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Nossas vidas e realidades começam a ser programadas desde a fase intrauterina, uma
vez que passamos a existir da experiência de conexão de nossos pais, já que somos gerados
através de uma união reprodutiva. Além dessa relação biológica, temos também a relação
afetiva, sendo essa a mais profunda. Nosso pai e nossa mãe nos nutrem afetivamente, seja de
forma construtiva ou destrutiva, essa ligação não pode ser quebrada por nada, nem pela
morte.
Mesmo que você não tenha convivido com seus pais biológicos, seu corpo e alma
lembram da relação de seus genitores. Em muitos casos, essa relação pode ser traumática,
seja pela falta ou excesso de contato,ela sempre será a responsável por construir nossa
personalidade e criar nossa forma de nos relacionar com o mundo.
Sabendo que o fator biológico de reprodução consiste em pais que recebem vidas para
gerar vidas, faz-se relevante a compreensão de que esses reprodutores carregam em si
traumas e feridas emocionais que podem ser transferidas aos filhos, e os filhos, por sua vez,
repassam à próxima geração. Portanto, esse é um ciclo vicioso de dor e feridas emocionais
que se perpetua.
Ao ler este livro e tomar consciência sobre sua vida e sua traumabiografia, você
começa ter a oportunidade de parar a gravação daquele filme antigo, que já não serve mais ao
seu mais alto bem, e iniciar uma nova jornada no caminho da transformação e
ressignificação.
Quando você se der conta das consequências danosas provocadas por determinadas
experiências da sua infância, ao invés de se recriminar ou querer mal ao outro, aprenda a
aceitar a realidade, pois, essa faz parte da sua jornada de evolução. Nada é realmente ruim,
tudo está integrado a algo muito maior. É assim que vivemos a experiência da aceitação.
Por que não compreendemos o que os nossos desafios querem nos ensinar logo de
cara? Por causa do nosso ego, ele é alimentado pelas nossas crenças, e as crenças foram
originadas desde a nossa fase intrauterina.Veja, você já reparou que, quando você acusa ou
culpa alguém de alguma coisa, esse mesmo alguém acusa ou culpa você da mesma coisa?
Daí vêm a importância de aprender a se conhecer e a se aceitar. É isso que nos possibilita
vivenciar cada vez menos situações dolorosas e mudar o rumo da nossa vida.
A máscara não funciona como um bálsamo para o machucado, ela é apenas um escudo
para tentar camuflar a dor. Normalmente, todas as vezes que nos sentimos injustiçados, nosso
ego acredita que o outro precisa ser punido, por isso usamos a máscara. Ela serve para
esconder a dor e armar um sistema de defesa. Um exemplo muito claro é o de uma pessoa
que é autoritária, ela possui essa caraterística porque se sente muito inferiorizada, injustiçada,
e até humilhada, dessa forma se torna rígida e inflexível, pois, sendo assim, há a crença de
que poderá se defender para não ser machucada novamente. Nesse acaso, ao invés de ser a
vítima, ela se torna a própria agressora e, consequentemente, perpetua a dor da qual ela foi
vítima anteriormente.
Na verdade, todos nós, de alguma forma, somos vítimas de outras vítimas, e por esse
fato precisamos mudar nosso posicionamento e decidir se vamos continuar ferindo as pessoas
somente porque fomos feridos antes. A vingança e culpa só atraem mais do mesmo; nenhuma
pessoa que julga e cobra o outro encontrará paz dentro de si mesma. O movimento de
mudança e cura se inicia pela transformação de hábitos e atitudes dentro de nós mesmos.
As máscaras que criamos são visíveis na nossa aparência exterior, pois vão moldando
nosso corpo. Eu costumo comparar uma máscara como uma armadura, porque ao mesmo
tempo que ela te defende, também cria calos e impede a sua mobilidade. Utilizando uma
armadura, você dificilmente poderá ser abraçado e acolhido.
