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ALFABETIZAÇÃO A PARTIR DE TEXTOS

Luiza Christie dos Santos Neves

Nayara Cardoso Mariano

Resumo

Introdução: Para entender os princípios do método a partir de textos é fundamental


exibir as especificidades entre os termos Alfabetização e Letramento, uma vez que, este último é
um dos pilares para se aplicar efetivamente a alfabetização a partir de textos. Será debatido
como esses termos surgiram, de que cada um se encarrega, como foram abordados em diferentes
países e, especificamente no Brasil, como é tratado na atualidade. Objetivos: O presente
trabalho tem como objetivo elucidar algumas das principais questões que norteiam o método a
partir de textos: como surgiu, seus princípios, como se fundamenta, procedimentos de aplicação,
vantagens e desvantagens e, por fim, considerações finais observadas sobre o método. Método:
Para o desenvolvimento do trabalho realiza-se uma pesquisa científica a partir de textos
estudados na aula de Processos de Alfabetização, dentre outros. Resultados: O método a partir
de textos é dividido em etapas sistemáticas contextualizadas, que partem de um todo para partes
menores. Não é preciso saber codificar e decodificar para ser apresentado a um texto e entender
sua função social. A alfabetização a partir de textos é, inicialmente, baseada da visualização.
Isso permite ao aluno a impressão de que ele caminha rápido para chegar ao que almeja: o
entendimento, leitura e escrita de uma mensagem. Conclusões: Após longa pesquisa sobre os
métodos de alfabetização, com destaque para o método a partir de texto, podemos concluir que
este assim como outros métodos analíticos e sintéticos possui seus pós e contras, e independente
do método usado a criança é capaz de aprender. Todavia, os métodos analíticos em geral
proporcionam à criança o desejo de tomar conhecimento sem que este processo se torne
extremamente cansativo e repetitivo. Sendo assim, o método a partir de textos pode ser
considerado o mais eficiente e adequado para ser trabalhado com crianças que estão sendo
alfabetizadas.
Palavras-chaves: Métodos de Alfabetização; Alfabetização; Letramento; Método a
partir de textos; Psicogênese da Língua Escrita.

Introdução

Esse artigo trata sobre o Método Analítico de Alfabetização a Partir de Textos.


Um método que toma como foco o sentido do que está escrito. É enriquecedor, pois
permite inserir o indivíduo em diversos universos ao se trabalhar com textos de
diferentes naturezas. O resultado disto é o desenvolvimento das habilidades de leitura e
escrita juntamente com o senso crítico.

Para entender os princípios deste método é fundamental exibir as


especificidades entre os termos Alfabetização e Letramento, uma vez que, este último é
um dos pilares para se aplicar efetivamente a alfabetização a partir de textos. Será
debatido como esses termos surgiram, de que cada um se encarrega, como foram
abordados em diferentes países e, especificamente no Brasil, como é tratado na
atualidade.

Uma proposta de atividade para turma de alfabetização a partir do poema


cantado de Vinícius de Moraes, “A casa” foi elaborada e descrita minuciosamente, .
Será possível observar como funciona a aplicação do método na pratica em sala de aula.

O presente trabalho tem como objetivo elucidar algumas das principais questões
que norteiam o método a partir de textos: como surgiu, seus princípios, como se
fundamenta, procedimentos de aplicação, vantagens e desvantagens e, por fim,
considerações finais observadas sobre o método.

1. Alfabetização e Letramento

Pelo eixo deste trabalho ser a alfabetização a partir de textos, é fundamental


entender e distinguir os conceitos: alfabetização e letramento.

