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01/06/2021 Roteiro de Estudos

O Letramento e a Aquisição da Linguagem

Roteiro de
Estudos
Estudos

Autor: Ma. Nahendi Almeida Mota


Revisor: Luis Zaghi

A compreensão dos conceitos que envolvem o processo de letramento e a aquisição da


linguagem é fundamental para a formação docente. A nal esses conceitos perpassam a prática
em sala de aula e auxiliam o trabalho do(a) professor(a), tornando-o mais e ciente diante das
diversas fases escolares e das diferentes maneiras de lidar com a leitura e a escrita, por
exemplo, além de também ser mais e ciente ao preparar os alunos para lidar com contextos
de interação fora do ambiente escolar.

Pensando nisso, caro(a) estudante, ao ler este roteiro você vai:

aprender sobre o conceito de letramento;


re etir sobre o processo de aquisição da linguagem;
estudar as correntes contemporâneas da Psicologia da Educação e sua in uência no
processo de aprendizagem;
estudar a relação entre neurociência e linguagem;
compreender o letramento na teoria e na prática.

Introdução
Entender como funcionam os processos de aquisição da linguagem e de letramento é um
importante passo para a formação docente. A aquisição da linguagem, por exemplo, ajuda-nos
a entender aspectos cognitivos, de percepção e de recepção, bem como generalizações e

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particularidades. O letramento, por sua vez, auxilia-nos na re exão sobre a prática em sala de
aula, diante de tantas realidades e universos diferentes.

Pensando nisso, elaboramos um material que traz um breve panorama acerca da aquisição da
linguagem e do letramento. Iniciamos apresentando o conceito de letramento. Em seguida,
re etimos sobre o processo de aquisição da linguagem a partir de algumas hipóteses sobre a
maneira com que aprendemos a falar. Seguindo esse mesmo caminho, dissertamos sobre as
correntes contemporâneas da Psicologia da Educação e sobre a relação entre a neurociência e
a linguagem. Concluímos com uma exposição sobre a teoria e a prática quando o assunto é
letramento.

O Conceito de Letramento
O que é letramento? Neste tópico, pretendemos apresentar um breve panorama sobre o que é
letramento e a sua história no Brasil. Para isso, é fundamental conhecer as obras da professora
e pesquisadora Magda Soares, um dos nomes brasileiros mais importantes da área.

Em seu livro intitulado Letramento: um tema em três gêneros, Soares (2017) apresenta o conceito
de maneira bastante didática e ilustrativa. Na referida obra, ela explica que o termo
“letramento” surgiu entre os especialistas das áreas da educação e das ciências linguísticas na
metade da década de 1980, pouco mais de três décadas atrás. Nessa época, palavras do
mesmo campo semântico de “letramento” eram comuns nos dicionários, como “analfabeto”,
“analfabetismo”, “alfabetizar” e até mesmo “letrado” e “iletrado”. “Letramento”, por sua vez, até
então não era registrada.

Segundo a autora, a ausência do termo “letramento” nos dicionários se explica devido ao fato
de o analfabetismo ser algo comum em nosso país desde que éramos colônia – é um
problema, na verdade, que faz parte da história do nosso país e persiste até os dias atuais.
Sendo assim, a terminologia que o de ne sempre esteve presente em nosso vocabulário,
diferentemente do seu “oposto”. Essa realidade começou a mudar quando começamos a
avançar e o número de pessoas que aprendiam a ler e a escrever aumentava. Para a autora, foi
nesse momento que isso se mostrou insu ciente, e era preciso mais: além de saber ler e
escrever, era necessário tornar essas práticas (a leitura e a escrita) algo comum no dia a dia, de
modo que as pessoas se envolvessem nas práticas sociais por intermédio delas.

Surgiu, assim, o termo “letramento”. Ou melhor: devido à necessidade de criarmos uma palavra
para de nir uma nova ideia ou de atribuirmos novo sentido a palavras que já existem, a palavra
“letramento” foi ressigni cada: inicialmente, ela signi cava “escrita” e era vista como uma
palavra obsoleta; já a sua nova versão é associada ao termo em inglês “literacy”, que “é a
condição de ser letrado” (SOARES, 2017, p. 35).