Para aqueles que ainda estão presos nas feridas emocionais, o amor tem uma
conotação de dor, de sofrimento e sufoco. “O AMOR ME SUFOCA”. Muitas pessoas não se
sentem aptas a receber amor, então, em uma relação, se isso acontece, a tendência é
esquivarem-se. Por isso digo que quem recebe amor demais fica ingrato e vai embora. A
pessoa não consegue receber afeto,pois, esse remete-a à sensação de suas próprias dores
vivenciadas na infância pelo excesso de contato. O pior de tudo isso é que, na verdade, tudo o
que mais buscamos é ser aceitos e amados, porém rejeitamos o afeto que nos é oferecido,
com medo de viver a mesma dor do passado.
O nosso corpo é um retrato do nosso inconsciente e ele sempre nos mostra, através de
sua linguagem, o que precisamos soltar, integrar e curar. Não há como esconder, pois os
mapas dos nossos traumas estão registrados na modelagem do nosso exterior. No entanto, à
medida que uma pessoa vai curando seus traumas ela vai se libertando.
Ao longo deste livro, no retrato de cada ferida e máscara criada a partir da infância,
você poderá identificar a sua armadura e também compreender como você vem agindo
perante a vida e aos outros. O mais importante é saber que essas máscaras e feridas não são
permanentes e que, à medida em que você vai trazendo tudo para a consciência, ocorre o
poder de mudança.
Na nossa infância passamos por 5 feridas emocionais, são elas: REJEIÇÃO, ABANDONO,
HUMILHAÇÃO, TRAIÇÃO e INJUSTIÇA . Abaixo, você poderá compreender como cada
uma pode estar atuando em sua vida, e qual você mais se identifica.
Boa leitura!
REJEIÇÃO
(FERIDA DA REJEIÇÃO)
A rejeição é uma ferida gerada nos primeiros meses de vida, inclusive, dentro da
barriga. Esse sentimento é muito profundo e delicado, pois aquele que sofre com essa dor não
compreende seu direito de existir. A rejeição acontece com o genitor do mesmo sexo, por
exemplo, o homem sentiu a rejeição do seu pai e a mulher da sua mãe. Um exemplo de
origem dessa ferida é quando uma criança não é desejada e a mãe quer abortar, ou não se
sente apta a ter um bebê, em decorrência de inúmeros fatores, sejam eles problemas
financeiros ou a relação do casal que não vai bem. Também há o fator de haver preferência
por sexo do bebê durante a gestação. Por exemplo, os pais desejam uma menina e nasce um
menino. Essas e mais milhares de possibilidades são as possíveis causas que geram o
sentimento de rejeição logo na infância. A criança sente que não é aceita e, dessa forma,
precisa de uma máscara para se defender da dor, com esse escudo emocional passa a existir a
possibilidade de sobreviver.
Se você reconhece a ferida da rejeição em si mesmo, entenda que é normal você ter
dificuldades com o genitor do mesmo sexo que o seu. Pois, naturalmente, você, muitas vezes,
rejeitará sua mãe, se você for mulher ou seu pai, e se você for homem. Essa é a maneira de
retribuir da mesma forma como se sentiu no passado. O problema disso é que ao rejeitar os
seus pais que são partes de você, estará rejeitando a si mesmo.
No momento em que a criança sente a rejeição, ela começa a fabricar para si o escudo
que é sua própria armadura na vida, a qual aqui chamamos de máscara. Normalmente, a
criança que teve essa experiência de rejeição na infância, tem a tendência de se encolher,
procurando o menor espaço possível. Pois, dessa forma, ela evita ser rejeitada.
A pessoa que tem a máscara escapista procura se esconder, não quer ser vista e precisa
passar por invisível diante de uma situação. A exposição gera o medo de ser julgada e
rejeitada, portanto, se diminui para não sofrer. É aquela pessoa que vive no mundo da lua,
que parece que se perde dentro de sua própria cabeça, quase, como se tivesse desconectado
do corpo físico.
Muitos pais se orgulham de seus filhos por não os incomodar e não darem trabalho.
Entretanto, aqueles filhos que ficam quietinhos e nem choram são crianças que dão uma
denúncia da sua ferida emocional. O mecanismo de sobrevivência diz: se eu me comportar e
fizer tudo bonitinho, você pode me deixar ficar com você? A criança faz de tudo para poder
viver, mesmo que isso lhe custe a própria vida.
Como terapeuta observo que essa dor foi originada dentro da barriga da mãe. Pois,
durante a gestação, a criança sente absolutamente tudo o que a mãe sente, como se estivesse
sendo com ela, e, muitas vezes, toma para ela a dor de sua genitora.
