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Lima de Morais
Revisão técnica:
Joelma Guimarães
Graduada em Pedagogia — ênfase em Educação Infantil
Especialista em Alfabetização
Especialista em Administração, Orientação
e Supervisão Escolar
Especialista em Educação Infantil
Mestre em Educação
ISBN 978-85-9502-459-5
CDU 378
Introdução
O processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem em sua grande
maioria é adquirido por meio de um processo de forma natural. Por volta
dos cinco anos de idade, quase toda a complexidade de uma língua (oral-
-auditiva) já está totalmente adquirida por uma criança ouvinte. Porém,
ao nos referirmos às crianças surdas, o processo nem sempre acontece
de forma natural (no tempo esperado), e sim, de forma tardia quando
comparado com crianças ouvintes.
Neste capítulo, será abordado como ocorre a aquisição e desenvol-
vimento da linguagem por crianças surdas usuárias da língua de sinais,
fazendo um breve contraste com o processo de aquisição da linguagem por
crianças ouvintes usuárias da língua oral, ressaltando as semelhanças e as
diferenças no processo de aquisição decorrente da diferença na modalidade
linguística. Também, falaremos sobre a importância de a criança surda ter
acesso à língua de sinais precocemente (no período crítico ou sensível) e
dos desafios quanto ao ensino do português como segunda língua (L2).
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Filme: Nell.
Gênero: Drama.
Origem/Ano: Estados Unidos, 1994.
Duração: 113 minutos.
Sinopse: Um médico encontra uma jovem em uma casa na floresta isolada da cidade.
Ele constata que ela se expressa por meio do um dialeto próprio, o que evidencia que,
até aquele momento, Nell não havia tido contato com outras pessoas. Encantado com
a descoberta, ele vai ajudá-la a se inserir na sociedade.
20 Aquisição e desenvolvimento da linguagem para crianças surdas
Até agora falamos sobre as principais teorias sobre aquisição de linguagem conside-
rando seus posicionamentos e ideias. Contudo, na prática a situação é bem diferente
e, devido a isso, é importante lembrar que o processo de aquisição além de ter teorias
distintas possui também variáveis reais que precisam ser analisadas, controladas e
superadas, como, por exemplo:
início do processo de aquisição no tempo esperado (início precoce);
início do processo de aquisição de forma tardia (privação linguística);
desenvolvimento no tempo esperado:
■ início precoce X problemas de aprendizado identificados na criança surda;
■ início tardio X estratégias para recuperar a criança surda quanto à aquisição de
linguagem e convívio social;
estratégias pedagógicas para ensinar língua de sinais como língua materna (L1)
para crianças surdas e português escrito como L2.
Com base em Fernandes (1998 apud Chaves e Rosa, 2014, p. 6): “[...] o aprendizado
da escrita pelo surdo é dificultado devido às metodologias de ensino apresentarem
como ponto de partida a escrita associada ao grafema-fonema e, muitas vezes, ser
instruída de forma descontextualizada e mecânica”. Essa concepção, de acordo com
o autor, torna-se difícil à criação de uma proposta mais efetiva para o ensino da língua
portuguesa escrita, deixando o surdo restrito ao pouco que possa se ampliar em
relação à sua grande potencialidade para a escrita.
Chaves e Rosa (2014, p. 6) ponderam que: “A metodologia de ensino da língua
portuguesa escrita para os surdos, na maioria das vezes, é ineficaz, pois está aliada à
falta de preparo dos professores com a língua de sinais.”
Essas são algumas opiniões de autores expondo a problemática vivenciada por
grande parte das crianças surdas e pelos educadores que possuem o desafio de
ensiná-las.
A escola, que nesse momento parece uma solução, acaba virando uma frustra-
ção para a criança, visto que a escrita portuguesa pertence a outra modalidade
de língua (oral-auditiva) e a criança está acostumada a usar sinais combinados
com seus pais, que são de modalidade visuo-espacial; isto é, não tem como a
criança correlacionar as duas modalidades sem uma base forte em língua de
sinais que ela já deveria ter adquirido em primazia.
O blog Surdo para surdo é uma plataforma de tutoria on-line para a comunidade surda.
Para saber mais sobre a privação linguística, assista ao vídeo disponível no site:
https://goo.gl/GKRaVQ
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Leituras recomendadas
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. As meninas-lobo. In: ARANHA, M. L. A.; MARTINS,
M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1986, p. 2.
CRUZ, C. R. Consciência fonológica na Língua de Sinais Brasileira (Libras) em crianças e
adolescentes surdos com início da aquisição da primeira língua (Libras) precoce ou tardio.
2016. 207 f. Tese (Doutorado em Letras)- Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2016. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/142610>.
Acesso em: 5 abr. 2018.
FINGER, I. A aquisição da linguagem na perspectiva behaviorista. In: QUADROS, R. M.;
FINGER, I. (Orgs.). Teorias de aquisição da linguagem. Florianópolis: UFSC, 2008. p. 7-24.
FINGER, I. A abordagem conexionista de aquisição da linguagem. In: QUADROS, R. M.;
FINGER, I. (Orgs.). Teorias de aquisição da linguagem. Florianópolis: UFSC, 2008. p. 70-82.
KARNOPP, L. B. Aspectos da aquisição de línguas de sinais por crianças surdas. Es-
tudos linguísticos e literários, Salvador, n. 44, p. 281-299, jul.-dez. 2011. Disponível em:
<https://portalseer.ufba.br/index.php/estudos/issue/download/1089/3>. Acesso
em: 5 abr. 2018.
QUADROS, R. M. O paradigma gerativista e a aquisição da linguagem. In: QUADROS,
R. M.; FINGER, I. (Orgs.). Teorias de aquisição da linguagem. Florianópolis: UFSC, 2008.
p. 25-48
REVISTA ENTREPALAVRAS. O xadrez e Saussure. Publicado em: 21 out. 2014. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=DdxZ11m78f0>. Acesso em: 4 mar. 2018.
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esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.