Segundo Magda Soares, durante a década de 80 o termo letramento foi criado


pela "necessidade de reconhecer e nomear práticas sociais de leitura e de escrita mais
avançadas e complexas que as práticas do ler e do escrever resultantes da aprendizagem
do sistema de escrita" (2012). A Complexidade de nossa sociedade e os mais variados
tipos de leitura faz com que o mundo nos exija muito mais do que saber ler e escrever
uma escrita artificial. Para a conquista da cidadania, a sobrevivência no mundo
tecnológico, motivado por grandes transformações no campo político, cultural, social e
econômico, surge o termo letramento. No final dos anos 70, a UNESCO sugeriu uma
nova interpretação conceitual das palavras literate (saber ler e escrever) para
functionally literate (alfabetização funcional) e sugeriu: "que as avaliações
internacionais sobre o domínio de competência de leitura e escrita, fossem além do
medir apenas a capacidade de saber ler e escrever", manifestando um receio com a
atribuição de uma funcionalidade, um sentido, um significado ao ensino da leitura e da
escrita. Assim, o termo alfabetização foi reinventado.

Alfabetizar passa ser a técnica de construção da aquisição da língua oral e


escrita, ou seja, a decodificação do sistema de escrita. Envolve aspectos gramaticais. É
um processo estático, que acontece em um determinado período para o aprendizado.

Letramento é o desenvolvimento da linguagem e a compreensão da sua função


social. Está inserido no contexto do letramento não só a decodificação do sistema de
escrita, mas também a interpretação e utilização consciente do que se decodifica. Assim,
o termo letramento muito mais amplo do o termo alfabetização. O desenvolvimento
desta capacidade não tem uma época específica para se iniciar e é um processo
contínuo. Crianças pequenas que são inseridas no mundo das histórias, por exemplo, já
estão estimuladas para tal habilidade e, certamente, no decorrer de suas se prosseguirem
inseridas em ambientes que impulsionam a leitura critica, poderão ter a possibilidade de
aprimorá-la, acrescendo novas construções e conhecimentos.

Distante de ser a apropriação de um código fundado na relação fonema grafema, o


letramento implica um complexo processo de elaboração de hipóteses sobre a
representação lingüística. Estudos nos anos 801 e anos seguintes acerca da psicogênese

1 Mortatti define esta década até os dias atuais como o “quarto momento crucial da história da
alfabetização no Brasil”.
da língua escrita, diante de um cenário de fracasso escolar, promoveram a compreensão
de que há várias formas de aprender – diferentes espaços e métodos – e vários tipos de
linguagens dependendo do meio sócio-cultural em que se inserem os indivíduos.

A começar pelos estudo de Piaget e Vygotsky 2, e sucessivamente o de Emília


Ferreiro3, o Construtivismo foi e é eficaz para entender como a aprendizagem acontece,
e coloca o aluno como ser ativo e interativo com o objeto, o sujeito, e o meio – situação
muito diferente do ensino tradicional até então vigente –, além de estar juntamente
relacionada com o letramento por reconhecer a criança como sujeito cognoscente.

Este termo está relacionado a mais do que conhecer o funcionamento da escrita,


mas interpretar essa escrita e saber usá-la nos mais diversos âmbitos para atingir
diferentes objetivos em diferentes formas de expressão e comunicação. Com o efetivo
uso da escrita sua reação com o mundo torna-se diferenciada.

A língua escrita nos permite dizer tudo, porém com um monte de regras a serem
seguidas. Um dilema entre a: Liberdade x Complexidade.

Há pesquisadores que vêem a alfabetização e letramento como termos


independentes e interdependentes, e outros vêem a Alfabetização como um termo
indissociável. Todavia alfabetização e letramento são termos que se confundem o que
torna a relação entre eles mais embaraçosa. O ideal seria entender a alfabetização como
uma coisa só: a compreensão do sistema e sua possibilidade de uso. Entendemos que
não se pode negar que os termos se complementam e devem caminhar juntos. São dois
extremos que precisam de equilíbrio entre eles.

2 Fundadores do Construtivismo, suas ideias ajudaram a compreender como se ensina e se aprende


levando em conta a interação da criança com o meio social e os objetos. O construtivismo propõe que o
aluno participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo,
o estimulo a dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos.
3 Pesquisadora Argentina, Emília Ferreiro ampliou o Construtivismo para o campo da leitura. Suas ideias

surgem para uma revolução conceitual do ensino-aprendizagem explicando a psicogênese da língua


escrita na criança e como ela aprende a ler e a escrever. Sua teoria questionou, até então, as
concepções defendidas e praticadas em alfabetização, principalmente no que dizia a respeito à
centralidade do ensino, às cartilhas e métodos de alfabetização, e os testes de maturidade para o
aprendizado da leitura e da escrita.
Portanto, o termo letramento surge para degredar as práticas mecânicas usadas
até o final do século XX no ensino fundamental, como para repensar a forma de
alfabetização. Fica como desafio aos alfabetizadores alfabetizar letrando, ou seja, fazer
seu aluno descobrir a escrita, aprender a escrita e a usá-la.