O escapista tem os olhos fundos e olheiras, marcas que trás desde seu período
intrauterino. Outra característica é o pânico. Além disso, a pessoa que sofre a ferida da
rejeição e fabricou a máscara escapista, tende a ser magra, esguia e tem os tornozelos finos.
Se a ferida for muito profunda, essa pessoa pode até fabricar uma camada grande de gordura
para evitar que vejam sua dor, mas seus tornozelos ainda permanecerão finos.
Talvez, você tenha lido até aqui um relato da sua própria história, de mães rejeitadas
que tendem a rejeitar os filhos. Por isso você está tendo agora a oportunidade de curar essa
ferida em você e na sua família. Aquilo que você vinha rejeitando nos outros é uma denúncia
daquilo que você rejeita em si mesmo e nem via.
A pessoa escapista sente que não tem escolha, que merece passar por situações
negativas, em um grupo se isola, pois tem medo de se posicionar e expor sua opinião. Se
considera solitária, tem poucos amigos na escola e no trabalho. Esse é um ciclo de
retroalimentação, pois, quanto mais se isola, mais se sente rejeitada, porque não se sente
vista e, em decorrência disso, se sente ainda mais excluída.
ALIMENTAÇÃO: Perde o apetite por estresse, quando se sente muito feliz ou muito triste.
Come pouco, pois precisa ocupar um pequeno espaço no mundo. Tem a tendência de gerar
vícios para tentar compensar o vazio emocional que sente.
INFORMAÇÕES CORPORAIS: corpo fragmentado, estreito, a pele parece que gruda nos
ossos, sensação de que não há carne, contraído, olhos pequenos e olheiras.
ABANDONO
(FERIDA DO ABANDONO)
A ferida do abandono é gerada entre 1 a 3 anos de idade com o genitor do sexo
oposto.
Muitas pessoas confundem abandono com rejeição, mas na rejeição você é rejeitado,
enquanto que no abandono você é deixado, e, portanto, se sente sozinho. Normalmente, esse
sentimento é originado de formas diferentes para cada pessoa, vou citar aqui algumas
possibilidades. Sendo uma delas o fato de uma criança pequena que passa a ter um irmão e,
por essa razão, a mãe começa a dar mais atenção ao bebê do que à criança mais velha. Outro
fator é quando a genitora volta ao trabalho de uma rotina longa, também quando há o fato do
pai que abandona a família, não assume a paternidade ou trabalha longe e a criança não o vê.
Ainda há casos de doenças em que os pais ou a criança precisam ficar em hospitais e isso
gera o sentimento de abandono.
A criança que é impactada pela ferida do abandono torna-se uma pessoa dependente,
essa característica é sua máscara, logo, seu mecanismo de sobrevivência. Ela tem sempre a
sensação de que vai ser deixada, em razão desse medo, muitas não conseguem se relacionar
ou confiar em outras pessoas, e, sendo assim, se tornam a própria abandonadora para que
não seja abandonada.
O importante é entender que os filhos precisam ver os pais sem as lentes dos adultos,
pois uma criança sempre ama seus pais, sejam eles quem forem. São os julgamentos dos
adultos que criam uma predisposição a julgar e interpretar o outro com uma visão distorcida.
O dependente, claramente, precisa de aprovação, de validação, precisa ser visto e
reconhecido. Então, ele inicia esse processo sendo o salvador dos outros e dessa forma
começa a cuidar de todo mundo da família. Portanto, é aquele que resolve os problemas em
troca, é claro, de ser visto. Se comporta dessa forma para não ser abandonado, pois se for útil
e importante para todos, quem poderá deixá-lo?
Esse sujeito sofre de dores terríveis nas costas, pois carrega, por todos a sua volta, os
problemas e responsabilidades, na intenção de continuar sendo visto. Dessa forma,
desvaloriza os outros e os faz refém de suas próprias ações, criando a dependência alheia da
qual ele mesmo sofre.
