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Aprendizagem da
Alfabetização e do
Letramento
Jair Rodrigues da Silva
Práticas de Ensino -
Aprendizagem da
Alfabetização e do Letramento
Introdução
Neste conteúdo, o objetivo de estudo estará nas práticas de ensino aprendizagem
do campo da alfabetização e letramento. Abordaremos conceitos teóricos e
práticos próprios dos anos iniciais do Ensino Fundamental, acerca da Alfabetização
e Letramento. Você já deve ter algum conhecimento sobre esse tema, seja porque
já ouviu falar (e até opinou) sobre os problemas de alfabetização no Brasil e as
dificuldades e desafios do ensino de leitura e escrita na idade certa, seja porque teve
experiências pessoais a respeito do ato de ler e escrever.
Figura 1 - Leitura
Fonte: Plataforma Deduca (2023)
#PraTodosVerem: A imagem representa 3 crianças sentadas com livros em seus colos, sendo uma menina ao
centro e dois meninos nas laterais, todos tem a pele clara e estão de costas para uma pilha de livros.
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Objetivos da Aprendizagem
• identificar como os conceitos de alfabetização e letramento são abordados
na bncc;
• compreender as diferentes situações de uso da linguagem oral e escrita
durante a alfabetização;
• identificar como é realizada a avaliação da alfabetização
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Alfabetização e Letramento e a BNCC
Neste conteúdo, conheceremos o que diz a Base Nacional Comum Curricular, de 2017,
a respeito da alfabetização e letramento. A BNCC prevê que as ações pedagógicas no
ciclo inicial de dois anos, do Ensino Fundamental devem ter como foco a alfabetização
a fim de proporcionar condições para que os alunos se apropriem do sistema de
escrita alfabética e tenham vivências em práticas de letramento conforme orienta o
Parecer CNE/CEB n. 11/2010.
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Vejamos o que diz a Base Nacional Comum Curricular a respeito da etapa de
alfabetização.
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Aos educadores que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental, é necessário
compreender que a dimensão do trabalho de alfabetização e letramento vai além
de memorizar letras e sílabas para formar palavras e textos. Muito mais que isso, a
BNCC (2018) orienta que:
Desenvolver tais habilidades pode parecer simples ou até mesmo inato. Ao contrário
de parecer natural ou fácil, alfabetizar e letrar são processos que demandam tempo e
requerem esforço empreendido por professores e alunos.
Nunca é apenas ler, diríamos nesse caso, decodificar. A leitura implica, necessariamente,
em compreender o contexto e ler “o mundo”, como diz o educador Paulo Freire em
sua obra A importância do ato de ler.
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Saiba mais
Para saber mais sobre Freire e sobre a leitura indicada, acesse a
seção a seguir. http://www.catedrapaulofreireufpe.org/memoria-
paulo-freire/biografia/
Indicações de leitura
1-Pedagogia da Autonomia
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Segundo a BNCC (2018), os processos de alfabetização requerem da criança as
seguintes etapas:
Até, finalmente, compreender o modo de relação entre fonemas e grafemas, em uma língua
específica.
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Todo esse percurso de alfabetização e letramento se resume, segundo a BNCC (2018),
ao processo de desenvolver habilidades/capacidades de leitura, tais como:
Conhecer o alfabeto;
Ampliar a sacada do olhar para porções maiores de texto que meras palavras, desenvolvendo
assim fluência e rapidez de leitura (fatiamento).
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Figura 4 - Livro aberto
Fonte: Plataforma Deduca (2023).
#PraTodosVerem: A imagem representa um livro aberto sobre uma pequena pilha de livros à direita. Ao fundo,
há 21 livros coloridos organizados em fileira.
Em “Letramento: um tema em três gêneros” (1998), Soares faz uma análise das
palavras: analfabetismo, analfabeto, alfabetizar e alfabetização.
a (n) +
ismo
a:
prefixo grego (acrescenta-se
um - n - quando a palavra -ismo: sufixo indica: modo de
alfabet +
a que é adicionado começa proceder, de pensar
com vogal) indica: privação, Exemplos:
falta de heroísmo: procedimento
Exemplos: acéfalo: sem de herói servilismo:
cabeça, sem cérebro amoral: procedimento servil.
privado de moral.
