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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distancia

Teorias de Aquisição e Aprendizagem da Escrita

Dionísio Xavier Ernesto


708184096

Ensino de português
Psicolinguística
4º Ano
Turma B

Nampula, Julho de 2021

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Índice
Introdução..................................................................................................................3

1.0 Teorias da aquisição e a aprendizagem da escrita................................................4

1.1 Teoria Inatista.......................................................................................................4

1.2 Teoria Evolucionista............................................................................................4

1.3 Teoria Funcionalista.............................................................................................5

1.4 Teoria cognitivista-funcionalista..........................................................................5

1.5 Teoria Cognitivista...............................................................................................5

1.6 O estruturalismo...................................................................................................6

2.0 Aquisição da Escrita.............................................................................................6

2.1 Características Fases de aquisição da escrita ......................................................7

3.0 O papel da escola e do professor no processo do ensino e da aprendizagem da


escrita pela criança.....................................................................................................9

Conclusão.................................................................................................................11

Referência bibliográfica...........................................................................................12

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Introdução
O presente trabalho aborda assuntos referentes a Teoria da aquisição e Aprendizagem da
escrita. Enfatizar que o processo de aquisição da escrita pela criança é um assunto que
vem sendo discutido há alguns anos. No entanto, ainda muitas inquietações surgem dos
contextos contemporâneos em que a escrita ganha ainda mais significado na vida dos
sujeitos. A maior parte dos contextos sociais e culturais, de alguma maneira, apresenta
interação com a escrita, das mais simples como escrever um bilhete até as mais
sofisticadas como operar as diversas tecnologias digitais e que exigem, de alguma
maneira, o domínio da escrita. Assim, a aquisição de habilidades da escrita ultrapassa o
ensino e a aprendizagem no contexto escolar, tornando-se uma necessidade dos sujeitos
inseridos em uma sociedade letrada.
Metodologia

A metodologia usada para concretização deste trabalho foi a consulta bibliográfica de


manuais em formato electrónicos que se encontram devidamente citados dentro do
trabalho bem como na referência bibliográfica.

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1.0 Teorias da aquisição e a aprendizagem da escrita

Para a Linguística Moderna, as indagações sobre a aquisição da língua giram em torno


de três questões: se ela é inata no homem, se é adquirida culturalmente e qual
seria a natureza dessa aprendizagem.

1.1 Teoria Inatista


De acordo com [ CITATION DUA14 \l 1046 ] para a tese inatista de Chomsky, “o homem
vem programado biologicamente para desenvolver determinados tipos gramaticais. A
faculdade linguística é entendida como um esquema formal abstrato que subjaz a
qualquer gramática particular”. Cada língua seria uma realização completa desse
esquema, constituída de regras prescritivas que possibilitam ao falante compreender e
produzir frases nunca antes ouvidas. Uma das evidências inatistas é o fato da criança
atingir formas gramaticais perfeitas quando o estímulo ambiental é fragmentado. Ela, ao
adquirir seu
idioma, desenvolve também sistemas de desempenho, cuja natureza e forma seriam
determinadas geneticamente.

1.2 Teoria Evolucionista


Para a teoria evolucionista de Bickerton, o bioprograma especifica um limite
inferior, definido pelo trajeto natural inicial de desenvolvimento linguístico
e, um superior para a capacidade linguística, atingido com o desenvolvimento
cultural. Para o pesquisador, a língua culturalmente adquirida não se distancia
da primitiva. Ele preocupou-se em estabelecer o trajeto inicial do bioprograma
linguístico. Assim como [ CITATION FER85 \l 1046 ] afirma que teoria evolucionista:
Admite uma evolução da fala, atestada pelo desenvolvimento das formas
primitivas das línguas naquelas mais elaboradas, até atingir gramáticas as
complexas. Compromete-se com a tese de que a filogênese se reflete na
ontogênese, isto é, de que a mesma evolução verificada no desenvolvimento de
uma dada língua observa-se na gramática infantil.

Inicialmente, a criança concebe a escrita em sua forma motora, resultando em


grafismos. Em seguida, começa a produzir algo como os pictogramas, aos quais atribui
valor de escrita. O passo seguinte é usar um símbolo para um conceito, atribuindo a ele
um valor
ideográfico. A seguir, demonstra conceber a escrita como representativa dos sons orais,

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passando a usar símbolos com valor silábico. A partir daí a criança pode ser
alfabetizada.

