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NA INFÂNCIA
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Bárbara Pricila Franz
Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli
Prof. Ivan Tesck
Profa. Kelly Luana Molinari Corrêa
372.41
O32I Offial, Patrícia Cesário Pereira.
Linguagem e ludicidade na infância / Patrícia Cesário
Pereira Offial. Indaial : UNIASSELVI, 2015.
85 p.: il.
ISBN 978-85-6991-004-6
APRESENTAÇÃO.......................................................................7
CAPÍTULO 1
A Cultura e as Múltiplas Linguagens da Criança............... 9
CAPÍTULO 2
A Pedagogia da Escuta e as Implicações no Desenvolvimento
da Criança e no Ato do Brincar........................................... 31
CAPÍTULO 3
Produções Simbólicas da Criança:
Imaginação, Memória e Aprendizagem................................. 49
CAPÍTULO 4
A Formação do Professor no Contexto da Ludicidade.. 67
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
Boa leitura!
A autora.
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C APÍTULO 1
A Cultura e as Múltiplas Linguagens
da Criança
Contextualização
Antes de iniciarmos a leitura, convido você a adentrar um pouco no
Afirmamos que
universo infantil. Todos nós já fomos crianças e podemos lembrar-nos de
as situações
certos episódios que geram uma gama de emoções. Esses sentimentos vivenciadas na
nos remetem a certas experiências, e essas, boas ou más, constituem infância determinam
a nossa percepção de mundo. Se somos o que pensamos ser, como como iremos
afirmam muitos estudiosos, podemos dizer: a relação estabelecida com compreender e atuar
os acontecimentos que nos cercam são a base para a formação do nosso no mundo.
“ser adulto”. Sendo assim, afirmamos que as situações vivenciadas na
infância determinam como iremos compreender e atuar no mundo.
Nesse sentido, Vygotsky (1998) afirma ser no convívio com seus pares que
o homem se constitui, desenvolve o seu EU. Dito de outro modo, aprimoramos
o nosso ser na relação com o mundo externo. Na mesma esteira, Wallon (1975)
também elucida que as atitudes humanas se ressignificam quando abrangidas e
compreendidas por outra pessoa. Afinal, conforme Kramer (1999, p.171), “Olhar o
mundo a partir do ponto de vista da criança pode revelar contradições e dar novos
contornos a realidade”, pois ela dispõe de formas criativas de entender o mundo,
facilitando novos rumos.
Os Saberes e os Contextos da
Criança
A criança é a inocência, e o esquecimento, um novo começar,
um brinquedo, uma roda que gira sobre si, um movimento,
uma santa afirmação. (NIETZSCHE, 2004, p. 35).
Adulto: Pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela
mesma (É a definição de uma criança de 8 anos, Felipe Bedoya).
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Capítulo 1 A Cultura e as Múltiplas Linguagens da Criança
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Linguagem e Ludicidade na Infância
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Capítulo 1 A Cultura e as Múltiplas Linguagens da Criança
Caro (a) pós-graduando (a), convido você, neste momento, a refletir sobre o
caso a seguir, que trata da relação do lúdico com a afetividade.
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Linguagem e Ludicidade na Infância
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Capítulo 1 A Cultura e as Múltiplas Linguagens da Criança
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Linguagem e Ludicidade na Infância
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Capítulo 1 A Cultura e as Múltiplas Linguagens da Criança
O Contexto
Discutiremos, nesta sessão, o contexto histórico pela abordagem de
Reggio Emilia, nome de uma cidade localizada no nordeste da Itália. O sistema
educacional do município citado ficou conhecido como um dos melhores do
mundo. Interessante é que essa prática diferenciada nasceu de um contexto pós-
guerra, no qual a comunidade teve que se organizar para levantar uma escola,
pensando desde os tijolos até uma metodologia voltada para a criança. Hoje estas
escolas são referências e fonte de inspiração para outras escolas.
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Linguagem e Ludicidade na Infância
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Capítulo 1 A Cultura e as Múltiplas Linguagens da Criança
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Capítulo 1 A Cultura e as Múltiplas Linguagens da Criança
No que se refere aos diferentes saberes, como consta no Art. 7º, inciso III das
Diretrizes, ressalta-se a importância da convivência entre crianças e entre adultos.