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Letramento é, pois, o “Resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e


escrita”, “O estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como
consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais [...]” (SOARES, 2017, p.
39, grifos do autor).

Após essa de nição de letramento, pode surgir o seguinte questionamento: então letramento e
alfabetização são a mesma coisa? A resposta é não. A alfabetização do indivíduo está associada
a saber ler e escrever, enquanto o letramento, mais do que isso, como dito acima, a condição
de quem “cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita” (SOARES, 2017, p. 47). A autora
a rma ainda que seria necessário

[...] um verbo ‘letrar’ para nomear a ação de levar os indivíduos ao letramento...


Assim, teríamos alfabetizar e letrar como duas ações distintas, mas não
inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a
ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo
que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado. (SOARES,
2017, p. 47, grifos do autor).

Como conclusão para essas re exões iniciais, é importante saber que há diferentes níveis de
letramento. Embora não estejam claros quais são os parâmetros que podem medir esse grau
de letramento de uma pessoa, é válido entender que esse processo envolve o fenômeno da
escrita e o da leitura, ambos bastante complexos, e que, por isso, merecem atenção especial da
escola e dos docentes.

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LIVRO

Letramento: um tema em três gêneros


Autora: Magda Soares
Editora: Autêntica
Ano: 2017
Comentário: o livro divide-se em três capítulos, todos
destinados ao mesmo m: conceituar letramento, apresentar a
diferença entre este processo e a alfabetização, explicar de onde
esse termo foi retirado etc. Cada um dos capítulos, como o
próprio título deixa claro, apresenta essas questões de uma
maneira diferente, isto é, seguindo a estrutura de um gênero
diferente. O primeiro é em formato de lembrete; o segundo, de
texto didático; e o terceiro, de ensaio. Vale a leitura de todos
eles, sobretudo do capítulo 2 “Letramento em texto didático”,
uma vez que, como o próprio nome diz, ele é um texto bastante
didático, com ns pedagógicos explícitos, que levam o leitor a
compreender com bastante facilidade todas as questões
propostas pela autora.
Esse título está disponível na Biblioteca Virtual da Laureate.

Processo de Aquisição da
Linguagem
Em seu livro intitulado Para conhecer a aquisição da linguagem, Grolla (2014) apresenta quatro
hipóteses acerca da seguinte pergunta: Como aprendemos a falar? As hipóteses são as
seguintes: a da imitação, a comportamentalista, a da aquisição baseada no uso e a
conexionista. Aqui apresentaremos alguns pontos pertinentes sobre cada uma delas.

A primeira delas, entendida por Grolla (2014) como a proposta mais popular, é que a
aprendizagem se dá pela imitação, isto é, as crianças imitam os adultos e, a partir daí,

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aprendem. Para refutar essa hipótese, vale citar dois pontos também desenvolvidos pela
autora: o de que a língua não é composta apenas pelo seu léxico e o de que as crianças são,
desde muito novas, criativas. No que tange à primeira hipótese, é importante explicar que se
saber uma língua também exige, por exemplo, entender como funciona a sua organização
sintática, saber/imitar as palavras de uma língua não é su ciente para dizer que se fala essa
língua, ou seja, mesmo que a criança imite algumas palavras, isso não signi ca que ela sabe
aquela língua; ela só passará a dominá-la quando conseguir produzir suas próprias sentenças.
No tocante à segunda, é importante ressaltar que as crianças, quando passam a falar,
conseguem unir palavras de maneira criativa, isto é, formar frases que não tinham sido ditas
por pessoas ao seu redor anteriormente.

Para a segunda hipótese, a comportamentalista,

[...] a criança aprenderia sua língua materna porque seria estimulada


positivamente quando produzisse enunciados corretos e negativamente
quando os enunciados contivessem algum erro. O pressuposto por trás dessa
hipótese é de que os pais ou outros adultos que cuidam da criança estão
sistematicamente monitorando a fala dela e sempre premiando os seus acertos
ou corrigindo os seus erros, quando eles ocorrem (GROLLA, 2014, p. 44).

