Você está na página 1de 13

Índice

1. Introdução...............................................................................................................................3

2. Objectivos...............................................................................................................................4

2.1. Geral.....................................................................................................................................4

2.2. Específicos...........................................................................................................................4

3. Metodologia do Trabalho........................................................................................................4

4. Aquisição da Língua...............................................................................................................5

4.1. A Aquisição da Linguagem e o Desenvolvimento da Criança............................................6

4.2. Teorias de Aquisição da Língua..........................................................................................7

4.2.1. Língua e Linguagem e a Teoria Estruturalista..................................................................7

4.2.2. Teoria Sócio-Histórica......................................................................................................7

4.2.3. Teoria Cognitivista............................................................................................................9

4.2.4. Teoria Behaviorista.........................................................................................................10

4.2.5. Teoria Gerativista............................................................................................................11

Considerações Finais................................................................................................................12

Referências Bibliográficas........................................................................................................13
3

1. Introdução
O presente trabalho referente à disciplina de Psicolinguística, visa abordar de forma
detalhada aspectos ligados à teorias de aquisição da língua/linguagem. Nele, no âmbito das
actividades obrigatórias do módulo de Psicolinguística irá se traçar um breve caminho sobre o
conceito da língua e/ou linguagem, apresentando assim de forma mais clara as respectivas
teorias de aquisição da língua.

No entanto, tendo em conta o tópico em alusão, importa referir que, a aquisição da


linguagem apresenta-se como uma questão fundamental na Teoria Linguística e no estudo da
cognição humana. Como já se sabe, o estudo da aquisição da linguagem visa a explicar de que
modo o ser humano parte de um estado, no qual não possui qualquer forma de expressão
verbal e, naturalmente, ou seja, sem a necessidade de aprendizagem formal, incorporando
assim a língua de sua comunidade nos primeiros anos de vida, adquirindo um modo de
expressão e de interacção social dela dependente. Nisso, vale frisar que, uma linguagem
organizada (tendo a uma aprendizagem formal), actua sobre a organização do pensamento e,
um pensamento organizado actua também sobre a organização da linguagem a quando ela
adquirida pelo ser humano.

Ora, o desenvolvimento de uma teoria da aquisição da linguagem em um indivíduo


faz, supor uma concepção ou modelo do estado estável do desenvolvimento a ser atingido e
do estado inicial desse processo. Visando-se investigar em torno das teorias de aquisição da
língua, é notório que se faça uma busca por teóricos que tomam como tema esse assunto.
Portanto, algumas teorias mais relevantes poderão ser trazidas no desenvolvimento do
presente trabalho. Trata-se então, da Teoria Estruturalista – de Ferdinand de Saussure; a
Teoria Histórico-Cultural – de Lev Vygotsky; o Cognitivismo – sobretudo de Jean Piaget; o
Behaviorismo – de Burrhus Skinner e o Gerativismo – de Noam Chomsky.
4

2. Objectivos

2.1. Geral
 Descrever as teorias de aquisição da língua.

2.2. Específicos
 Definir os conceitos de língua e/ou linguagem;
 Identificar as teorias de aquisição da língua;
 Descrever cada teoria de aquisição da língua;
 Conhecer os respectivos teóricos das teorias;
 Esclarecer a aquisição da linguagem e o desenvolvimento da criança.

3. Metodologia do Trabalho
Para Fonseca (2002), “methodos” significa organização, e “logos”, estudo sistemático,
pesquisa, investigação; ou seja, metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem
percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência.
Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer
uma pesquisa científica.

Assim sendo, para a elaboração do presente trabalho, foi utilizado o método de cunho
bibliográfico, que consistiu na consulta de materiais electrónicos e também o Módulo de
Psicolinguística, do Curso de Licenciatura em Ensino de Português do CED da UCM, e outros
estudos científicos e académicos que relatam este tema, para que, em um primeiro instante
fossem identificados os princípios do conhecimento dessas abordagens sobre as teorias de
aquisição da língua.
5

4. Aquisição da Língua
De acordo com Correa (S./d.), a aquisição da linguagem apresenta-se como uma
questão fundamental na Teoria Linguística e no estudo da cognição humana. O estudo da
aquisição da linguagem visa a explicar de que modo o ser humano parte de um estado no qual
não possui qualquer forma de expressão verbal e, naturalmente, ou seja, sem a necessidade de
aprendizagem formal, incorporando a língua de sua comunidade nos primeiros anos de vida,
adquirindo um modo de expressão e de interacção social dela dependente.