As pessoas que fazem tudo pelos outros acabam atraindo dependentes. Pois, dessa
maneira, elas continuarão sendo importantes, enquanto estiverem cuidando de terceiros. Isso
tira a força do outro, pois aquele que ajuda, que é o abandonado, precisa daquele que irá
receber sua ajuda. Sendo assim, o sujeito abandonado, tende a se alimentar da dependência
do outro, criando sua própria dependência emocional, ele faz isso por não se sentir importante
o suficiente.
Toda pessoa que quer salvar o outro, no fundo, tenta salvar a si mesma de uma forma
oculta. Pois, essa tem medo de olhar para si mesma e ver toda dor pela qual passou. Desse
modo, procura mascarar a sua própria dor, cuidando das feridas do outro.
A maior parte das pessoas que sofrem dessa ferida não se sentiu nutrida e alimentada,
isso cria uma máscara de carência. Sendo assim, o perfil desse sujeito é de um corpo magro,
apático, com falta de tônus e flacidez. O dependente acha que não pode conquistar nada
sozinho, sempre precisa de outras pessoas para ajudá-lo a fazer determinada coisa. Seu corpo
precisa de um apoio, como uma criança que pede a mão para poder caminhar.
A pessoa que vive essa ferida, dificilmente, termina um relacionamento, mesmo que
se sinta infeliz e que tudo esteja desmoronando. Ela é capaz de negligenciar o ocorrido e,
portanto, prefere fingir para si mesma que está tudo bem do que tomar uma atitude e ser
deixada novamente.
O dependente julga que os outros são melhores do que ele, vive preso na comparação
e sente que não é merecedor das coisas. A emoção que mais tem é a tristeza, essa sensação
depressiva o consome. Muitas vezes, nem sabe de onde vem, mas mesmo assim sente. Por
isso procura outras pessoas para conviver, pois isso trás a sensação de que a tristeza diminui.
É a pessoa que precisa sempre estar com alguém, porque não suporta ficar sozinha.
Sobretudo, é comum ver uma pessoa dependente chorar, pois ela fala dos seus sentimentos e
emoções facilmente. Além disso, costuma tocar nas pessoas, e quando está em pé precisa
ficar escorada em algo, seja na porta ou na parede.
Uma mãe que é dependente necessita muito de seus filhos, e, além disso, os
superprotegem pelo fato de terem medo de ser abandonada por eles. Ela projeta nos filhos
aquilo que ela não teve com seus pais, dessa forma, torna-os reféns de suas dores. Essas
mesmas mães costumam sofrer do ninho vazio depois que o filho sai de casa.
Já os homens que são dependentes falam, muitas vezes, que não querem ter filhos para
não perderem a atenção da esposa, e se vir acontecer de ter, eles reclamam que a mulher fica
mais com as crianças do que com eles. Além disso, o homem dependente usa o sexo para
segurar a parceira, mantendo o outro perto para não se sentir novamente sozinho ou
abandonado. Por outro lado, as mulheres deste perfil tendem a ficarem em um casamento até
sem relação sexual, mesmo sabendo que estão sendo traídas, tudo isso só para não serem
abandonadas.
(FERIDA DA HUMILHAÇÃO)
Essa ferida surge entre 1 a 3 anos de idade. Ela tem início quando começa a ser
solicitado para a criança olhar as suas próprias funções, assim como caminhar sozinha, falar,
comer, ir ao banheiro e fazer suas necessidades.
Isso acontece justamente pela criança sentir que os pais têm vergonha dela por algo
que ela faz e que eles não consideram certo, como por exemplo o fato de comer errado e se
sujar, fazer cocô na roupa, quando já deveria fazer no vaso e atividades parecidas. Muitas
vezes, os pais olham para a criança e a julgam, é a partir dessa atitude que ela sente e começa
se reprimir, o que a faz criar uma máscara para lidar com a dor dessa humilhação.
A criança que vivencia a ferida da humilhação reforça, cada vez mais, esse padrão
internamente, isso acontece muito nas escolas, através do bullying. Entretanto, não é só no
ambiente escolar que isso ocorre. Na família, quando a criança é reprimida pelos pais, assim,
como por exemplo, ao brincar e sujar a roupa limpa e, em decorrência disso, acaba
apanhando na frente dos outros, essa tende a tornar-se um adolescente rebelde, que quebra
regras e fica buscando situações para sofrerem a ferida da humilhação. Dessa forma, há a
satisfação de suas necessidades internas de se sentirem diminuídos e desvalorizados. Pois, a
nossa tendência é sempre voltarmos para aquilo que vivemos com emoções muito fortes.
