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PSICOLOGIA

ANALÍTICA

Carl Gustav Jung


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• Jung concebia a
personalidade como sinônimo
da dimensão psíquica do ser
humano em sua totalidade,
englobando, portanto, tanto
fenômenos conscientes
quanto inconscientes.

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Divergências entre Freud
e Jung
1. Papel da sexualidade – ampliação e
redefinição da libido;
2. Forças que influenciam a
personalidade – somos afetados pelo
passado, mas também pelo que
aspiramos fazer no futuro;
3. Inconsciente – Jung o enfatizou mais
do que Freud.
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Libido
• Para Jung, libido equivale à energia
psíquica, entendida de modo mais
amplo, e não com significação
eminentemente sexual, como para
Freud.
• A libido é compreendida como a
intensidade do processo psíquico. É
por meio dela que as atividades
psicológicas são executadas.

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• Jung concebe o psiquismo como um
sistema energético fechado e a libido é
a energia deste espaço.
• Todas as manifestações vitais são
compreendidas como consequências
do entrechoque de forças antagônicas:
Yin e Yang, macho e fêmea, dia e noite,
calor e frio, espírito e matéria, amor e
ódio, etc.
• Quanto maior é a tensão entre os pares
de opostos maior a energia liberada.
Sem oposição não há manifestação
energética.
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• Conservação da energia:
• Quando a energia se dirige para a
consciência e dali investe os objetos externos,
temos um movimento de progressão.
• Ao contrário, quando a libido se afasta dos
objetos externos e vivifica conteúdos
inconscientes, temos um movimento de
regressão.
• Ambos os movimentos são normais, que
ocorrem continuamente.
• Somente quando se tem uma fixação ou
estagnação da libido é que se tem uma
condição patológica.

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Os sistemas da
personalidade
• Para Jung, a personalidade total, ou
psique, é composta por vários sistemas
ou estruturas diferentes que podem
influenciar uns aos outros.
• Os principais sistemas são: o ego, o
inconsciente pessoal e o inconsciente
coletivo.

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O Ego
• O ego é o centro da consciência; a nossa
consciência de nós mesmos e é responsável
pela execução das atividades normais da
vida quando estamos acordados.
• O ego se estrutura a partir do inconsciente,
diferenciando-se e sempre se modificando
no decorrer da vida; jamais é um produto
acabado.

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O inconsciente pessoal
• É semelhante ao conceito de pré-
consciente de Freud.
• É um reservatório de material que já
foi consciente, mas foi esquecido ou
reprimido.
• Todos os tipos de experiências estão
armazenados no inconsciente pessoal.
É preciso pouco esforço mental para
acessá-lo.

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• Estes conteúdos inconscientes formam então
os complexos.
• Um complexo é um centro ou padrão de
emoções, lembranças, percepções e desejos
no inconsciente pessoal, organizado em torno
de um tema comum; formando assim, um todo
relativamente coeso, uma verdadeira
“entidade psíquica”, como Jung o chamava.
• Ex.: complexo de poder ou status; complexo de
inferioridade; complexo de perfeição, etc.
• Isto significa que a pessoa está preocupada
com esse tema a ponto de ele influenciar seu
comportamento, apesar de não ter
consciência.
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O inconsciente coletivo
• Jung concebe um nível inconsciente mais
profundo, que é comum a todos os seres
humanos, denominado por ele inconsciente
coletivo.
• Assim como cada um de nós acumula e
arquiva todas as experiências pessoais no
inconsciente pessoal, a humanidade
coletivamente faz o mesmo, armazenando
experiências da espécie no inconsciente
coletivo, que é transmitido a cada nova
geração.
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• Ou seja, herdamos padrões de estruturação da
personalidade.
• Estes padrões foram chamados por Jung de
arquétipos.
• O arquétipo não é uma imagem ou ideia inata,
mas antes uma possibilidade herdada, uma
matriz, uma virtualidade que toma forma,
traduzindo-se em imagens, a partir da interação
com o ambiente.
• A noção de arquétipo permite compreender por
que em lugares e épocas distantes aparecem
temas idênticos, nos contos de fadas, nos mitos,
nos dogmas e ritos das religiões, nas produções
do inconsciente de modo geral.