Todavia os pais parecem estar mais atentos ao que as crianças falam, e não à maneira com que
elas falam. Em outras palavras: os pais atentam-se à verdade ou não presente na sentença, e
não em sua forma/gramaticalidade. Vale ainda a seguinte observação: mesmo que, muitas
vezes, os pais ou os adultos próximos à criança a corrijam, eles não o fazem sempre, então o
estímulo nem sempre está associado ao uso que a criança fez da língua, mas sim, como já foi
dito, à verdade ou não da sentença.

A terceira hipótese, que é a baseada no uso, “propõe que as crianças adquiram a linguagem do
mesmo modo que adquirem conhecimento em outros domínios cognitivos (como aprender a
ler, a jogar xadrez, a contar etc.) [...]” (GROLLA, 2014, p. 50). Muitos são os testes a serem feitos
antes de con rmar esta hipótese, contudo essa perspectiva, por envolver a língua e a cognição,
merece atenção e tem recebido bastante destaque entre os estudiosos da área.

Por m, quanto à hipótese conexionista, segundo Grolla (2014, p. 52), “o termo ‘conexionismo’
se refere a um movimento em ciências cognitivas que tem por objetivo explicar as habilidades
intelectuais humanas usando redes neurais arti ciais.” Assim como a proposta anterior, esta
também traz elementos cognitivos para o debate sobre a aquisição da linguagem, além de
ainda estar dando seus passos iniciais.

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LIVRO

Para conhecer a aquisição da linguagem


Autora: Elaine Grolla
Editora: Contexto
Ano: 2014
Comentário: nesse livro, a autora disserta sobre alguns pontos
interessantes envolvidos no processo de aquisição da
linguagem, como algumas características do cérebro humano e
a relação entre este e a linguagem, além de algumas hipóteses
sobre como aprendemos a falar. As hipóteses são desenvolvidas
no capítulo 3, que merece nossa atenção, visto que as tais
hipóteses nos ajudam a fazer re exões sobre o assunto.
Esse título está disponível na Biblioteca virtual da Laureate.

Correntes Contemporâneas da
Psicologia da Educação e sua
In uência no Processo de
Aprendizagem
Muitas são as re exões em torno da Psicologia da Educação, o que acaba gerando várias
correntes de pensamento envoltas no assunto. Dentre elas, Coelho (2014, p. 13, grifos do
autor) lista as cinco principais, que são:

1. Escola Nova – uma revisão das práticas e dos currículos tradicionais.


2. Pedagogia psicológica e experimental – fundamentada nos trabalhos de
Piaget e Emília Ferreiro.

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3. Comportamentalista ou tecnicista – baseada nos estudos de um dos pais


da psicologia behaviorista, BF Skinner.
4. Sociointeracionista – baseada nas descobertas e ideias de Vygotsky.
5. Humanista – inspirada em bases losó cas e psicológicas.

A Escola Nova, conforme Coelho (2014), interferiu completamente no modelo tradicional de


ensino, tornando-se, por isso, a responsável pelas mudanças nos métodos até então adotados.
Em outras palavras, esse foi o movimento que questionou a estrutura e o currículo tradicionais
nos quais a escola se amparava, devido ao fato de eles produzirem e nutrirem con gurações
injustas da sociedade, como a separação entre trabalhadores e elite.

No Brasil, a partir do trabalho das pessoas que se alinhavam a esse movimento, o ensino laico
e público tornou-se uma bandeira de luta. Os principais nomes na matéria são John Dewey,
Maria Montessori, Ovide Decroly e Célestin Freinet; e no Brasil, Anísio Teixeira, nome
diretamente associado à escola pública no país.