O sentimento de vergonha e culpa são suas companhias diárias. Essa é uma pessoa
que tende a se punir frequentemente. Parece que gosta de sofrer e sempre procura
relacionamentos conturbados que a fazem sentir dor para poder continuar vivendo no ciclo
vicioso. O masoquista se julga sujo, relaxado, se sente menor do que os outros e acha que seu
corpo, por ser grande, trás desvalorização. Esse perfil costuma ter um rosto redondo e
excesso de gordura. Além disso, é apegado com a mãe e gosta de fazer tudo por todo mundo,
chegando até mendigar amor. Tudo que faz é pensando na validação que terá.
Esse perfil do humilhado é uma pessoa que fala da vergonha que sente por ter feito a
mãe sofrer, e, portanto, por ela é capaz de fazer qualquer coisa, inclusive abdicar da sua
própria vida em prol de atender as necessidades da mãe. Fica sempre se culpando por aquilo
que fez e também que não fez. Mesmo assim, quer sempre se mostrar útil para obter a
validação que deseja.É alguém que acha que está sempre incomodando. Então, ele chega e
pergunta: “você tem um minutinho para mim?”. Tem dentro de si um diálogo interno de
autodepreciação que se recrimina e até assume a culpa pelos outros. Fica pedindo desculpas o
tempo todo.
Para o masoquista é importante ter liberdade, isso significa: ninguém vigiando! Dessa
forma se sente livre para ser ele mesmo e, com isso, exagera. Come demais, compra demais,
bebe demais, trabalha demais, gasta demais, fala demais e ajuda demais. Logo depois, se
pune e entra em um processo de autodepreciação interna.Portanto, o masoquista quer muito
ser livre, mas, ao mesmo tempo, tem muito medo da liberdade, pois não consegue ter os
limites seguros e, depois, se culpa pelo que fez.
Nas relações amorosas o masoquista tenta punir o parceiro, mas acaba punindo a si
mesmo. Por exemplo, uma mulher que foi traída evita ter relação sexual com o companheiro
a fim de puni-lo, mas, enquanto o pune, ela mesma não tem seus momentos de prazer. O
masoquista não se permite sentir prazer e viver com leveza, sempre que ele se perceber em
uma situação confortável, fará de tudo para encontrar um conflito, se não encontrar, ele criará
um para satisfazer sua necessidade interna que é o costume de sofrer.
As relações são sempre escolhidas a dedo para que faça a pessoa voltar à humilhação
que ela vivenciou na infância. Portanto, encontra-se sempre atraída por parceiros que bebe
exageradamente, por um colega de trabalho que lhe esnobe, uma esposa que flerta com outros
homens e assim por diante.
O masoquista sente muito nojo, de si mesmo e dos outros.E cria situações para sentir
ainda mais essa repulsa, sente nojo da sujeira, nojo da comida, nojo das pessoas, até nojo do
seu próprio corpo. Porém, ele quer ser digno a todo o custo.
Normalmente, o masoquista busca recompensa na comida, é a maneira que ele tem de
se presentear, pois, dessa forma, sente que preenche seus buracos emocionais, através do
alimento. Entretanto, deseja muito emagrecer, pois tem problemas com a obesidade, mas não
consegue fazer uma dieta. Fica sempre no efeito sanfona, emagrece e engorda.
INÍCIO DA FERIDA: Entre 1 e 3 anos de idade, relacionado com a mãe, se sentiu humilhado
pelas regras e verdades dela.
MÁSCARA: Masoquista.
INFORMAÇÕES CORPORAIS: Facilidade em engordar, parece que o corpo não cresce, que
congelou na infância e ocorre inchaço.
ALIMENTAÇÃO: Prefere frituras, comidas gordurosas, come várias vezes, belisca o dia
todo e tem vergonha de comprar doces e guloseimas para comer.