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#PraTodosVerem: O quadro representa a definição do termo analfabetismo segundo o dicionário Aurélio.
Curiosidade
Analfabeto: o que não conhece o alfabeto, que não sabe ler e
escrever (a(n)+alfabeto).
Curiosidade
Analfabetismo: o sufixo –ismo: significado da palavra, modo de
proceder como analfabeto.
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ALFABETIZAR: ensinar a ler e escrever
Alfaber + izar
Figura 5 - Alfabetizando
Fonte: Plataforma Deduca (2023).
#PraTodosVerem: A imagem representa uma professora fazendo mediação de aprendizagem com uma aluna,
a aluna está sentada e tem um porta lápis com lápis de cor e a menina escreve no caderno que tem à sua fren-
te. Ambas têm a pele clara. Ao fundo, há uma menina estudando, também de cor clara numa sala de aula.
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esteve presente, num primeiro momento, por meio da educação jesuíta, que de acordo
com pesquisas, manteve o monopólio da educação colonial por dois séculos. Este
período pode ser dividido em duas fases:
A escola de ler e escrever ensinava aos meninos boas maneiras e a técnica da leitura
e da escrita. Já o colégio, era o seminário, e o ensino era voltado sobretudo para a
Moral, Filosofia e Línguas Clássicas. Depois, era possível estudar Teologia, Direito ou
Medicina na Universidade de Coimbra, dirigida pelos jesuítas.
Saiba mais
A atuação de Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de
Pombal, Primeiro Ministro de Portugal de 1750-1777, (...) suscitou
ao longo de décadas, o lastro ideológico, reformador e autoritário,
voluntarista e despótico e de tirano esclarecido. Deste modo, a
análise das transformações da sociedade portuguesa em meados
do século XVIII, consubstanciadas nas Reformas Pombalinas, que
abarcaram os âmbitos econômico, administrativo e educacional,
tanto em Portugal como nas suas colônias, requer o conhecimento
da situação da metrópole neste período. Leia mais em: www.
histedbr.fe.unicamp.br/navegando/periodo_pombalino_intro.html
.
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Refletimos também sobre um breve histórico da história da educação brasileira que
foi a Reforma Pombalina, que originou a educação pública gerida pelo poder público.
Seguiremos, agora, nosso estudo com esse breve histórico da alfabetização no Brasil.
No entanto, mesmo após a Reforma Pombalina, ainda era utilizada a gramática da língua
latina. No período pombalino, recomendou-se que a língua portuguesa – denominada
“vulgar” – deveria ser usada como instrumento para aprender a gramática latina ao
mesmo tempo que a gramática da língua portuguesa deveria servir de apoio para a
aprendizagem da gramática latina. À medida que aos poucos o latim foi perdendo seu
uso e valor social, a gramática da língua portuguesa foi ganhando autonomia.
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Entre os séculos XVI e XIX, havia como componente curricular a retórica voltada
para a prática social. Além da arte de falar bem, a retórica incluía o estudo da poesia
(Poética), das regras de métrica e versificação, dos gêneros literários, da avalição da
obra literária, o que na atualidade se aproxima da Literatura.
Curiosidade
Retórica: a retórica é uma área relacionada com a oratória e dialética,
e remete para um grupo de normas que fazem com que um orador
comunique com eloquência. Tem como objetivo expressar ideias
de forma mais eficaz e bonita, sendo também responsável pelo
aumento da capacidade de persuasão.
Figura 7 - Biblioteca
Fonte: Plataforma Deduca (2023).
#PraTodosVerem: A imagem representa uma biblioteca com livros todos da mesma cor e com aspecto antigo.
Os livros estão numa prateleira e há uma mão, de cor clara, que seleciona e puxa um dos livros.
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Portanto, nessa época, era utilizado o método sintético de alfabetização (da parte
para o todo); da soletração (alfabético), partindo do nome de letras, fônico (sons
correspondentes às letras); e, da silabação, partindo das sílabas e considerando
uma ordem crescente de dificuldade. Primeiro ensinava-se a ler palavras formadas
por letras com seus correspondentes sons e/ou sílabas. Depois, ensinava-se frases
isoladas ou agrupadas. A escrita se restringia à caligrafia e ortografia. O ensino era
por meio de cópias, ditados e formação de frases ressaltando-se o desenho correto
das letras.