Tendo em conta a ideia acima proposta, vale frisar que, o estudo da aquisição da
linguagem dispõe, dados da percepção e da compreensão de enunciados linguísticos por
crianças.

Entretanto, toda criança é, em princípio, capaz de tomar a língua de sua comunidade


como língua materna e de adquirir simultaneamente mais de uma língua. A aquisição de cada
língua irá requerer a identificação de seu sistema fonológico, sua morfologia, seu léxico, o
que há de peculiar em sua sintaxe e no modo como relações semânticas se estabelecem. Daí
que, diante da variabilidade das línguas, a criança terá de lidar com uma série de variáveis
nessa identificação. A despeito disso, o processo de aquisição da linguagem apresenta um
padrão de desenvolvimento, em grande parte, comum aos diferentes indivíduos nas diferentes
línguas, o que remete àquilo que, na linguagem, é comum `a espécie humana. (Correa, S./d.).

No entanto, cabe a uma e outras teorias da aquisição da linguagem explicarem esse


fato, considerando que o modo da aquisição de uma língua específica pode elucidar o
processo pelo qual a aquisição espontânea de qualquer língua humana se realiza. Assim, uma
teoria da aquisição da linguagem pode, portanto, ser concebida como um modelo da dinâmica
desse processo. (Ibdem).

Neste sentido, importa salientar que, o desenvolvimento de uma teoria da aquisição da


linguagem faz supor uma concepção ou modelo do estado estável do desenvolvimento a ser
atingido e do estado inicial desse processo. Refere-se ainda que, não há, contudo, no estudo da
aquisição da linguagem, total consenso quanto ao modo de se conceberem os estados inicial e
“final”. Isso se deve, por um lado, à duplicidade de objectos a que o termo linguagem pode
remeter ¾ língua e forma de expressão verbal, o que dá margem a diferentes modos de se
conceber o problema de aquisição. (Correa, S./d.).
6

4.1. A Aquisição da Linguagem e o Desenvolvimento da Criança


De um ponto de vista mais concreto ou não formal, o processo de aquisição da
linguagem foi abordado por psicólogos do desenvolvimento, que passaram a prover
descrições longitudinais do percurso evolutivo da aquisição do inglês. (Brown, 1973;
Menyuk, 1969-1971; Bloom, 1970-1973), retomando a tradição dos diários de bebés, de
forma linguisticamente mais informada do que `a época de seus antecessores (Leopold, 1939;
Stern e Stern, 1907 apud Blumenthal, 1970 e Ingram, 1989).

Nesta senda, a influência da Teoria Linguística sobre esta linha de investigação


manifestou-se, de facto, mais no fornecimento de um instrumental descritivo para a
apresentação de dados do desenvolvimento do que no de uma hipótese sobre a natureza do
processo de aquisição da linguagem. E a formulação desse processo, do ponto de vista da
aprendibilidade de gramáticas, não se apresentava atraente para o estudo do desenvolvimento
centrado na criança, talvez por abstrair a criança num procedimento de aprendizagem.
(Correa, S./d., p. 6).

Desta feita, psicólogos do desenvolvimento e linguistas punham-se, em grande parte,


em distribuição complementar. Enquanto Chomsky manifestava-se céptico quanto à
relevância de dados da fala de crianças para o estudo do processo de aquisição da linguagem
(Chomsky, 1964 apud Allen & Van Buren, 1971, p.134), Roger Brown dizia-se pouco
motivado a especular sobre dispositivos de aquisição da linguagem mal definidos (cf. Brown,
1973, p.19), fazendo referência à noção de LAD - Language Acquisition Device, introduzida
por Chomsky (1965), de modo a materializar a ideia de que procedimentos de aquisição e
sistemas perceptuais específicos, definidos como parte de uma faculdade de linguagem,
seriam requeridos para que a criança viesse a lidar com os chamados dados linguísticos
primários. (Correa, S./d., p. 6).