TRAIÇÃO
(FERIDA DA TRAIÇÃO)
A mesma coisa acontece com o menino em relação a sua mãe.Se nesta fase o menino
dormir com a mãe e ela se separar do pai, ele pode achar que sua genitora é só dele e, a partir
desse momento, passa a assumir o lugar da sua figura paterna. Se a criança não for frustrada
nessa busca, automaticamente, a mãe ficará sempre como a sua melhor namorada, é o caso
daqueles homens que têm 40 anos de idade e ainda moram com a mãe, pois estão literalmente
casados com ela. Ainda nesta fase, se o pai maltratar a mãe ou traí-la, o menino irá tomar as
dores de sua genitora e verá o pai como vilão, sentirá raiva e poderá desejar a vingança. Com
a menina também acontece isso, pois o pai é o alvo da atenção e admiração dela, e a mãe é a
“ bruxa má”. Para a menina, se a mãe se desentender com o pai, nesta fase ela irá tomar as
dores dele e poderá criar um bloqueio com a mãe.
A menina, por sua vez, tomando, aqui, um exemplo de situação,se o seu pai gosta de
sair e a mãe não, ela, automaticamente, torna-se a companheirinha do pai, e vai com ele onde
ele for. Sendo assim, a mãe fica cada vez mais excluída e desvalorizada, enquanto a menina
busca ser para o pai o que a mãe não está sendo. É também nessa fase que acontecem os
abusos sexuais, que podem ser uma espécie de lealdade invisível com o pai ou mãe. Pois,
normalmente, uma criança que foi abusada, teve pais que também foram, e, às vezes, até
presenciaram os abusos na própria relação do casamento dos seus pais.
É muito doloroso olhar para tudo isso, pois, muitas vezes, são memórias escondidas
há sete chaves, mas ao olhar, você pode iniciar o processo de cura, e não é sobre se culpar ou
ter pena de si mesmo, é de fato resolver e curar aquilo que trazia dor e desconforto. Ao fazer
a jornada de aceitação, cura e transformação, a sexualidade é liberada, e a livre expressão
também. É realmente incrível! Eu já atendi tantas pessoas que mudaram completamente
quando passaram a olhar para suas dores e iniciaram o processo de cura e transformação.
É também sempre importante para nós, como filhos, não tomarmos as dores dos
nossos pais, pois eles são os grandes e nós somos os pequenos. Não podemos salvá-los,
somos apenas os filhos e eles são os pais. Aquilo que acontece entre os dois não nos cabe
como filhos. Tudo o que precisamos fazer é deixar as projeções que vivemos deles, e sentir
gratidão pela vida que eles nos deram.
A ferida da traição acontece quando o genitor não cumpre uma promessa que se
comprometeu, e, portanto, dessa forma, acaba traindo a confiança da criança. A ferida, por
exemplo, pode ser originada quando a criança sente que o pai está dando mais atenção para a
mãe ou a mãe mais atenção para o pai do que para ela mesma, isso faz com que a criança
sinta que está sendo traída e trocada. Esse sentimento de traição, ocorre também quando a
menina se sente deixada de lado pelo pai, após o nascimento de um irmãozinho. A partir
desse momento, a criança inicia o processo de construção da máscara do controlador para sua
própria defesa.
As pessoas com essa ferida conquistam o seu lugar e, normalmente, são bem
atraentes. Gostam de chegar antes para ter controle de tudo, tem dificuldades de confiar nas
pessoas, pois acha que elas podem cometer traições. Esse perfil não pode ver as pessoas sem
fazer nada,no ócio, que já acha que são preguiçosas. O controlador precisa sempre encontrar
algo para fazer, tanto para ele quanto para os outros. É importante sempre perceber que o
controlador, muitas vezes, tem uma pequena saliência na barriga, e não parece gordo. A
gordura sempre é um escudo usado pelas pessoas que não conseguem ocupar o seu lugar no
mundo.
Quando o controlador olha para uma pessoa, ele tem uma espécie de magnetismo. Usa
os olhos para controlar e também para fazer o outro se sentir especial. O controlador,
dificilmente, se abre com os outros, pois teme que suas dificuldades ou vulnerabilidades lhe
façam perder o controle. Esse perfil tem respostas para tudo, e não admite desconhecer algo.
É aquela pessoa que diz: “Ah, eu já sabia!”. Ele se alimenta da dependência que os outros
têm dele, e sempre quer manter o controle de tudo o que está a sua volta.