1.2 Alfabetização e Letramento no Brasil

Apesar do termo Letramento ter surgido ao mesmo tempo em vários países,


inclusive o Brasil, os desdobramentos entre as nações desenvolvidas e subdesenvolvidas
foram diferentes. Segundo Magda Soares:

"Nos países desenvolvidos, ou do Primeiro Mundo, as práticas


sociais de leitura e de escrita assumem a natureza de problema
relevante no contexto da constatação de que a população,
embora alfabetizada, não dominava as habilidades de leitura e
de escrita necessárias para uma participação efetiva e
competente nas práticas sociais e profissionais que envolvem a
língua escrita. Assim, na França e nos Estados Unidos, para
limitar a análise a esses dois países, os problemas de
illettrisme, de literacy/illiteracy surgem de forma independente
da questão da aprendizagem básica da escrita."

(SOARES, 2004)

MORTATTI (2006) desvenda como a alfabetização se manifestou no Brasil


categorizando quatro momentos contundentes:

 O primeiro momento: Metodização - Para o ensino da leitura, utilizavam-se,


métodos de marcha sintética (soletração, fônico e silabação) da "parte" para o
"todo". Em 1876 houve a publicação em Portugal do “Método João de Deus” o
que foi um marco para alfabetização. Este método era diferente, pois consistia
em iniciar o ensino da leitura pela palavra, para depois analisá-la a partir dos
valores fonéticos das letras.

 O segundo momento: Oficialização dos métodos intuitivos e analíticos -


Disputas didáticas abalavam o ensino no Brasil, então foi proposta, inicialmente
em São Paulo, uma reorganização do ensino público. A mudança visava o
cientificismo positivista na educação e delineava a hegemonia dos métodos
intuitivos e analíticos para o ensino de todas as matérias e da leitura. Entre 1909
e 1910 o método analítico foi adotado oficialmente no Brasil, até 1920, quando
a reforma Sampaio Dória garante autonomia didática aos professores. Então, se
tornou obrigatório o método analítico para se alfabetizar e o governo do estado
passa a comprar livros didáticos para a distribuição nas escolas públicas.

 O terceiro momento: Métodos Mistos - Em meados da década de 1920 a


resistências dos professores quanto à utilização do método analítico apareceram
de forma contundente. Começaram a se buscar novas propostas de solução para
os problemas do ensino e aprendizagem iniciais da leitura e da escrita. "O
“método analítico-sintético” se alfabetizava através da decomposição das
palavras em sílabas e letras e com base vivencial e, ele caracteriza-se por
explorar o todo significativo e as partes simultaneamente.

 O quarto momento: Construtivismo e a desmetodização - Na década de 1980,


a fim de se enfrentar um fracasso da escola na alfabetização de crianças,
propostas de mudança na educação apareceram. Buscando soluções para tal
problema, incorporou-se no Brasil pensamentos construtivistas relacionados a
alfabetização. Pesquisas que relatavam sobre a psicogênese da língua escrita
desenvolvidas por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky contribuíram para tirar a
alfabetização como exclusiva da pedagogia e introduziram a psicologia. Foi
mostrado por elas que a aquisição das habilidades de leitura e escrita dependia
muito menos dos métodos utilizados do que da relação que a criança tinha desde
pequena com a cultura escrita, com a vivência dos usos da cultura escrita.

No Brasil, ainda hoje, muitos profissionais da educação não tem esclarecimento


sobre a diferença entre alfabetização e letramento. O resultado disto é um número cada
vez maior de analfabetos funcionais.

