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Prof.

Danilo Bomfim
E-mail: danilobalzac7@yahoo.com.br
Teorias de Aquisição da Linguagem
principais correntes teóricas sobre o
assunto:

EMPIRISMO
(behaviorismo,
conexionismo)

RACIONALISMO
(inatismo,
constrututivismo-cognitivista e
construtivismo-interacionista).
A aquisição da linguagem não é caótica,
aleatória.

Por volta de 3 anos, uma criança faz uso


produtivo de uma língua.

Como ela é aprendida?


Empirismo
O conhecimento é derivado da experiência; o
que é inato é a capacidade de formar
associações entre estímulos.

1) Empirismo-behaviorista:
Empirismo-behaviorista Skinner (1957) –
é possível predizer e controlar o
comportamento verbal:
Estímulo → Resposta → Reforço

Exemplo: criança + mamadeira + “papá” +


reforço = “aprendizagem”
• Problema 1: nomeação de algo a partir da
referência, da denotação; onde entraria a
conotação (as noções não referenciais)?
• Problema 2: como produzimos e
compreendemos sentenças nunca ouvidas
antes?
• Problema 3: a rapidez do aprendizado e as
generalizações internas (“erros” como cabeu,
fazi, fazeu, engoliva);

Logo, o processo de aquisição


não pode
se resumir a variáveis externas
2) Empirismo-conexionista: aprendizado ad hoc (de
acordo com cada fato), com certa admissão de
analogias e generalizações;
• Não nega a existência da mente e tenta explicar, em
termos neurais, o que ocorre entre os dados de
entrada e os dados de saída na mente;
• Interação entre organismo (rede neural) e ambiente,
assumindo-se a existência de um algoritmo de
aprendizagem (processo de cálculo, ou de resolução
de um grupo de problemas semelhantes; conjunto de
regras e operações bem definidas e ordenadas,
destinadas à solução de um problema ou de uma
classe de problemas);
• A aprendizagem está vinculada a mudanças nas
conexões neurais, a partir de um algoritmo de
aprendizagem interno que permite o aprendizado a
partir de experiências.

• Em um modelo conexionista, dá-se muita importância


à quantidade de dados de entrada – frequência – e à
variabilidade dos dados de saída.
Racionalismo
defendem a força de uma capacidade inata;

Racionalismo-inatista:
Racionalismo-inatista o aprendizado da linguagem é
independente da cognição e de outras formas de
aprendizagem (p. ex.: estímulo-resposta)

• Chomsky (1965): o ser humano é dotado de uma gramática


inata.
• Pinker (1994): a faculdade da linguagem não é um módulo da
cognição; há famílias inteiras com problemas lingüísticos (Specific
Languagem Impairement), enquanto suas capacidades cognitivas
são normais;

A criança teria um dispositivo de aquisição da linguagem (DAL)


inato que é ativado e trabalha a partir de sentenças (input) e gera a
gramática da língua à qual a criança está exposta.

Input  DAL/GU  Output (língua L, regras 1, 3, 6)


Regras 1, 2, 3, 4, ...
• A gramática universal: Princípios (leis invariantes e gerais)+
Parâmetros (leis cujos valores variam entre as línguas e lhes
conferem diferença superficial):
Princípio: toda língua tem sujeito;
Parâmetro: esse sujeito pode ou não ser omitido.

• Em inglês, o parâmetro seguido é a marcação invariável do


sujeito: It is raining.
• Em português, existe a possibilidade de omissão de um sujeito:
Está chovendo.

• A exposição ao parâmetro é que o determina; mas muitas


questões ainda hoje estão por ser respondidas:
1. Quantos são os valores dos parâmetros?

2. É possível haver reparametrização?

3. O que desencadearia a parametrização?

4. O que faz a criança iniciar o processo?

5. Tempo de exposição, de definição de um


parâmetro, de freqüência...?
Construtivismo: o mecanismo responsável
pela aquisição da linguagem também é
responsável por outras capacidades
cognitivas (conjunto dos processos mentais
usados no pensamento, na percepção, na
classificação, reconhecimento, etc.

