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E-BOOK

ROSÂNGELA TEIXEIRA

PSICOLOGIA
JUNGUIANA
Sumário

Pág 2___Você conhece o poder do seu inconsciente?


Pág 3_____Jung: Mini biografia
Pág 4_______O pai de Jung
Pág 5_________A mãe de Jung
Pág 7___________Vida Profissional de Jung
Pág 8____________Jung e Freud
Pág 10 ____________Psicologia Analítica e seus conceitos: Inconsciente pessoal;
Iconsciente coletivo; Complexos; Arquétipos; Anima e Animus; Self; Individuação
Pág 23________________ Os filhos (as) da mãe / Os filhos (as) do pai
Pág 26____________________A vida não vivida!
Pág 28_______________________ Referências Bibliográficas / Fontes Imagens

SUMÁRIO
VOCÊ CONHECE O PODER
DO SEU INCONSCIENTE?
Venha saber como a Sombra está presente em nossas escolhas amorosas, na
nossa reatividade, procrastinação, dívidas, repetições fracassadas, na velha
autosabotagem. Nossa Sombra é um tesouro escondido, mas repleto de
“ouro”, que são os nossos dons ainda inacessíveis. É o nosso “cofre” forte
onde preferimos esquecer os nossos segredos. Um “sótão”, onde velhos e
empoeirados legados esperam para serem reconhecidos. Um "baú" de
histórias não vividas. Mas é no contato com ela que encontramos respostas
para as nossas dúvidas. Ignorá-la é repetir o que todosantes de nós fizeram e,
parece, sem sucesso. E a partir da 4ª década, a metade da vida de Jung, a
nossa Sombra vem com força total invadindoa nossa consciência. Nessa
época temos um encontro marcado com ela e eis que ela escolhe humanizar-
se num relacionamento difícil; numa crise de ansiedade; nas insistentes
explosões de raiva; nas escolhas autodestrutivas; numa depressão; num
sintoma crônico e grave; na falta de coragem de correr riscos; na culpa que
a grande maioria nem sabe que tem, mas que faz com que pouca coisa "dê
certo" em suas vidas; no medo de se relacionar, uma herança que pode ter
sido passada como um legado; na solidão, na carência, na obesidade, nos
vícios, no abuso que você pratica contra si mesmo quando é "bonzinho"
demais e muito, muito mais. Pois é, nossa Sombra conta o que está
acontecendo em nossas vidas e quanto mais tentarmos nos esconder dela ou
ignorá-la pior será. O melhor que temos a fazer é conhecê-la e ter um bom
relacionamento com ela e com a vida que viemos viver.

Rosângela Teixeira
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O PODER DO INCONSCIENTE / PÁG 2


Jung - Mini Biografia

O “Médico da Alma”; O “Senhor dos Mundos Subterrâneos”; O “Místico”; O


“Poeta da Alma”; O “Curador Ferido de Almas”; O “Profeta Atormentado”; O
fundador da Psicologia Analítica; genial “investigador” da alma humana.
Reconhecidamente um dos maiores cientistas do século XX. Um grande
pesquisador e cientista desprendido do rigor cientifico. Um Mestre que nos guia
pelas complexas nuances e riquezas da vida interior, vida essa que, para ele, tinha
uma importância muito maior do que qualquer evento externo. Jung, como ele
próprio diz, é “a história de um inconsciente que se realizou”, devido ao
extraordinário grau de totalidade que ele próprio atingiu em sua vida, vivendo-a em
todos os seus aspectos, inclusive os negativos. Um leonino introvertido nascido na
Suíça no dia 26 de julho de 1875. Alto, esbelto, imponente, de bom humor,
considerava as brincadeiras de grande importância para a sanidade e o bem-estar
dos homens. De temperamento irrequieto foi um homem repleto de ideias com
uma mente em constante atividade, ao mesmo tempo em que conseguia ser um
dos melhores e mais compreensíveis ouvintes. Dizem até, que uma das suas
características mais comoventes era a forma atenta como ouvia as pessoas.

“Ocorre um fato notável na psicoterapia: você não pode decorar nenhuma


receita e aplicá-la mais ou menos adequadamente, mas só é capaz de curar a
partir de um ponto central; este consiste em compreender o paciente como um
todo psicológico e chegar a ele como um ser humano, deixando de lado toda a
teoria e ouvindo atentamente o que quer que ele venha a dizer” Jung

Jung morreu a 6 de junho de 1961, aos 86 anos, em sua casa à beira do lago de
Zurique, após uma longa vida produtiva que marcou para sempre a psicologia e a
vida de todos nós. Sua casa acabou se tornando uma atração turística, que ele
próprio lamentava em tom divertido em seus últimos anos de vida.

JUNG - MINI BIOGRAFIA / PÁG 3


O pai de Jung
O reverendo Paul Jung. Um pastor protestante, por isso desde cedo Jung esteve
envolvido com assuntos religiosos. Sempre acompanhava seu pai aos sermões
que o mesmo pregava na comunidade local. Na escola e na aldeia ninguém o
chamava de Carl Jung, mas sempre “o Carl do Pastor”, o que o incomodava
muito. Mas seu pai era crivado de dúvidas acerca de sua religião, o que levou
Jung também a questionar sobre a fé de seu pai e a dos fiéis que frequentavam
a comunidade.

