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BILÍNGUE:
POSSIBILIDADES NO
CONTEXTO BRASILEIRO
VANESSA TENÓRIO
FÁTIMA TENÓRIO
JULHO/2018
www.systemic.com.br
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ . 04
4. O CONTEXTO BRASILEIRO................................................................................ . 17
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... . 24
1
IN
TRO
DU
ÇÃO
Atualmente é grande o debate em torno da educação bilíngue no Brasil,
desde a própria definição do que é de fato educação bilíngue e da eficácia do
modelo para desenvolver a fluência em uma língua adicional. Neste e-book,
faremos um breve histórico crítico das abordagens e métodos para o ensino
de uma língua adicional e uma análise da eficácia do ensino de conteúdo de
disciplinas diversas em uma língua adicional como meio para desenvolver tan-
to um quanto o outro e levar o aluno à fluência nessa língua.
5.
2
BREVE
HISTÓRICO
E ANÁLISE
DE ABORDAGENS
E MÉTODOS
PARA O ENSINO
DE UMA LÍNGUA
ADICIONAL
A visão do processo de ensino-aprendizagem de uma língua adicional vem
mudando consideravelmente ao longo das últimas décadas. O primeiros mé-
todos de que se tem notícia baseavam-se em estudo da gramática e tradução.
Esses métodos se agrupam sob a denominação de Grammar-Translation.
Havia, portanto, uma total dependência e comparação da língua adicional à
língua nativa, além do uso quase exclusivo de textos escritos.
7.
“… learning to master a language is a process that cannot be defined
by the simple acquisition of its form and structures, a minimalist view
that fails to reflect the complex nature of language. […] Rather, it im-
plies the acquisition of sufficient knowledge to become sensitive to
the way reality is perceived through the particular cultural lens asso-
ciated with the language being studied.”
.8
Com base nessas teorias, novos métodos de ensino foram desenvolvidos
sob a denominação genérica de Communicative Language Teaching (CLT),
cujo foco principal passou a ser a comunicação efetiva e não a reprodução
precisa de estruturas. O significado (meaning) se sobrepôs à forma (form).
Um dos maiores defensores dessa abordagem foi o linguista Stephen Krashen.
9.
edback). Em intervenções proativas, são planejadas atividades que integram
conteúdo e os aspectos da língua a serem trabalhados. Em intervenções rea-
tivas, durante as interações em sala de aula, o professor faz uso de uma série
de técnicas para chamar a atenção do aluno para uma construção imprecisa,
levá-lo a reconhecer tal imprecisão e refazê-la.
(Lyster, 2018, p. 2)
. 10
3
CONTEXTOS
E MODELOS
DE EDUCAÇÃO
BILÍNGUE
Além do Canadian Immersion, diversos modelos de CBLT apareceram em
todo o mundo. A definição de CBLT é muitas vezes a mesma de Educação
Bilíngue (Bilingual Education), dependendo do autor. Lyster (2018) e Light-
bown (2014) utilizam CBLT enquanto Garcia (2009) utiliza Bilingual Education.
Para esses três autores, CLIL (Content and Language Integrated Learning) é
um modelo de CBLT ou de Bilingual Education. Curiosamente, para Coyle,
Hood e Marsh (2010), CLIL é o termo genérico equivalente a CBLT, enquanto
Bilingual Education é um modelo de CLIL.
“As bilingual education efforts around the world have expanded, each
local context has adapted the type to fit its need. […] No one type is
better than the other. The advantages of one type over the other are
always related to the lens through which one looks, and the goals as-
pirations, and wishes of parents and children, as well as the educatio-
nal resources that are available.”
. 12
3.1 O CONTEXTO EM QUE ALUNOS IMIGRANTES
OU FALANTES DE UMA LÍNGUA MINORITÁRIA TÊM
QUE APRENDER A LÍNGUA OFICIAL DO PAÍS PARA
ACOMPANHAR O PROGRAMA ESCOLAR
Nos Estados Unidos e Canadá, por exemplo, e mais recentemente em al-
guns países da Europa, as escolas lidam com a questão dos imigrantes, que
chegam ao país com pouco ou nenhum domínio da língua oficial utilizada na
escola. Vários modelos surgiram para tentar elevar o nível linguístico desses
alunos de modo que eles consigam se integrar à sala de aula regular e pro-
gredir nos conteúdos das diversas disciplinas no mesmo nível de seus pares
falantes do idioma oficial. É o caso da Sheltered Content Instruction nos EUA,
em que professores de matérias diversas recebem formação específica para
ajudar os alunos a desenvolver o inglês enquanto aprendem o conteúdo de
suas matérias. Em outros casos, algumas escolas adotam um modelo em que
a educação é feita, parte na língua local (a língua oficial do país) e parte, em
uma segunda língua, normalmente a língua nativa de muitos imigrantes da
área em que a escola se localiza. Dessa maneira alunos falantes da língua local
desenvolvem uma língua adicional e os imigrantes desenvolvem a língua local.
