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LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO BÁSICA

(LEB)

AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
Docente: Prof.ª Dr.ª Teresa Gonçalves
2.º ano, 1.º semestre
Módulo 2 – Linguagem e
cognição
(10 horas)

2.1. Teorias explicativas da aquisição da linguagem.


2.2. Desenvolvimento linguístico e cognição.
2.3. Desenvolvimento linguístico e processamento da informação.
2.1. Teorias explicativas da aquisição da linguagem.
2.1.1. A perspetiva behaviorista.
2.1.2. O inatismo linguístico.
2.1.3. Teorias da cognição.

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2.1. Teorias explicativas da aquisição da linguagem.

o Problemas:
Como é que adquirimos a nossa língua materna?
Que capacidades é que pomos em ação para adquirir uma
língua?
Que mecanismos usamos?

● Haverá uma resposta única para estas questões?

● Que interesse terão, para o educador/professor, as respostas a estas


perguntas?
2.1. Teorias explicativas da aquisição da linguagem.
“Uma teoria, no sentido científico do termo, é uma tentativa de
explicação de fenómenos, através de uma rede articulada e sistematizada de
constructos, de definições e de asserções com o propósito de justificar e
predizer factos (Kerlinger, 1973).” (Sim-Sim, 1998: p.298).

 A aquisição e o desenvolvimento da linguagem consubstanciam-se numa


progressão, que vai de um estado zero até à mestria de um falante adulto;
progressão essa que ocorre em etapas. Esta progressão não se verifica a um
ritmo constante e é mais notória nos períodos cruciais (período crítico).

 As teorias explicativas da aquisição da linguagem que vamos analisar debruçam-


-se sobre o que existe de inato na capacidade desta aquisição e
desenvolvimento, sobre o papel do meio e sobre mecanismos específicos ou
capacidades usadas para adquirir uma língua.

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2.1.1. A perspetiva behaviorista.

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2.1.1. A perspetiva behaviorista.

Teoria da imitação: segundo esta perspetiva, aprende-se o comportamento verbal como


se aprende qualquer outro comportamento. A criança desenvolve-se porque aprende um
conjunto de respostas, por imitação.

Para esta teoria, os processos gerais de aprendizagem são o condicionamento clássico, o


condicionamento operante e a modelação por imitação. Estes serão também os processos
usados na aprendizagem da língua.

“Condicionamento clássico (Pavlov): processo básico de aprendizagem através da


associação de estímulo (S) à resposta (R) respetiva.
Exemplo: A mãe diz “É o ursinho!”, “Queres o ursinho?”. A Mãe espera que o bebé estenda
a mão (compreendeu a pergunta) e dá o boneco à criança.

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Condicionamento operante: aprendizagem baseada na associação do estímulo e da
respetiva resposta a um reforço que gratifica ou pune. (Skinner).
Exemplo: A criança diz “Caco” e a mãe procura o boneco macaquinho, dá-o à criança e diz:
“Muito bem, o bebé já sabe pedir o macaco, lindo!”.
Modelação: aprendizagem através da observação da atuação de outrem e dos respetivos
resultados obtidos.”
Exemplo: A mãe diz “Papá!” e aponta para o Pai. “Onde está o Papá?” (o Pai esconde-se),
“Não está!“, “Não há!”.
O bebé repete: “Não há!”.
(Sim-Sim, 1998: p.299).

Para esta teoria, o desenvolvimento da linguagem é o resultado de um conjunto


sistematizado de aprendizagens. Aprende-se o comportamento verbal como se aprende
qualquer outro comportamento, através dos processos atrás descritos.

A aprendizagem da linguagem não exige, portanto, mecanismos ou capacidades


específicos.

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O defensor principal desta teoria é Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), apologista de
que o comportamento linguístico da criança não decorre de um programa genético,
originando-se, sim, a partir da interação da criança com o ambiente, por imitação dos
comportamentos linguísticos dos pais, sendo determinado pela prática e pelo exercício. O
papel do meio é, pois, determinante.
Assim, a criança teria que ter ouvido já o que ela própria diz.

Segundo esta teoria, a progressão de uma produção aleatória de sons até uma
comunicação verbal estruturada atinge-se através dos processos gerais de aprendizagem.

Síntese:
Nesta teoria, a ênfase é colocada na aprendizagem e na influência do meio (experiência).

Contudo, esta perspetiva não consegue explicar como é que uma criança é capaz de
produzir enunciados que nunca ouviu, nomeadamente, quando diz de uma forma
incorreta.
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Burrhus Frederic Skinner (1904-1990)

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In Sim-Sim e outros, 2008: 14

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Consequências pedagógicas da teoria behaviorista da aprendizagem
da linguagem:

• Importância da motivação externa – Os educadores deveriam


estimular a aprendizagem da língua com recurso a motivações
externas (prémios e castigos).