“Desde muito cedo, ele viu no pastor o homem estagnado, numa condição
medíocre, a quem faltaram forças para seguir sua linha própria de
desenvolvimento; o homem que não enfrentava as dúvidas religiosas que o
atormentavam, segundo parecia ao filho. O pastor temia as experiências
religiosas imediatas, agarrava-se à fé, amparava-se na Bíblia e nos dogmas.
Jung nunca poderia aceitar tal atitude.” SILVEIRA

Paul Jung era um homem frustrado, de humor melancólico, aspirou na


juventude ser um professor de línguas. Era forçado pelo seu ministério a ser mais
afável em público do que realmente era. No lar parecia um menino rabugento e
na maior parte do tempo demonstrava um comportamento apático. Jung
introjetou o abandono de seu pai, quando este se tornou incapaz de se
defrontar com as suas próprias dúvidas e às de seu filho. “Deve-se acreditar e
ter fé” era a resposta que recebia sempre que questionava um conceito
religioso. A religião sempre foi um tabu em sua casa criando uma barreira de
comunicação entre ele e seu pai. E as discussões religiosas entre os dois
costumavam terminar em brigas e ressentimentos.

O PAI DE JUNG / PÁG 4


A mãe de Jung
Emilie Preiswerk, era dona de uma personalidade bastante forte e Jung parece
ter adquirido várias características dela. Descrita como gentil, obesa, expansiva,
sociável, hospitaleira, boa cozinheira, enérgica, mas também uma mulher
autoritária, arrogante e deprimida. Excessivamente determinada e tenaz para
acompanhar a atitude de resignação do marido. Era dada a dizer o que não
podia ser expresso. O menino Jung via sua mãe transformar-se abruptamente.
Em meio aos seus afazeres domésticos, ela subitamente adquiria um olhar
estranho e longínquo e começava a falar sozinha, num tom de voz que não era o
seu, murmurando palavras estranhas e de difícil compreensão. Essas súbitas
transformações fizeram Jung suspeitar que sua mãe tivesse duas
personalidades distintas. Uma mãe dupla face, que quando estava no “outro”
estado comunicava-se com fantasmas e presenças espectrais, acabou
marcando seufilho definitivamente. Jung viu seus pais viverem presos a um
casamento repleto de amargura e sem solução, que, mais tarde, ele mesmo
descreveu como um testede longa duração. Para Jung, esse tipo de casamento
era comum entre pastores protestantes, “convencionalmente corretos". Emilie
Preiswerk, era dona de uma personalidade bastante forte e Jung parece ter
adquirido várias características dela. Descrita como gentil, obesa, expansiva,
sociável, hospitaleira, boa cozinheira, enérgica, mas também uma mulher
autoritária, arrogante e deprimida. Excessivamente determinada e tenaz para
acompanhar a atitude de resignação do marido. Era dada a dizer o que não
podia ser expresso. O menino Jung via sua mãe transformar-se abruptamente.
Em meio aos seus afazeres domésticos, ela subitamente adquiria um olhar
estranho e longínquo e começava a falar sozinha, num tom de voz que não era o
seu, murmurando palavras estranhas e de difícil compreensão.

A MÃE DE JUNG / PÁG 5


A mãe de Jung
Essas súbitas transformações fizeram Jung suspeitar que sua mãe tivesse duas
personalidades distintas. Uma mãe dupla face, que quando estava no “outro”
estado comunicava-se com fantasmas e presenças espectrais, acabou
marcando seu filho definitivamente. Jung viu seus pais viverem presos a um
casamento repleto de amargura e sem solução, que, mais tarde, ele mesmo
descreveu como um teste de longa duração. Para Jung, esse tipo de casamento
era comum entre pastores protestantes, “convencionalmente corretos" e do
ponto de vista psicológico totalmente "equivocados”, afirmava ele. Quando
Jung tinha 3 anos, sua mãe adoeceu gravemente e precisou afastar-se dele
ficando hospitalizada por vários meses. Sua doença crônica e de difícil
diagnóstico, presume-se que tinha alguma relação com a falta de afeto entre o
casal e a difícil vida conjugal. A ausência materna o perturbou tão
profundamente que, segundo ele, esse foi o motivo do eczema generalizado
sofrido por ele. Sem dúvida, Jung viveu num ambiente familiar bastante difícil
para o desenvolvimento da autoconfiança que tanto um leonino precisaria.

“[...]Desde então, sempre suspeitei quando a palavra “amor” era


pronunciada. O sentimento que durante muito tempo associei a “mulher” foi
de desconfiança inata. “Pai”, por outro lado, significava confiabilidade
e...impotência.” Jung
Imagem 2

A MÃE DE JUNG / PÁG 6


Vida Profissional

Jung decide estudar Medicina, apesar de se interessar por assuntos diversos,


tais como Ciência, História, Religião, Filosofia, Arqueologia. Mas desde cedo, ele
tinha sonhos, experiências, visões e sensações que não ousava contar a
ninguém. Menino ainda começava a levar a sério as manifestações da mente
inconsciente, sobretudo as reveladas através dos seus sonhos. Os fenômenos
parapsicológicos sempre desempenharam um papel importante na sua vida e
acabaram influenciando sua escolha vocacional. Foram esses fenômenos
misteriosos vivenciados por Jung que acabaram dirigindo o interesse dele para
a Psicologia e para a Psicopatologia. E ele “sacrificou” uma promissora carreira
médica, segundo seus professores da época pela Psiquiatria. Seu primeiro cargo
profissional foi como assistente do Hospital Burghölzli de Doenças Mentais,
em Zurique, o mai famoso asilo psiquiátrico de doentes mentais da Europa. Seu
diretor foi o psiquiatra Eugen Bleuler, célebre em todo o mundo pela maneira de
tratar as psicoses e pelo desenvolvimento do conceito de esquizofrenia. Jung
isolou-se no hospital durante 6 meses, observando os pacientes, estudando
exaustivamente a literatura psiquiátrica e buscando responder a sua própria
pergunta: “O que se passa realmente no íntimo dos mentalmente doentes?” E
obteve o doutorado na Universidade de Zurique, com a dissertação “Psicologia
e a Patologia dos Fenômenos Chamados Ocultos”, que investigou o
comportamento de uma prima sua, uma menina de 15 anos que era tida como
médium.

