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1.

8 ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM


1.8.1 Balbucio
1.8.2 Primeiras Palavras
1.8.3 Primeiras Frases
1.9 PATOLOGIAS DE LINGUAGEM
1.9.1 Fatores Determinantes do Desenvolvimento da Comunicação Infantil
1.9.2 Distúrbios de Linguagem
1.9.2.1 Diagnóstico
1.9.2.2 A Voz
a) Disfonia
b) Afonia
1.9.2.3 A Fala
a) Dislalia
b) Disartria
1.9.2.4 A Linguagem
a) Linguagem Escrita
- Dislexia
- Disortografia
- Disgrafia
b) Linguagem Falada
- Atraso de Linguagem
- Disfemia
- Dispraxia
- Afasia
1.9.2.5 Afasia
a) Sintomas
b) Tratamento
AVALIAÇÃO
- Ao final de cada dia de aula, o aluno
responderá às perguntas da avaliação,
com valor total de 70 pontos.
- Em equipe, elaborar 3 atividades
lúdicas para estímulo ao
desenvolvimento da linguagem oral da
criança em processo de aquisição da
fala.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• CABRAL, LEONOR SCLIAR. INTRODUÇÃO À PSICOLINGUÍSTICA. SÃO PAULO: ED.
ÁTICA, 1991.
• FERREIRO, EMÍLIA. ALFABETIZAÇÃO EM PROCESSO. SÃO PAULO: ED. CORTEZ,
2004.
• GODOY, ELENA E SENNA LUIZ A. G. PSICOLINGUÍSTICA E LETRAMENTO. CURITIBA:
IBPEX, 2011.
• GODOY, ELENA. PSICOLINGUÍSTICA. CURITIBA: IBPEX, 2009.
• GOLBERT, CLARISSA. A EVOLUÇÃO PSICOLINGUÍSTICA E SUAS IMPLICAÇÕES NA
ALFABETIZAÇÃO. PORTO ALEGRE: ED. ARTES MÉDICAS, 1994.
• RAPOSO, EDUARDO. TEORIA DA GRAMÁTICA: A FACULDADE DA LINGUAGEM.
LISBOA: CAMINHO, 1992.
• SLOBIN, DAN ISAAC. PSICOLINGUÍSTICA. SÃO PAULO: EDITORA DA USP, 1980.
I. PSICOLINGUÍSTICA
“A palavra distingue os homens e os
animais; a linguagem distingue as
nações entre si. Não se sabe de onde é
um homem antes que ele tenha falado”.

J. J. Rousseau
..\Bebes Gemeos Conversando !!! (1).mp4
Como a criança adquire a linguagem?
O fato de as crianças por volta de três
anos serem capazes de fazer uso
produtivo de suas línguas intriga
estudiosos a questionarem como essas
línguas são aprendidas, ou melhor
ainda, como elas são adquiridas...
1.1 DEFINIÇÃO DE
PSICOLINGUÍSTICA
“A psicolinguística é o ramo da
linguística que tem como um dos seus
objetos de estudo o processo de
aquisição e desenvolvimento da
linguagem e disponibiliza um apanhado
de ideias que nos ajudam a
compreender melhor como a criança
até três anos adquire e,
posteriormente, desenvolve sua
linguagem materna. ”
• A linguagem da criança sempre
provocou especulações entre leigos ou
estudiosos do assunto.
• Uns consideram a linguagem a
manifestação imperfeita de um ser
incompleto...
• Outros, a expressão primitiva da
palavra de Deus...
1.2 PRIMEIROS ESTUDOS SOBRE A
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