• Importância da prática - Os educadores deveriam promover a


prática continuada e repetitiva do vocabulário e de frases, para
gerar, consolidar e reelaborar o conhecimento.

• Influência do meio – Os educadores deveriam proporcionar um meio


linguístico muito rico e deveriam aumentar a motivação da criança
para aprender a falar.

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2.1.2. O inatismo linguístico.

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2.1.2. O inatismo linguístico.

“(…) son innatos aquellos aspectos que forman parte del equipo biológico de la
especie, ya sean accesibles desde el nacimiento o posteriormente como fruto de la
maduración.” In Serra, M. e outros. (2008). La Adquisición del Lenguaje. Barcelona:
Editorial Ariel, S.A., p.20.

❑ Esta teoria defende que o desenvolvimento cognitivo ocorre durante o processo de


amadurecimento do ser humano [a capacidade cognitiva é, portanto, inata]. No que
concerne o desenvolvimento cognitivo, esta teoria defende que a criança herda
[inatismo] uma organização mental que lhe permite detetar regularidades que a
conduzem ao conhecimento de qualquer natureza, nomeadamente, linguístico.
Assim, o desenvolvimento cognitivo é resultado da maturação neurofisiológica,
manifestando-se, de forma idêntica, em todas as crianças (em etapas).

❑ No que concerne o desenvolvimento linguístico, esta teoria defende que a criança


nasce com uma predisposição inata para adquirir a linguagem, sendo capaz de, de
forma inconsciente, retirar regras gramaticais do que ouve, para ela própria as
aplicar quando fala.

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❑Segundo os defensores desta teoria, o ser humano nasce com um dispositivo para a
aquisição da linguagem, que inclui um conjunto de componentes básicas ou princípios
gerais e procedimentos que permitem deduzir como esses princípios gerais (os
universais linguísticos [ou propriedades comuns das línguas humanas]) se aplicam a uma
determinada língua. Logo, a linguagem é uma faculdade independente de outras
faculdades mentais ou cognitivas, está dependente de uma competência específica, a
linguística.
“O Portal da Língua Portuguesa, apoiando-se em David Crystal (A first dictionary of
linguistics and phonetics. Boulder, CO: Westview. 1980), define universais
linguísticos como um termo «usado em linguística e especialmente no âmbito da
gramática generativa para referir as propriedades comuns das línguas humanas. A
descoberta e descrição destas propriedades que caracterizam a faculdade da
linguagem humana constitui o objetivo fundamental da teoria linguística.
Dependendo da componente gramatical a que nos referimos, podemos falar de
universais fonológicos [existem determinados sons que são universais; sons
vocálicos e consonânticos…], universais sintáticos [o sujeito e o predicado são
elementos fundamentais da frase, em qualquer língua; todas as línguas usam frases
negativas…], universais semânticos [por exemplo, morfemas de género e número],
etc.».
Convém ainda referir que este termo é também muito utilizado nos estudos
inspirados pelas propostas do linguista Noam Chomsky.”
In ? CIBERDÚVIDAS da LÍNGUA PORTUGUESA, disponível em
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https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-definicao-de-universais-
❑ Segundo esta teoria, a rapidez com que a criança vem a utilizar uma estrutura tão
complexa, como é a linguagem, não pode se explicar pelos mecanismos da imitação ou
da aprendizagem.

❑ Portanto, esta teoria defende que a linguagem resulta de uma programação genética
inata e de determinantes biológicas da espécie, sublinhando a universalidade das
realizações linguísticas humanas.

A figura emblemática desta teoria é


Noam Chomsky (1928), professor de
linguística no MIT* desde 1961.
A teoria específica deste linguística é,
frequentemente, denominada teoria
generativa.

* Massachussetts Institute of Technology


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Segundo Chomsky, há uma base biológica universal que sustenta a capacidade de
aprender línguas.
A criança, com base na observação, reconstrói na sua mente a gramática da língua a que
é exposta. Este sistema de regras interiorizadas pelo falante [a gramática implícita da
língua] constitui o seu saber linguístico, isto é, a sua competência linguística. Este saber
linguístico é que lhe permite produzir qualquer enunciado, procedendo à aplicação das
regras que conhece.

Distinção dos conceitos de competência linguística [saber sobre a gramática da língua] e


de desempenho linguístico [uso desse saber para produzir enunciados].

▪ O falante, quando produz enunciados não está a repetir um enunciado já


anteriormente ouvido, está ele próprio a produzi-lo, aplicando as regras linguísticas
que conhece. Pode, por isso, ser criativo e produzir enunciados que nunca ouviu, pois
limita-se a aplicar uma regra que ele próprio deduziu.
▪ A competência de um falante explica a possibilidade que ele tem de construir,
reconhecer e compreender frases gramaticais; de interpretar frases ambíguas e de
produzir frases nunca antes ouvidas.