INÍCIO DA FERIDA: Ela tem início entre os 2 e os 4 anos com o pai, se for menino, ou com
a mãe, se for menina. A criança sente que foi traída na sua confiança e expectativas e
precisou se proteger com sua máscara de controle.
MÁSCARA: Controlador.
INFORMAÇÕES CORPORAIS: Mostra força e poder. No homem, ombros mais largos que
os quadris. Na mulher, quadris mais largos e fortes que os ombros. Peito estufado. Barriga
proeminente.
VOCABULÁRIO: Eu faço, eu sei, pode deixar que eu já conheço, sou capaz, eu já sabia.
(FERIDA DA INJUSTIÇA)
A ferida da injustiça acontece no período do desenvolvimento da individualidade da
criança, entre os 4 e os 6 anos de idade, no momento em que a criança se torna consciente de
que é um ser humano.
Normalmente, essa ferida é vivenciada com o genitor do mesmo sexo, menina com a
mãe menino com o pai. A criança sofre por sentir frieza do pai ou da mãe, ela interpreta que a
mãe é distante afetivamente e o pai não dá o amor e atenção devida. O principal início desse
processo acontece quando a criança vivencia o autoritarismo, críticas, intolerância e até o
conformismo. Muitos pais e mães vivenciaram uma ferida semelhante na infância deles, por
isso replicam nos filhos. Os pais só dão o que eles têm. Diante dessa situação, a criança cria a
máscara da rigidez para lidar com essa ferida, ela desenvolve a casca e escudo que lhe
protege contra a vivência da dor. O rígido age como se não sentisse nada, mas, na verdade, é
muito sensível e bloqueia essa sensibilidade, uma vez que ela a condicionou à dor.
Os rígidos tendem a cruzar os braços, pois assim bloqueiam o plexo solar e dessa
forma conseguem inibir os sentimentos. Outra forma de se proteger é usar muita roupa preta,
as pessoas que sofreram a ferida da rejeição e da injustiça tem muitas roupas pretas, mas o
escapista usa para se esconder e não ser visto, já o rígido usa para bloquear suas emoções.
Esse perfil busca correção e justiça o tempo todo, são aquelas pessoas justiceiras que
querem a todo o custo fazer com que sua percepção sobre a realidade prevaleça. O corpo é
reto e proporcional, mesmo que engorde, será sempre proporcional. Ele tem muito medo de
engordar e fará de tudo para isso não acontecer, pois detesta ter barriga aparente, e gosta de
usar roupas que marquem a cintura. Pois dessa forma, pode usar um cinto, acessório que o
separa, novamente, do sentir.
São pessoas inquietas com movimentos dinâmicos, não são muito flexíveis e tendem a
trazer rigidez para sua vida, seguindo regras em quase tudo. Sofrem com a falta de tempo,
ignoram o que sentem, vivem em um enquadramento imenso sobre o que é certo e errado,
bonito e feio, bom ou ruim. Procuram ter razão em tudo, pois mesmo que estejam diante de
algum especialista, sempre precisarão ser validadas para reter novamente seu lugar justo. Se o
outro ousa revidar ou falar que não concorda com seu posicionamento, a pessoa de máscara
rígida levará isso como uma ofensa e se sentirá injustiçada. Ela não gosta de demonstrar
sentimentos ou tensão, mas quando é abalada muda seu tom de voz, é seca e dura. A
vulnerabilidade é algo que o rígido não demonstra, pois, fazer isso seria revelar aos outros os
seus segredos, isso iria fragilizá-lo e tudo o que ele precisa é continuar no lugar do certo, de
certeza.
O maior sofrimento do rígido é o medo de errar e de não sair como o planejado. Tem
a tendência de ficar vermelho facilmente quando sente vergonha ou quando percebe que algo
não estava certo. E o que acontece, nessa situação, é que aquilo que damos atenção cresce.
Se há uma concentração no que é errado, certamente, atrairemos mais erros para a nossa
vida.Se alguém disser: “você não pode errar agora” é provável que você sinta medo de errar
e, sendo assim, erre. Esse ciclo acontece justamente para que a pessoa possa validar suas
crenças sobre injustiça e sofrer novamente a dor da ferida da qual tanto quer esconder.