Método sintético
Corresponde a um método de alfabetização rápido e antigo. Ele acontece por meio de uma
correspondência entre o som e grafia, oral e escrita.
Caracteriza-se:
• Pela aprendizagem por meio de letra por letra e sílaba por sílaba e palavra por palavra.
• O indivíduo é capaz de perceber os símbolos gráficos de uma forma geral.
• O aluno apresenta dificuldades de compreender e criar textos, a leitura dura pouco.
• Método sintético se divide em três tipos:
• Método alfabético - é muito mais utilizado, tendo como princípio que a leitura parta da
decoração oral das letras do alfabeto. A principal crítica a este método está relacionada à
repetição de exercícios.
• Método fônico - consiste no aprendizado por meio de associação entre fonemas e grafemas,
ou seja, sons e letras basearem-se no ensino do código alfabético, tem como crítica o
método da soletração.
• Método silábico - a aprendizagem é feita por meio de uma leitura mecânica do texto,
decifração das palavras. Nesse método, as cartilhas são utilizadas para orientar os alunos e
são usados fonemas e seus grafemas.
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Vamos retomar, pois já analisamos os métodos de alfabetização nas unidades
anteriores, o conceito de Método Analítico no quadro a seguir.
Método Analítico
Corresponde ao método que analisa o todo (palavra).
Caracteriza-se:
• Inicia-se com palavras frases ou contos.
• Faz com que as crianças compreendam o sentido de um texto.
• Não ensina a leitura por meio da silabação, estimulando a leitura e deixando o aluno à vontade.
• As Habilidades dos alunos devem ser consideradas.
• Priorizar as habilidades de ouvir, falar e escrever.
• Método analítico se divide em três:
• Palavração: a palavra é apresentada ao aluno acompanhada da imagem, porém, é dirigida
aos detalhes da palavra como as sílabas. A palavra é composta e decomposta.
• Sentenciação visualiza e memoriza as palavras para formar novas palavras.
• Contos e historietas, é um método de sentenciação, método como ideia fundamental,
fazendo com que a criança entenda que ler é descobrir o que está escrito. E também
decompor pequenas histórias em partes cada vez menores.
Figura 8 - Alfabetizando
Fonte: Plataforma Deduca (2023).
#PraTodosVerem: A ilustração representa uma sala de aulas com seis crianças sentadas em fileiras e a pro-
fessora em frente à lousa. À esquerda, há um quadro de rotinas e a mesa da professora.
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Porém, ainda nos anos de 1940, a tradição da gramática e da retórica e da Poética
se mantinha. Isto porque o ensino ainda era restrito a uma elite que considerava
útil aquele tipo de ensino. A Retórica e a Poética foram ganhando um espaço mais
estilístico, pois aos poucos foi se distanciado o ensino das regras para se falar bem
do ensino das regras para de escrever bem.
Por isso, várias gramáticas para uso escolar foram produzidas nesse período. O
professor da disciplina de Português, na maioria das vezes, era um estudioso da língua
e de sua literatura e se dedicava ao ensino. Transformações nas condições culturais
e sociais a partir dos anos de 1950 acarretaram várias transformações no ensino da
Língua Portuguesa.
Houve uma maior possibilidade de acesso à escola, o que exigiu reformular novos
conceitos e função do ensino na escola. Assim, há uma mudança no perfil de
aluno, agora não mais filhos da elite faziam parte da escola, mas também filhos de
trabalhadores.
Neste período, que vai até década de 1970, acreditava-se numa base teórica que
propunha a necessidade de medida do nível de maturidade para o aprendizado da leitura
e da escrita. Eles eram mensurados de acordo com os testes ABC criados por Manoel
Bergström Lourenço Filho. Os testes iam de encontro aos ideais escolanovistas.
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Figura 9 - Sala de aula
Fonte: Plataforma Deduca (2023).
