilidade do sequestro dos bens do agente ou terceiro.
Nesse sentido, é importante destacar que esta medida exige decisão judicial, não
bastando, para tanto, mera determinação da autoridade administrativa.

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou
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pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.

O caput do art. 17 estabeleceu legitimidade concorrente para a propositura da ação


judicial de improbidade. São legitimados tanto o Ministério Público como a pessoa
jurídica interessada, isto é, os sujeitos passivos do ato de improbidade (vítimas diretas do
ato lesivo).

Quanto ao prazo, a LIA prevê que, tendo sido concedida, previamente, medida cautelar de
sequestro ou indisponibilidade dos bens do acusado, o prazo para o ajuizamento da ação
principal de improbidade será de 30 dias, contados da efetivação da medida cautelar.
Por outro lado, caso não tenha sido requerida ou efetivada medida cautelar, terão lugar
apenas os prazos prescricionais, regulamentados no art. 23.

NOVIDADE! § 1º As ações de que trata este artigo admitem a celebração de acordo de


não persecução cível, nos termos desta Lei.

§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, poderão as partes requerer ao


juiz a interrupção do prazo para a contestação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias.

Nas ações para apuração da prática de atos de improbidade, atualmente é admitida a


celebração de acordo (art. 17, §1º).

Ou seja, o poder público poderá deixar de condenar determinado agente por improbidade
por força de um acordo em que o infrator se comprometa a recompor os cofres públicos,
por exemplo, ou até mesmo a oferecer determinadas provas contra outros agentes. Assim,
o acordo isenta o infrator em troca de benefícios que ele “voluntariamente” ofereça ao
poder público.

Vejam que, antes da Lei 13.964, de dezembro de 2019, era vedado qualquer tipo de
transação, acordo ou conciliação nas ações por improbidade. Esta vedação foi suprimida e
o texto da LIA passou a admitir expressamente a celebração de acordos.
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§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente,


como fiscal da lei, sob pena de nulidade.

Sabemos que o MP também poderá ingressar com a ação judicial por improbidade
administrativa (assim como a pessoa jurídica interessada).

Mas, caso a ação de improbidade não tenha sido proposta pelo Ministério Público, o MP
deverá atuar obrigatoriamente como fiscal da lei (ou custos legis), sob pena de nulidade
do processo (art. 17, §4º).

Nesta situação, o MP deverá atuar de modo imparcial na defesa da ordem jurídica,


zelando para que o processamento e a eventual aplicação de sanções obedeçam aos
preceitos constitucionais e legais.
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CAPÍTULO VI - DAS DISPOSIÇÕES PENAIS

Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou
terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.

Pena: detenção de seis a dez meses e multa.

Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o


denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.

Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com
o trânsito em julgado da sentença condenatória.

Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o


afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo
da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.

Do caput acima, reparem que, para a efetivação das sanções de “perda da função pública”
e “suspensão dos direitos políticos”, a Lei 8.429 exige expressamente que tenha ocorrido o
trânsito em julgado da sentença condenatória.

Tratando-se do afastamento do agente público, estudado no parágrafo único adiante, não


se exige nem mesmo a condenação pela prática do ato.

Vejam o poder conferido aqui pela LIA. Antes mesmo da conclusão do procedimento
administrativo ou do processo judicial, tanto a autoridade administrativa como o juiz
poderão determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou
função, quando a medida se fizer necessária à produção de provas e à análise do
processo.

Durante o período em que ficar afastado, o agente público continua percebendo sua
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remuneração.

CAPÍTULO VII - DA PRESCRIÇÃO

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser
propostas:

I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de


função de confiança;

Vimos, acima, que, em se tratando de atos de improbidade praticados por exercente de


mandato eletivo, o prazo será de 5 anos contados do término do mandato.
Havendo reeleição, no entanto, o STJ tem entendido que o prazo prescricional deve ser
contado a partir do término do último mandato – e não do primeiro mandato

II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis
com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou
emprego.

III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de


contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei.

Além dos três casos acima, havendo a prática conjunta de ato de improbidade por
particular, as regras quanto ao prazo e à contagem a ele aplicáveis são idênticas às do
agente público que praticou a ilicitude.

Tratando-se especificamente do ressarcimento ao erário decorrente de ato de


improbidade administrativa, caso tenha decorrido de conduta dolosa, o respectivo pedido
será considerado imprescritível, conforme tese firmada pelo STF, em 2018.

São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato


doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.
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Para fixarmos o assunto e ver a maneira como ele já foi cobrado em concursos, é
fundamental a resolução de questões sobre o tema. A seguir foi selecionada algumas
questões de concursos anteriores.