1.3 Teoria Funcionalista1


Na tese funcionalista, Laberge e Sankoff e Brown focalizam o papel dos fatores
culturais funcionais no desenvolvimento linguístico. Constataram que novas formas são
acrescentadas quando aumentam as necessidades comunicativas, mostrando que a
gramática é culturalmente determinada. Assim, é preciso criar situações que levem a
criança a buscar novas formas em função daquilo que quer comunicar.

1.4 Teoria cognitivista-funcionalista


A tese cognitivista-funcionalista de Bever explica problemas de compreensão e
produção da escrita microestrutural. Segundo ele, o limite da gramaticalidade é o da
compreensibilidade e da produzibilidade, ou melhor, o que não podemos compreender
ou produzir é inapreensível e, portanto, agramatical.
Apoiado nessa concepção, Slobin monta um conjunto de estratégias heurísticas
que explicam o desenvolvimento do desempenho linguístico infantil. A
princípio, a criança é levada por uma estratégia que a faz fechar qualquer
sequência canônica (sujeito + predicado), sem atentar-se a outros sinais que a
advirtam de que deve suspender esse fechamento sintático[ CITATION OLI10 \l
1046 ].
Mais tarde, já se mune de outra ação: a de prestar atenção aos sinalizadores de
subordinação. Além da tese de que factores de desempenho determinam a forma
gramatical, Bever adota a hipótese cumulativa na aquisição linguística: as estratégias
primitivas podem surgir de sua latência em situações de conflito e de dificuldade. Tal
proposta explica porque os alunos, em suas redações, fecham precipitadamente
uma estrutura em uma fase em que já dominam a subordinação.

1.5 Teoria Cognitivista


“Para o construtivista Piaget, o conhecimento resulta de uma atividade estruturadora por
parte do sujeito, consequência do comportamento que gera esquemas de ação,
através da sua interação com o objecto de aprendizagem. Além disso, enfatiza a
interação do organismo com o ambiente infantil com o objecto da
aprendizagem”[ CITATION VYG96 \l 1046 ].

1
FERREIRA, J.R. A nova LDB e as necessidades educativas especiais. Caderno CEDES, Campinas, v.
19, n. 46, 1996.

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A criança, na fase operatória, mostra que é capaz de inferir o resultado da
emissão de letras de uma palavra que ela reconhece. Finalmente, a tese
associacionista defende que um certo estímulo ambiental X provoca uma
resposta Y e leva a um reforço positivo.

1.6 O estruturalismo
Segundo o estruturalismo americano, o ato verbal é um comportamento social que
depende de um organismo cooperativo para o reforço. Os processos que levam à
aprendizagem são a generalização indutiva e a abstração. Conforme Miller, a criança
responde a elas através de termos lógicos e o significado das sentenças é resultado da
substituição dos itens lexicais por variáveis.
Os termos lógicos que fornecem os esquemas permitem que o falante-ouvinte
deduza o significado deles, dado o contexto. O associanismo reconhece que o
significado de sentenças não pode ser aprendido por resposta automática e que o
significado de palavras pode ser aprendido por dedução. Na aprendizagem da
leitura, supõe-se que as primeiras palavras aprendidas o sejam globalmente e
por resposta verbal auditiva[ CITATION DUA14 \l 1046 ].
Aos poucos, a criança tem consciência da analisabilidade usando uma operação que
envolve dissociação e construção. Mesmo no nível textual, ela aprende rapidamente
alguns elementos convencionais que delimitam o texto. Também no nível
dissertativo, a apreensão inicial se dá através de um esqueleto formal
estrutural, cujos elementos invariantes são conectivos sentenciais ou de
parágrafos. Essa teoria, também, apontava para o fato de que a criança monologa
na fase inicial da aquisição linguística enquanto está fazendo algo, porque
responde verbalmente as suas atividades motoras.
Em suma, todas as teorias da aquisição do conhecimento defendem que o homem nasce
com algum tipo de equipamento inato, que lhe permite interagir com os objetos
ambientais e deles extrair significado. Se a escritura é esse objeto, será aprendida
naturalmente e será usada como instrumento comunicativo. Essa aprendizagem será
facilitada se o contexto lhe suprir condições para a interação, as quais lhe fornecerão a
base para o desenvolvimento da capacidade simbólica.