#PraTodosVerem: A imagem representa uma professora de cor clara em pé ministrando aula. Sentados há 3
alunos de cor clara, sendo um menino que está à esquerda e duas meninas mais ao centro. Todos estão com
as mãos levantadas.
Curiosidade
Escolanovista: adeptos da Escola Nova. Foi um movimento que
propunha uma nova compreensão das necessidades da infância e
questionava a passividade na qual a criança estava condenada pela
escola tradicional, conhecido também como Educação Nova. No
Brasil, a Escola Nova buscava a modernização, a democratização,
a industrialização e urbanização da sociedade. Os educadores
que apoiavam suas ideias entendiam que a educação seria a
responsável por inserir as pessoas na ordem social.
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para a compreensão e a interpretação de texto e em outros é no texto que se encontra
recursos para a aprendizagem da gramática.
Vimos até aqui, que a alfabetização na história do Brasil do período colonial até os
anos de 1940 teve sua função social voltada para o interesse de uma elite dominante
e seu ensino voltado para a gramática e estudo de textos. Foi a partir dos anos de
1950, que ocorreu a democratização do ensino e a classe trabalhadora pôde ter
acesso à escola. Mas será que esse acesso garantiu qualidade no ensino?
Neste conteúdo, vamos refletir acerca das avaliações realizadas na educação brasileira
ao longo do processo de avaliação. Vamos falar da avaliação em larga escala, a
Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) e seu histórico.
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Jomtien, na Tailândia, é firmada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos.
Um dos pontos que traziam em seus artigos se refere a tomar medidas consolidadas
para o enfrentamento da desigualdade na educação, tendo para isso a missão de
elevar os níveis de qualidade para todos e todas.
Figura 10 - Livros
#PraTodosVerem: A imagem mostra uma pilha de livros à direita que estão sobre uma mesa de cor
preta. Ao fundo, temos uma lousa verde, não há nada escrito.
Para fazer cumprir o que foi elencado na declaração, os países participantes foram
incentivados a elaborar Planos Decenais, em que as diretrizes e metas do Plano de
Ação da Conferência fossem contempladas. No Brasil, o Ministério da Educação
divulgou o Plano Decenal de Educação Para Todos para o período de 1993 a 2003,
elaborado em cumprimento às resoluções da Conferência.
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colonização, a leitura e a escrita passam a ser vistas de forma contextualizada. Ela
está relacionada às práticas sociais em que os sujeitos estão inseridos.
Atenção
O ANA é um dos instrumentos do Sistema de Avaliação da
Educação Básica (Saeb), avalia os níveis de alfabetização e
letramento em língua portuguesa, a alfabetização em matemática
e as condições de oferta do ciclo de alfabetização das redes
públicas. Passam pela avaliação todos os estudantes do terceiro
ano do ensino fundamental matriculados nas escolas públicas no
ano da aplicação da avaliação. Em 2016, os testes da ANA foram
aplicados para 2,5 milhões de estudantes, de 50 mil escolas e 100
mil turmas.
Atenção
A Avaliação Nacional da Alfabetização era aplicada no 3º ano dos
anos iniciais do Ensino Fundamental, e agora como SAEB, passa a
ser realizada no 2º ano. Isto ocorre pelo ciclo de alfabetização ser
concluído no 2º e não mais no 3º ano, conforme determina a BNCC.
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(sigla em língua inglesa para Programa Internacional de avaliação de estudantes), no
qual o Brasil se posiciona sempre abaixo das expectativas.
Saiba mais
Para saber mais sobre as grandes avaliações acesse os links a
seguir:
https://www.somospar.com.br/saeb/
PISA
https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-
exames-educacionais/pisa
Nosso objeto de estudo, nesta seção, foram as avaliações e, larga escala na educação
brasileira.
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Conclusão
Ao longo deste conteúdo, refletimos sobre as orientações e apontamentos acerca
da alfabetização e letramento ao longo dos anos iniciais do Ensino Fundamental, em
especial, no primeiro ciclo realizado entre o primeiro e segundo ano de escolarização.
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Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2018. Disponível
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_
versaofinal_site.pdf. Acesso em: 8 ago. 2023.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São
Paulo: Cortez, 1993.
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