Neste diapasão, diante de diferentes perspectivas e abordagens, o estudo da aquisição


da linguagem passou a ser dominado pela controvérsia. De um lado, a proposta inatista da
Teoria Linguística e, de outro, diferentes posturas em relação ao quanto de especificidade é
necessário atribuir à língua e/ou linguagem quando comparada a outros sistemas cognitivos e
ao quanto de independência pode ser atribuída ao desenvolvimento linguístico no conjunto do
desenvolvimento cognitivo. (Ibdem, p. 7).
7

4.2. Teorias de Aquisição da Língua

4.2.1. Língua e Linguagem e a Teoria Estruturalista


Segundo Petter (2018), refere que de uma maneira geral, a linguagem é a capacidade
que os seres humanos têm para produzir e compreender a língua e outras manifestações de
comunicação, como a pintura, a música e a dança. Já a língua é um conjunto organizado de
elementos (sons e gestos) que possibilita a comunicação em sociedade e todos os grupos
humanos desenvolvem sistemas com esse fim.

Entretanto, Mussalim (2009), defende que os seres humanos são os únicos animais
dotados da faculdade da fala. Embora primatas, golfinhos e outros animais possuam sistemas
de comunicação bastante desenvolvidos para as ciências da linguagem, o conceito de
linguagem corresponde às formas humanas de comunicação, muito mais complexas que a
comunicação animal.

Para Ferdinand de Saussure (2006) citado por Meyer, Raulino e Pesce (2021), o
fundador da Linguística Moderna e do Estruturalismo Linguístico, a linguagem é uma
faculdade/capacidade humana, inerente ao indivíduo, e é constituída por um lado individual e
um lado social, mas não pode ser classificada em nenhuma categoria de fatos humanos, pois é
multifacetada e heterogénea. Já a língua é a parte social da linguagem e permite-nos exercer
esta faculdade, pois é um instrumento criado e fornecido pela colectividade, sendo, portanto,
adquirido no meio social, diferentemente da linguagem, que é inerente a cada ser humano.

Dessa forma, a língua só existe na esfera da colectividade, entre os membros de uma


comunidade, constituindo-se como uma instituição social, visto que ela é um sistema que rege
e regulamenta a vida em sociedade. Saussure, portanto, define a língua como um sistema de
signos verbais, sendo estes a união de sons com ideias e significados, que é compartilhada
pelos membros de uma comunidade. (Meyer, Raulino e Pesce, 2021, P. 5).

Desta feita, a teoria estruturalista de Saussure entende, portanto, que a língua é um


sistema externo aos indivíduos, dotado de regras a serem estudadas metodologicamente.
(Ibdem).

4.2.2. Teoria Sócio-Histórica


Segundo a teoria Vygotskyana, existe uma relação fortíssima entre a aprendizagem e a
linguagem, pois, é por meio da ferramenta linguagem que acontece a aprendizagem. Desse
modo, há dependência entre elas. “A aprendizagem é um processo que ocorre na interacção
8

com o outro através da qual se dá sentido às coisas. O ser humano nasce em um mundo social
e o seu desenvolvimento ocorre através da aprendizagem pela e na linguagem”. (Pesce, 2017,
p. 1). Daí que, quanto à interacção, é por meio dela que se dá a relação do indivíduo com o
social, e também o caminho para a aprendizagem. Por meio disso, conforme Vygotsky, a
interacção com o meio é geradora de aprendizado. Nesse sentido, o indivíduo nasce apenas
como ser biológico e torna-se homem sendo um sujeito participante no meio em que está
inserido. (Meyer, Raulino e Pesce, 2021, P. 5).

Para Vigotski, o desenvolvimento da inteligência é produto da


convivência social desde o nascimento e, na ausência do outro, o
homem não se constrói. A vivência em sociedade é essencial
para transformar o homem de ser biológico em ser humano. É
pela aprendizagem nas relações com os outros que se constroem
os conhecimentos que permitem o desenvolvimento mental.
(Pesce, 2017, p. 2)

Desse modo, a relação existente entre indivíduo e meio social é de suma importância
para o desenvolvimento humano, não sendo possível, portanto, ser humano sem estar em
contacto com o outro. Nessa perspectiva, a aprendizagem é um processo que possibilita a
evolução intelectual e Vygotsky explica esse processo a partir do conceito de Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP). Conforme Pesce (2017, p.3), a ZDP

define o momento entre o nível de desenvolvimento real do


aluno, que se costuma determinar através da solução
independente de problemas, e o nível de desenvolvimento
potencial, determinado através da solução de problemas sob a
orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros
mais capazes. (Pesce, 2017).