O rei Heródoto narrou que, no século


VII a.C, o rei Psamético do Egito
ordenou que duas crianças fossem
confinadas desde o nascimento até a
idade de dois anos, sem convívio com
outros seres humanos;
Desejava observar as manifestações
"linguísticas" produzidas em contexto
de privação interativa.
 Sua hipótese era que, se uma criança fosse
criada sem exposição à fala humana, a
primeira palavra que emitisse
espontaneamente pertenceria à língua mais
antiga do mundo.
 Ao cabo de dois anos de total isolamento, as
crianças emitiram uma sequência fônica
interpretada como "bekos", palavra frígia para
"pão". Concluiu, então, que a língua que o
povo frígio falava era mais antiga que a dos
egípcios.
• Estudos sistemáticos sobre o que a
criança aprende e como adquire a
linguagem foram feitos a partir do
século XIX.
• Alguns linguistas, guiados tanto por
interesse paterno quanto profissional,
elaboraram diários da fala espontânea
de seus filhos, passando a serem
chamados de “diaristas”.
Foram linguistas ou filólogos estudando seus
próprios filhos:
um estudo do francês, por Antoine Grégoire,
um sobre a aquisição bilíngue alemão-inglês,
de Wcrner Leopold (1939),
além do trabalho de Lewis (1936), sobre a
descrição de uma criança aprendendo o
inglês.
São trabalhos descritivos e mais ou
menos intuitivos.
1.2.1 METODOLOGIA DE ESTUDO USADA PELOS
DIARISTAS

Estudo que acompanha o desenvolvimento da


linguagem de uma criança ao longo do tempo;
As anotações eram em forma de diário, do
que a criança diz, em situação naturalística;
substituídas por registros em áudio ou vídeo;
grava-se a fala de uma criança por um período
de tempo preestabelecido, em intervalos
regulares (sessões semanais, quinzenais etc),
dependendo do tema a ser pesquisado.
A suposição é que, registrando-se uma
quantidade razoável da fala da criança de
cada vez, pode-se ter uma amostra
bastante representativa para se estudar
como o conhecimento da língua pela
criança é adquirido e/ou como muda no
tempo.
A partir da metade dos anos 1980, bancos
de dados da fala de várias crianças do
mundo têm sido formados, seguindo
codificações informatizadas.
1.2.2 ESTUDOS ATUAIS SOBRE A
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
• Hoje em dia, a Aquisição da Linguagem
alimenta os tópicos de interesse central
nas ciências cognitivas e mesmo nas
teorias linguísticas:
aquisição da língua materna, tanto normal
quanto "com desvios",
aquisição de segunda língua, quer como
bilinguismo infantil ou cultural,
aquisição da escrita, letramento,
processos de alfabetização.
1.3OBJETO DE ESTUDO DA
PSICOLINGUÍSTICA

• A Psicolinguística é uma área de


estudos interdisciplinar entre a
Linguística, a Psicologia e demais
ciências, que busca explicar como o
ser humano adquire, utiliza, desenvolve
e aprende a linguagem.
1.4 PRINCIPAIS PROCESSOS DISCUTIDOS
PELA PSICOLINGUÍSTICA
• COMPREENSÃO DA LINGUAGEM
Que processos mentais capacitam as
pessoas a compreender o que as outras
pessoas falam?
• PRODUÇÃO DA LINGUAGEM
Como as crianças desenvolvem ambas as
habilidades de compreensão e fala?
• AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
Que processos mentais capacitam as
pessoas a falar o que falam?
1.5 HISTÓRICO DA
PSICOLINGUÍSTICA

Acredita-se que o termo "psicolinguística"


tenha sido usado, pela primeira vez, em
um artigo de Proncko, em 1946, no qual
se colocava como abordagem central o
relacionamento entre o pensamento
(comportamento) e a linguagem.
• Surgiu em 1950, quando os linguistas se
interessaram pelo funcionamento da mente e em
saber como a linguagem se processa na mente.
• A Psicologia da época (enquanto ciência
comportamentalista) acreditava que o estudo da
mente era inacessível – como uma “caixa preta”
sobre a qual os estudos científicos não poderiam
se debruçar.
• A Linguística era de domínio estruturalista, focada
no estudo da fonética/fonologia e morfologia.
1.6 PRINCIPAIS TEORIAS DE AQUISIÇÃO
DA LINGUAGEM
1.6.1 O BEHAVIORISMO DE SKINNER
• Skinner (1957), psicólogo mais influente no
behaviorismo, parte de pressupostos
metodológicos, como ênfase na observação de
manifestações comportamentais, quanto
teóricoepistemológicos, como a premissa da
inacessibilidade à mente para se estudar o
conhecimento.
• A aprendizagem da linguagem seria fator de
exposição ao meio e decorrente de mecanismos
comportamentais como reforço, estímulo e
resposta.
PRESSUPOSTOS DO
BEHAVIORISMO