Também são mencionados: a valorização, os saberes e os conhecimentos de
diferentes naturezas.
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Linguagem e Ludicidade na Infância
Caro (a) pós-graduando (a), atente para a ilustração acerca das diferentes
linguagens da criança com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais de 1998:
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Capítulo 1 A Cultura e as Múltiplas Linguagens da Criança
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Linguagem e Ludicidade na Infância
Atividades de Estudos:
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Capítulo 1 A Cultura e as Múltiplas Linguagens da Criança
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Algumas Considerações
A criança reflete sua cultura e contextos nas brincadeiras e interações com seus
pares. Possui diferentes linguagens pelas quais seu mundo é representado. Suas
experiências são construídas no convívio com o outro e na diversidade de contextos.
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Linguagem e Ludicidade na Infância
Referências
BRANDÃO, Ilana Figueiredo A criança ressignifica a cultura: a reprodução
interpretativa nas brincadeiras de faz-de-conta em três contextos diferenciados.
2010. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Instituto de Psicologia,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2010.
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C APÍTULO 2
A Pedagogia da Escuta e as
Implicações no Desenvolvimento da
Criança e no Ato do Brincar
Contextualização
A Pedagogia da Escuta é uma proposta trazida a partir da obra pedagógica
de Loris Malaguzzi. Vamos debatê-la, neste capítulo, trazendo um paralelo
entre as escolas de Reggio Emilia, na Itália, e a Escola da Ponte, em Portugal.
Discutiremos Reggio Emilia por ter seus projetos vinculados diretamente à
proposta de Malaguzzi, e a Escola da Ponte (referência de escola para muitos
países) por apresentar um Projeto Educativo pautado, entre outros fundamentos,
na Pedagogia da Escuta de Malaguzzi.
Boa leitura!
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Capítulo 2 A Pedagogia da Escuta e as Implicações no
Desenvolvimento da Criança e no Ato do Brincar
Conforme a foto, a estratégia “acho bem e acho mal” traz a opinião dos alunos
sobre fatos e situações vivenciadas não só na escola como na comunidade.
Há também outros recursos desta escola que convergem para a concepção da
pedagogia da escuta, como a caixinha dos segredos, em que a criança expõe
seus conflitos e anseios. O aluno sente-se à vontade para registrar seus segredos,
sentindo a escola como um aliado seu. Mas, para isso, é necessário o professor
estar disponível, aberto ao ato da escuta em todos os momentos, seja no brincar,
seja na realização das atividades, seja nos momentos coletivos, individuais, livres.
De acordo com a concepção de Freire (2009), ensinar exige tanto Ensinar exige tanto
do educador quanto
do educador quanto do educando e, por isso, o processo de educar deve
do educando e, por
ser pautado na ação e na reflexão. isso, o processo
de educar deve ser
Na comparação entre as ideias de Paulo Freire e os fundamentos que pautado na ação e
sustentam a Escola da Ponte, é perceptível verificar suas ressonâncias na reflexão.
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Linguagem e Ludicidade na Infância
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Capítulo 2 A Pedagogia da Escuta e as Implicações no
Desenvolvimento da Criança e no Ato do Brincar
indaga-se: Como educar sem dialogar? Como interferir no mundo sem dialogar?
“Só educadoras e educadores autoritários negam a solidariedade entre o ato
de educar e o ato de serem educados pelos educandos; só eles separam o ato
de ensinar do de aprender, de tal modo que ensina quem se supõe sabendo e
aprende quem é tido como quem nada sabe” (FREIRE, 2009, p. 27).
Uma escola que não promove o diálogo está fechada para seu entorno social
e geográfico. Para a pedagogia da escuta se fazer valer no cotidiano escolar, é
necessário que o educador tenha clareza dessa compreensão, que pense de
forma coerente e reconheça as diferentes linguagens da criança.
Sinteticamente temos:
O princípio da cooperação A criança, para Wallon, Segundo Vygotsky, o Para Piaget, o de-
- Permite relações que con- é essencialmente homem se produz na e senvolvimento mental
duzem: à conversa livre, ao emocional e gradual- pela linguagem, isto é, é ocorre espontanea-
conselho de classe, à reunião mente vai constituindo- na interação com outros mente de acordo com
cooperativa em acordo com -se em um ser sociocog- sujeitos que formas de a potencialidade de
a idade dos alunos. A reunião nitivo. pensar são construídas por cada criança e sua
cooperativa é a mola mestra meio da apropriação do interação com o meio.