VIDA PROFISSIONAL / PÁG 7


Jung e Freud “Recompensa-se
muito mal ao mestre,
Jovem ainda, mas já considerado um se permanecer
médico muito talentoso, Jung foi apenas um discípulo”
promovido ao cargo de vice-diretor do
hospital e em seguida professor de
Nietzsche.
psiquiatria da Universidade de Zurique.
expressão de espiritualidade a algo
Começa aí o seu contato com Sigmund
menor, farejando sexo em toda parte;
Freud. Logo surge uma admiração
a sua maneira reducionista de
mútua e poderosa entre o chamado "pai
interpretar sonhos. Jung se
da psicanálise" e o jovem rapaz, que
horrorizava quando Freud respondia:
acaba ganhando sua confiança e passa
“Sim, é assim, e isso é apenas uma
a ser o seu “discípulo”, chamado pelo
maldição do destino contra a qual
próprio Freud de “o filho mais velho”,
somos incapazes de lutar”. O
“príncipe herdeiro” e “sucessor”.
inconsciente para Freud era apenas o
Freud representava uma personalidade
pessoal, aqueles conteúdos
superior a qual Jung reconhecia ter um
reprimidos da infância. Freud também
débito, possivelmente uma projeção do
acreditava que a psique retinha
seu pai. Para Jung, Freud era
vestígios antigos, arcaicos, mas para
“plenamente notável”. Freud, sem
ele era um fardo que nós seríamos
dúvida, significou muito para Jung e
obrigados a reprimir. Já Jung, os via
este sempre o respeitou muito, mas a
como um reservatório de energia vital,
sua confiança nele começou a ser
uma fonte de significado e sentido de
abalada e Jung se decepciona quando
vida. O rompimento com Freud era
percebe a obsessão de Freud por suas
inevitável e acabou sendo um trauma
ideias; a rigidez do seu dogmatismo; a
enorme que o marcou por toda a vida
sua tendência de reduzir qualquer
Jung tinha que prosseguir sozinho,
pois sua verdadeira personalidade já
tinha entrado em ação e o seu
caminho de individuação precisava
JUNG E FREUD / PÁG 8 começar a ser trilhado..
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Foi sua tarefa desde sempre construir uma nova teoria radicalmente diferente da de Freud, onde
sua essência seria o futuro, as potencialidades de nossa personalidade que precisariam
desabrochar e, não o passado. O mundo seria dos símbolos e não da sexualidade. O que Freud
sinalizava como reprimido, Jung interpretava como uma possibilidade de desenvolvimento
psicológico. Enquanto Freud permanecia na infância, Jung iria seguir adiante, “crescendo” e
se tornando um importante intérprete da meia idade e do seu significado, pois para ele seria
nessa fase da vida que uma personalidade revelava-se de verdade. Jung, como bom leonino e
bastante criativo usou conceitos que continham muitas ideias diferentes. Buscou na filosofia,
psicologia, biologia, antropologia, religião, mitologia, alquimia respostas para as suas angústias
sobre a Alma. Foi precisamente essa combinação de saberes tão distintos que deu a Psicologia
de Jung seu estilo, sua consistência e sua profundidade. E Jung criou a Psicologia dos
Complexos para depois batizá-la de Psicologia Analítica. Uma psicologia com inúmeros e
riquíssimos conceitos, tais como: Self, Tipos Psicológicos, Arquétipos, Inconsciente coletivo
e pessoal, Anima e animus, Sombra, Persona, Individuação, Complexos. Termos que são
constatações da abrangência e da profundidade que o impacto de sua psicologia nos causou.

JUNG E FREUD / PAG 9


Os dois inconscientes de Jung

1) O Inconsciente pessoal
Seria a camada mais superficial e, por isso, a de mais fácil acesso para a
consciência e o ego. É onde armazenamos nossas experiências provenientes
da nossa história pessoal, as vivências da nossa infância, as imagens que
construímos a respeito daqueles à nossa volta. Aquelas que não obtiveram
aprovação do nosso ego, por isso, foram reprimidas, esquecidas, ignoradas,
negadas. Mas que não irão desaparecer da nossa psique, porque nada do que
foi experimentado deixa de existir. O Inconsciente pessoal desempenha um
papel de fundamental importância na produção dos sonhos. Além disso, é aí
que os Complexos ficam instalados.

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OS INCONSCIENTES DE JUNG / PÁG 10