A mente não é importante para a


aquisição da linguagem;
a criança é uma tabula rasa;
A linguagem é aprendida através
do processo de estímulo-resposta,
imitação e reforço (positivo ou
negativo);
conhecimento, inclusive o
lingüístico, provém unicamente da
experiência.
Reforço positivo – incentiva o
comportamento
Reforço negativo - inibe
1.6.2 O INATISMO DE NOAM CHOMSKY

• Até meados da década de 1950, o quadro


científico era dominado pela corrente
behaviorista ou ambientalista, dominante nas
teorias de aprendizagem, com destaque para
Skinner.
• A aprendizagem da linguagem seria fator de
exposição ao meio e decorrente de
mecanismos comportamentais como reforço,
estímulo e resposta.
• Em 1959, Chomsky, linguista americano,
propõe alterações para o paradigma
teórico central da Psicolinguística:
• escreveu uma resenha crítica à obra de
Skinner (psicólogo comportamentalista),
intitulada “Comportamento verbal”, a qual
aborda o processo de aquisição da
linguagem nos seres humanos como um
reflexo por imitação/reforço.
• Os seres humanos são os únicos animais
biologicamente programados para
desenvolver uma linguagem complexa;
• a fala que os adultos apresentam às
crianças é mal formada, limitada e possui
hesitações, sendo que estes “dados de
entrada” (inputs) não servem como um
fator determinante da aquisição da
linguagem, devendo existir algum
mecanismo mental inato para a aquisição.
• Sendo um inatista, afirmava que todo
sujeito nasceria com uma Gramática
Universal/ GU(competência inata).
• GU é o sistema de princípios, condições,
e regras que são elementos ou
propriedades de todas as línguas
humanas não meramente por acidente,
mas por necessidade”.
• GU = a expressão da “essência” da
linguagem humana.
• Trabalhos recentes afirmam que a criança
precisa ser exposta a uma quantidade
relativamente pequena de linguagem, a
fim de descobrir que caminho sua língua
materna tomou.
• Uma vez descoberto tal caminho, ela já
sabe, automaticamente, por meio de pré-
programação, um bom tanto sobre como
funcionam as línguas daquele tipo.
O aspecto criativo da linguagem tem como
base três princípios:

Tudo que dizemos, em sua maioria, é novo, e


não a repetição do que ouvimos antes;

O número de frases que se pode criar e


compreender numa língua são infinitos;

O falante adapta sua linguagem de acordo


com o contexto.
Signo= significante + significado
• A partir das ideias de Saussure, Chomsky
desenvolveu o conceito de signo linguístico:
 é uma realidade percebida pelos
sentidos humanos, que se refere a uma
realidade que não está presente;
 Este sinal é composto de um significante
(forma escrita/falada/desenhada),
significado (conceito/definição) e
referente (o objeto em si), entre as quais
existe uma relação inseparável.
1.6.3 O COGNITIVISMO DE PIAGET

Jean Piaget foi um psicólogo suíço que


pesquisou aspectos cognitivos do
desenvolvimento humano;
Sua obra toma a linguagem como parte de
suas discussões sobre a gênese do
conhecimento;
Compartilha com Chomsky a existência de
um núcleo fixo para a linguagem, tanto
quanto para o conhecimento, mas discorda
de que esse núcleo seja inato;
Piaget focaliza a origem do
conhecimento linguístico pela
interação do sujeito com o
objeto de conhecimento, no
caso, a língua.
• Para Piaget, a aquisição da linguagem
depende do desenvolvimento da
inteligência na criança.
• De acordo com sua abordagem, chamada
de cognitivismo, construtivista ou
epigenético, o aparecimento da linguagem
se dá na superação do estágio sensório-
motor, por volta dos 18 meses.
• Neste estágio, dá-se o desenvolvimento da função
simbólica, por meio da qual um significante (ou um
sinal) pode representar um objeto significado, além
do desenvolvimento da representação, pela qual a
experiência pode ser armazenada e recuperada.
• Em contraposição ao inatismo, a aquisição é vista
como resultado da interação entre o ambiente e o
organismo, com o desenvolvimento da inteligência
em geral, e não como resultado do desencadear de
um órgão específico para a linguagem.
Períodos de desenvolvimento
linguístico