A segunda escola citada por Coelho (2014) é centrada na pedagogia psicológica ou


experimental, e seu nome mais conhecido é Piaget. Ele dividiu o desenvolvimento da criança
em quatro estágios: o sensório-motor (de 0 a 2 anos), o pré-operatório (de 2 a 7 anos), o
operatório concreto (de 7 a 11 anos) e o operatório formal (a partir dos 11 anos). Para ele, a
criança é quem constrói o próprio conhecimento, o que o levou a criticar o behaviorismo e o
inatismo. Seu trabalho e o de Emilia Ferreiro, que foi sua aluna e relacionou seus estudos aos
da leitura e alfabetização, foram rotulados como “construtivismo”, embora nenhum deles tenha
utilizado esse termo.

Já a corrente comportamentalista, como o próprio nome diz, observa o comportamento.


Skinner, um de seus principais nomes, “desenvolveu o conceito de ‘máquina de aprendizado’,
que consistia em uma forma de organizar o material didático que o aluno pudesse estudar
sozinho, sendo estimulado à medida que progredia no conhecimento [...]” (COELHO, 2014, p.
18). Ele acreditava, assim, no estudo por meio de estímulos.

O sociointeracionismo de Vygotsky, por sua vez, é a abordagem que defende a mediação,


devido à defesa de que a relação entre o ser humano e o mundo se dá através de instrumentos
e da linguagem. Em suma, ele acreditava na interação social como algo primordial para a
formação humana. Junto à proposta de Piaget, essa de Vygotsky é uma das de maior in uência
nos estudos da pedagogia.

Por m, a escola humanista, que enfatiza, sobretudo, o sujeito e sua busca pela realização e
pela felicidade. Seus principais pensadores são Neill, Rogers, Wallon e Freinet.

Essa corrente não é totalmente adotada pelas escolas, além de ser mal vista por outras, mas
seu interesse pela exibilização nos programas escolares e a intenção de ouvir mais as crianças
e suas pretensões merecem re exão.

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Assim sendo, é importante que os professores entendam como funciona cada uma dessas
correntes e de que modo seus postulados podem interferir no processo de aprendizagem.

LIVRO

Psicologia da educação
Autor: Wilson Ferreira Coelho (org.)
Editora: Pearson Education do Brasil
Ano: 2014
Comentário: todos os capítulos da obra são bastante
pertinentes para quem quer entender a Psicologia da Educação.
Todavia o capítulo 1 merece destaque, pois ele faz uma
introdução ao tema e, principalmente, apresenta as bases
losó cas bem como as correntes contemporâneas da
psicologia da educação. Na seção destinada às correntes atuais,
ele aborda, de maneira mais ampla, o assunto tratado neste
tópico, isto é, há uma descrição de cada uma das correntes
assim como de seus principais teóricos. A leitura é uida e
bastante didática.
Esse título está disponível na Biblioteca Virtual da Laureate.

Neurociência e Linguagem
Para começo de conversa, vejamos o que Kandel et al. (2014) dizem ser, no prefácio de sua
obra intitulada Princípios de neurociências, o objetivo das neurociências:

O objetivo das neurociências é a compreensão de como o uxo de sinais


elétricos através de circuitos neurais origina a mente – como percebemos,
agimos, pensamos, aprendemos e lembramos. Embora ainda estejamos muitas
décadas distantes de alcançar tal nível de compreensão, os neurocientistas têm
feito progressos signi cativos na obtenção de informações acerca dos

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mecanismos subjacentes ao comportamento, os sinais de saída que podem ser


observados em relação ao sistema nervoso de seres humanos e outros
organismos (KANDEL et al., 2014, p. 15).

Com ênfase no trabalho da neurociência relacionado à linguagem, vale destacar suas pesquisas
sobre a aquisição da linguagem nas crianças, por exemplo. A nal, mesmo a língua sendo algo
absolutamente complexo, crianças costumam dominá-la quando chegam aos três anos de
idade. Conforme os neurocientistas, essa aquisição segue um padrão universal, pois,
independentemente da cultura e do idioma, elas exibem padrões tanto de percepção quanto
de produção da fala (KANDEL et al., 2014).