Ademais, a teoria de Vygotsky trata de outro importante conceito, que é a


internalização. Na concepção do teórico, o desenvolvimento pessoal se dá pela aprendizagem
e pelas interacções sociais, daí surgem dois planos no desenvolvimento psicológico: nível
intrapsicológico e nível interpsicológico. (Meyer, Raulino e Pesce, 2021).

Segundo Pesce (2017), esses planos se distinguem, uma vez que no nível
intrapsicológico considera-se o que a criança sabe fazer sozinha (desenvolvimento real),
enquanto no nível interpsicológico, com a ajuda de um indivíduo mais experiente, a criança
torna-se capaz de resolver coisas maiores (desenvolvimento potencial). Outro ponto
9

importante na visão de Vygotsky é o desenvolvimento do pensamento verbal, o qual se


constrói a partir das palavras, da fala externa, e se configura em significado, fala interna.

Entretanto, segundo Soares (2006, p. 10), “para Vygotsky, a criança, a princípio,


dependerá de signos externos, ou seja, dos significados atribuídos pelo outro às suas acções
‘ambíguas’ dirigidas aos objectos”. Nisso se dá outra colocação de Vygotsky, a mediação de
um ser externo na aprendizagem do indivíduo, sendo a linguagem um instrumento de
mediação entre o indivíduo e a cultura.

Assim, vale salientar que, nessa teoria, a linguagem é fundamental ao


desenvolvimento humano, pois permite ao ser humano adquirir funções psicológicas
superiores, como o pensamento abstracto, a imaginação e a memória selectiva, e que acontece
fundamentalmente a partir da interacção do indivíduo com o outro/mundo exterior. A
linguagem é, portanto, o elemento que nos torna humanos e nos permite desenvolver nosso
potencial enquanto sujeitos sócio-históricos. (Pesce, 2017).

4.2.3. Teoria Cognitivista


De acordo com Pesce (2017, p. 1), “a psicologia cognitiva objectiva compreender
como a mente pensa e aprende, comprovando a existência da construção de modelos
mentais”. Nesta perspectiva, conforme Dias (2010), a linguagem é entendida como parte da
cognição. Dentre as correntes teóricas cognitivistas, uma das mais importantes é a corrente
construtivista representada principalmente por Jean Piaget. (Dias, 2010 Apud Meyer, Raulino
e Pesce, 2021, p. 7).

Neste sentido, o construtivismo entende a linguagem como uma forma de


representação, porque permite ao sujeito evocar verbalmente objectos e acontecimentos
ausentes. Para Piaget, a construção das capacidades intelectuais se dá através de estágios nos
quais as crianças desenvolvem um conjunto de esquemas cognitivos. (Ibdem). Com isso, o
pesquisador propôs as idades para cada estágio, embora cada criança possua seu próprio ritmo
de desenvolvimento. (Dias, 2010).

Dessa forma, para ele, segundo Dias (2010), a linguagem é construída mediante a
interacção entre a criança e o meio, mostrando-se como um reflexo das capacidades
cognitivas da criança, e desenvolve-se a partir dos dois anos, quando a criança consegue
representar mentalmente seus esquemas de acção, isto é, padrões organizados de
comportamentos que uma pessoa usa para pensar e agir em uma situação. Portanto, a teoria
10

piagetiana sugere que o desenvolvimento linguístico depende do desenvolvimento da


inteligência, sendo a linguagem sua representação. Neste caso, linguagem, então, acompanha
o desenvolvimento cognitivo.

4.2.4. Teoria Behaviorista


Quanto a esta teoria de aquisição da língua, remata-se que, o behaviorismo é uma
corrente teórica da Psicologia, que tem como objecto de estudo somente aquilo que pode ser
observado e descrito de forma rigorosa e objectiva, limitando-se à observação objectiva dos
comportamentos dos organismos, ao invés de investigar qualquer fenómeno que faça
referência a eventos mentais ou processos psicológicos internos. (Finger, 2007, Apud Meyer,
Raulino e Pesce, 2021, p. 7).

Neste contexto, Skinner é um dos principais representantes dessa teoria, que em


relação à linguagem a entende como sendo um comportamento, ou seja, aprender a falar,
assim como outras formas de comunicação, é um comportamento submetido às mesmas leis
dos demais tipos de comportamento humano. Em seu livro “Verbal Behavior”, publicado em
1957, ele argumenta que a linguagem é um comportamento aprendido, um hábito, e é
construída a partir da interacção do ser com os estímulos fornecidos pelo meio. (Finger,
2007).