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Para ler, em trabalho autónomo.

“(…) Teoria Generativa, indissociavelmente ligada à publicação, em 1957, do livro Aspects


of the Theory of Syntax, de Noam Chomsky. A relevância da Teoria Generativa é tributária
de um conjunto de factores. Antes de mais, esta proposta teórica retoma e desenvolve a
hipótese da existência de uma capacidade específica do homem, denominada faculdade
da linguagem, que tem sido entendida como um dos factores principais, senão o mais
importante, na distinção entre o homem e os animais.
Na sequência desta hipótese, a Teoria Generativa defende que todas as línguas do
mundo compreendem um mesmo conjunto de princípios, a que dá o nome de Gramática
Universal (GU). Por outras palavras, as línguas 'escolhem' o modo de aplicação dos
princípios da Gramática Universal. (…)
À Gramática Universal pertencem categorias universais, como 'vogal' e 'consoante',
'sujeito' e 'predicado' ou 'nome' e ‘verbo'. Mas estas categorias universais são
concretizadas de forma diferente nas diversas línguas. (…).”

In
http://197.249.65.74:8080/biblioteca/bitstream/123456789/882/1/O%20essencial%20s
obre%20linguistica.pdf

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Exemplo de dedução de uma regra.

Sim-Sim, 2008:12

Obs.: a criança foi sensível à correção e interiorizou inconscientemente a forma correta.

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Na perspetiva de Chomsky, devemos distinguir competência linguística de
desempenho linguístico, entendendo este como o uso particular que cada falante
faz da língua numa situação particular de comunicação. Assim, o desempenho
linguístico é flutuante, consoante um conjunto de múltiplos fatores em copresença.

❑ Os partidários da teoria inatista sublinham que a possibilidade de as crianças


inventarem palavras, conjugarem de forma diferente as formas verbais, ou construírem
frases com uma estrutura diferente da habitual, se explica pelo facto de elas se
limitarem a aplicar regras extraídas do meio linguístico em que estão imersas.
❑ Ex.: mãos, cãos, pãos….
❑ Comi, bebi, percebi, fazi….
❑ Tu deste-me este livro no Natal. / Tu não deste-me este livro no Natal; foi nos meus
anos.

• Em síntese: Nascemos com estruturas cerebrais específicas


responsáveis pela capacidade de aquisição da linguagem.

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Consequências pedagógicas da teoria inatista da aquisição da
linguagem:

• Como a criança nasce com uma predisposição inata para desenvolver a


sua competência linguística, ela apenas necessita de input linguístico rico
para progredir.
• Deve estar imersa num ambiente rico de linguagem para formular
hipóteses sobre categorias e relações linguísticas (quando ouve) e testá-las
através do uso, aplicando as regras, que deduziu, em novos contextos
(quando ela própria fala).

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2.1.3. Teorias da cognição.

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Nascemos com predisposições gerais (e não com um dispositivo específico ou com uma
faculdade da linguagem ou com uma competência específica para a aquisição da
linguagem) que nos permitem o acesso ao conhecimento e também à linguagem, e que
determinam tudo o que aprendemos, ou seja, nascemos com capacidade cognitiva.

A criança quando nasce dispõe de mecanismos funcionais que lhe permitem raciocinar,
mas não nasce com conhecimentos; procede ao conhecimento do mundo que a rodeia
enformando-o em categorias, através de relações linguísticas.

Explicar o funcionamento da categorização (traços relevantes caracterizadores e


distintivos).

Explicar a importância da linguagem neste processo de caracterização e no processo de


conhecimento do mundo.

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2.1.3. Teorias da cognição.

• Segundo J. Piaget (1896-1980) e L. Vygostsky (1896-1934), a faculdade de linguagem


não requer nenhum tipo de especialização e a sua aprendizagem pode-se explicar a
partir da assimilação da cultura.

• A linguagem faz, pois, parte de uma organização cognitiva mais vasta e a sua
apropriação pela criança progride de acordo com o seu respetivo nível de
desenvolvimento global (veja-se, por exemplo, o desenvolvimento do aparelho
fonador), em especial o cognitivo.

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Lev Vygostsky (1896-1934) Jean Piaget (1896-1980)

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Mas, se não existe uma faculdade da linguagem, como se explica
que todos os seres humanos adquiram uma ou mais línguas?

Piaget considera que a linguagem tem duas funções, a de representação e a


simbólica (ou de nomeação). Isto é, a linguagem é usada para o processo de
representação mental de uma realidade (ou seja, para a representação mental da
forma como concebemos o mundo que nos rodeia) e para a transmissão dessa
representação às pessoas que nos rodeiam, bem como para com elas
comunicarmos (por exemplo, pedir, ordenar, perguntar, sugerir, aconselhar, etc.,
etc.)