Este modelo é chamado de Dual Immersion (Lightbown, 2014).
Vale ressaltar que antes da ascensão do CBLT como uma abordagem efi-
caz para o desenvolvimento de uma segunda língua, a prática mais utilizada
nas escolas dos EUA era deixar o aluno que ainda não se comunicava bem no
inglês na sala de aula regular junto com os nativos da língua e eventualmente
retirá-lo da sala para aulas de inglês. Essas aulas eram dadas de maneira tra-
dicional, ou seja, o aluno estudava a gramática da língua de maneira sequen-
cial e hierárquica (primeiro o presente, depois passado, futuro e condicional
isoladamente) e treinava “pedaços” dela em scripts “pré-fabricados”, descon-
textualizados e distantes da realidade da língua real, falada no dia a dia. Além
disso, os contextos utilizados nos materiais e nas aulas tradicionais de inglês
não tinham qualquer conexão com os contextos acadêmicos das matérias
escolares. Essa prática é denominada Pull-out ESL Instruction e é ainda muito
utilizada nas escolas dos EUA.
Uma prática mais recente nos EUA é Push-in ESL Instruction. Neste caso,
o professor especialista em ensino de inglês como segunda língua (ESL - En-
glish as a Second Language), entra em salas de outras matérias para ajudar os
alunos que ainda não dominam o inglês. Às vezes ele ajuda particularmente
13 .
um ou mais alunos com a compreensão e a produção do conteúdo durante
a aula e outras vezes, alterna o comando da sala com o professor da outra
disciplina. Este modelo pressupõe um trabalho colaborativo entre o professor
de ESL e os professores de todas as demais disciplinas em termos de planeja-
mento e execução das aulas. Em seu blog do Tesol, Hanes (2016) enfatiza que
ainda é muito acalorado o debate sobre que modelo, ou combinação deles,
deve ser utilizado com alunos que estão aprendendo o inglês (ELL - English
Language Learners).
. 14
Conforme já colocado, o Canadian Immersion é o modelo mais antigo em
termos de documentação e pesquisas acadêmicas. Na verdade, sob o título
genérico de Canadian Immersion, há várias possibilidades de implantação.
No Total Early Immersion, por exemplo, o ensino é feito completamente em
francês, que é a língua adicional (e língua oficial em uma parte do país), desde
o Kindergarten (equivalente ao 1o ano do Ensino Fundamental no Brasil) ao
5o ano. Depois, metade das disciplinas passam a ser ensinadas em inglês, a
língua nativa, e metade em francês. Gradualmente, o ensino passa a ser mais
em inglês, ficando apenas uma ou duas disciplinas sendo dadas em francês.
Em outros modelos, há variação tanto na idade em que o ensino começa a ser
feito na língua adicional quanto na quantidade de disciplinas dadas por meio
dessa língua.
Nos anos 1990, foi lançado o termo CLIL, que entendemos ser uma “ver-
são europeia” de CBLT, uma redefinição desta abordagem de acordo com
os modelos propostos para serem implementados em países da União Euro-
peia, considerando as especificidades desse contexto. Do Coyle, Philip Hood
e David Marsh, que participaram da definição e disseminação do conceito de
CLIL, defendem que este é um novo conceito na medida em que propõe uma
maneira inovadora de fundir o ensino da língua ao ensino de outras discipli-
nas curriculares (Coyle, Hood e Marsh, 2010). Entretanto, Cenoz, Genesee e
Gorter (2014) fazem uma análise crítica sobre a afirmação de que CLIL é um
conceito novo e se diferencia de outros tipos de CBLT, desconstruindo tal
afirmação sob vários pontos de vista e demonstrando que não há nada que
realmente diferencie CLIL de outras iniciativas de CBLT a não ser o contexto
histórico de sua origem.
15 .
chamam de “unidades de trabalho de CLIL”. Esse guia inclui ferramentas de
reflexão e planejamento e um passo-a-passo de como criar planos de aula
dentro da abordagem.
. 16
4
CON
TEX
TO
BRASILEIRO
Igualmente no Brasil, múltiplos modelos de CBLT/CLIL têm sido adotados.
