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Objectivo geral
Objectivo específico
Metodologia
Toda criança é, em princípio, capaz de tomar a língua de sua comunidade como língua materna e
de adquirir simultaneamente mais de uma língua. A aquisição de cada língua irá requerer a
identificação de seu sistema fonológico, sua morfologia, seu léxico, o que há de peculiar em sua
sintaxe e no modo como relações semânticas se estabelecem. Diante da variabilidade das línguas,
a criança terá de lidar com uma série de variáveis nessa identificação.
A influência da Teoria Linguística sobre esta linha de investigação manifestou-se, de fato, mais
no fornecimento de um instrumental descritivo para a apresentação de dados do desenvolvimento
do que no de uma hipótese sobre a natureza do processo de aquisição da linguagem. A
formulação desse processo, do ponto de vista da aprendibilidade de gramáticas, não se
apresentava atraente para o estudo do desenvolvimento centrado na criança, talvez por abstrair a
criança num procedimento de aprendizagem.
Na verdade, a questão do que seria necessário atribuir ao estado inicial do processo de aquisição
da linguagem não se apresentava claramente `a Psicologia Evolutiva. A indiferenciação do
estado inicial do desenvolvimento por domínios cognitivos era o pressuposto básico da tradição
empirista na qual a Psicologia se inseria. Logo, o discurso racionalista recuperado pela
Linguística Gerativista provocava reacção entre psicólogos do desenvolvimento, por abalar seus
fundamentos epistemológicos. Uma vez que as bases biológicas de uma possível diferenciação
por domínios no estado inicial do processo eram apenas conjeturadas (LENNENBERG, 1967), o
discurso da Linguística corria o risco de ser visto, na óptica de psicólogos de formação empirista,
como um retrocesso para uma concepção pré-científica da actividade mental.
Desempenho Linguístico
Uma criança, ao atingir a idade de cinco a seis anos, normalmente já adquiriu os elementos
básicos de sua língua materna, podendo criar e compreender naturalmente um número quase
infinito de frases que ainda não se tinham apresentado formalmente diante de si. Para
compreendermos bem a natureza, aquisição e desenvolvimento da linguagem será necessário
que, antes, tenhamos uma noção da natureza da competência linguística de quem aprende a falar
uma língua.
Um dos pontos principais que os teóricos da gramática gerativa estabeleceram como princípios é
justamente a prioridade da elaboração de um modelo de competência do sujeito que fala, sendo
que o modelo de 'performance' só pode ser estudado depois.
Como a competência linguística se reflecte no desempenho
O comportamento verbal real não passa de uma manifestação indirecta das regras psicológicas
que fazem única a linguagem humana. A estrutura de uma língua não é afitada quando seus
falantes fazem erros ao falar, assim como uma sinfonia não é afitada quando não é bem
executada.
Seguindo uma tendência Inatista e, por sua vez Racionalista, o modelo gerativista se propõe
explicar as manifestações da aquisição de linguagem partindo do principio de que a criança já
nasce dotada de uma capacidade inata de aquisição da linguagem. Nessa abordagem a aquisição
de uma língua materna é o resultado directo do amadurecimento dessa criança, ou seja, uma
consequência de sua capacidade de formular suposições, respostas às questões que lhe surgem e
de procurar e encontrar algumas semelhanças presentes na língua a ser adquirida.
Desta forma, quanto maior for à capacidade cognitiva da criança, maior será o número de
suposições formuladas por ela e mais próxima da linguagem do adulto ela estará. Com efeito,
essa teoria dá mais importância para a sintaxe, em detrimento de morfologia e fonologia,
descrevendo a aquisição da linguagem termos de competências e desempenho. A competência
pode ser entendida como o conhecimento que o falante tem de gramática de sua língua e o
desempenho como o uso que a fonte faz desse conhecimento.
O Corpo de teoria linguística a que a pesquisa prática possa recorrer e que somente tenha de
aplicá-la. Trata-se, antes, de que trabalho motivado por necessidades práticas possa ajudar a
construir teoria da qual precisamos. Em boa medida, programas voltados à mudança da situação
de linguagem das crianças são uma tentativa de aplicar uma ciência básica que ainda não existe.
Permita-me avaliar o estágio actual da teoria linguística para mostrar porque isso acontece.
Do ponto de vista das crianças que procuramos compreender e ajudar, uma declaração como essa
pode quase parecer uma prova de irrelevância. Todas as dificuldades que as crianças e nós
mesmos enfrentamos parecem sumir do cenário.
A resposta de quem quer que seja a tal indicação do estado da teoria linguística vigente pode ser
ignorar a teoria de base e escolher cuidadosamente seus resultados.
A relevância notável da perspectiva teórica é expressa na sua anedota característica que ela
coloca bem à frente dos nossos olhos. A ideia é mostrar uma criança nascida com a capacidade
de dominar qualquer língua com facilidade e velocidade quase milagrosas; uma criança que não
seja meramente moldada por condicionamento e reforço, mas que aja activamente na
interpretação teórica consciente do discurso com que seja confrontada, de modo que em poucos
anos e com experiência limitada adquira uma capacidade ilimitada de produzir e compreender a
princípio toda e qualquer sentença gramatical da língua.
Cada criança que nasce num grupo social adquire hábitos de fala e de resposta nos primeiros
anos de sua vida. Sob estimulação variada, a criança repete sons vocais. Alguém, por exemplo, a
mãe, produz, na presença da criança, um som que se assemelha a uma das sílabas de seu
balbucio. Quando esses sons chegam aos ouvidos da criança, seu hábito entra em jogo e ela
produz a sílaba de balbucio mais próxima, da. Dizemos que nesse momento a criança começa a
imitar. A visão e o manuseio da boneca e a audição e a produção da palavra (isto é, da) ocorrem
repetidas vezes em conjunto, até que a criança forma um hábito. Ela tem agora o uso de uma
palavra. (Bloomfield).
Com a evolução da linguística gerativa, no início dos anos 80 a ideia da competência linguística
como um sistema de regras específicas cedeu lugar à hipótese da Gramática Universal. Deve-se
entender por o conjunto das propriedades gramaticais comuns compartilhadas por todas as
línguas naturais, bem como as diferenças entre elas que são previsíveis segundo o leque de
opções disponíveis na própria. A hipótese representa um refinamento da noção de Faculdade da
Linguagem, sustentada pelo gerativismo desde o seu início: a Faculdade da Linguagem é o
dispositivo inato presente em todos os seres humanos, como herança biológica, que nos fornece
um algoritmo, isto é, um sistema gerativo, um conjunto de instruções passoa-passo, como as
inscritas num programa de computador, o qual nos torna aptos para desenvolver (ou adquirir) a
gramática de uma língua.
Conclusão
Depois de termos interagido com manuais referente ao tema cima citado, concluímos que: a
Competência de desempenho linguístico da criança é capaz de tomar a língua de sua comunidade
como língua materna e de adquirir simultaneamente mais de uma língua. A aquisição de cada
língua irá requerer a identificação de seu sistema fonológico, sua morfologia, seu léxico, o que
há de peculiar em sua sintaxe e no modo como relações semânticas se estabelecem, Esses
princípios estão subjacentes e tornam possível a comunicação através de um comportamento
verbal exterior, mas não podem ser equiparados a esse comportamento. Uma língua é um
conjunto de regras dominado pelo falante; não é nada que um falante faz. O mesmo tipo de
distinção pode ser feito entre uma sinfonia e sua execução.
Bibliografia
CÂMARA JÚNIOR., Joaquim Mattoso. Princípios de linguística geral. 5ª ed. Rio de Janeiro:
Padrão, 1977.