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GOIÂNIA – 2015
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RESUMO
Objetiva-se com este projeto descrever e analisar o papel do imperativo e da
imperatividade no processo de aquisição da língua portuguesa falada no Brasil. Com
base em dados já coletados e analisados anteriormente em trabalhos acadêmicos,
especialmente dados que abranjam o período de aquisição da linguagem
compreendidos entre os 10 a 30 meses de vida de uma criança, investigaremos qual
o papel do imperativo e da imperatividade no processo de aquisição do Português
Brasileiro. Para tanto, como é praxe na área de aquisição de linguagem, teremos
como eixos teóricos estudos provenientes da teorias da linguística, da psicologia e
de outras ciências que exibem interfaces para lidar com o processo de aquisição de
linguagem, sendo que o sociointeracionismo terá maior destaque em nossas
escolhas teóricas. A metodologia consistirá em uma pesquisa bibliográfica, a qual se
centrará na busca por dados nos trabalhos disponibilizados no banco de dados do
Scielo, Banco de teses e dissertações da CAPES e Periódicos CAPES, abrangendo
os anos de 2010 a 2015. Usaremos a palavra chave: aquisição de linguagem para
buscar os dados para a pesquisa. Em seguida, (re)analisaremos os dados de modo
a descrevê-los sob uma nova ótica, a da cena enunciativa, pois o contexto de
produção de fala é de suma importância para nossa pesquisa. Como resultados,
esperamos: descrever o papel do imperativo e da imperatividade no período de
aquisição de linguagem e verificar de que forma estes exercem influência no
processo de aquisição de linguagem e nas atividades de subjetivação da criança e
como essa influência é processada.
Palavras-chave: Aquisição de linguagem, imperatividade e imperativo, modos de
subjetivação.
Introdução
O presente projeto é fruto de algumas “indagações compartilhadas”, de
questionamentos no que se referem a alguns estudos que já foram realizados sobre
o processo de aquisição de linguagem. Dentre esses questionamentos, indagamo-
nos: i) como vamos nos apropriando (em tenra idade) do sistema linguístico – nível
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haverá a marcação morfológica para indicar que há uma ordem, pedido etc. Assim,
observaremos qual é o alcance do imperativo e da imperatividade numa cena
enunciativa feita em português para dizer em que medida o tom do diálogo é regido
ou não por esse modo num processo de aquisição da referida língua.
Nosso corpus de pesquisa centra-se em transcrições de fala já realizadas (no
período de aquisição da linguagem) e que atualmente são de domínio público por
estarem publicadas em trabalhos científicos-acadêmicos que estão disponíveis na
internet; analisaremos os dados buscando ver o imperativo e a imperatividade a
partir de uma abordagem relacionada ao sociointeracionismo, a qual pode ser
diferente das que foram usadas nos estudos em questão. Pretendemos compor um
corpus significativo para nosso estudo. Esse corpus será fruto de trabalhos que
versam sobre a aquisição do português brasileiro. Assim, nossos dados serão
gerados a partir de artigos, livros, teses, dissertações, etc.
à produção vocal da criança; o segundo é quando a criança espelha sua fala na fala
do adulto. O processo de complementariedade aparece quando os enunciados são
resgatados e complementados ora pelo adulto, ora pela criança, esse processo tem
como resultado uma sintaxe inicial da fala da criança, pois é responsável pelas
primeiras combinações de palavras realizadas pela criança. Por fim, no processo da
reciprocidade ou reversibilidade, a criança emprega uma postura diferenciada, onde
passa a assumir o papel que antes era do adulto no diálogo. Tal fase é o momento
em que a criança mostra-se mais atuante na linguagem, redefinindo e instaurando
novos diálogos.
A aquisição da linguagem teria, desse modo, no diálogo, não apenas as
condições necessárias para a construção de uma língua, sobretudo teria as
condições relevantes para o estabelecimento das relações intersubjetivas das quais
a criança apareceria como sujeito da linguagem. Frequentemente, nos trabalhos
dessa linha de pesquisa, o interlocutor é apresentado como o “Outro”, ou seja, como
representante da alteridade em uma relação intersubjetiva (cf. DE LEMOS, 1995). É
nesse aspecto que o estudo sobre aquisição da linguagem é concebido como
interdisciplinar, pois o entendimento do “Outro” é complexo e pode ser estudado por
vários vieses, como pelo sóciointeracionismo, nos estudos da Psicanálise e da
Análise do Discurso.