• 0 -2 anos
• A inteligência trabalha através das percepções (simbólico) e
das ações (motor) através dos deslocamentos do próprio
corpo.
• Linguagem vai da ecolalia (repetição
de sílabas) à palavra-frase ("água"
para dizer que quer beber água);
• possui representação mental do
objeto;
• conduta social é de isolamento e
indiferenciação (o mundo é ele).
• Período Simbólico - dos 2 anos aos 4 anos.
• Surge a função semiótica(signos), que permite o
aparecimento da linguagem, do desenho, da
imitação, da dramatização;
• Cria imagens mentais na ausência do objeto ou da
ação (é o período da fantasia, do faz de conta, do
jogo simbólico).
• É o período do animismo: "o carro do papai foi
dormir na garagem”.
• Linguagem em nível de monólogo coletivo, ou seja,
todos falam ao mesmo tempo sem que respondam
às argumentações dos outros.
• Período Intuitivo - dos 4 anos aos 7 anos
• Desejo de explicação dos fenômenos
(idade dos porquês).
• Distingue a fantasia do real;
• Pensamento continua centrado no seu
ponto de vista.
• Incapaz de manter conversação longa,
mas já é capaz de adaptar sua resposta
às palavras do companheiro.
• Período Operatório Concreto - dos 7 anos
aos 11 anos
• Tende a se organizar em grupo,
• Compreende regras,
• Estabelece compromissos,
• A conversação torna-se possível (já é uma
linguagem socializada), sem que no entanto
possam discutir diferentes pontos de vista
para que cheguem a uma conclusão comum.
• Período Operatório Abstrato - dos 11 anos
em diante
• Ápice do desenvolvimento da inteligência;
• Nível de pensamento hipotético-dedutivo (lógico-
matemático);
• O indivíduo está apto para calcular probabilidades,
libertando-se do concreto;
• A partir desta estrutura de pensamento é
possível a dialética, que permite que a
linguagem se dê a nível de discussão para se
chegar a uma conclusão.
CONCLUSÕES DE PIAGET
• A criança é mais egocêntrica do que o adulto
(fala muito sem se dirigir a ninguém), indicando
uma maior necessidade de comunicar seu
pensamento.
• O adulto consegue ficar mais tempo
concentrado, sem quebrar o silêncio.
• Antes dos 7ou 8 anos a criança não possui vida
social. Essa afirmação tem sido criticada há
muito tempo por outros pesquisadores.
1.6.4 O INTERACIONISMO DE VYGOTSKY

 Lev Vygotsky, psicólogo russo, demonstrou que os


processos de desenvolvimento psicológico não podem
ser tratados como eventos estáveis e fixos.
 Para ele, a maturação física e a aprendizagem
sensório-motora interagem com o ambiente de modo a
produzir as funções complexas do pensamento
humano.
 Vygotsky deu muita importância à linguagem exigida
nas trocas sociais.
 Ao dar nome, fazer associações e relacionar objetos
constrói-se a realidade, dando forma ao pensamento e
orientando o comportamento.
 De orientação construtivista como Piaget,
mas explica o desenvolvimento da linguagem
(e do pensamento) como tendo origens
sociais, externas, nas trocas comunicativas
entre a criança e o adulto.
Tais estruturas construídas socialmente,
"externamente", sofreriam, com o tempo
(mais ou menos por volta de 2 anos de
idade), um movimento de interiorização e de
representação mental do que antes era
social e internalizado.
• Propõe que fala e pensamento prático
devem ser estudados sob um mesmo
prisma e atribui à atividade simbólica,
viabilizada pela fala, uma função
organizadora do pensamento: com a
ajuda da fala, a criança começa a
controlar o ambiente e o próprio
comportamento.
• A aquisição da linguagem passa por três
fases:
• a linguagem social - que possui a função
de denominar e comunicar, sendo a
primeira linguagem que surge;
• a linguagem egocêntrica, para o
processamento de perguntas e
respostas dentro de nós mesmos;
• a linguagem interior,
intimamente ligada ao pensamento.
• Discurso interior
• É quando as palavras passam a ser
pensadas, sem que necessariamente
sejam faladas. É um pensamento em
palavras.
• Pensamento
• É um plano mais profundo do discurso
interior, que tem por função criar conexões
e resolver problemas, o que não é,
necessariamente, feito em palavras.
• O pensamento não se reflete na palavra;
realiza-se nela, na medida em que é a
linguagem que permite a transmissão do
pensamento de uma pessoa para outra.
• Atrasos da fala
• Problemáticas mais globais no sistema
fonológico
• Disfasia
• Afasia congênita ou do desenvolvimento.
1.7 ÁREAS DE ESTUDO QUE CONTRIBUÍRAM
PARA A COMPREENSÃO DA PSICOLINGUÍSTICA