Aqui, tornou-se comum a utilização do termo ‘escola bilíngue’ para se referir
àquelas escolas que, de alguma forma, ensinam inglês (ou outra língua adicio-
nal) por meio de conteúdo de outras disciplinas.
. 18
• uma linha pedagógica bem embasada para o ensino de conteúdo por
meio de uma língua adicional;
19 .
5
CBTEFL
E EDUCAÇÃO BILÍNGUE
MULTIDIMENSIONAL:
UMA PROPOSTA PARA
O CONTEXTO BRASILEIRO
5.1. CBTEFL- CONTENT-BASED TEACHING OF ENGLISH AS A
FOREIGN LANGUAGE
Um modelo de educação deve levar em consideração as características de
seu contexto e os recursos disponíveis. Se não o fizer estará fadado à falência
ou, minimamente, à obtenção de resultados insatisfatórios. Analisando esses
aspectos no contexto brasileiro no início dos anos 2000, concluímos que:
No final dos anos 1990, nós começamos a pesquisar sobre CBLT, visitar
escolas nos EUA e Reino Unido que tinham imigrantes cujo inglês ainda esta-
va em desenvolvimento, participar de conferências internacionais para tentar
entender melhor esse tipo de abordagem e pensar em soluções mais eficazes
para o desenvolvimento do inglês no contexto escolar brasileiro. Desenhamos
um modelo inicial de CBLT, implantamos o projeto piloto em 2002 em nossa
escola de idiomas e buscamos formação mais sólida em nível de mestrado
para dar suporte às nossas pesquisas. Durante alguns anos, refinamos o mo-
delo, propondo e testando novas hipóteses a partir de observações de aulas e
de resultados de alunos.
21 .
Para representar melhor o contexto brasileiro e as especificidades do nosso
modelo criamos o acrônimo CBTEFL - Content-Based Teaching of English as
a Foreign Language. A partir de 2005 apresentamos nosso modelo em algu-
mas conferências internacionais na Espanha, Reino Unido, EUA, Índia, Japão
e Alemanha. Nosso objetivo era validar o modelo junto a especialistas e trocar
experiências.
. 22
• formação de coordenadores para desenvolver e acompanhar a im-
plantação e utilização do método e material;
23 .
6
REFE
RÊN
CIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Cammarata, L., Tedick, D., and Osborn, T. (2016) Content-Based Instruction
and Curricular Reforms: Issues and Goals. In: Content-Based Foreign Langua-
ge Teaching: Curriculum and Pedagogy for Developing Advanced Thinking
and Literacy Skills, L. Cammarata, ed. New York, NY: Routledge. pp. 1-21.
Cenoz, J., Genesee, F., and Gorter, D. (2014) Critical Analysis of CLIL: Taking
Stock and Looking Forward. Applied Linguistics. 35/3: 243–262.
Coyle, D., Hood, P., and Marsh, D. (2010) CLIL: Content and Language Integra-
ted Learning. Cambridge: Cambridge University Press.
25 .
SOBRE AS AUTORAS
As criadoras e responsáveis técnicas pelo Systemic Bilingual, as irmãs Fá-
tima e Vanessa Tenório, fundaram sua escola de idiomas em 1985 e desde
então trabalham com formação de professores. Ambas têm mestrado em
Educação na University of Bath, Inglaterra, e direcionaram todo o curso para
se aprofundar e pesquisar sobre o estudo de inglês por meio de conteúdo es-
colar, hoje uma mega tendência na Europa e na Ásia. Como parte dessas pes-
quisas, elas fizeram várias visitas técnicas para observação de aulas no Reino
Unido, EUA e programas bilíngues da Espanha. Em 2002, criaram o Systemic
Bilingual e o implantaram em sua própria escola de idiomas, com resultados
revolucionários. Em seguida, formataram o Systemic Bilingual para ser implan-
tado em escolas que desejavam oferecer uma educação bilíngue. Fátima e
Vanessa Tenório foram convidadas para apresentar seu programa e resultados
em vários fóruns, conferências e eventos internacionais como:
• Tesol-Spain, Sevilha;
• Departament of Education – University of Kansas, EUA;
• IATEFL Young Learners SIG Pre-Conference Event em Cardiff, Reino
Unido;
• IATEFL Young Learners Conference on Literature em Hildesheim,
Alemanha;
• Bangalore, Índia;
• Tesol Annual Conference em
New York, EUA;
• IATEFL Annual Conference
em Exeter, Reino Unido;
• JALT, em Tokyo, Japão;
• IATEFL Annual
Conference em
Harrogate, Reino
Unido.
Fátima e
Vanessa
Tenório
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