Nesta senda, a autora ainda argumenta que, segundo os behavioristas, a aquisição da


linguagem se dá mediante a experiência que a criança desenvolve com a língua utilizada pelas
pessoas que com ela convive e é determinada, em última instância, tanto pela qualidade e
quantidade da língua que a criança ouve como pela consistência do reforço oferecido a ela
pelas outras pessoas em seu meio, factores estes que determinam o grau de sucesso que ela
pode vir a atingir no seu desenvolvimento. Assim, o ambiente é o único responsável pelo
provimento do conhecimento que ela porventura virá a adquirir, através das leis de
condicionamento. Portanto, a partir da imitação de sons e padrões, da prática assistida com
reforços negativos e positivos e da formação de hábitos, ela constituirá a sua língua e/ou
linguagem). (Meyer, Raulino e Pesce, 2021, p. 8).

Diante disso, para explicar como as crianças produzem formas de palavras e sentenças
jamais ouvidas ou vistas, Finger (2007) aponta que Skinner defende que a criança associa as
diferentes formas ouvidas/vistas sistematicamente àquelas com as quais já está familiarizada
(habituada) por ter aprendido as sequências da língua. A criança adquire ainda a capacidade
de generalização.
11

Portanto, para os behavioristas, a linguagem é considerada um condicionamento


social, ou seja, uma resposta que o organismo humano produz aos estímulos que recebe da
interacção social. A partir de repetições, essa resposta é reforçada e torna-se hábito de fala,
que constituem o comportamento linguístico de um indivíduo. Portanto, a linguagem humana
é um fenómeno externo ao indivíduo, que nada tem de inato, e sua aquisição se dá através de
estímulos e respostas no meio condicionadas (Kenedy, 2008).

4.2.5. Teoria Gerativista


O gerativismo, ou inatismo, é a corrente teórica fundada por Noam Chomsky, e
defende o papel preponderante da mente na aprendizagem da língua. Para esta teia, a
capacidade humana de falar e de entender uma língua deve ser compreendida como
consequência de um dispositivo inato, entendido como a faculdade da linguagem, de ordem
genética e interna ao organismo humano e que deve estar localizada na “biologia” do
cérebro/na mente da espécie. Assim, o papel do gerativismo é, portanto, construir um modelo
teórico capaz de descrever e explicar a natureza e o funcionamento dessa faculdade mental
(Kenedy, 2008).

Ora, vale aqui frisar que, o gerativismo defende que a criança já nasce com uma
gramática internalizada e que a partir do convívio com a fala dos adultos ela vai moldando a
sua. Essa intuição ou conhecimento inconsciente e natural de uma língua que todos os falantes
nativos possuem é denominado competência linguística e está presente na genética e na
mente dos indivíduos, independente do ensino da língua na escola. Essa competência
linguística desenvolve-se através da gramática universal, um conjunto de instruções sobre as
propriedades gramaticais compartilhadas por todas as línguas e as diferenças previsíveis entre
elas, e que nos torna aptos a desenvolver ou a adquirir a gramática de uma língua. Portanto, a
partir de operações mentais, as crianças transformam a Gramática Universal na gramática da
sua língua materna (Kenedy, 2008 e Silva, 2020).

Neste contexto, em 1981, Noam Chomsky propôs que o ser humano possui um
dispositivo de aquisição da linguagem inato (DAL), que o possibilita a aprender um sistema
linguístico no qual está imerso. Com isso, a partir dos insumos (input) que recebe, o indivíduo
cria regras ao generalizar os exemplos da língua. (Silva, 2020).
12

Considerações Finais
Chegado ao culminar do presente trabalho de campo referente à disciplina de
Psicolinguística, intitulado Teorias de Aquisição da Língua. Importa salientar que, no
trabalho, frisou se que o certo indivíduo ou uma certa criança apresenta várias dificuldades de
pronúncia, que, embora sejam perfeitamente aceitáveis para a sua idade, são reflexos do meio
social em que vive e do comportamento dos adultos que convivem com ele/ela, já que ao
ouvir a pronúncia errada, estes adultos acham bonito e engraçado.