A pessoa rígida tem uma exigência imensa consigo mesma, sempre se cobrando para
ser melhor, e usa a comparação com os outros para se cobrar ainda mais. Normalmente, sofre
de ansiedade e tensão, pois está sempre contraindo seu corpo, porque esse perfil tende a
acreditar que tudo tem que estar no seu devido lugar. Ele não respeita seus limites e nem quer
os conhecer, pois isso seria sinônimo de derrota pelo injusto e incerto. Ele vai até o fim, não
importa o que aconteça.
O maior problema do rígido é que ele julga que os outros foram injustos com ele, mas
ele não percebe que com seus pensamentos e comportamentos ele é injusto consigo mesmo.
Para ele, receber presentes e agrados é difícil, pois se sente em dívida, é aquela pessoa que
diz: “ Não precisava, imagina!”, “E agora o que eu vou te dar em troca?!”.De fato se sente em
desequilíbrio mesmo ao receber, pois tudo precisa estar em linhas retas e justas.
A pessoa rígida se policia para não perder os limites e, assim, ser injusta com o outro.
Já o perfil controlador, se policia para não perder o controle da situação e o seu lugar.
O rígido, raramente fica doente, pois é muito severo com seu corpo, se obriga a
melhorar rapidamente, pois não pode precisar da ajuda dos outros, e tampouco ser cuidado. A
emoção mais vivenciada por ele é a raiva, sente raiva de si mesmo, da situação e da injustiça.
Quer mudar as coisas e organizar tudo a todo o custo.
Ele tem medo da frieza dos outros, mas é frio consigo mesmo, e acaba, por vezes,
sendo até frio com os outros, por conta da sua rigidez. Respeito e honra são os mais
importantes, e vive de uma forma até conservadora. Possui dificuldades de sentir prazer, pois
traz rigidez para a sexualidade e não consegue se entregar.
COMO A FERIDA DA INJUSTIÇA ATUA
INÍCIO DA FERIDA: Ela tem início entre os 4 e os 6 anos, com o pai, se for menino e com a
mãe, se for menina. Tem uma busca constante por justiça e é regido pelo certo e errado.
MÁSCARA: Rígido.
VOCABULÁRIO: Sempre, nunca, muito, certo, é justo, isso não pode acontecer.
A CHAVE
Desejo profundamente que essas descrições no texto acima, que são um compilado das
minhas experiências terapêuticas e de estudos que fiz, ajudem você neste processo de
autoconhecimento.
Seja o que for que você tenha identificado em si, durante essa leitura, é importante que
você possa entender que mesmo que a ferida tenha acontecido, ela não precisa permanecer para
o resto da sua vida e gerações. A ferida foi vivenciada na sua infância e pode ser curada pelo seu
eu adulto, a partir do momento que você tomar consciência e iniciar um processo terapêutico de
mudança de comportamentos e reprogramação mental para se libertar das amarras do passado
e viver com mais leveza.
As máscaras serviram como escudo, como uma armadura para que você pudesse
sobreviver e esconder o que te fazia sentir dor. Agora, ao entender que elas fazem parte da sua
forma de compensação, você inicia um processo de soltar a máscara e deixar essa armadura
cair.
O amor sempre é a melhor escolha para que a cura aconteça. Ao sentir o amor, você
pode ser livre, você entende que tudo foi perfeito do jeito que foi, e que mesmo diante das
dificuldades, a vida que existia em você continua a existir, e tudo aconteceu como deveria.
Se você chegou até aqui, neste livro, então é hora de dar um passo a mais em direção ao
seu processo de autoconhecimento, para isso vou deixar , logo abaixo, um link para você fazer
uma meditação guiada por mim, e ajudar a criança que você foi, a ser curada. Também deixo
um outro link para que você possa acessar uma oportunidade de continuar seu processo de
autodesenvolvimento e cura.
Aqui você assume a responsabilidade sobre sua vida e cura suas feridas do passado,
saindo da vitimização e tomando para si a força que tem para criar a realidade que deseja.
Parabéns! E gratidão por estarmos juntos neste processo de cura. Quando você se cura,
uma parte de mim também é curada. A cura que você fizer em você se perpetuará para as
próximas gerações. Você é o ancestral do amanhã!