QUESTÕES

1)De acordo com a Lei n. o 8.429/92, a ação de improbidade, em caso de


enriquecimento ilícito,

a)seguirá o rito ordinário e será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
interessada.
b)deve ser proposta no prazo de 45 dias da efetivação da medida cautelar de sequestro.
c)deve ser proposta no prazo de 60 dias da efetivação da medida cautelar de sequestro.
d)seguirá o rito sumário e será proposta exclusivamente pelo Ministério Público.
e)seguirá o rito ordinário e será proposta exclusivamente pelo Ministério Público.

2)Considere que um agente de polícia tenha utilizado uma caminhonete da polícia


civil para transportar sacos de cimento para uma construção particular. Nesse caso,
o agente cometeu ato de improbidade administrativa que importa em enriquecimento
ilícito.
( ) Certo
( ) Errado

3)Com relação à declaração de bens prevista na Lei n° 8.429/92 (Lei de Improbidade


Administrativa), é correto afirmar que

a)a declaração compreenderá apenas bens imóveis e móveis, localizados no território


brasileiro, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou
companheiro.

b)o declarante deverá obrigatoriamente entregar cópia integral da declaração anual de


Imposto de Renda apresentada à Delegacia da Receita Federal, além de mídia contendo
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fotografias atualizadas dos imóveis.

c)a declaração de bens será semestralmente atualizada e na data em que o agente público
deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.

d)a posse e o exercício de agente público não ficam condicionados à apresentação de


declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado.

e)será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras
sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro
do prazo determinado, ou que a prestar falsa.

4)Autoridade administrativa de determinado ente ofereceu representação ao


Ministério Público contra conduta de agente público que resultou na locação de
bem, pelo poder público, em valor superior ao de mercado. Nessa situação
hipotética, o ato imputado:

a)não caracteriza improbidade administrativa, por ausência de previsão legal.


b)somente caracteriza improbidade administrativa se houver conduta dolosa e for
comprovado o enriquecimento ilícito do agente público.
c)apenas caracteriza improbidade administrativa se a conduta for dolosa,
independentemente da comprovação de enriquecimento ilícito do agente público.
d)caracteriza improbidade administrativa se for demonstrada conduta dolosa ou culposa,
desde que seja comprovado o enriquecimento ilícito do agente público.
e)caracteriza improbidade administrativa se for demonstrada conduta dolosa ou culposa,
independentemente da comprovação de enriquecimento ilícito do agente público.

5)A respeito da prescrição, quanto às sanções previstas na Lei de improbidade


administrativa, estas podem ser propostas:

a)Até dois anos após o término do exercício de fiscal, de cargo em comissão ou de função
de confiança;
b)Dentro do prazo decadencial previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis
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com demissão a bem do serviço público, nos casos de função de confiança ou emprego;
c)Até dez anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas
anual pelas entidades;
d)Até quatro anos após o término do exercício de fiscal, de cargo em comissão;
e)Até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas
final pelas entidades;

6)Constitui ato de improbidade administrativa, importando enriquecimento ilícito do


agente público, o praticado em razão do exercício de cargo, mandato, função,
emprego ou atividade nas entidades da administração direta ou indireta, como, por
exemplo:

a)Conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais


ou regulamentares aplicáveis à espécie.

b)Executar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou


aceitar garantia insuficiente ou inidônea.

c)Facilitar ou permitir a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço


superior ao de mercado.

d)Ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento.

e)Perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba


pública de qualquer natureza.

7) De acordo com a Lei nº 8.429/92, que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos
agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito, julgue os itens a seguir:

I. No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os


bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.

II. Constitui ato de improbidade administrativa perceber vantagem econômica para


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intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza.

III. Os atos de improbidade praticados por servidor público municipal contra a


Administração não serão punidos pela respectiva legislação.

IV. O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer


ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.

a)Todos os itens estão corretos.


b)Apenas os itens I, II e IV estão corretos.
c)Apenas os itens I, II e III estão corretos.
d)Apenas os itens II e IV estão corretos.
e)Apenas os itens I e III estão corretos.

8)Júlio, ao tomar posse como servidor público estadual, apresentou sua declaração
de bens que compõem o seu patrimônio privado, conforme exigência da Lei nº
8.429/92. De acordo com a situação hipotética, marque a alternativa incorreta.

a)A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e


qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais localizados no País ou no exterior.

b)A declaração de bens será atualizada anualmente e também na data em que o agente
público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.

c)O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens
apresentada à Delegacia da Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto
sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações.

d)Será punido com a pena de advertência, a bem do serviço público, sem prejuízo de
outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens,
dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.

e)Quando for o caso, a declaração abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou


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companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do
declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.