2) O Inconsciente coletivo
É a camada mais profunda e primitivado nosso inconsciente. Abrange uma
grande parte da nossa psique composta por conteúdos que ultrapassam as
nossas vivências pessoais, pois já existiam antes de nós. Aquilo que desde
sempre fez com que o homem fosse homem. Uma instância de caráter mítico
que pertence a humanidade e não a uma única psique. Lembranças herdadas
dos nossos ancestrais que passam de geração a geração. Imagens primordiais
da humanidade. Uma herança psíquica universal que já trazemos conosco.
Um depósito de reação típicas da humanidade, tais como medo, raiva, culpa,
figuras de pai, de mãe, ódio e amor, a relação com os sexos, etc.
Os arquétipos fazem parte do inconsciente coletivo.
Para Jung, os dois inconscientes seriam embriões de novas possibilidades
para criar vida, pois ainda não atingiram o limiar da consciência. Por isso,
precisamos estar muito atentos aos conteúdos advindos do inconsciente, pois
eles podem fazer emergir novas perspectivas até aqui ainda desconhecidas
por nós. Podem dar sentido e profundidade aos momentos de mudanças,
aqueles que nos angustiam em excesso. A dimensão do inconsciente mais
profundo, o coletivo, pode explicar por que, muitas vezes, é tão difícil
compreender por que nos encontramos em determinadas situações e,
completamenteimpotentes para sair delas, talvez, por que algo de importante,
cujo sentido nos escape, mas acontece apesar de nós. A Psicologia Analítica
busca a autorregulação da psique, onde o diálogo entre consciente e
inconsciente precisa ser uma constante. Ver a interferência do inconsciente
nas experiências pessoais dos nossos pacientes é o nosso trabalho como
psicoterapeutas junguianos e cuidar delas é o significado de ter-nos tornado
um psicólogo junguiano.

OS INCONSCIENTES DE JUNG / PÁG 11


Complexos
“Uma pessoa não tem um
Complexo, o Complexo que a
tem.” Jung

Outro importante conceito junguiano.


Uma manifestação do inconsciente na
consciência. São grupos de conteúdos
psíquicos que se separam da consciência,
funcionando arbitrariamente. Pequenas
personalidades. Autônomos. Possuem
uma força impulsionadora própria, por isso
não atendem a vontade, muito menos ao
controle do ego. Quando um Complexo
atua há uma possessão, onde não
conseguimos nos controlar, ferindo e
sendo feridos. Observe-se: quantas vezes
você já disse "eu não consegui me
controlar", "eu passei dos limites" ou
"onde é que eu estava com a cabeça?"
Complexos Ativados! Sua força
consteladora pode ser considerada como
um portador de significado, que na
maioria das vezes é inconsciente,
portanto, não é dirigível pelo seu dono e,
desse modo, tem poder de frear ou ativar
ações conscientes.

COMPLEXOS / PÁG 12
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Complexos Eles não são considerados uma
inferioridade, nem são patológicos,
apenas estão confirmando que existem
conteúdos não assimilados, não
E numa fração de segundo somos
unificados, não integrados, aquilo que
“tomados” pelos nossos Complexos e de
ainda permanece não resolvido. Pode até
um estado ativo passamos para um estado
ser visto como um empecilho, mas,
passivo. Ficamos sem energia e sem
também, precisamos vê-lo como uma isca
clareza do que pode estar acontecendo
para maiores esforços internos e novas
conosco, nem de onde isso vem. Nesse
possibilidades de vivermos a nossa vida.
momento nossa liberdade desaparece e a
Por isso, nossos Complexos são pontos
nossa intenção também. Os Complexos
centrais da nossa psique e da nossa
originam-se de um trauma acontecido na
história que não deveríamos prescindir,
infância ou em acontecimentos mais
pois do contrário, nossa vida psíquica
recentes onde uma parcela da psique é
acabaria estacionando, assim como a
encapsulada ou se cinde. Uma situação
nossa realidade. Para lidar com o domínio
traumática tão forte que consegue reverter
dos Complexos, é preciso reencontrar
todo o equilíbrio psíquico de uma pessoa,
seu equilíbrio, buscar a introspecção e o
forçando a totalidade deste a submeter-se
autoconhecimento para intuir o porquê
à sua influência. Mas eles nos mostram
de determinadas dores. A terapia é um
com um tom emocional vivo a mesma dor
desses caminhos de equilíbrio.
do passado, só que incompatível com a
Ocomplexo tem em seu núcleo o
situação de hoje ou com a atitude
arquétipo.
habitual. Segundo Jung, "...tudo que é
acentuadamente sentido, torna-se difícil
de ser abordado". Todos nós temos
Complexos. Eles confirmam hoje as nossas
dificuldades, conflitos, desajustes.
Precisamos ter consciência de que
quando os Complexos nos dominam,
fatores adoecedores estão se
manifestando e exigem a nossa atenção
sobre eles.

COMPLEXOS / PÁG 13
Arquétipos
Imagens primordiais, que existem a priori, em toda parte e em todos os
indivíduos. Imagens universais que existiram desde os tempos mais remotos.
Presenças eternas. Todos nós herdamos as mesmas imagens arquetípicas.
Todos os seres humanos têm emoções análogas que não precisam ser
recordadas. Elas apenas surgem: luto numa perda; alegria quando
conseguimos algo muito desejado; raiva quando alguém invade nosso
espaço; depressão quando o sentido da vida é perdido. Eles também se
mostram em imagens como um círculo, uma espiral. Arquétipos como a
criança divina, o velho sábio, os heróis e heroínas; o embusteiro; a magia; o
poder; Deus e o demônio; morte e renascimento são presenças arquetípicas.
Objetos naturais, como árvores, sol, lua, vento, fogo. Suas imagens e vivências
que estão muito presentes em todas as religiões, apesar de teremrecebido
uma estruturação dogmática diferente, ainda hoje atuam na psique, como o
símbolo de Deus que morre e ressuscita; o mistério da concepção sem
pecado do Cristianismo. Desenhos animados e filmes da Disney trabalham
com temas míticos: A Bela e a Fera pode ser uma versão atual de Eros e
Psiquê. Os mitos heróicos hoje estão bem representados pelo Super Homem.
Em épocas de grandes ameaças e de muito medo, chefes de estados,
autoridades costumam se reunir em torno de uma mesa redonda. O círculo é
um símbolo muito antigo de totalidade, de coesão, portanto, de proteção.
Arquétipos são disposições preexistentes que estão sempre atuando na
formação de uma cultura. Jung os chama de “órgãos da alma”. O arquétipo da
mãe é um significado que permanece inalterado. O protótipo da mãe e da
“Grande Mãe” com todos os seus paradoxos são os mesmos dos tempos
míticos. São figuras com uma força igual em qualquer lugar do mundo e em
qualquer época.