2. Os Métodos de Alfabetização
Existem alguns meios para se chegar à alfabetização e, cada um deles possui
características particulares que acreditam ser o ideal para se obter êxito no processo.
Tais particularidades são o difere os Métodos de Alfabetização. É importante ressaltar
que todos os métodos contribuem de alguma forma para o processo de alfabetização.
Faremos a seguir uma breve apresentação dos métodos de alfabetização mais
conhecidos.

2.1 Métodos Sintéticos

O Método Sintético é considerado um dos mais antigos e rápidos. Tipifica-se


por dar início ao processo de alfabetização pelas partes pequenas (letras, sílabas, etc.) e
somente depois partir para o todo (palavras, frases, textos), ou seja, inicia-se de um
nível de dificuldade mais simples para o mais complexo.

Dentro do método sintético temos:

 Método Alfabético - Aprende-se isoladamente cada letra do alfabeto, em seguida


suas combinações silábicas, para que com essas, aprender as palavras. A partir
disso, é introduzido pequenas frases até que chegue em um texto.

 Método Fônico - Parte-se do som da letra. As letras (grafemas) são apresentadas


com um som (fonema) que se unem a outros sons formando as sílabas e depois
palavras.

 Método Silábico - Apresenta-se as sílabas em suas famílias silábicas para


formarem palavras.

A principal crítica deve-se ao foco do seu ensino em reconhecer partes isoladas,


o que compromete a percepção e compreensão da leitura. Ler letra por letra, ou sílaba
por sílaba, e palavra por palavra, proporciona pausas durante a leitura e prejudica o
ritmo. Favorecendo o cansaço pelo movimento regressivo dos olhos.

2.2 Método Analítico


O Método Analítico se caracteriza por partir do todo (textos) para as partes.
Assim, o estímulo a leitura e a produção de textos é muito presente neste método, o que
contribui para o trabalho da organização e desenvolvimento dos pensamentos do
indivíduo.

Este método de decompõe em :

 Palavração - Parte-se pela palavra e, a partir da aquisição de algumas palavras,


formam-se frases e depois pequenos textos.

 Sentenciação - Parte-se de frases prontas ou elaboradas pela turma.


Posteriormente são criados textos com as frases trabalhadas.

 Contos - Parte-se do reconhecimento global de um texto trabalhado por um


período. Visa-se posteriormente o reconhecimento de sentenças, palavras e, por
fim, as sílabas.

A grande crítica a esse método é o trabalho de memorização exaustivo em que o


individuo é exposto e também o tempo para se obter de fato "resultados".

De acordo com Moraes (1996), o método analítico surge, provavelmente, no


século XVII com os questionamentos de Comenius. Ele propunha que se apresentasse
as palavras com significados para as crianças. Em meados do século XIX esse método
era influente nos Estados Unidos por conter um caráter progressista para a época, já que
o ensino era centrado na criança. Alguns teóricos como: Gestald, Nicolas Adan,
Decroly, Freinet, entre outros, contribuíram para a fundamentação do método com seus
argumentos. Na metade do século XX, em todo o mundo, o método global difundiu-se
amplamente nas escolas.

No Brasil, onde a predominância eram os métodos sintéticos alfabético ou


silábico, o método analítico aparece após a Proclamação da República através de um
grupo de normalistas que "passa - em substituição ao bacharel em Direito - a ocupar
cargos na administração educacional, liderar movimentos associativos do magistério,
assessorar autoridades educacionais e produzir material didático e de divulgação das
novas ideias, especialmente no que diz respeito ao ensino da leitura." (MORTATTI,
2000).

A primeira escola a utilizar o estratégia "inovadora" de alfabetização foi a


Escola-Modelo anexa a Escola Normal de São Paulo. As escolas-modelos serviam
como referencia para as escolas primarias restantes. Assim, na década de 1890 a 1900,
outras escolas foram surgindo seguindo os passos da escola-modelo e o método
analítico de difundindo por outros estados.

A história da alfabetização no Brasil foi marcada por recorrentes mudanças nos


métodos de ensino, resistência e rejeições, e pela hegemonia de projetos políticos e
educacionais.