Pensemos um pouco nessa a rmação... Se você já conviveu com uma criança desde que ela
nasceu até, pelo menos, seus três anos, você pode se lembrar das fases de aquisição da
linguagem. É comum percebermos, por exemplo, que, inicialmente, ela produz sons; em
seguida, palavras; depois de um tempo, frases bem curtinhas e, passado mais tempo, ela já
está formulando frases mais completas e complexas e consegue participar de diálogos com
adultos.

Muitos foram os estudiosos que se posicionaram sobre o assunto na segunda metade do


século passado, como nos mostram Kandel et al. (2014), a exemplo de Skinner e Chomsky. Para
Skinner, teórico behaviorista, os seres humanos adquirem a linguagem pelo aprendizado,
enquanto que, para Chomsky, teórico inatista, em uma defesa bastante diferente da de
Skinner, os seres humanos têm uma faculdade da linguagem, na qual uma gramática universal
está inclusa.

Ambas as teorias têm sido questionadas atualmente, visto que nenhuma delas dá conta da
complexidade do processo de aquisição da linguagem. Todavia é importante entendê-las e
observar suas contribuições para a área, analisando os caminhos que tais estudos têm
percorrido para o avanço do conhecimento sobre aquisição da linguagem e neurociência.

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LIVRO

Princípios de neurociências
Autores: Eric R. Kandel, James H. Schwartz, Jessell M. Thomas,
Steven A. Siegelbaum e A. J. Hudspeth
Editora: AMGH
Ano: 2014
Comentário: no capítulo 60, destinado à linguagem, os autores
tratam dos diferentes níveis funcionais da linguagem, da
aquisição da linguagem como um padrão universal, de regiões
corticais envolvidas no processamento da linguagem e de lesões
cerebrais que, responsáveis pelas afasias, fornecem
informações relevantes acerca do processamento da linguagem.
É pertinente para quem quer entender um pouco mais sobre as
contribuições do trabalho da neurociência para a nossa área.

Letramento: A Teoria e a Prática


Levando em conta que há diferentes níveis de letramento, é importante re etir também sobre
o fato de que esse processo não se dá apenas nas séries escolares iniciais. A nal a competência
de lidar com a leitura e a escrita é desenvolvida durante toda a vida, a partir do acesso a
diferentes textos e situações que envolvem o ato de ler e de escrever, e a escola tem papel
fundamental nessa empreitada.

No que diz respeito ao ensino médio, por exemplo, é preciso pensar que aqueles estudantes já
são alfabetizados, isto é, já sabem ler e escrever. A partir daí, é preciso desenvolver neles mais
do que a capacidade de ler e escrever; é preciso tornar as práticas de leitura e escrita hábitos
comuns e pertencentes ao seu cotidiano, a m de torná-los capazes de interpretar e gerar
sentidos no mundo que os cerca. Sendo assim, é importante pensar na relação entre a teoria e
a prática quando o assunto é letramento, o que nos levará a pensar também na dimensão
social do letramento.

Quanto a isso, Soares (2017) a rma o seguinte:

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Aqueles que priorizam, no fenômeno letramento, a sua dimensão social,


argumentam que ele não é um atributo unicamente ou essencialmente pessoal,
mas é, sobretudo, uma prática social: letramento é o que as pessoas fazem com
as habilidades de leitura e de escrita, em um contexto especí co, e como essas
habilidades se relacionam com as necessidades, valores e práticas sociais. Em
outras palavras, letramento não é pura e simplesmente um conjunto de
habilidades individuais; é o conjunto de práticas sociais ligadas à leitura e à
escrita em que os indivíduos se envolvem em seu contexto social (SOARES, 2017,
p. 72, grifos do autor).