ARQUÉTIPOS - PÁG 14
Arquétipos

A mãe ou o pai arquetípico servem de padrão para a mãe e o pai humanos.


Assim é com o herói que sempre fez parte da humanidade e hoje pode surgir
num bombeiro que salva uma vida, no James Bond, num jogador de futebol
considerado como um semideus pelos seus torcedores. O arquétipo é o
núcleo de um Complexo. Toda figura arquetípica sempre tem dois lados, o
negativo e o positivo, a face luminosa e a sombria, as fadas e as feiticeiras, o
herói e o vilão. Para que um arquétipo chegue até a nossa consciência e
torne-se acessível para nós, ele precisa, antes de qualquer coisa, poder
aparecer e encarnar, seja num acontecimento ou numa pessoa. Assim
como tão bem descreveu Fernando Pessoa:

“Caí de amores por ela logo que a vi”.


“Perdi minha alma por ela a partir do momento em que lhe dirigi a
palavra”.
“Seus olhos, tais como um fogo sobre meu transtorno, mergulharam sua
chama até o mais profundo do adormecido de meu ser.”

É bem assim que se dá o encontro com um arquétipo. Um encontro que na


paixão ou no ódio ressuscita repentinamente representações eternas vindas
do mundo arquetípico. Quatro arquétipos desempenham papéis muito
importantes na nossa personalidade: Anima e Animus ; Sombra entre outros.

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ARQUÉTIPOS - PÁG 15
Anima e Animus
Os parceiros invisíveis. Ele e Ela não estão sozinhos no sofá da sala. O casal
tem companheiros interiores que, sem seu conhecimento, dirigem a dança
das rejeições e atrações. Trata-se do Animus e da Anima. A verdadeira cara-
metade. A nossa personalidade interior, que, como não a conhecemos,
procuramos por ela fora de nós e lá está ela, no nosso parceiro. Anima e
Animus nos convidam tanto para viver o amor, o relacionamento com um Tu,
quanto para vivermos uma relação com o nosso mundo interno ainda
desconhecido, por isso, eles criarão todo tipo de “animosidade” na relação.
Na conjugalidade, lá estão eles frustrando todas as expectativas que tínhamos
em relação ao parceiro ideal. Na primeira etapa da vida, são eles que nos tiram
do nosso ambiente familiar para vivenciarmos as nossas relações de amor e
formarmos nossa própria família. A partir da meia idade, eles convidam-nos a
um retorno a nós mesmos, a fim de conhecermos as dimensões mais
profundas do nosso inconsciente que já desejam e precisam expressar-se. A
Anima é o feminino inconsciente do homem. O Animus é o masculino
inconsciente da mulher. Quando a Anima e o Animus permanecem
inconscientes, eles vêm perturbar fortemente a relação de um casal. Sua
forma preferida de se mostrarem na relação é através do jogo de projeções e,
inevitavelmente, conteúdos inconscientes serão projetados sobre os
parceiros que se assemelham aos pais. Enquanto estiverem prisioneiros do
Complexo materno ou paterno terão grandes chances de atrair parceiros com
os quais irão reproduzir, de alguma forma, o drama da infância. Mas na
realidade, é raro encontrar alguém que esteja com seu Animus e Anima
liberados totalmente de seus Complexos parentais. O Animus representa a
coragem, a ação, a decisão, a firmeza. É um senhor que sabe tudo, cheio de
convicções e razão.

ANIMA E ANIMUS - PÁG 16


Anima e Animus
A Anima encarna as emoções, os humores, a intuição, a sensibilidade. É
alguém com grande poder de sedução. Sabe como ninguém fazer lindas
declarações de amor e de se mostrar apaixonado. A dinâmica conjugal
apresentará inúmeras formas de interação, mas, se olharmo com a ajuda
valiosa da Psicologia Analítica de Jung sobre como a energia psíquica se
move na relação, constataremos que o consciente e o inconsciente se
entrelaçam o tempo todo, em movimentos opostos tentando compensar o
que falta em si mesmo. Uma tentativa do nosso inconsciente para
prosseguirmos em nosso desenvolvimento.

“Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta”
Jung

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ANIMA E ANIMUS - PÁG 17


A Sombra sabe Porque reconciliar-se consigo mesmo
depende da integração, mas isso só é
possível se olharmos com honestidade
E nos incomoda muito, porque para a nossa Sombra,
gostamos de nos apresentar um pouco responsabilizando-nos por ela, deixando
mais belos do que realmente somos. de apontar para o outro. O nosso lado
Queremos satisfazer o nosso próprio Sombra é constituído pelos nossos
ideal de pessoas boas, perfeitas e, sentimentos desagradáveis, como culpa,
também o ideal de nossos semelhantes. ódio, raiva, ciúmes, orgulho, inveja,
E a Sombra é o oposto da face ideal que desejos sexuais, egoísmo, etc.
tentamos mostrar aos outros, “um Constrangedores à nossa boaimagem,
antídoto para as ilusões idealistas”, costumamos controlá-los, rejeitá-los,
segundo Jung. Ela é uma parte inferior, negá-los, reprimi-los. A Sombra é um
negligenciada, inadaptada de nós “porão”, onde escolhemos “esquecer”
mesmos, que escondemos de nós e dos tudo o que foi muito penoso sentir, como
outros. A Sombra segundo Jung, é “a os nossos traumas, dores profundas
coisa que uma pessoa não tem desejo vivenciadas por uma psique ainda muito
de ser”, por isso preferimos expulsá-la imatura e impotente, a da nossa criança.
através da projeção, atribuindo-a a outra Mas também pode ser considerada
pessoa, geralmente do mesmo sexo. como um “saco dos desperdícios”,
Mas, segundo ele mesmo, é de grande metáfora de Robert Bly, pois nela existem
importância para o convívio entre os muitos talentos e qualidades perdidas.
seres humanos, bem como para as Ela pode representar aquilo que jamais
reflexões sobre ética e moral, para uma ousamos ou tivemos coragem de
melhor compreensão da raiva e das desenvolver em nós mesmos, por isso,
nossas irritações e, também, para o também, vê-la no outro traz uma
perdão e reconciliação consigo mesmo. lembrança dolorosa e insuportável para
o ego, que precisará negá-la e
rejeitá-la imediatamente.

A SOMBRA SABE / PÁG 18


A Sombra sabe “O encontro consigo
mesmo significa, antes de
mais nada, o encontro com
A Sombra é um dos arquétipos mais
a própria sombra”. Jung
importantes do Inconsciente Coletivo.
Um dos conceitos mais importantes
desenvolvidos por Jung dentro Nossos conteúdos sombrios
da Psicologia Analítica, porque ela é o simplesmente se recolhem ao
portal na busca da nossa individuação. inconsciente e permanecem lá em
É o arquétipo que mais se relaciona com estado latente enquanto tudo parece
o Inconsciente Pessoal, porque ele se correr bem para o ego. Até que uma
constitui como um portal entre crise pode fazer com que a Sombra
consciente e inconsciente. Sendo assim, aproveite a oportunidade para exercer
nada do que foi “reprimido” deixa de o seu poder sobre o ego. Quando
existir, pelo contrário, nossos rejeitamos a Sombra, ela precisará ser
sentimentos desconfortantes seguem projetada. Projeção é um mecanismo
nos acompanhando para sempre em de defesa do ego que nos faz
nossa caminhada de vida e tudo aquilo “escolher” um depositário para o
que um dia nos esforçamos tanto para nosso lado oculto. Sendo assim, ele é
esconder é refletido em cada passo que o mentiroso, ganancioso, invejoso - eu
damos. Acreditamos que ao liminarmos não! Projetamos nossos aspectos
os elementos maus da nossa sombrios nos parceiros e de repente,
personalidade, eles ficarão lá já não sabemos quem é mesquinho
descartados para sempre, mas a Sombra ou cruel na dinâmica do
é persistente e não é derrotada pela relacionamento. Brigamos muito com
repressão. nossos parceiros, exigindo uma
mudança deles, quando, na verdade,
somos nós que precisaríamos mudar.

A SOMBRA SABE / PÁG 19


A Sombra sabe

Mas quem não sabe da Sombra não


sabe disso de jeito nenhum. Quando
sabemos do nosso lado escuro e o
vemos “passeando” fora de nós, em
outros rostos, temos a chance de nos
olharmos com mais realismo e também
podemos olhar as outras pessoas de
forma mais real. Ficamos mais
tolerantes conosco sem precisarmos
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nos culpar tanto quando não aceitamos
o outro. A grande diferença de ser mais Sentiremos uma necessidade interna
consciente do nosso lado sombrio é muito forte de identificarmos estas
que não colocamos esse outro como emoções, tentando compreender o
completamente mau e nem nós, como motivo e o porquê foram
totalmente bons. Sendo mais objetivo, desencadeadas e de que parte da
quando conseguimos ver o que é nosso nossa história elas vêm. Essa é a tal da
e como os nossos aspectos ocultos responsabilidade que cabe a cada
contribuem inconscientemente para a um, abrindo caminho para a desculpa
dinâmica do conflito, temos como e a reconciliação, talvez mais consigo
lidar com o que está acontecendo. Já mesmo do que propriamente com o
não ficamos tão confortáveis em outro. É assim que a Sombra é
apontar uma única pessoa como a reintegrada, com chances de ser
culpada e nós como vítimas. dosada e encarada como parte da
nossa personalidade toda vez que ela
decidir fazer suas incursões em nosso
dia-a-dia.

A SOMBRA SABE / PÁG 20


O Self
O principal arquétipo do inconsciente coletivo, assim como o Sol é o centro
para o sistema solar. O princípio organizador. A personalidade total. Unificada.
Atrai e harmoniza os demais arquétipos e suas atuações nos Complexos e na
personalidadeconsciente. De alguma forma é a quintessência de um
indivíduo. O self, bem diferente do ego, é capaz de influenciar a personalidade
de forma a fazê-la amadurecer, expandindo a sua consciência
e percepção sobre a sua vida.

“[...] o self é a meta da


nossa existência, por ser ele a mais completa expressão da combinação a
que estamos fadados e que denominamos individualidade...”
Jung

Individuação
O tornar-se Si mesmo. É o caminho de ampliação da consciência. É o vir a ser,
ao longo da vida. Quando seguimos sendo cada vez mais autênticos, pois só
assim sentiremos que a nossa vida faz sentido. Um processo de
desenvolvimento que acontece na metade vida. Para Jung, a primeira metade
da vida, nós usamos para alcançar os objetivos sociais: profissão,
relacionamento, família, conquistamos status, prestígio. Estamos vivendo para
fora, para o mundo. Na segunda metade, vivemos para dentro. É a vez do
inconsciente se tornar consciente. A individuação consiste numa
aproximação lenta dos conteúdos intrapsíquicos e no reconhecimento de sua
influência sobre o ego.