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• Os principais arquétipos são:
• Persona:
• Toda sociedade organiza-se de forma tal
que existem papéis determinados. Estes
papéis se definem a partir das funções
que cada pessoa exerce no
relacionamento com as outras pessoas.
• Cada indivíduo, então, para se adaptar
ao mundo em que vive, assume os
papéis disponíveis e que lhe cabem nas
diferentes situações em que se encontra.
Tenta preenchê-los e corresponder ao
que é esperado dele.
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• A persona nasce do interjogo entre a
personalidade individual e a sociedade com suas
expectativas coletivas.
• A persona é como uma máscara que o indivíduo
assume para satisfazer a estas expectativas.
• É natural e adaptativo que o indivíduo construa
uma persona adequada. Porém, o papel que o
indivíduo exerce e sua identidade não devem se
confundidos.
• Muitas vezes o ego se identifica com a persona, em
maior ou menor grau, sendo isto uma frequente
fonte de neurose. Para que a pessoa se
desenvolva, é preciso que aprenda a se distinguir
da persona.

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• Sombra:
• O lado obscuro da personalidade, pois é
justamente a contraparte do lado iluminado da
consciência.
• Compõe a sombra tudo que é considerado
fraqueza, defeito, aspectos imaturos e infantis,
enfim os complexos.
• A sombra corresponde ao inconsciente pessoal e
também ao coletivo, pois em toda sociedade
existem sempre características humanas não
desenvolvidas, negligenciadas ou reprimidas.
Portanto, quais são e qual a natureza dos
conteúdos sombrios de cada indivíduo vai
depender das características da sociedade.

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• Anima e animus:
• São os arquétipos do feminino e do
masculino.
• Seriam componentes contra-sexuais
inconscientes: a psique da mulher contém
aspectos masculinos e a psique do homem
contém aspectos femininos.
• São os arquétipos que regem o encontro do
eu com o outro, com o diferente.
• Enquanto inconscientes, estes
componentes são geralmente projetados
na mãe e no pai; posteriormente
transferindo-se para outras mulheres e
outros homens.
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• Self:
• É o arquétipo central; é o centro organizador que
rege o desenvolvimento psíquico. É o arquétipo da
orientação e do sentido. Envolve a reunião e o
equilíbrio de todas as partes da personalidade.
• Nesse arquétipo os processo conscientes e
inconscientes são assimilados para que o self, que
é o centro da personalidade, se desloque do ego
para um ponto de equilíbrio no meio do caminho
entre as forças opostas do consciente e do
inconsciente.
• A realização total do self está no futuro, é uma
meta.
• Como o desenvolvimento do self é impossível sem
o autoconhecimento, é o processo mais difícil com
que nos deparamos.

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O desenvolvimento da
personalidade
• Jung propôs que a personalidade é
determinada pelo que esperamos ser e
pelo que fomos.
• Jung acreditava que nos desenvolvemos e
crescemos independente da idade e
estamos sempre indo para um grau mais
completo de realização do self.

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Da infância ao início da
vida adulta
• O ego só começa a se formar substancialmente
quando as crianças começam a se diferenciar das
outras pessoas ou objetos do seu mundo. Ou seja,
a consciência forma-se quando a criança
consegue dizer “eu”.
• A adolescência é marcada por dificuldades e pela
necessidade de se adaptar às demandas da
realidade.
• Da adolescência até o início da vida adulta
preocupamo-nos com atividades preparatórias. O
foco é externo (educação, carreira, família) e o
consciente predomina.
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• A meia-idade é um período natural de
transição, no qual a personalidade
supostamente passa por mudanças
necessárias e benéficas.
• Jung observou que na primeira metade da
vida temos de nos concentrar no mundo
objetivo da realidade. Em contrapartida, a
segunda tem de ser dedicada ao mundo
interior, subjetivo, que até agora tinha sido
negligenciado. O foco sobre o consciente
precisa ser abrandado por uma consciência
do inconsciente.
• Portanto, na meia-idade, temos que começar
nosso processo de realização ou atualização
do self.