2.0 Aquisição da Escrita


De acordo com Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (1989), a criança passa por um
processo de aquisição de escrita baseado em cinco níveis de hipóteses: pré-silábica,
intermediário, hipótese silábica, hipótese silábico-alfabética e hipótese alfabética.

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No nível da hipótese pré-silábica, a diferenciação entre a grafia de uma palavra e outra é
inexistente, uma vez que os traços são muito semelhantes entre si. Somente o autor da
escrita pré-silábica é capaz de identificar o que fez. Desta forma, a escrita nesta fase
pode não funcionar como veículo de comunicação.

Outro dado interessante neste processo é o fato da criança diferenciar seus


grafismos pelas características do objeto referido. Por exemplo, se a criança
representa a escrita das palavras elefante e passarinho, os traços maiores
representarão o elefante e os menores o passarinho[ CITATION FER85 \l 1046 ].

O desenho se torna mais uma clara estratégia de remissão ao conteúdo registrado pela
criança e a necessidade de explicitar o objeto requerido por meio de suas características
garante o momento da leitura.

No nível de hipótese intermediário, a criança começa a ter consciência de que existe


alguma relação entre a pronúncia e a escrita, além de começar a desvincular a escrita
das imagens, dos números e das letras.

As produções da criança apresentam progressos gráficos e construtivos em


relação ao nível anterior, embora só demonstre estabilidade ao escrever seu
próprio nome ou palavras que teve oportunidade e interesse de gravar, pois
ainda conserva as hipóteses da quantidade mínima e da variedade de
caracteres[ CITATION VYG96 \l 1046 ].

Já no nível de hipótese silábica, as letras começam a serem usadas com valores silábicos
fixos e o conflito entre a nova fase e a fase anterior provoca na criança um
amadurecimento educacional.

2.1 Características Fases de aquisição da escrita 2


As fases de aquisição da escrita, segundo Emília Ferreiro, são:

1. Fase pré-silábica
2. Fase silábica
3. Fase silábica-alfabética
4. Fase alfabética
1) Fase pré – silábica
 Sabe que a escrita é uma forma de representação;

2
FERREIRA, J.R. A nova LDB e as necessidades educativas especiais. Caderno CEDES, Campinas, v.
19, n. 46, 1996.

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 Pode usar letras ou pseudoletras, garatujas, números;
 Não compreende que a escrita é a representação da fala;
 Organiza as letras em quantidade (mínimo e máximo de letras para ler);
 Vai direto para o significado, sem passar para sonora;
 Variação de letras – ALSI (elefante);
 Relaciona o tamanho da palavra com o tamanho do objeto (Realismo Nominal).
2) Fase silábica
A) sem valor sonoro:

 Ainda não faz relação com o som com a grafia.


 Usa uma letra para representar cada sílaba, sem se preocupar com o valor
sonoro.
Exemplos:

 BOLA __PT
 CAVALO___BUP
B). Com valor sonoro:

 A escrita representa a fala;


 Percebe a relação de som com a grafia;
 Escreve uma letra para cada sílaba.
Exs.:

 BOLA____OA (valor sonoro só nas vogais)


 BOLA____BL (só usa consoantes)

3) Fase silábica-alfabética
 Apresenta a escrita algumas vezes com sílabas completas e outras incompletas;
 Alterna escrita silábica com alfabética.
Exs.:

 CAVALO_____CVLU
 TOMATE_____TOMT
4) Fase alfabética
 Faz a correspondência entre fonemas (som) e grafemas (letras);

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 Escreve como fala.
Exs.:

 CAVALO _______KAVALU
 TOMATE_______ TUMATI

3.0 O papel da escola e do professor no processo do ensino e da aprendizagem da


escrita pela criança
Quando a criança inicia a escolarização é colocada em contato mais direto com o
sistema de escrita que circula na sociedade. Assim, muitas informações acerca da
elaboração e apropriação da escrita começam a fazer parte das atividades escolares.
Desta forma, a criança vai se apropriando de alguns conceitos e regras que estruturam a
escrita e passa a assimilar aspectos simbólicos e compreender que a escrita é a
representação da fala e que para isso existem algumas especificidades de signos que
tornam o processo de escrita melhor compreendido.
É comum as crianças desenharem em diferentes suportes ao iniciarem o processo de
escrita. Luria (1986, p. 173) ressalta que “o período de escrita por imagens apresenta-se
plenamente desenvolvido quando a criança atinge a idade de cinco, seis anos; se ele não
está claro e completamente desenvolvido nessa época é apenas porque já começou a
ceder lugar à escrita alfabética simbólica, que a criança aprende na escola e às vezes
mesmo antes”. Ainda, referindo-se ao desenvolvimento da escrita pela criança Luria
(1986) enfatiza,
[...] que o desenvolvimento da escrita na criança prossegue ao longo de um
caminho que podemos descrever como a transformação de um rabisco não
diferenciado para um signo diferenciado. Linhas e rabiscos são substituídos por
figuras e imagens, e estas dão lugar a signos. Nesta sequência de
acontecimentos está todo o caminho do desenvolvimento da escrita, tanto na
história da civilização como no desenvolvimento da criança (LURIA, 1986, p.
161).

Sendo assim, acredita-se ser relevante a criança conhecer a história da escrita para as
civilizações, enquanto marco evolutivo nas comunicações entre os povos, se
apropriando assim de conhecimentos históricos, culturais e sociais que marcam a
relação do homem com a natureza, entendendo natureza como tudo o que envolve os
sujeitos nas mais diversas relações que este estabelece. O processo de ensino da escrita
para as crianças exige que o professor conheça como ela se desenvolve, para assim,
realizar mediações significativas para que a criança se aproprie do sistema de escrita

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alfabética considerando as experiências de letramento que este vivencia em seus
contextos. Neste sentido, Oliveira (1998) ressalta que:
É de fundamental importância que, desde o início, a alfabetização se dê num
contexto de interação pela escrita. Por razões idênticas, deveria ser banido da
prática alfabetizadora todo e qualquer discurso (texto, frase, palavra,
“exercício”) que não esteja relacionado com a vida real ou o imaginário das
crianças, ou em outras palavras, que não esteja por elas carregado de sentido
(OLIVEIRA, 1998, p. 70‐71).
Com base nos autores abordados, identifica-se que a escrita enquanto produção cultural
do sujeito humano é construída a partir de necessidades destes de se comunicar com
seus pares. “A escrita não é algo natural no desenvolvimento do ser humano, mas algo
que se aprende dentro da cultura e, por isso, necessita do esforço de quem aprende e de
quem ensina” (DUARTE, 2014, p. 4). Portanto, a escrita não é algo inato, mas
apreendida e significada pelos sujeitos nas relações sociais que este vai estabelecendo
ao longo de seu desenvolvimento.

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Conclusão
Tendo-se feito o trabalho concluiu-se que, todas as teorias da aquisição do
conhecimento defendem que o homem nasce com algum tipo de equipamento inato, que
lhe permite interagir com os objetos ambientais e deles extrair significado. Se a escritura
é esse objeto, será aprendida naturalmente e será usada como instrumento comunicativo.
Essa aprendizagem será facilitada se o contexto lhe suprir condições para a interação, as
quais lhe fornecerão a base para o desenvolvimento da capacidade simbólica. Portanto
quando a criança inicia a escolarização é colocada em contato mais direto com o sistema
de escrita que circula na sociedade. Assim, muitas informações acerca da elaboração e
apropriação da escrita começam a fazer parte das atividades escolares. Desta forma, a
criança vai se apropriando de alguns conceitos e regras que estruturam a escrita e passa
a assimilar aspectos simbólicos e compreender que a escrita é a representação da fala e
que para isso existem algumas especificidades de signos que tornam o processo de
escrita melhor compreendido.

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Referência bibliográfica
DUARTE, L. A aprendizagem da linguagem em Vygotsky.In: JORNADA DE
PESQUISA, 9. Revistas. UNIJUÍ, 2014.

FERREIRA, J.R. A nova LDB e as necessidades educativas especiais. Caderno


CEDES, Campinas, v. 19, n. 46, 1996.

FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes


Médicas Sul, 1999

FERREIRO, Emilia; Teberosk, Ana. A Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre:


Artes Medicas 1985.

OLIVEIRA, Ml de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo histórico.


5. ed. São Paulo: Scipione, 2010.

VYGOTSKY, Lev Semenovich; LURIA, Alexander Romanovich. Estudos sobre a


história do comportamento: o macaco, o primitivo e a criança. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1996

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