SELF E INDIVIDUAÇÃO - PÁG 21


Individuação

Anima e Animus, os Complexos parentais e a Sombra serão “animados”


nessa época e surgirão na tensão dos nossos relacionamentos, na nossa
irritante insistência em deixar que nossos padrões permaneçam os mesmos
da primeira metade. Nossa psique está, apenas, trabalhando para que sejam
integrados a consciência. O processo de individuação é um processo de
integração de conteúdos inconscientes. Uma chance de obter autonomia e
liberdade dos Complexos parentais. Uma separação dessas vivências
internalizadas que não nos possibilitam viver o que queremos, e só provocam
em nós uma certa compulsão à repetição. Individuar-se é uma busca
persistente pelo Self. É o tornar-se inteiro, que nunca alcançamos, mas os mais
conscientes encontram-se a caminho dela, talvez empacados pelo caminho,
mas é o próprio processo que preenche o sentido da nossa vida. Um processo
que não é acessível à consciência, nem possível de ser realizado, sem um
conhecimento e uma técnica psicológica especifica.

SELF E INDIVIDUAÇÃO / PÁG 22


Os Filhos do Pai e os Filhos da Mãe:
Filhos da vida não vivida de seus pais

A criança desenvolve uma imagem ideal de um dos progenitores e


inconscientemente se molda como uma cópia desse progenitor visto por ela
como “poderoso”, formando seus padrões de personalidade através desse
“pai” ou “mãe” escolhido. Ao mesmo tempo a criança rejeita o outro
progenitor menos dominante, guardando suas qualidades na Sombra,
formando também padrões da sua personalidade, mas que surgirão como
aspectos sombrios.

Os filhos e filhas do pai

Aqueles que terão como tarefa de vida resgatar o feminino da sua Sombra,
trazendo para sua vida o sentir, a intuição, a empatia, a aceitação, a
espiritualidade, a suavidade e a vulnerabilidade que foram para a escuridão.

1) O filho do pai

Um menino masculino. Independente, decidido, corajoso, empreendedor,


autoritário, rígido. Que “pode tudo”. Não consegue ponderar as coisas.
Materialista. Machista. Gosta de ser reconhecido. Extremamente exigente
consigo e com o outro. Provedor, responsável, compromissado. Esqueceu sua
sensibilidade na Sombra. Percebeu lá trás que chorar e sentir o tornava fraco.
Mas vai precisar sentir o que se passa com o Outro. Respeitar, ter atenção e
cuidado com o seu parceiro. São filhos que carecem dos aspectos luminosos
do Puer, da sua força criativa, da sua alegria, da leveza e da sua flexibilidade. A
metade da vida os espera ansiosamente.

FILHOS (AS) DO PAI E DA MÃE / PÁG 23


Os Filhos do Pai e os Filhos da Mãe:
Filhos da vida não vivida de seus pais

2) A filha do pai

A “filha predileta”. De um pai perfeito. A “namoradinha” do papai. Uma filha


confidente desse pai. A “esposa” idealizada dele. Sua intenção sempre foi
impressionar esse pai. Obter sua aprovação. E fazê-lo orgulhar-se dela. Uma
mulher independente. Prática. Objetiva. Competente. Que despreza a
feminilidade e uma dependência saudável. Não quer repetir suas mães. Por
isso usa uma persona de mulher independente. É crítica e dura consigo
mesmo e com o outro. Repleta de razão e convicção, uma forma de proteção
que seu ego usa para não correr o risco de sentir. Na metade da vida, essa
filha vai ter que descobrir nas suas projeções sobre os homens a raiva muda
que a sua mãe sentia.

3) O filho da mãe

A história do Animus da mãe na vida do filho. O homem que não se separou


da mãe, tão comum em nossos dias. O “filhinho” da mamãe. Um filho
encantador. Afetuoso. Gentil. Educado. Obediente. Sensível. Compreensivo.
Superadaptado às demandas das pessoas à sua volta, “o filho de ouro da
mamãe”. Sedutor. O homem mais charmoso do mundo. Dependente. O Puer,
o menino que não quer crescer. Excessivamente voltado para o seu mundo
interno e perigosamente desinteressado do trabalho e das questões práticas.
Um filho que vai precisar aprender a dar limites. Lidar com a realidade prática
da vida: rotina, contas a pagar, trabalho, horários.

FILHOS (AS) DO PAI E DA MÃE / PÁG 24


Os Filhos do Pai e os Filhos da Mãe:
Filhos da vida não vivida de seus pais

4) A filha da mãe

A boa filha. Obediente. Sempre amável. Atenciosa. A “melhor amiga” dessa


mãe. Sua confidente. Uma “esposa” alternativa. Uma filha apegada demais a
essa mãe: “Não acredite nos homens, minha filha”. Inseparáveis. Uma filha
responsável pela felicidade da mãe. Uma “atendente” submissa e generosa.
Aprisionada na imagem frágil dessa mãe. A puella. A eterna juventude da filha
mulher. A filha que não PODE crescer. Porque seu Animus foi possuído
pelo puer. A Bela Adormecida. Essa mulher vai precisar URGENTE de
atividades intelectuais que possam desenvolver o seu Animus. Vir a ser uma
mulher feminina que DECIDE ASSIMILAR suas qualidades de ASSERTIVIDADE
e OBJETIVIDADE do seu lado masculino. Participar do mundo das ideias
PRÁTICAS. Ter metas e aspirações e realizá-las. Reconhecer seus sentimentos,
dar nomes a eles e não mais se deixar levar por eles.