A Linguística - estudo da estrutura, da


formação e alteração da linguagem oral,
escrita e simbólica;
A Psicologia – estudo do funcionamento
da mente;
A Neurolinguística – a relação entre o
cérebro e a produção da linguagem;
A Sociolinguística – objetiva a relação
entre o comportamento social e a
formação e aprendizagem linguagem.
1.8 ESTÁGIOS DE
DESENVOLVIMENTO DA
LINGUAGEM
• A comunicação é presente na vida dos
pequenos. A linguagem nada mais é que
símbolos culturais internalizados para chegar à
utilização de frases e múltiplas palavras.
• Ao nascer a criança não entende o que lhe é
dito. Somente aos poucos começa a atribuir um
sentido ao que escuta.
• Do mesmo modo, acontece com a produção da
linguagem falada. O entendimento e a produção
da linguagem falada evoluem.
• Existem diferentes tipos de linguagem: a corporal,
a falada, a escrita e a gráfica.
• Para se comunicar, a criança utiliza tanto a
linguagem corporal como a linguagem falada, mas
já se considera produção de linguagem.
• O desenvolvimento da linguagem se divide em dois
estádios:
 pré–linguístico, quando o bebê usa de modo
comunicativo os sons, sem palavras ou gramática
 linguístico, quando usa palavras.
1.9.1.1 Estágio Pré-Linguístico
• A criança, de princípio, usa o choro para se
comunicar.
• Logo ao nascer, nem a mãe sabe o que ele
significa.
• Além do choro, a criança começa a produzir
o arrulho, que é a emissão de um som
gutural, que sai da garganta, que se
assemelha ao arrulho dos pombos.
• De acordo com Perroni, a sucessão de
estágios se dá em espiral;
• os estágios "não são pedaços justapostos
uns após os outros, mas cada um se
enraíza no outro, precedente, e se
prolonga no seguinte".
• Segundo Bates & Goodman (1997), a
trajetória do desenvolvimento da
linguagem parece ser, com algumas
especificidades, universal e contínua.
BALBUCIO