No entanto, os teóricos afirmam que a linguagem do adulto é o alvo para uma


aquisição correcta, se, ao ouvirem a palavra “papato” para sapato, o adulto a repetisse calma e
pausadamente, com certeza esta criança, ao utilizá-la novamente, tentaria adequá-la, dentro de
suas limitações, dependendo da fase de aquisição em que a mesma está inserida. Outro
exemplo é a palavra “pipiri”, que a criança utiliza para designar piripiri. É normal que se ache
engraçada essa construção, mas o que se espera de um adulto consciente do seu papel como
mediador da aquisição da linguagem, que as relações de interacção, mediadas através da
linguagem, se efectuem de forma normal, pois sabe-se que o mesmo é um processo lento, que
se efectiva em torno dos quatro anos de idade.

Entretanto, é com certeza uma fase maravilhosa por que passa toda a criança. Assim,
após a execução do trabalho sobre essas teorias abordadas e aprofundando leituras feitas sobre
cada uma delas, foi feito um mapeamento das principais características de Aquisição
Fonológica e dos aspectos mais relevantes dos Processos Fonológicos pelos quais uma criança
passa e o que seria considerado como “normal” para cada faixa etária.
13

Referências Bibliográficas
Allen, J. P. B. & Van Buren, P. V. (1971). Chomsky: Selected Readings. Oxford, OUP.

Blumenthal, L. (1970). Language & Psychology. New York, John Wiley & Sons.

Brown, R. (1973). A First Language: The Earlier Stages Harmondsworth. Penguin Books.

Bruner, J. S. (1983). Child's Talk: Learning to Use Language. Oxford, OUP.

Correa, L. M. S. (S>/d.). Aquisição da linguagem: uma retrospectiva dos últimos trinta.


(PUC-Rio). Recuperado de
https://www.scielo.br/j/delta/a/dtVJzLmFC9FQzdNWkJBW8kq/?lang=pt.

Chomsky, N. (1959). Review of Skinner's Verbal Behavior. In: L. A. Jakobovits & M. S.


Miron (eds.). (1967). Readings in the Psychology of Language Englewood Cliffs. N. J.
Prentice Hall.

Dias, F. (2010). O desenvolvimento cognitivo no processo de aquisição de linguagem.


Letrónica, v. 3, n. 2.

Finger, I. (2007). A aquisição da linguagem na perspectiva behaviorista. In: Quadros, R. M.


de & Finger, I. (2007). Teorias de aquisição da linguagem. p. 8-24.

Ingram, D. (1989). First Language Acquisition: Method, Description and Explanation.


Cambridge, CUP.

Kenedy, E. (2008). Gerativismo. In: Martelotta, M. E. (org.). Manual de linguística. 2ª


Edição, São Paulo, Contexto.

Menyuk, P. (1969). Sentences children use Cambridge. Mass, MIT Press.

_________. (1971) The Acquisition and Development of Language Englewood Cliffs. N. J.


Prentice-Hall.

Meyer, B. C; Raulino, V. R. & Pesce, M. k. de. (2021). Teorias de aquisição/aprendizagem


da língua(gem) relacionadas ao ensino de língua inglesa. Uberlândia, V. 8, n.1.

Mussalim, F. (2009). Linguística I. Curitiba, IESDE Brasil, S.A.

Pesce, M. K. de. (2017). A perspectiva cognitivista. Joinville, UNIVILLE.


14

Petter, M. M. T. (2018). Qual a diferença entre língua e linguagem? Nova Escol. PDF.
Recuperado de: <https://novaescola.org.br/conteudo/257/qual-a-diferenca-entre-lingua-e-
linguagem#:~:text=A%20linguagem%20%C3%A9%20a%20capacidade,gestos>.

Saussure, F. de. (2006). Curso de Linguística Geral. Organização: Charles Bally e Albert
Sechehaye; com a colaboração de Albert Riedlinger. Tradução: António Chelini, José
Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 27ª Edição, São Paulo, Cultrix.

Silva, B. da. (2020). Desenvolvimento da linguagem: uma proposta inatista. Filologia.org.br.


Recuperado de:
<http://www.filologia.org.br/iiijnlflp/textos_completos/pdf/Desenvolvimento%20da
%20linguagem-%20uma%20proposta%20inatista%20-%20BEATRIZ.pdf>.

Você também pode gostar