O autor estudou a
de todas as decisões. saber da comunidade em
criança contextualizada, Piaget afirma que,
que está inserido o sujeito.
A comunicação e a expres- como uma realidade para a criança
são livre - Valoriza uma viva e total no conjunto A relação entre homem adquirir pensamento
aprendizagem viva, pois traz de seus comportamen- e mundo é uma relação e linguagem deve
a liberdade de expressar o tos, suas condições de mediada, na qual entre passar por várias
seu pensamento em todas as existência. o homem e o mundo fases de desenvol-
atividades. existem elementos que vimento psicológico,
Antes do surgimento da
auxiliam a atividade partindo do individual
O tateamento experimental - linguagem falada, as
humana. para o social.
Não é uma técnica pedagó- crianças comunicam-se
gica, é um processo que se e constituem-se como A capacidade humana Segundo ele, o
inscreve no “devir” global sujeitos com significado, para a linguagem faz com falante passa por
de cada criança como parte através da ação e inter- que as crianças providen- pensamento autístico,
integrante da formação de sua pretação do meio entre ciem instrumentos que fala egocêntrica para
personalidade. humanos, construindo auxiliem na solução de atingir o pensamento
É um ato inteligente suas próprias emoções, tarefas difíceis, planejem lógico, sendo o ego-
desempenhado por um ser que é seu primeiro uma solução para um centrismo o elo das
que busca a construção do sistema de comunicação problema e controlem seu operações lógicas da
seu conhecimento. expressiva. comportamento. criança.
Fonte: Adaptado de Basso (2010).
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Linguagem e Ludicidade na Infância
O que é o “Devir”?
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Capítulo 2 A Pedagogia da Escuta e as Implicações no
Desenvolvimento da Criança e no Ato do Brincar
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Linguagem e Ludicidade na Infância
Müller (2007) que a partir de um referencial Jabur (2007) que investiga quais atividades,
interdisciplinar analisa o entendimento das rotinas e espaços as crianças mais e menos
crianças sobre a cidade que habitam. gostam na instituição que frequentam, com-
preendendo as possibilidades dessa avalia-
ção como um instrumento na promoção da
Teixeira (2008) que, a partir das falas das
qualidade no atendimento das crianças da
crianças, procura identificar e mapear os
Educação Infantil.
sentidos que podem ter para elas as formas
de interagir com a escola no momento de Paula (2007) que investiga as ações infantis
transição da Educação Infantil para o Ensi- nos momentos vistos pelos adultos como de
no Fundamental. transgressão.
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Capítulo 2 A Pedagogia da Escuta e as Implicações no
Desenvolvimento da Criança e no Ato do Brincar
Atividades de Estudos:
Algumas Consideracões
A Pedagogia da Escuta é, sobretudo, uma atitude solidária, pois permite a
troca de experiências, o diálogo e a disponibilidade para o outro. Estar para o
outro é respeitá-lo de acordo com sua forma de ver o mundo. Entender as crianças
é adentrar em seu imaginário e abrir-se para o novo.
Referências
BASSO, M. Cíntia. Algumas reflexões sobre o ensino mediado por computadores.
2010. Disponível em: <http://coral.ufsm.br/lec/02_00/Cintia-L&C4.htm>. Acesso
em: 10 jun. 2015.
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Capítulo 2 A Pedagogia da Escuta e as Implicações no
Desenvolvimento da Criança e no Ato do Brincar
______. Pedagogia do Oprimido. 43. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
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C APÍTULO 3
Produções Simbólicas da Criança:
Imaginação, Memória e Aprendizagem
Contextualização
Desde o nascimento até aproximadamente sete anos de idade, de acordo com
a teoria de Piaget, a criança expressa sua inteligência por meio das sensações
motoras. Podemos perceber o quanto uma criança até essa idade precisa tocar,
repetir ações e gestos para ampliar seu sentido e sua aprendizagem. Aos poucos,
vai interagindo com ações motoras mais desenvolvidas, atividades lúdicas com
mais complexidade, abrindo espaço para a imaginação, a abstração, alargando
sua compreensão de mundo. A partir daí, ela já consegue manifestar a inteligência
simbólica, observando e assimilando com maior contexto uma ação, uma história,
uma música, entre outros, pois pensa, imagina, questiona e reflete, marcando
outra forma de se relacionar com seu meio social.