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• Individuação:
• Através do processo de individuação o
homem torna-se o ser único que de fato é,
realiza a sua potencialidade. Em outras
palavras, torna-se “si-mesmo”.
• A tendência à individuação é inata e
inevitável, mas será ajudada ou obstruída
por forças ambientais.
• É de especial importância no processo de
individuação da meia-idade a mudança
da natureza dos arquétipos.

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• A primeira mudança envolve o destronamento
da persona.
• Devemos estar cientes das forças destrutivas e
construtivas da sombra.
• Nós também precisamos nos reconciliar com a
nossa bissexualidade psicológica: um homem
precisa ser capaz de expressar seu arquétipo
anima e uma mulher seu arquétipo animus.
• Quando as estruturas da psique são
individuadas e reconhecidas é possível que a
próxima etapa do desenvolvimento ocorra; a
transcendência, a união de todos os aspectos
opostos dentro da psique. A realização do self.

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• Os tipos psicológicos
• Jung, preocupado com o esclarecimento
das particularidades individuais, propôs-se à
elaboração de uma tipologia psicológica.
• Fundamentado em numerosas observações
chegou aos dois tipos fundamentais de
comportamento ou atitude humanos,
chamando-os de introversão e extroversão.
• Esses conceitos referem-se a atitudes do
sujeito em relação ao objeto, ou à direção
do fluxo de libido, à maneira como se
processa o movimento da libido em relação
ao objeto.

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• A energia da pessoa cuja disposição é mais
extrovertida flui de maneira natural para o objeto,
o mundo externo.
• No introvertido, a libido recua frente ao objeto
fluindo preferencialmente em direção ao seu
mundo interno.
• Todas as pessoas apresentam as duas atitudes.
• Para Jung a psique é um sistema autorregulado e o
inconsciente tende sempre a compensar a atitude
consciente.
• Desta forma, na pessoa cuja atitude consciente é
extrovertida, existirá um fluxo inconsciente
dirigindo-se para o sujeito e vice e versa.

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• Após a conceituação das atitudes básicas
Jung tentou explicar as diferenças entre as
pessoas de um mesmo grupo.
• Essas diferenças, segundo ele, se devem à
função psíquica utilizada preferencialmente
pela pessoa.
• As funções psíquicas são quatro:
pensamento, sentimento, sensação e
intuição.

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• Funções avaliativas – pensamento e
sentimento
• Ambas introduzem um julgamento, uma
consideração sobre o objeto.
• Pensamento julga, classifica, discrimina uma
coisa de outra, baseado em critérios
impessoais, lógicos e objetivos.
• Sentimento faz uma estimativa do objeto,
também um julgamento, porém funciona
pela lógica do valor afetivo.

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• Funções perceptivas – sensação e intuição
• Ambas apreendem a situação diretamente,
sem a mediação de um julgamento ou
avaliação.
• Sensação constata a presença dos objetos
que nos cercam e, através dos nossos
sentidos, informa sobre suas características.
• Intuição é uma percepção via
inconsciente; é a função que nos informa
sobre de onde vem os objetos e qual o
possível curso de seu desenvolvimento;
geralmente nos chega na forma de
“pressentimentos”, “palpites” ou
“inspirações”. 27
• Naturalmente, cada indivíduo tem as quatro
funções como potencialidades, mas utiliza
normalmente, com maior frequência, a função
principal que está a serviço do Ego, dando à
atitude consciente sua direção principal.
• A função inferior, ou seja, oposta a principal, será
mais inconsciente, mais primitiva e menos
desenvolvida, na medida em que é menos
utilizada.
• Geralmente as outras duas funções também não
apresentam graus de desenvolvimento iguais; uma
delas será um pouco mais desenvolvida e auxiliará
a função principal; a outra, geralmente apenas
parcialmente consciente, é chamada de terciária
e utilizada com menor frequência que a função
auxiliar.
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• Para Jung a definição de um tipo é sempre
dinâmica e encerra um sentido de
desenvolvimento; ou seja, com o
desenvolvimento e o evoluir da
personalidade, cada um vai atingindo um
maior equilíbrio, uma menor rigidez e
preponderância entre as atitudes , assim
como na utilização das suas quatro
funções.
• “Todo o meu plano tipológico consiste,
meramente, numa espécie de orientação”.

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