No dia 4 de julho de 2012 foi instituído o Pacto Nacional pela Alfabetização na


Idade Certa, um programa do MEC. É um compromisso assumido pelo governo federal,
estadual e municipal, a fim de alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade, ao
final do 3º ano do Ensino Fundamental. Este pacto é destinado à formação continuada
de professores alfabetizadores – os que atuam em turmas de 1º, 2º e 3º ano.

“No Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, quatro


princípios centrais serão considerados ao longo do desenvolvimento
do trabalho pedagógico:
1. o Sistema de Escrita Alfabética é complexo e exige um ensino
sistemático e problematizador;
2. o desenvolvimento das capacidades de leitura e de produção de
textos ocorre durante todo o processo de escolarização, mas deve
ser iniciado logo no início da Educação Básica, garantindo acesso
precoce a gêneros discursivos de circulação social e a situações de
interação em que as crianças se reconheçam como protagonistas
de suas próprias histórias;

3. conhecimentos oriundos das diferentes áreas podem e devem ser


apropriados pelas crianças, de modo que elas possam ouvir, falar, ler,
escrever sobre temas diversos e agir na sociedade;
4. a ludicidade e o cuidado com as crianças são condições básicas nos
processos de ensino e de aprendizagem.” (PORTAL MEC)

Como é possível observar no item 2 acima, o MEC propõe que o


desenvolvimento da capacidade de leitura de diferentes gêneros deve ocorrer durante
toda a alfabetização e principalmente desde o início da Educação Básica. O ideal
proposto assemelha-se ao método a partir de textos que tem como objetivo ampliar o
conhecimento sobre o uso social da escrita a partir do textos, mesmo que a criança ainda
não saiba ler, pois aos poucos perceberá que as letras se relacionam com sons. O
método também é motivador e proporciona maiores momentos de ludicidade. Todavia,
muitas escolas ainda preferem alfabetizar por métodos tradicionais, mesmo sendo
recomendação do MEC um método que proporcione maior interação com textos. O
ideal é conciliar um sistema de ensino que faça relação entre o conceitual e o
ideológico.

“Nesta perspectiva, assume-se que o ponto de partida e de chegada do


processo de alfabetização escolar é o texto: trecho falado ou escrito,
caracterizado pela unidade de sentido que se estabelece numa
determinada situação discursiva” (Leite, 2001, apud, Colello)

3. O Método A Partir de Textos

Como o nome já diz, o ponto de partida desse método é o texto. A alfabetização a


partir de textos é, inicialmente, baseada da visualização. O método prevê que a criança
descobrirá alguns aspectos do sistema de escrita e também relações entre a escrita e a
fala que aparecem repetidas vezes nos textos apresentados, tendo como consequência
deste trabalho a aquisição do sistema de leitura e escrita.

Posteriormente, será capaz de identificar palavras que aparecem com freqüência.

O procedimento se inicia com a escolha (da turma ou da professora) de um texto


que será trabalhado com os alunos. Este texto poderá ser uma história, letra de música,
poesia, notícias, ou até mesmo algo escrito pelo professor, porém, o fundamental é, se o
texto não for escolhido pela classe, que este tenha um sentido e que aborde um tema que
vá interessar a turma, assim como expõe Maciel (2001)
"[...] iniciar o processo de alfabetização por textos com sentido
completo, por um todo, isto é por frases ligadas pelo sentido,
formando um enredo, constituindo uma unidade de leitura. Para
atender a essa característica, a historieta ou conto deveria ser sobre um
tema estimulador e de acordo com interesse infantis: vida familiar,
brinquedos, aventuras reais e maravilhosas com outras crianças” (pág.
121)

Feita a escolha, é interessante que a redação fique exposta de forma atraente (em
papéis grandes e, preferencialmente, em letras bastão), pois facilitará a visualização. O
texto será trabalhado (lido ou exposto) até que seus elementos se tornem "familiares"
aos olhos da turma e possam ser destacados, o que, certamente, levará um certo período
para se concretizar. Posteriormente, passa-se a desmembrar as unidades: frases,
palavras, sílabas e letras. É importante ressaltar que não é necessário seguir uma ordem
de desmembramento. Cabe ao professor, dentro de sala, saber as necessidades e o
desenvolvimento da sua turma, pois o que caracteriza este método é o ponto de partida
ser um texto. Pode-se no decorrer do processo trabalhar quais unidades sejam
necessárias.