Com base nessa citação de Soares, é possível entender (ou re etir sobre) o papel que o
letramento tem na construção de uma sociedade. E pensar nisso nos faz pensar na parte
prática do letramento e em como podemos, enquanto professores, agir para auxiliar nossos
alunos, e isso nos conduz para o trabalho com o texto em sala de aula. No tocante a isso,
Castanheira, Maciel e Martins (2008, p. 16) dizem que:

Ao interpretar e produzir textos escritos em diferentes gêneros, o aprendiz é


levado a se indagar sobre quem escreve e em que situação escreve; o que se
escreve; a quem o texto se dirige e com que intenções; quais os efeitos que o
texto procura produzir no leitor, etc. Essas indagações favorecem a
compreensão de como as relações sociais são representadas e constituídas na
e por meio da escrita.

Em outras palavras: é importante mostrar aos alunos a relação entre o texto e o mundo, isto é,
mostrar a eles textos reais, escritos por pessoas reais, com uma (ou várias) nalidade, em uma
determinada situação etc. Tratar de textos dos mais variados gêneros possíveis dessa forma é
permitir que o aluno entenda que aqueles trabalhos realizados em sala de aula não se
restringem ao ambiente escolar, pois poderão ajudá-lo a interpretar e agir no mundo de
maneira mais crítica e ativa.

Seguindo essa perspectiva, Rojo (2009, p. 107, grifos do autor) a rma que um “dos objetivos
principais da escola é justamente possibilitar que seus alunos possam participar das várias
práticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita (letramentos) na vida da cidade, de
maneira ética, crítica e democrática.” Para isso, a autora acredita que seja necessário considerar
o trabalho com os multiletramentos (ou letramentos múltiplos), com letramentos
multissemióticos e com os letramentos críticos e protagonistas, a m de expor para os
estudantes as mais variadas formas de utilizar a leitura e a escrita no mundo, bem como de
situá-lo no momento atual em que a tecnologia está presente no cotidiano de quase todos – o
que, consequentemente, interfere na nossa relação com os processos de ler e escrever.

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ARTIGO

Letramentos múltiplos, escola e inclusão social


Autora: Roxane Rojo
Editora: Parábola Editorial
Ano: 2009
Comentário: todo o livro é bastante interessante para quem quer saber mais sobre o processo
de letramento, mas merece destaque aqui o capítulo 6 intitulado “Letramento(s): práticas de
letramento em diferentes contextos”, a partir do qual é possível acessar alguns debates acerca
do enfoque autônomo e do enfoque ideológico do letramento, dos letramentos dominantes e
marginalizados e dos multiletramentos (ou letramentos múltiplos), letramentos
multissemióticos e letramentos críticos e protagonistas. Ao término do capítulo, a autora
aproveita ainda para apresentar uma atividade que envolve os letramentos múltiplos e
multissemióticos na esfera da arte popular.

Conclusão
Iniciamos este roteiro apresentando algumas noções envolvidas nos processos de letramento e
de aquisição da linguagem, a m de apresentar um panorama sobre os temas. Também
relacionados aos processos desenvolvidos, listamos as principais correntes teóricas atuais da
Psicologia da Educação, dissertamos sobre a relação e a colaboração da neurociência para os
estudos da linguagem e concluímos com algumas re exões sobre o letramento, sua teoria e
prática.

Esperamos que, com a explanação dos conteúdos presentes neste roteiro, os estudos sobre os
processos de aquisição da linguagem e de letramento tenham sido prazerosos e
enriquecedores tanto pessoal quanto pro ssionalmente. Além disso, muitas pesquisas têm
sido desenvolvidas por estudiosos da área, e acreditamos que valha a pena continuar
acompanhando todas elas.

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Referências Bibliográ cas


CASTANHEIRA, M. L.; MACIEL, F. I. P.; MARTINS, M. F. (org.). Alfabetização e letramento na
sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica; Ceale, 2008.  

COELHO, W. F. (org.). Psicologia da educação. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

GROLLA, E. Para conhecer a aquisição da linguagem. São Paulo: Contexto, 2014.

KANDEL et al. Princípios de neurociências. Tradução de Ana Lúcia Severo Rodrigues et al. 5.
ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.

ROJO, R. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 3. ed. 4. reimp. Belo Horizonte: Autêntica,
2017.

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