9) De grande importância no Direito Administrativo, a improbidade administrativa


tem merecido atenção especial na atualidade, principalmente quando deflagradas as
mais diversas operações policiais de combate à corrupção e outras condutas
contrárias à moralidade administrativa. Acerca da improbidade administrativa,
assinale a alternativa correta.

a)É preciso ser servidor público, com vínculo empregatício, para enquadrar-se como
sujeito ativo da improbidade administrativa, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego
ou função nas entidades públicas.

b)O ato de improbidade administrativa exige a ocorrência do ato danoso descrito na lei,
causador de enriquecimento ilícito para o sujeito ativo, prejuízo para o erário ou atentado
contra os princípios da Administração Pública; o enquadramento do ato pode se dar
isoladamente, em uma das três hipóteses, ou, cumulativamente, em duas ou nas três.

c)Para a caracterização do ato de improbidade administrativa, é necessário que seja


efetivamente praticado um ato administrativo, ou seja, uma ação por parte do agente, seja
com dolo ou culpa, que cause dano ao erário, não sendo possível a configuração de
referido ilícito a simples omissão por parte do agente público no exercício de sua função.

d)Entre as penas previstas em lei está a multa civil, que pode ser de até cinco vezes o
valor do acréscimo patrimonial, em caso de enriquecimento ilícito; de até dez vezes o valor
do dano, no caso de dano ao erário; e de até quinze vezes o valor da remuneração
percebida pelo agente, no caso de atentado aos
princípios da Administração.

10) A Lei n° 8.429/1992, e suas alterações, ao tratar do ato de improbidade


decorrente de concessão ou de aplicação indevida de benefício financeiro ou
tributário, aplica ao responsável, sem prejuízo das sanções penais, civis e
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administrativas previstas na legislação específica, as seguintes penas, que podem


ser a ele imputadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:

a)perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos e multa civil
de até duas vezes o valor do benefício financeiro ou tributário

b)perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos e multa
civil de até três vezes o valor do benefício financeiro ou tributário

c)ressarcimento integral do dano, suspensão dos direitos políticos de quatro a oito anos,
pagamento de multa civil de até três vezes o valor do dano e estipulação de dano moral
e/ou material a critério do julgador

d)ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos


direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até duzentas vezes o
valor da remuneração percebida pelo agente e estipulação de dano moral e/ou material a
critério do julgador

e)perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral


do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito
a doze anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial

11)Um agente público que, agindo de forma culposa, gere lesão ao patrimônio
público, estará obrigado a ressarcir integralmente o dano causado.
( ) Certo
( ) Errado

12)A improbidade administrativa não enseja

a)multa civil.
b)perda de bens ou valores.
c)privação da liberdade.
d)ressarcimento integral do dano.
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e)proibição de contratar com o Poder Público.

13) Nos termos da Lei nº 8.429/92, quanto à improbidade administrativa, assinale a


afirmativa correta.

a)Todo ato de improbidade administrativa é, também, crime.


b)Algum ato de improbidade administrativa é, também, crime.
c)Nenhum crime é, também, ato de improbidade administrativa.
d)Todo ato de improbidade administrativa é, também, prejuízo ao erário.

14) De acordo com a Lei nº 8.429/1992 - Improbidade Administrativa, o agente


público que permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça
ilicitamente estará praticando ato de improbidade administrativa que:

a)Importa enriquecimento ilícito.


b)Causa prejuízo ao erário.
c)Atenta contra os princípios da administração pública.
d)Importa em prejuízo aos bens públicos.
e)Atenta contra a ordem econômica.

15) A suspensão dos direitos políticos, no caso de condenação pela prática de atos
de improbidade, será pelo prazo

a)de 2 a 4 anos para atos que causam prejuízo ao erário.


b)de 3 a 5 anos para atos administrativos que importam em enriquecimento ilícito.
c)de 3 a 5 anos para atos que atentam contra os princípios da Administração Pública.
d)de 8 a 10 anos para atos que causam prejuízo ao erário.
e)de 5 a 8 anos para atos que importam em enriquecimento ilícito.

16)Nos termos da Lei n° 8.429/1992, constitui ato de improbidade administrativa que


atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que
viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às
instituições as seguintes situações, EXCETO:
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a)retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício.


b)revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, após a divulgação oficial,
teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou
serviço.
c)deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo.
d)frustrar a licitude de concurso público.

Gabarito: 1-A,2-C,3-E,4-E,5-E,6-E,7-B,8-D,9-B,10-B,11-C,12-C,13-B,14-B,15-C,16-B

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