Certas indagações devem ser feitas pelo professor com o intuito de provocar nos
alunos um conflito de ideias que resultará em aquisições não só do sistema de leitura e
escrita como de senso crítico. Algumas indagações que podem ser feitas são:" qual será
o assunto que vamos encontrar ou que podemos esperar de um texto com esse título?" "
Se for uma história conhecida, quem serão provavelmente os personagens?" Se for uma
notícia de jornal, o que terá acontecido? "

Algumas críticas ao método estão relacionadas a memorização e a


"adivinhação". Teberosky (1990), diz que a memorização ocupa uma importante
função dentro dos interesses da criança. Constata-se isso pelo comportamento das
crianças que sempre querem que as histórias sejam contadas repetidas vezes, para que
possam participar da contação através das frases que já memorizaram. Isso faz com que
a criança se torne capaz de narrar por si só as histórias. Futuramente, a escrita será
facilitada, uma vez que o de poder antecipar o texto trará uma maior clareza e
naturalidade na hora de escrever. Perante a tais criticas, ressalta-se que:

"• A leitura é compreendida como atribuição de sentido e interação


entre o leitor e texto; a leitura não deve ser focada na decifração;

• A leitura é um "jogo de adivinhação psicolinguística"(GOODMAN,


1967). As crianças devem ser estimuladas a adivinhar o que está
escrito a partir de pistas contextuais;

• A aprendizagem da leitura deve ocorrer a partir de unidades maiores


que sejam significativas para a criança (palavras, sentenças, textos),
com incentivo à associação direta entre palavras e significados."
(SEBRA, 2011)

Indubitavelmente, este método obtém vantagens em relação aos outros,


principalmente quando a questão é o letramento. Por expor o indivíduo constantemente
a textos com sentido completo envolvendo diversas temáticas, proporciona o
desenvolvimento das organizações mentais relacionadas a leitura e escrita,
encaminhando o aluno para um pensamento crítico.

4. Considerações Finais

Após longa pesquisa sobre os métodos de alfabetização, com destaque para o


método a partir de texto, podemos concluir que este assim como outros métodos
analíticos e sintéticos possui seus pós e contras, e independente do método usado a
criança é capaz de aprender. Todavia, os métodos analíticos em geral proporcionam à
criança o desejo de tomar conhecimento sem que este processo se torne extremamente
cansativo e repetitivo.

Sendo assim, o método a partir de textos pode ser considerado o mais eficiente e
adequado para ser trabalhado com crianças que estão sendo alfabetizadas. Apesar de
trabalhoso e com resultados que podem demorar um pouco mais a aparecer, ele
proporciona momentos de ludicidade que desperta o gosto pela leitura, tornando um
processo tão complexo em algo prazeroso. Outra questão que contraria os seus
princípios é a resistência das escolas ao modelo tradicional.
Mesmo assim, este método é capaz de trabalhar a alfabetização em seu sentido
amplo e completo. É um método que facilita o aprendizado pela criança por ser
contextualizado. Respeita o mundo infantil e o meio que está inserida, além de
reconhecê-la como ser ativo e formador de opinião, desenvolvendo um senso crítico
com os textos trabalhados e com as questões debatidas em sala de aula.

Concluímos também que o grande desafio para os alfabetizadores é entender a


prática da alfabetização interligada ao letramento, como algo único – alfabetizar
letrando. Quando o profissional não está ciente de seu papel como educador e das
práticas e métodos que o norteiam, lamentavelmente esse pode ser tornar um dos
caminhos para o fracasso escolar de seus alunos e inclusive do educador.

5. Referência

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Alfabetizador. 4ª ed. Editora: Ática. Cap. 5, p. 47-61.

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Escrita.

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http://www.anpae.org.br/simposio26/1comunicacoes/IzaCristinaPradodaLuz-
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Escrita. ed. Campinas, SP: Editora da Universidade Estadual de Campinas; 1990.

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