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SUMÁRIO
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 35
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APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
Diante disso o que podemos perceber é que, embora haja muitas iniciativas
em prol de um processo de alfabetização e letramento que possibilite a verdadeira
inserção do indivíduo na sociedade, tendo desenvolvido competências linguísticas
indispensáveis ao pleno convívio social, o Brasil apresenta ainda altos índices de
analfabetos funcionais, ou seja, indivíduos que sabem ler e escrever, mas que não
desenvolveram a habilidade de interpretar e usar a língua – leitura e escrita – de
maneira sistemática e consciente em seu cotidiano.
Partindo dessa constatação, é de extrema importância, dentre outros
aspectos, o investimento na formação dos professores alfabetizadores. O presente
texto apresentará elementos de reflexão para os professores e todos os que se
interessam pelo assunto, buscando contribuir para uma prática pedagógica
inovadora, baseada na reflexão, na criticidade, na ação renovada.
A diferença sonora entre as palavras pala e fala, por exemplo, ocorre por
meio do emprego das consoantes iniciais de cada palavra e das características
dessas.
Assim, adquirirá a capacidade de escrever quem for capaz de perceber as
unidades sucessivas de sons da fala empregadas para emitir as palavras e para
distingui-las conscientemente umas das outras.
É importante, também, no processo da alfabetização, saber captar o conceito
de palavra, pois “ela é o cerne da relação simbólica essencial contida numa
mensagem linguística: a relação entre conceitos e sequências de sons da fala.”
(LEMLE, 1999, p.11). Isso possibilitará aquisição da capacidade de focalizar a
palavra enquanto sequência de sons, de estabelecer relação entre significante e
significado, construindo, dessa forma, o sistema de representação da leitura e da
escrita e de acrescentar palavras à sua escrita, elaborando sentenças e
reconhecendo-as a partir das leituras iniciais.
Tais situações mostram que o processo de alfabetização inclui muitos fatores
e exige do alfabetizador a ciência de como ocorre a aquisição do conhecimento, da
natureza da realidade linguística envolvida no momento em que acontece a
alfabetização e de como ele terá de coordenar o processo de aprendizagem, uma
vez que a alfabetização requer
O letramento
Dessa forma escrever engloba a aquisição de uso da língua escrita nos seus
diferentes aspectos: ortográfico, morfológico, sintático e estilístico em função de uma
produção diversificada de materiais.
A partir disso, é possível desenvolver as habilidades de leitura e escrita, visto
que “a linguagem escrita estabelece relações entre leitor e escritor, o que exige, pelo
menos, objetivos comuns. O escritor tem que saber o porquê e para quem escreve,
o leitor, o porquê e para que se lê.
É nessa interação que a língua se concretiza e se caracteriza como um
processo dinâmico e o leitor/escritor como o sujeito que a (re)constrói em seu dia- a-
dia. (FRANCO,1997, p.79).
Por isso, na escola, o aprendiz deve interagir com diferentes materiais
impressos que circulam em seu meio e explorá-los para ampliar e aprimorar a sua
competência linguística, para dialogar com seu autor ou para comunicar-se, já que
os diferentes gêneros textuais exigem escritor e leitor interessados em determinado
tema e “...possibilitam novas formas de pensamento; trazem novos conhecimentos,
permitem avanços científicos e a busca de soluções...” (FRANCO, 1997, p.81-82),
além de propiciar prazer, no caso, o texto literário, pois
Alfabetização e letramento
As salas de aula devem ser repletas de textos variados, aos quais os alunos
tenham acesso desde a mais tenra idade. Eles precisam manipulá-los, lê-los a partir
dos indícios textuais ou a partir da própria decodificação. Mas precisam agir sobre
esses materiais e ler para aprender, para abstrair informações, e não ler para
aprender a ler.
Tão importante quanto a escola é a família como um ambiente alfabetizador.
Inúmeros estudos demonstram que crianças que têm acesso a materiais de leitura
variados em casa e presenciam os pais lendo apresentam um desenvolvimento
muito mais satisfatório. Diante disso, surge a importância da escola caminhar junto
às famílias, orientando-as quanto à sua importância no processo de alfabetização de
suas crianças (isso quando a realidade permite. Sabemos que a interação e parceria
com as famílias nem sempre é possível). Por isso, a participação da escola na vida
da criança, favorecendo esse acesso ao mundo letrado, deve ser muito intensa e
significativa.
Hipótese Pré-Silábica
Hipótese Silábica
Nesse nível, a criança percebe que a escrita está associada com o som e, por
isso, usa geralmente uma letra para cada sílaba ouvida.
Essa representação, quando não corresponde aos sons da sílaba, é chamada
de escrita silábica sem correspondência sonora. Quando usa letras que se referem
ao som ouvido, diz-se que a criança encontra-se no nível silábico com
correspondência sonora.
Desse nível silábico para o seguinte, a criança passa por uma fase de
transição, chamada de silábica-alfabética. É o momento em que ela percebe que
uma letra somente não é capaz de representar a sílaba e, com isso, começa a
acrescentar letras à sua escrita.
Hipótese Alfabética
mesmo, “a alfabetização é algo que deveria ser ensinado de forma sistemática, ela
deve ficar diluída no processo de letramento”. (SOARES, 2003, p.38).