• As crianças começam com balbucio de vogais


(cerca de 3 a 4 meses, em média),
• depois com combinações de vogais e
consoantes, de complexidade crescente
(geralmente entre 6 e 12 meses).
• Aparentemente, os sons que a criança balbucia
no começo são universais: os sons do balbucio
inicial não são específicos de sua língua
materna.
• As crianças surdas conseguem balbuciar nesta
fase, embora, depois disso, não acompanhem o
desenvolvimento normal da criança ouvinte.
• Conforme o balbucio se padroniza, antes do
aparecimento das primeiras palavras, a
sequência e o acervo de sons passam a se
• assemelhar mais às características fonéticas da
língua materna.
• Alguns trabalhos apontam para os processos dialógicos
que se instauram já nesta fase.
• A contribuição da criança é gestual e vocal; a do adulto,
gestual e linguística, através da ação e atenção
partilhadas.
• Os estudiosos adeptos desta visão afirmam que o
adulto interpreta primeiro os gestos da criança, depois
suas manifestações vocais, inclusive imprimindo-lhes
intenção.
• Dessa maneira, a fala da criança se enquadra numa
interpretação dada pela fala do adulto através de seus
gestos e sons vocais e o próprio adulto se vê
"interpretado" pela criança.
• A criança estende a mão para um
brinquedo e vocaliza algo; a mãe
imediatamente interpreta o gesto e a voz
da criança e responde com algo como: O
auau!(nomeando)... O au-au que você
quer? (enquadrando o turno da criança
em algum significado ou numa cadeia de
signos linguísticos). No fim do período do
balbucio, começam a aparecer na fala da
criança as primeiras palavras
reconhecíveis como tais pelo adulto.
1.9.1.2 Estágio Linguístico
• Contando com a maturação do aparelho fonador e com
a aprendizagem anterior, a criança começa a dizer
suas primeiras palavras.
• A fala linguística se inicia, geralmente, no final do
segundo ano, quando a criança pronuncia a mesma
combinação de sons para se referir a uma pessoa, um
objeto, um animal ou um acontecimento.
• Espera – se que aos 18 meses a criança já tenha um
vocabulário de aproximadamente 50 palavras, no
entanto ainda apresenta características da fala pré –
linguística e não revela frustração se não for
compreendida.
PRIMEIRAS PALAVRAS
• As primeiras palavras emergem entre 10 e
12 meses, em média, embora a
compreensão de palavras possa começar
algumas semanas antes.
• Depois disso, as crianças passam várias
semanas ou meses produzindo
enunciados de uma palavra.
• No começo, a taxa de crescimento de seu
vocabulário é reduzida, mas há um súbito
acréscimo entre 16 e 20 meses.
PRIMEIRAS FRASES
• Geralmente aparecem entre 18 e 20
meses e. no começo, tendem a ser
telegráficas.
• Lá pelos 24 a 30 meses, há outra espécie
de explosão vocabular e aos 3 ou 3 anos
e meio, a maioria das crianças normais
dominou as estruturas sintáticas e
morfológicas de suas línguas maternas.
• As primeiras sentenças espontâneas da
criança são justaposições de enunciados
monovocabulares (de "uma palavra") que
ela produz à maneira de fala telegráfica.
Por exemplo, veja a sequência de
enunciados da fala de uma criança de
1:10:
• Babadoi (gravador)
• Chão
• Põe badadoi chão (põe o gravador no
chão).
1.9 PATOLOGIAS DE
LINGUAGEM
• antes de ser capaz de empregar recursos
linguísticos para a comunicação, a criança
desenvolve meios não-verbais;
• estes surgem graças às experiências interativas
que vai tendo com os outros.
• desde seu nascimento, ela tem oportunidades de
tomar parte de eventos que possuem um caráter
comunicativo, que implicam em relações com as
pessoas que estão ao seu lado.
• A AQUISIÇÃO e o DESENVOLVIMENTO
DA LINGUAGEM dependem da
integridade e do funcionamento normal e
adequado de todo o sistema funcional
neurológico.
• A CAPACIDADE que determina a
possibilidade de falar e entender uma
língua depende da passagem de
potenciais neuronais por inúmeros
circuitos do sistema centroencefálico.
• QUANTO MAIS CEDO OS PROBLEMAS
PUDEREM SER DETECTADOS E TRATADOS,
MAIORES SERÃO AS POSSIBILIDADES DE
SUPERAÇÃO DOS MESMOS.
• O PERÍODO ESPERADO PARA A AQUISIÇÃO DE
LINGUAGEM VAI DE 1 A 2 ANOS DE IDADE.
• A COMUNICAÇÃO TEM, EM SUA ORIGEM, UMA
FUNÇÃO NITIDAMENTE SOCIAL.
• O ADULTO DEVE ESTAR RECEPTIVO E ATENTO
AOS ESFORÇOS COMUNICATIVOS QUE A
CRIANÇA ESTÁ FAZENDO, ATRIBUINDO
SIGNIFICAÇÃO AOS MESMOS.
1.9.1 FATORES DETERMINANTES DO
DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO INFANTIL