A Imaginação Criadora:
Como se dá esse Processo?
Alice costumava falar, começando com sua favorita:
“Vamos fazer de conta...” Alice então, começou a dizer:
“Vamos fazer de conta que somos reis e rainhas”.
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Capítulo 3 Produções Simbólicas da Criança:
Imaginação, Memória e Aprendizagem
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Linguagem e Ludicidade na Infância
A imaginação
depende da
experiência que,
na criança, vai
se acumulando
e aumentando
paulatinamente,
com peculiaridades
que diferenciam
da experiência
dos adultos.
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Capítulo 3 Produções Simbólicas da Criança:
Imaginação, Memória e Aprendizagem
A consciência imaginante
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Capítulo 3 Produções Simbólicas da Criança:
Imaginação, Memória e Aprendizagem
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Linguagem e Ludicidade na Infância
Atividades de Estudos:
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Capítulo 3 Produções Simbólicas da Criança:
Imaginação, Memória e Aprendizagem
Se eu fosse… (Richard Zimler)
Por exemplo, você leu o livro O Pequeno Príncipe? Veja abaixo uma parte do
texto que explica bem o que estamos discutindo.
Assim como eu, você também talvez entendesse que este desenho é
Mas para a um chapéu, isso porque o processo da imaginação está vinculado também
alma infantil, às nossas experiências. O que o Pequeno Príncipe expressou em seu
um desenho desenho, aos olhos do adulto, transformou-se em um chapéu. No entanto,
não tem ponto se essa criança não fosse ouvida, este seria apenas um chapéu e ponto
e muito menos final. Mas para a alma infantil, um desenho não tem ponto e muito menos
fim, ele é um fim, ele é um processo e nem sempre acaba. No caso do Pequeno Príncipe,
processo e nem assim como é o caso das crianças em geral, o desenho é um enredo de
sempre acaba. uma pequena história que faz parte de seu processo imaginativo. Nesse
ele é um
caso, seu desenho representava um elefante sendo engolido pela jiboia,
processo e nem
e não um chapéu. Temos que entender que o desenho da criança é um
sempre acaba.
diálogo do externo com o interno, movimenta-se, é atemporal e ultrapassa
os limites de nossa capacidade adulta, muitas vezes engessada.
O desenho
e sua fala O desenho é frequentemente acompanhado de verbalizações
das crianças que referem as figuras e motivos inscritos no
são constitutivos de
papel de modo por vezes paradoxal e fora da inteligibilidade
um modo dos adultos. Poder acompanhar o acto de elaboração de
de expressão desenho ou captar as opiniões expressas pelas crianças
infantil cujas sobre suas próprias produções plásticas pode contribuir
regras não são para uma maior compreensão dos significados atribuídos
as mesmas da e fazer convergir dois registros simbólicos, nem sempre
expressão adulta coincidentes. O desenho e sua fala são constitutivos de um
modo de expressão infantil cujas regras não são as mesmas
da expressão adulta (SARMENTO, 2006, p. 19).
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Capítulo 3 Produções Simbólicas da Criança:
Imaginação, Memória e Aprendizagem
Atividade de Estudos:
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Linguagem e Ludicidade na Infância
O Lúdico e a Imaginação no
Processo da Aprendizagem
Foi no século XIX que surgiram as primeiras discussões sobre a fase infantil
e, mais tarde, sobre os processos imaginativos, estudos estes que partiram do
mundo adulto para, então, compreender o imaginário na criança. A seguir, analise
o quadro com o resumo de alguns autores e seus estudos sobre a relação do jogo
e o imaginário infantil.