De Vygotsky, o sóciointeracionismo buscou incorporar o papel conferido à
língua, um sistema de signos socialmente compartilhado e, ao mesmo tempo,
instrumento da aquisição do conhecimento, que introduz a criança no curso de um
desenvolvimento sócio-histórico. Vygotsky (1979) atribuiu à linguagem [verbal] um
papel no centro do desenvolvimento cognitivo da criança, que de posse da língua
como instrumento, desenvolveria o que é chamado de “pensamento verbal”, ou seja,
operação mental que, ao se tornar consciente necessita de uma linguagem para “dar
corpo” a tal pensamento.
Bates (1979), por sua vez, investigou o desenvolvimento de dois
performativos que incluem essa atividade – o proto-imperativo e o proto-declarativo,
sendo essas duas funções complementares. No proto-imperativo, o objetivo da
criança é obter algo, algum objeto, e ela usa o adulto como meio para conseguir
esse objeto. No proto-declarativo, o objetivo da criança é a interação com o adulto,
ela passa a usar o objeto como pretexto para a comunicação. Veremos como essas
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OBJETIVOS
Objetivo Geral:
Analisar cenas enunciativas selecionadas e verificar quanto há do modo
imperativo de imperatividade na fala da criança em processo de aquisição da
linguagem, isto é, descrever e analisar qual é o papel do imperativo e da
imperatividade na aquisição do português brasileiro.
Objetivos Específicos:
Aplicar os conceitos teóricos do Sociointeracionismo e de outras teorias
para poder analisar as cenas enunciativas da criança e do adulto e analisar como se
dá o (proto)imperativo, o imperativo e a imperatividade nessas cenas;
Problematizar as noções de sujeito e identidade da criança quanto a
sua formação discursiva e como essas noções atuam no processo de aquisição de
linguagem;
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Metodologia
Partindo da pesquisa bibliográfica, pretendemos desenvolver uma pesquisa
empírica, para, mediante a construção de hipóteses pautadas em vestígios dos
dados, entender relações de causa e efeito num processo de aquisição de
linguagem - sendo a causa o diálogo entre criança e adulto, e o efeito do modo
imperativo e da imperatividade na aquisição do português brasileiro.
Sabe-se que “a pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os
principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de
fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema” (MARCONI &
LAKATOS, 2003, p. 158). Ou seja, trata-se de material já elaborado, constituído
basicamente de livros, artigos científicos etc. É conveniente, portanto, não confundir
com a pesquisa documental, que, embora muito semelhante à pesquisa
bibliográfica, distingue-se dessa quanto a natureza das fontes. Para Marconi e
Lakatos (2003, p. 158): “A característica da pesquisa documental é que a fonte de
coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se
denomina de fontes primárias”. De modo simples, a pesquisa documental
desmembra-se em fontes escritas ou não; fontes primárias ou secundárias;
contemporâneas ou retrospectivas.
Em um primeiro momento, investigaremos o que foi produzido na literatura
acadêmica nacional sobre a temática da aquisição da linguagem. Portanto, trata-se
de uma pesquisa bibliográfica, de caráter exploratório e descritivo, com enfoque
qualitativo. Será considerado como fonte de coleta os dados obtidos por meio do
banco de dados do Scielo, Banco de teses e dissertações da CAPES, livros,
Periódicos CAPES e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD).
Será utilizado o seguinte descritor/palavra-chave para a busca nos referidos bancos
de dados: aquisição de linguagem em crianças. Para o presente estudo será
considerado artigos, teses e dissertações compreendidas entre os anos de 2013 a
2015. Em um segundo momento, iremos refinar ainda mais nossa busca,
objetivando a busca de dados compreendidos na faixa etária dos 10 meses aos 30
meses.
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Cronograma
Início do curso de Mestrado: Março/2016
ANO – 2016
Atividades meses Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2. Revisão bibliográfica.
X X X X X X X X
ANO – 2017
Atividades meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1. Análise dos dados à luz das teorias. X X X X X X X
2. Redação da dissertação. X X X X X X
3. Revisão da dissertação pelo orientador. X
4. Exame de qualificação. X
5. Alterações sugeridas pela banca de X X X
qualificação.
ANO – 2018
2. Defesa da dissertação. X
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Referências
CHOMSKY, N. Language and Mind. New York: Harcourt, Brace & World, 1968
MELO, Lélia Erbolato. A psicolinguística: objeto, campo e método. In: MELO, Lélia
Erbolato (org.). Tópicos de Psicolinguística Aplicada. São Paulo:
Humanitas/FFLCH/USP, 1999.
http://rayfulannie.com/domeh.pdf
https://www.researchgate.net/publication/
280557437_Relationships_between_cognition_communication_and_quality_of_attac
hment
https://estantesetepsi.wordpress.com/2014/08/03/colecao-o-seminario-jacques-
lacan/