1. A CRIANÇA NECESSITA TER UMA RAZÃO OU MOTIVO


PARA SE COMUNICAR: UMA INTENÇÃO.
2. HÁ NECESSIDADE DE SE TER ALGO PARA COMUNICAR:
UM CONTEÚDO.
3. É TAMBÉM NECESSÁRIO UM MEIO DE COMUNICAÇÃO:
UMA FORMA.
4. HÁ NECESSIDADE DE SE TER PESSOAS COM QUEM SE
COMUNICAR: UM PARCEIRO.
5. HÁ QUE SE TER CONDIÇÕES FAVORÁVEIS PARA A
INTERAÇÃO: UMA SITUAÇÃO OU CONTEXTO.
6. A CRIANÇA TAMBÉM NECESSITA TER CAPACIDADES
COGNITIVAS FAVORÁVEIS PARA ATUAR SOBRE O
MUNDO E COMPREENDÊ-LO.
1.9.2 DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM

• Comprometimentos no curso evolutivo da aquisição


da linguagem.
• Os distúrbios que mais comumente afetam o
desenvolvimento da criança pequena são os
chamados “retardos de aquisição da
linguagem”.
• Crianças com condições evolutivas favoráveis
tendem a adquirir linguagem no segundo ano de
vida, entre 1 e 2 anos de idade.
• Algumas ensaiam as primeiras palavras por volta
do primeiro aniversário. Outras começam mais
tarde.
1.9.2.1 DIAGNÓSTICO (by fono)
• Feito através da história da criança, colhida junto aos pais, e
do exame direto;
• é necessário diferenciar o que é de origem orgânica do que
é de origem emocional,
• quadros emocionais importantes apresentam alterações
graves de fala;
• a existência de quadros globais, como a deficiência mental,
podem causar um atraso no desenvolvimento da linguagem;
• outros quadros, que são puramente motores, a produção
linguística existe, mas não pode ser externada pela
incapacidade motora para articular os sons necessários.
1.9.2.2 A VOZ
• É o som produzido pelo aparelho fonador, através da
vibração das pregas vocais.
• A Voz é o meio de comunicação mais primitivo, sendo uma
atividade natural e espontânea do ser humano e estando
intimamente ligada à emoção.
a) PATOLOGIAS
• Disfonia (alteração na emissão da voz por mecanismo
laríngeo incorreto, de origem orgânica ou funcional,
causando rouquidão, tremor, debilidade da Voz e excesso de
nasalização)vídeos\Disfonia Espasmodica - antes e depois (1).mp4
• Afonia (perda da emissão sonora, de forma que a fala é um
sussurro) vídeos\Vaca Afónica.mp4
1.9.2.3 A FALA
 É a manifestação da mensagem pelo canal vocal,
constituindo-se de linguagem expressiva.
 Utiliza-se de mecanismos articulatórios para imprimir o
código.
a) PATOLOGIAS
 Dislalia (alteração que se caracteriza por dificuldades na
organização fonológica, com interação dos fonemas nas
sílabas e nas palavras, e/ou fonética, com produção motora
dos Fonemas);vídeos\Dislalia___Troca_de_Letras_na_Fala.mp4
 Disartria (dificuldade na articulação da palavra em
consequência de lesões nas vias nervosas, destinadas ao
comando motor da fala)vídeos\NP-C- Disartria (dificuldade de articular as
palavras de maneira correta).mp4
1.9.2.4 A LINGUAGEM
Processo mental de elaborar, formular,
compreender e interpretar a mensagem.
É uma função neurológica elaborada e
altamente superior, própria dos seres
humanos
A Linguagem se subdivide em Linguagem
Escrita e Falada, com patologias
específicas.
a) PATOLOGIAS DA LINGUAGEM ESCRITA