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Capítulo 3 Produções Simbólicas da Criança:
Imaginação, Memória e Aprendizagem
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Linguagem e Ludicidade na Infância
Memória e imaginação
(LIMA, Elvira Souza)
Atividade de Estudos:
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Capítulo 3 Produções Simbólicas da Criança:
Imaginação, Memória e Aprendizagem
Algumas Considerações
Compreender os aspectos que envolvem a imaginação, a memória e a
aprendizagem nas produções simbólicas das crianças é fundamental para que
possamos entender a sua natureza. Mas é importante consideramos que nem
sempre elas querem falar de suas produções. Tal situação deve ser respeitada,
pois a criança está no processo de criação. Perguntas ou questionamentos em
momentos inapropriados podem bloquear o fluir de sua imaginação.
Referências
DUDOGNON, Aurélia. Imaginário ou a nadificação do mundo por Jean-Paul
Sartre. 2014. Disponível em: <http://performatus.net/jean-paul-sartre/>. Acesso
em: 23 ago. 2015.
MACEDO, Lino de; PETTY, Ana Lúcia Sícoli; PASSOS, Norimar Christe. Os
jogos e o lúdico na aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 2005.
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C APÍTULO 4
A Formação do Professor
no Contexto da Ludicidade
Contextualização
Carregamos, em todas as fases da vida, os momentos marcantes que
vivenciamos na infância. Boas ou ruins, as experiências da criança servirão de
base para toda a sua história.
Mas será que o professor está preparado para lidar de forma competente
quando se trata do brincar? Qual é a formação do atual professor quanto à
ludicidade? No decorrer deste texto responderemos a estas duas questões.
A Ressignificação da Ludicidade em
Sala de Aula: Na Voz dos Docentes
Segundo Almeida (2008), o brincar muitas vezes é compreendido
A ressignificação
apenas pelo movimento corporal, sendo tratado como mera distração ou do brincar nas
somente diversão. Ambos são importantes, e isto é inegável, no entanto, o instituições de
autor salienta que toda gama de competências que a ludicidade proporciona Educação Infantil,
aos aspectos cognitivos, emocionais e sociais seja também reconhecida. sobretudo por parte
dos professores,
A ressignificação do brincar nas instituições requer estudo e
de Educação Infantil, sobretudo por parte dos compreensão de
professores, requer estudo e compreensão de que que sua intervenção
sua intervenção na brincadeira é necessária. Essa na brincadeira
intervenção tem de ser pautada na observação é necessária.
das brincadeiras infantis, visando oferecer material
adequado e espaço que permita o enriquecimento das
competências imaginativas. O brincar deve ser planejado
concomitantemente com as outras áreas, pela articulação de
temas e projetos que permitam registrar toda a evolução das
brincadeiras, bem como aspectos relevantes de linguagem,
socialização, atenção e envolvimento pessoal que dão pistas
com relação ao ambiente sociocultural no qual a criança está
inserida (ALMEIDA, 2008, p. 4).
Nessa acepção, a ludicidade deve ser concebida como eixo norteador quando
se trata de educação, principalmente na fase infantil, pois o ato de brincar está
relacionado às formas de pensar, sentir e agir das crianças, conforme estabelece
o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998).
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Linguagem e Ludicidade na Infância
Tal modelo da recreação surge no Brasil com a ampliação dos parques infantis
criados nos anos 1920 e 1933, e foi levado para formação de professores com as
ideias da Escola Nova. “Ressaltamos que o lúdico fazia parte dessas discussões
educacionais seguindo o método de Froebel e Montessori, adaptadas às
condições do nosso meio. Todavia, essa concepção nos parece limitada ou, no
mínimo, reducionista” (TENÓRIO; SILVA, 2010, p. 65).