Construtivismo-cognitivista:
Construtivismo-cognitivista linguagem
vinculada à cognição; a fonte do
conhecimento está na ação sobre o
ambiente;
•1.Sensório-motor (zero a 18
Para Piaget, os universais meses: são
lingüísticos exercícios
reflexos das
reflexos, estruturas
primeiros cognitivas
hábitos, universais; a
coordenação
linguagem
entre visãoéeporta para a cognição,
apreensão e busca dequeobjetos
passa
por períodos:
desaparecidos);

2. Pré-operatório (2 a 7 anos: função


simbólica, organizações representativas);

3. Operações concretas (7 a 12 anos);

4. Operações formais.
• Para que a criança faça uso do signo lingüístico,
é necessário que ela “aprenda” que as coisas
existem mesmo que não estejam no seu campo
de visão. Um objeto precisa continuar
existindo mesmo fora do campo de visão!

• Uma vez que se sabe que o objeto continua existindo


mesmo fora da visão, é preciso representá-lo; o signo
lingüístico desempenha esse papel

• Problemas do construtivismo-cognitivista: a
passagem pelas fases não é uniforme
Construtivismo-interacionista:
Construtivismo-interacionista Vygotsky (1962)
também defende que o desenvolvimento da
fala segue as mesmas leis, o desenvolvimento
de outras operações mentais; mas destaca a
função social da fala, do interlocutor, no
desenvolvimento da linguagem:

LÍNGUA + PENSAMENTO + SOCIEDADE


•Quatro estágios no desenvolvimento das
operações mentais:

1 Natural ou primitivo;
2 Psicologia ingênua (a criança experimenta
as propriedades físicas do seu corpo e dos
objetos, e aplica essa experiência ao uso de
instrumentos);
3 Signos exteriores (as operações externas
são usadas para auxiliar as operações internas);
4 Crescimento interior (interiorização);

•Por volta de 2 anos, fala e pensamento se


unem; a fala passa a servir ao intelecto, e
os pensamentos podem ser verbalizados;
• Vygotsky buscou compreender 3 questões
fundamentais:
– 1. a relação entre os seres humanos e o
seu ambiente físico e social;
– 2. o que fez o trabalho se tornar o meio
fundamental de relacionamento entre o
homem e a natureza, e as conseqüências
psicológicas dessas formas de atividade;
– 3. a natureza das relações entre o uso de
instrumentos e o desenvolvimento da
linguagem;
• Vygotsky buscou entender as chamadas funções
psicológicas superiores, tipicamente humanas:

capacidade imaginação
planejamento
memória
simbolização complexa voluntária
• São “superiores” porque se referem a mecanismos
intencionais, ações conscientemente
controladas, que dão ao indivíduo a possibilidade
independência em relação ao momento e espaço
presente.

• Não seriam inatos; são oriundos das relações entre


os indivíduos e se desenvolvem ao longo do processo
de internalização de formas culturais de
comportamento.

• Diferem, portanto, dos processos psicológicos


elementares (presentes em crianças e nos animais,
tais como reações automáticas, ações reflexas, etc.
• O cérebro é um “sistema aberto”, de grande
plasticidade, cuja estrutura e modos de
funcionamento são moldados ao longo da
história da espécie e do desenvolvimento
individual;

• A linguagem é um signo mediador por


excelência entre os homens, pois ela carrega
em si os conceitos generalizados e
elaborados pela cultura humana!
Algumas conclusões…

A aquisição da linguagem é fascinante!

As correntes teóricas vistas aqui são


apenas correntes teóricas e não verdades
absolutas!

Todas têm aspectos positivos e


esclarecedores, mas, quando confrontadas
com os dados de uma criança, ainda têm
muitas questões por explicar!

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