Esses filhos precisarão viver a vida não vivida de seus pais, pois na
metade da vida as qualidades do progenitor rejeitado irão exigir fazer
parte da personalidade, afinal precisamos nos tornar inteiros...

FILHOS (AS) DO PAI E DA MÃE / PÁG 25


A Vida não vivida...
“Se ao menos eu tivesse....” e a vida não vivida se ergue dentro de nós, como
um chamado, uma exigência, uma ordem. Uma convocação interna. Uma
emergência psicológica. Uma transição que acontece entre os 35 e 50 anos,
caindo, geralmente nos 40/42 anos. Um necessário recuo dos padrões
antigos de defesas e da própria identidade, porque a nossa psique começa a
buscar o que é autêntico e verdadeiro em nós mesmos, aquilo que dá sentido
e significado à nossa vida. São os nossos arrependimentos, nossa falta de
coragem pelo que não quisemos arriscar, a nossa covardia diante de tantas e
tão boas oportunidades que a vida foi nos apresentando. Foi tudo que
achamos melhor não sentir. Foi o que ficou sem falar. Os nossos desejos
inconscientes não realizados, muito menos admitidos. Na metade da vida,
descobrimos que nada ficou para trás, esquecidos num lugar seguro do
passado. Muito pelo contrário, nossa psique nos avisa que está muito viva e
ativa e explode como um vulcão destruindo e redesenhando a paisagem da
nossa “viagem” a partir daí.

A vida é trem bala...

Por isso, precisamos aceitar que estamos em processo de crescimento


psicológico, sujeitos a mudanças internas durante toda a nossa existência. E
no meio da vida, quando tudo parece organizado, surge uma crise. Num dia
qualquer você acorda e sente que tudo lhe foi tirado. Aonde foi parar tudo
aquilo que lhe dava segurança, paz, conforto? A pessoa velha que fomos está
morrendo e precisamos deixá-la ir. E o processo de transformação interno não
pára aí, pois no meio da vida também está nascendo um novo ser. Sentimo-
nos literalmente sós, porque o processo de individuação é solitário, pois só
podemos transformar a nós mesmos.

A VIDA NÃO VIVIDA / PÁG 26


A Vida não vivida...
“O sentido e a meta da orientação psíquica de Jung é ajudar o homem
moderno a superar sua solidão e sua confusão, possibilitando sua inserção
na grande corrente da vida e auxiliando-o a alcançar, pelo saber e pela
vontade, uma inteireza, que religue seu lado claro da consciência com seu
inconsciente escuro” Jolande Jacobi

O importante, para Jung, não é o que eventualmente recalcarmos de nossos


desejos, mas o que ainda não nasceu em nós. Portanto, não é a recordação do
passado que urge, mas o "vir a ser" daquilo que se encontra adormecido em
cada um de nós. Para encontrá-lo, precisamos aceitar mergulhar em nós
mesmos, nas camadas profundas de nosso inconsciente e descobrir com a
ajuda de um terapeuta a forma de manter um diálogo rico com o inconsciente.
O que Jung nos propõe é que possamos transformar nosso olhar sobre a vida
e trazer-lhe o sentido que lhe falta.

“Ler Jung constitui uma experiência única. [...] O leitor de repente


descortinará que Jung, esse homem solitário, escreveu com lógica e bom
senso, com paixão e compaixão a respeito das verdades fundamentais do
espírito humano. Vezes sem conta, o leitor há de experimentar o “choque
de reconhecimento”; ele reconhecerá verdades que já conhecia, mas que
não tinha sido capaz de traduzir em palavras. Sentir-se-á igualmente
aturdido, como aconteceu conosco, diante do número de ideias de Jung
que anteciparam as dos escritores que vieram depois dele. [...] Os escritos
de Jung representam uma fonte inexaurível de sabedoria e inspiração, à
qual podemos voltar continuamente para aprender alguma coisa nova a
respeito de nós mesmos e do mundo. Eis porque ler Jung constitui
umaBexperiência singularmente enriquecedora e reanimadora.”.
Calvin S. Hall e Vernon J. Nordby

A VIDA NÃO VIVIDA / PÁG 27


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CURSOS ROSÂNGELA TEIXEIRA / PÁG 28


Referências bibliográficas /
Fontes Imagens

Silveira, N. - Jung: vida e obra


Zweig, C; Abrams, J. (orgs.) - Ao encontro da sombra: o potencial oculto da natureza humana
Stein, Murray - Psicanálise Junguiana: trabalhando no espírito de C. G. Jung
Mclynn, Frank - Carl Gustav Jung - uma Biografia
Hall - Introdução À Psicologia Junguiana
Eisendrat; Young Polly - Compêndio da Cambridge sobre Jung
Shamdasani, Sonu - Jung e a Construção da Psicologia
Hannah, Barbara - Jung: Vida e Obra: Uma Memória Biográfica
Dunne, Claire - Carl Jung. Curador Ferido de Almas
Shamdasani, Sonu - C. G. Jung: Uma biografia em livros

Imagem1- https://www.eusemfronteiras.com.br/a-definicao-de-ego-por-carl-jung/
Imagem2 - https://www.geni.com/people/Emilie-Jung/6000000010222644559
Imagem3 - https://www.deviantart.com.br/
Imagem4 - https://institutofreedom.com.br/
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Imagem6 - https://brewminate.com/
Imagem7 - http://piccsy.com/
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS / PÁG 29

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