Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Alfabetização e
Letramento. São Paulo: Editora Contexto,
2003.
2
Sobre a Autora
PARTE I CONCEPÇÕES
5
AS MUITAS FACETAS DA
ALFABETIZAÇÃO
Cadernos de Pesquisa, 1985
6
“SOMOS UM PAÍS QUE VEM REINCIDINDO
NO FRACASSO EM ALFABETIZAÇÃO”
Alfabetização em seu sentido próprio , específico: processo de aquisição do código escrito, das habilidades de
leitura e escrita.
O conceito de alfabetização depende de características culturais, econômicas e tecnológicas; a expressão
alfabetização funcional, usada pela Unesco nos programas de alfabetização organizados em países
subdesenvolvidos, pretende alertar para esse conceito social da alfabetização.
Uma teoria coerente da alfabetização deverá basear-se em um conceito desse processo suficientemente abrangente
para incluir a abordagem “mecânica” do ler/escrever, o enfoque da língua escrita como um meio de
expressão/compreensão, com especificidade e autonomia em relação à língua oral, e, ainda, os determinantes sociais
das funções e fins da aprendizagem da língua escrita.
9
A natureza do processo de alfabetização
Finalmente, tudo o que foi dito nos permite concluir que a formação do alfabetizador – que
ainda não se tem feito sistematicamente no Brasil – tem uma grande especificidade, e exige
uma preparação do professor que o leve a compreender todas as facetas (psicológica,
psicolinguística, sociolinguística e linguística) e todos os condicionantes (sociais, culturais,
políticos) do processo de alfabetização, que o leve a saber operacionalizar essas diversas
facetas (sem desprezar seus condicionantes) em métodos e procedimentos de alfabetização,
em elaboração e uso adequado de materiais didáticos, e, sobretudo, que o leve a assumir
uma postura política diante das implicações ideológicas do significado e do papel atribuído
à alfabetização.
15
LÍNGUA ESCRITA,
SOCIEDADE E CULTURA:
RELAÇÕES, DIMENSÕES E
PERSPECTIVAS
Trabalho apresentado na XVII Reunião Anual da ANPEd, 1995.
16
O conceito de alfabetismo
EM BUSCA DA QUALIDADE
EM ALFABETIZAÇÃO: EM
BUSCA... DE QUÊ?
Simpósio “Escolarização básica: em busca da qualidade” - 1991
24
Segundo SOARES (1991) a qualidade na Educação Básica implica no exercício de pesquisas, estudos
e seminários, fatores determinantes para a qualidade da alfabetização oferecida às crianças desde o
início de seu processo de escolarização. Duas perspectivas demonstram o impacto dessas atividades
relacionadas à prática docente, a saber:
Relativas ao processo de aprendizagem: metodologias, fatores intra e extra-classe, materiais didáticos, formação do
professor, ritmos das crianças para serem alfabetizadas (tempo de aprendizagem), etc.
Relativas ao produto: providências com relação aos resultados dos processos de aprendizagem e do conhecimento
que realmente foi aprendido pelos alunos. Nesta perspectiva, os índices de evasão / retenção deverão ser
considerados.
Assim, a autora sugere que se essa qualidade for entendida como “propriedade, atributo, condição”
(como aponta o significado no dicionário) não se pode perder de vista o contexto social, econômico,
político, cultural e educativo em que ocorram essas práticas, ou seja, não são isoladas,
descontextualizadas, ímpares. Os conceitos de alfabetização e letramento já representam um
dificultador na efetivação de tais práticas qualitativas, pois não há clareza, por parte dos professores,
de seus significados.
25
PARTE II
PRÁTICAS
26
Alfabetização: a
(des)aprendizagem das funções
da escrita
Educação em Revista (Faculdade de Educação da UFMG), 1988
27
Nesse texto, Magda Soares reconhece as contribuições dos estudos linguísticos à alfabetização,
ressaltando o conhecimento das características dialetais como um fator fundamental para as
análises do processo de alfabetização. Através desse texto, propõe uma reflexão sobre “o estudo
e a pesquisa do desenvolvimento de habilidades textuais sob a perspectiva das ‘funções’
atribuídas ao uso da língua por crianças de diferentes classes sociais” ( p. 63). Segundo a autora,
é importante conhecer o valor e a função atribuídos à escrita, numa determinada comunidade,
para que se possa compreender o significado que lhe é dado e sua implicação na alfabetização.
Conforme esse texto, é possível observar, por exemplo, que a linguagem da escola é
eminentemente marcada pelo dialeto padrão, e que as crianças de classes populares trazem para a
escola uma linguagem diferenciada, em que se marcam funções distintas das escolares,
diferenças dialetais e de significados atribuídos à linguagem.
28
A autora conclui que crianças de classes sociais diferentes comportam-se diferentemente em
relação ao uso da escrita, porque suas interpretações variam conforme as interpretações que os
grupos fazem de situações de enunciação e das expectativas do interlocutor. Ressalta ainda que, se
a partir dos estudos sociolinguísticos existe a denúncia de um processo de desaprendizagem das
efetivas funções da escrita, há também um processo de aprendizagem de uma escrita que vai de
encontro a essa funcionalidade, ou seja, a aprendizagem de uma escrita que nega o direito de dizer
a própria palavra, nega o direito de autoria.
29
Alfabetização: em busca de um
método?”
XXII Seminário Brasileiro de Tecnologia Educacional - 1990
30
Nesse texto, Soares atinge o calcanhar de Aquiles de muitos/as estudiosos/as e professores/as que se
colocam contrários à ideia de método na alfabetização, principalmente por conceberem essa noção
vinculada aos tradicionais métodos de alfabetização (sintéticos e analíticos) e, também, por terem sido
influenciados/as pela tendência psicogenética do processo de construção da leitura e da escrita.
Assim, coloca em questão a perda de um método na alfabetização, o que ocorreu após a influência do
paradigma construtivista, que desde a década de 80 vem norteando a maior parte das práticas de
nossas alfabetizadoras. Contrapondo dois enunciados – “Alfabetização: em busca de um método” e
“Alfabetização: em busca de um método?” –, sendo o primeiro afirmativo e o segundo interrogativo,
a autora coloca que “(...) como consequência da ‘mudança de paradigma’, (...) a questão passou a ser
o impasse entre, de um lado, a necessidade de um método de alfabetização, de outro lado, a dúvida
sobre a possibilidade de um método de alfabetização no quadro do novo paradigma”
31
As palavras grifadas pela própria autora, bem como o que juntas expressam – o impasse entre
necessidade e possibilidade de um método – atravessam todo o texto, até chegar ao ponto
fundamental dessa discussão: o resgate da noção de método na área do ensino da língua
materna. Soares coloca método como um conjunto de ações sustentadas por determinadas
hipóteses teóricas, que visam dar conta de certos objetivos. Ela considera compatível essa
concepção de método com a tendência psicogenética na alfabetização, principalmente quando se
considera a necessidade de fazer as crianças avançarem no processo de aquisição da leitura e da
escrita.
32
ARTICULANDO
PARTE III CONCEPÇÕES E
PRÁTICAS
35
Com a discussão dos estudos de Paulo Freire, um dos maiores pensadores da alfabetização e da
educação em nosso país, a autora finaliza a reapresentação desse conjunto de artigos e
conferências escolhidos para compor esse livro, posicionando-se claramente na perspectiva das
teorias críticas da educação.