Por estas duas razões, o domínio de uma língua ou de várias


É crucial para o ser humano.

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Para Piaget, o desenvolvimento do domínio da linguagem depende, pois, da
evolução cognitiva, que se processa por fases ou estádios sequencialmente fixos,
estudados na Psicologia.

período das período das


período pré-
período sensório-motor (0-2 operações operações formais
operatório (2-7
anos) concretas(7-11 (a partir dos 11/12
anos)
anos) anos)

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Para visionar em trabalho autónomo.

Estádios de desenvolvimento segundo Piaget


http://www.youtube.com/watch?v=TRF27F2bn-A

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Desenvolvimento cognitivo
A cognição é uma forma de adaptação biológica indispensável à interação do sujeito com o
meio, porque se não compreendermos como funciona o meio, não conseguiremos nele
sobreviver.
Qualquer organismo tem a tendência para se adaptar ao meio em que vive, para poder
sobreviver, por vezes em condições adversas.

Para conhecermos, recorremos a dois processos, a acomodação (processo de reorganização


cognitiva) e a assimilação (incorporação da nova informação na nossa memória).
• “A acomodação é o processo de reorganização cognitiva das estruturas do organismo
como resposta a um estímulo exterior e que resulta na apreensão dos atributos
estruturais da informação proveniente desse estímulo;
• A assimilação é o processo através do qual o estímulo é incorporado nas estruturas
cognitivas do sujeito, sendo deste modo interpretado pelo sujeito.” (Sim-Sim, 1998: 304).

 Em síntese: A aquisição da linguagem é determinada por capacidades cognitivas e o


desenvolvimento linguístico de uma criança dependerá das aquisições cognitivas que
esta já realizou.

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Para visionar em trabalho autónomo.
Exemplo de adaptação ao meio.
http://www.youtube.com/watch?v=R9nA-U2Cc58

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Consequências pedagógicas da teoria cognitivista da aquisição da
linguagem:

• A aprendizagem da língua desenvolve-se ativa e gradualmente, como


resultado do processamento dos novos conhecimentos, que decorrem de
novas experiências em que a criança se vê envolvida.

• Portanto, para se potenciar o desenvolvimento linguístico, a criança deve


viver num ambiente rico de experiências diversificadas que lhe possam
proporcionar múltiplas aprendizagens, que ela interiorizará através da
representação mental das mesmas [linguagem] e que ela tentará
comunicar a outros se disso sentir necessidade e/ou vontade [linguagem].

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Em suma:
“Para uns – os behavioristas – a linguagem é um comportamento
verbal, aprendido por imitação e reforço, cabendo, portanto, ao meio
um papel decisivo; outros – os inatistas – defendem que a capacidade
para a linguagem é geneticamente herdada e que a criança, munida
dessa capacidade, reconstrói a língua da comunidade em que cresce;
para outros – os cognitivistas – a linguagem é um instrumento do
pensamento e, por isso, o desenvolvimento linguístico está dependente
do desenvolvimento cognitivo. “ (Sim-Sim, 1998: 333.)

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Consequências pedagógicas das teorias behaviorista (Skinner),
inatista (Chomsky: teoria generativa) e cognitivista (Piaget)
da aquisição da linguagem

Importância de Importância de
Importância de
Importância da modelos ambiente rico
ambiente rico
motivação linguísticos de de
de linguagem
correção aprendizagem

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Leia, reflita e diga se as quatro afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas.

1. Para a teoria behaviorista, a aprendizagem de comportamentos


verbais assenta na predisposição inata para a linguagem.
A aprendizagem da linguagem é fruto da imitação e do reforço.
2. Para a teoria behaviorista, o desenvolvimento da linguagem é
visto como a aprendizagem de comportamentos verbais.
A aprendizagem da linguagem é vista como uma imitação do que a criança vê
os adultos fazerem.
3. Do ponto de vista inatista, as semelhanças universais no
processo de desenvolvimento da linguagem são explicadas pela
herança genética.
Retiramos regras gramaticais gerais do meio linguístico em que estamos
imersos.
4. Na perspetiva cognitivista, o meio não desempenha qualquer
papel no desenvolvimento do sujeito.
A interação com o meio é indispensável ao crescimento cognitivo do sujeito e,
consequentemente, linguístico.

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Para visionar em trabalho autónomo.

Teorias da aquisição da linguagem: inatista (Chomsky) e social-interacionista


(Vigotsky)
Estádios de desenvolvimento da linguagem
http://education-portal.com/academy/lesson/linguistics-language-development-
in-children.html

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