Então, é preciso aprofundar a caracterização das diversas facetas do
processo e não se buscar uma articulação dessas diversas facetas nos métodos e
procedimentos de ensinar a ler e a escrever. “Essa articulação deve estar presente
também, é óbvio, no material didático para a alfabetização, como operacionalização
do método que é”. (SOARES, 2007, p. 24)
Não basta oferecer à criança uma infinidade de material escrito, é necessário
orientá-la sistemática e progressivamente, para que essa possa apropriar-se do
sistema de escrita. Isso não é feito com textos sem nexo, desvinculados do contexto
como, por exemplo, “a vaca voa”, “Ivo viu a uva” “- mas com textos reais, com livros,
etc. Assim é que se vai, a partir desse material e sobre ele, desenvolver um
processo sistemático de aprendizagem da leitura de da escrita”. (SOARES, 2003).
Saber ler e escrever significa ter capacidade de ler e escrever qualquer
gênero, ter capacidade de ler um livro, uma revista, escrever uma carta, apropriar-se
da língua, empregá-la socialmente. Quando a criança possui tais domínios ela é
alfabetizada e letrada, visto que alfabetizado é aquele que é capaz de ler e escrever
e letrado é quem usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita.
Por isso, Magda Soares postula que
a alfabetização não se pode fazer de cima para baixo, nem de fora para
dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo
próprio analfabeto, apenas ajustado pelo educador. Isto faz com que o
papel do educador seja fundamentalmente dialogar com o analfabeto sobre
situações concretas, oferecendo-lhe o meio com os quais possa se
alfabetizar. (FREIRE, 1989, p. 72)
Dessa forma tal proposta deseja fazer com que o aprendiz não só aprenda a
ler e a escrever, mas também aprenda a interferir na realidade em que vive,
modificando-na. Por isso, em seu livro – Educação como prática da liberdade –
Freire apresenta as cinco fases que auxiliam o desenvolvimento dessa proposta. Ei-
las:
1ª fase - levantamento do universo vocabular dos grupos com quem se
trabalhará. Essa fase de constitui num importante momento de pesquisa e
conhecimento do grupo, aproximando educador e educando numa relação mais
informal e, portanto, mais carregada de sentimentos e emoções. É igualmente
importante para o contato mais aproximado com a linguagem, com os falares típicos
do povo.
2ª fase - escolha das palavras selecionadas do universo vocabular
pesquisado. Essa escolha deverá ser feita sob os critérios: a) da riqueza fonética; b)
das dificuldades fonéticas, numa sequência gradativa dessas dificuldades; c) do teor
pragmático da palavra, ou seja, na pluralidade de engajamento da palavra numa
dada realidade social, cultural, política etc.
3ª fase - criação de situações existenciais típicas do grupo com quem se vai
trabalhar. São situações desafiadoras, codificadas e carregadas de elementos que
serão decodificados pelo grupo com a mediação do educador. São situações locais,
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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discussão sobre a funcionalidade de cada tipo de texto a que os alunos têm acesso
é também um elemento muito importante nesse processo.
Outra prática pertinente na alfabetização é a escrita, pelo professor, de
situações significativas vividas na turma. Ter o professor como escriba favorece aos
alunos em processo de alfabetização a percepção de vários elementos: em que
situações usamos a escrita? Em que direção as letras, as palavras, enfim, o texto é
escrito? Qual a estrutura de determinados gêneros textuais? Teberosky
complementa reforçando a importância do professor como escriba:
O nome da criança é o que ela possui de mais particular, é o que lhe confere
identidade. Daí, a sua grande importância no processo de alfabetização. A criança
deve visualizar o seu nome desde a mais tenra idade para que possa identificá-lo
em contextos variados. A partir do reconhecimento de seu nome, a criança faz
associações com outros nomes (de colegas da sala, de familiares...) avançando
assim na capacidade de leitura e de escrita.
Desenvolvimento da oralidade
Brincadeiras e Jogos
Compreender a criança como ser pensante, com grande potencial e que possui
particularidades que devem ser conhecidas e respeitadas, é tarefa do professor.
Emilia Ferreiro nos oferece algumas pistas para pensar a formação do
professor alfabetizador. Segundo ela, muitos problemas giram em torno do processo
de capacitação. O primeiro é a relação dos professores com a língua, ou seja, o que
se percebe é que geralmente “os professores lêem pouco, escrevem menos e estão
mal alfabetizados para abordar a diversidade de estilos da língua escrita.” Diante
desse quadro, “é muito difícil que alguém, que não lê mais do que o absolutamente
indispensável, possa transmitir 'prazer pela leitura'”. Portanto, “há que estimulá-los a
descobrir, junto com os seus alunos, o que não tiveram ocasião de descobrir quando
eles mesmos eram alunos”. (1997, p.48/49).
Diante disso, reforçamos a necessidade da formação em serviço e de um
elemento de fundamental importância nesse processo: o planejamento. Através dele
o professor explicita suas concepções, elabora diretrizes de trabalho, organiza a sua
rotina, prevê objetivos, habilidades e competências, define conteúdos e
metodologias, avalia o progresso dos alunos e a sua atuação docente, enfim, elabora
um guia de orientação de sua prática.
É, portanto, indispensável o planejamento escolar, em todos os níveis, desde
os de caráter coletivo, no qual vários membros da escola participam, quanto os de
caráter individual, de competência de cada professor.
REFERÊNCIAS
Bibliografia Básica
FERREIRO, Emilia. Com todas as letras. 6.ed. São Paulo: Cortez, 1997.
LEMLE, Miriam. Guia teórico do alfabetizador. 14ª ed. São Paulo: Ática, 1999.
Bibliografia Complementar
ARAUJO, Carlos Henrique & LUZIO, Nildo. Alfabetização: uma questão a ser
resolvida. Out.2004. Disponível em: http://www.inep.gov.br/imprensa/entrevistas/
BRASIL, Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº. 9.394/96. Diário oficial da
União, 1996.
TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e alfabetização. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2004.