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Linguagem e Ludicidade na Infância
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Capítulo 4 A Formação do Professor no Contexto da Ludicidade
É ensinar brincando, tem a parte teórica e a parte lúdica. A parte lúdica é mais contar história,
dançar, brincar, é deitar para assistir um filme. Hoje eu tenho consciência que ludicidade pro-
porciona para criança mais interesse, mais facilidade. Eu achei que com o lúdico se torna mais
fácil o que a gente quer passar para elas. (Professora A)
a
Pra começar a gente vai brincar com as crianças de amarelinha. Tem coisa melhor de apren-
der os números, entendeu? Agora com o lúdico eles não cansam. Faz com que a criança
desperte o raciocínio e o gosto pelo estudar. Quando se trabalha de forma lúdica, há um
aproveitamento maior das aulas e um maior aprendizado por parte dos alunos. (Professora B)
a
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Linguagem e Ludicidade na Infância
[...] antes de aplicar a atividade, a gente tem que estar usando o lúdico para chegar à ativi-
dade. Eu uso lúdico com os materiais. Eu faço assim, se é matemática, se é quantidade, aí eu
uso dados e aí nós vamos brincar e jogar no grupo, depois eu coloco no quadro os pontos do
grupo tal, e outro grupo. (Professora C)
a
A ludicidade é a plenitude. O fazer plenamente é se envolver. Esquecer da hora de ir para
casa. É não querer ir [...] é quero ficar aqui fazendo [...] é fazer de novo e continuar fazendo,
[...] é interação e envolvimento. É alegria, é o brilho nos olhos [...] Hoje, posso ver o lúdico
como uma forma prazerosa para o educando. Vejo, também, que a criança se desenvolve
melhor brincando. (Professora D)
a
A ludicidade pra mim é uma grande descoberta, porque o lúdico pra mim é aprendizagem, in-
teração com as crianças. Porque sem a ludicidade pra mim é uma grande integração, relação
com meus alunos e entre eles, através do brincar, jogar, falar, tocar, sentir. Agora, que estou
na educação infantil que eu fui descobrir o que é ludicidade. (Professora F)
a
Trabalhamos com o lúdico para que os alunos tenham uma aprendizagem significativa. Mas
tenho aprendido novas músicas e brincadeiras; assim, há uma grande troca de aprendizagem.
(Professora G)
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Capítulo 4 A Formação do Professor no Contexto da Ludicidade
Atividades de Estudos:
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Linguagem e Ludicidade na Infância
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O Lúdico e o Desenvolvimento da
Criança: Um Direito para Todos
Em apoio à inclusão, o MEC, por meio da Secretaria de Educação Especial
(SEESP), desenvolveu um material de brincadeiras que atendem aos pressupostos
filosóficos que compreendem a construção de uma escola aberta para todos
(as), respeitando e valorizando a diversidade. O brincar para todos sinaliza para
importância de cada brinquedo no desenvolvimento infantil, constituindo uma
alternativa de eliminar os obstáculos que atravancam o acesso ao conhecimento.
Você vai conhecer agora como é o brincar para crianças com deficiência. O
relato é apresentado por uma mãe que possui uma filha com deficiência visual.
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Capítulo 4 A Formação do Professor no Contexto da Ludicidade
urgente e eu não podia perder tempo. O que fazer? Como nada sabia
sobre o assunto, comecei do zero, buscando um caminho para iniciar de
alguma forma nossa comunicação. No início usei somente a intuição,
mas depois fui aprendendo com leituras, estudando, perguntando.
Procurava brinquedos e inventava brincadeiras, conversávamos,
explicava-lhe tudo o que havia e acontecia na casa para que pudesse
participar. Dessa forma, ela foi se desenvolvendo, fomos nos integrando,
vencendo as dificuldades e aprendendo com nossa convivência.
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Linguagem e Ludicidade na Infância
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Capítulo 4 A Formação do Professor no Contexto da Ludicidade
Atividade de Estudos:
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Linguagem e Ludicidade na Infância
a) Prazer funcional
b) Desafio surpresa
c) Possibilidades
d) Dimensão simbólica
e) Expressão construtiva
Atividade de Estudos:
Algumas Considerações
Um dos desafios do professor quando se trata de ludicidade em sala de aula
é de romper com um modelo estagnado, preso ao conteúdo. Vimos, no decorrer
deste capítulo, o quanto a ludicidade, sendo ela uma ação espontânea ou mesmo
como pretexto pedagógico, enriquece e ressignifica a aprendizagem da criança.
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Capítulo 4 A Formação do Professor no Contexto da Ludicidade
Referências
ALMEIDA, A. Ludicidade como instrumento pedagógico. Disponível em: <http://
avisala.org.br/index.php/assunto/reflexoes-do-professor/o-brincar-e-o-professor-
de-educacao-infantil/>. Acesso em: 19 jul. 2015.
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