• Dislexia (dificuldade específica que afeta a aprendizagem


da decodificação do sistema verbal escrito, ou a dificuldade
de processamento relacionada ao ato de leitura e escrita).
vídeos\DISLEXIA.NADIA BOSSA.mp4
• Disortografia (consiste na dificuldade de compreensão pela
escrita que se caracteriza por inversões, aglutinações,
omissões etc).vídeos\DISORTOGRAFIA (1).mp4
• Disgrafia (dificuldade no padrão motor da escrita
caracterizado por alterações na pressão da letra e falta de
harmonia nos movimentos dissociados, bem como signos
gráficos indiferenciados). vídeos\DISGRAFIA.mp4
b) PATOLOGIAS DA LINGUAGEM FALADA
 Atraso de Linguagem (aquisição tardia da linguagem em
cuja evolução podem persistir dificuldades na organização
fonológica, morfológica, sintática e semântica).
 Disfemia (perturbação na integração e/ou organização da
linguagem que altera o ritmo da expressão oral; a Gagueira
é um sintoma da disfemia).vídeos\Disfemia- distúrbio da fala (1).mp4
 Dispraxia/Apraxia (o sujeito não consegue fazer o
planejamento motor para produzir a fala, apesar dos
músculos estarem preservados). vídeos\14 de Maio - Dia da Conscientização
sobre Apraxia da Fala na Infância.mp4

 Afasia (perda da capacidade de compreender e/ou


expressar-se pela linguagem oral em consequência de
lesão neurológica central específica).vídeos\Paciente com Afasia recupera a
fala após Aneurisma Cerebral (1).mp4
1.9.2.5 AFASIA
• Na perspectiva neurológica = “afasia é a perda ou
prejuízo da função da linguagem causada por lesão
cerebral” (Benson, 1998).
• Na perspectiva linguística = “afasia é uma
perturbação no processo de significação em que há
alteração em um dos níveis linguísticos com
repercussão em outros. Causada por lesão
adquirida no SNC em virtude de AVCs,
TCEs(traum.crânioencef.) ou tumores, em geral é
acompanhada por alterações de outros processos
cognitivos (agnosias, apraxias, discalculia, etc.) e
de outros sinais neurológicos (como a hemiplegia,
por exemplo)”.
a) PRINCIPAIS SINTOMAS
 Perda total ou parcial das habilidades de articulação das
palavras;
 perda da fluência verbal, com dificuldade de expressão
verbal, nomeação de objetos e repetição de palavras;
 dificuldade para contar e nomear (por exemplo, os dias da
semana e os meses do ano);
 é possível perder a noção gramatical;
 dificuldade em interpretar o que ouve;
 perda parcial ou total da capacidade de ler e escrever;
 dificuldade em organizar gestos de forma a representar ou
comunicar o que deseja.
d) TRATAMENTO
• Depois de identificado o problema, buscar
auxílio de um fonoaudiólogo;
• essencial que o quadro sintomático orgânico
seja diferenciado do quadro emocional;
• é comum que o paciente também necessite
de atendimento psicológico;
• A família é o maior estímulo e modelo
comunicativo. Ela deve ser bem orientada,
assim como acolhida no seu sofrimento frente
a um filho com problemas tão graves.
PROBLEMAS DE LINGUAGEM DESCRIÇÃO
Transtornos Graves Autismo e Psicoses.
Mutismo Seletivo Ausência total e persistente em
determinadas circunstâncias ou com
determinadas pessoas.
Disfemia Gagueira, alteração da fluidez da fala:
ritmo e melodia do discurso.
Dislalia Transtorno na articulação dos sons.
Disglosias Alterações anatômicas ou fisiológicas dos
órgãos articulatórios
Atrasos da fala Problemáticas mais globais no sistema
fonológico
Disfasia Afasia congênita ou do desenvolvimento.
PROBLEMAS DE CID 10 DESCRIÇÃO
LINGUAGEM
Transtorno da linguagem F80.1 Vocabulário limitado, erros nos tempos
expressiva verbais, dificuldade na memorização das
palavras, dificuldade na produção de frases
de extensão ou complexidades próprias do
nível evolutivo do sujeito.
Transtorno misto da F80.2 Dificuldade para compreender tipos
linguagem receptiva- particulares de palavras ou frases.
expressiva
Transtorno fonológico F80.0 Dificuldade de articulação de alguns sons.
Gagueira F98.5 Alteração na fluidez.
Transtornos da comunicação F80.9 Transtornos de voz.
não específicos
MUITO OBRIGADA E
ATÉ A PRÓXIMA
AULA!!!
Anne
(41) 9128 0767

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