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AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO

PSICOPEDAGÓGICA E
NEUROPSICOPEDAGÓGICA
(MODELOS DE CHECK-LIST E TESTES)
RESUMO
Piaget não propôs um método de ensino, entretanto desenvolveu a teoria do conhecimento. Os
objetivos pedagógicos devem ser centrados nas atividades dos alunos, os conteúdos servem como
instrumentos de desenvolvimento. O mediador deve levar o aluno ao descobrimento, aí dará início a
aprendizagem, pois esse é um processo interno e depende do nível de desenvolvimento da criança, assim,
essa aprende conforme a maturidade biológica e psicológica que adquirirá no dia a dia.
O QUE AVALIAR EM CADA FASE?
► SENSÓRIO-MOTOR: 0-2 anos
1. O desenvolvimento da inteligência é avaliado pelos sentidos, sensações e sentimentos.
2. Quais são os sentidos? Visão, audição, olfato, paladar, tato e sistema vestibular.
Essa fase é dividida em níveis.
O QUE AVALIAR NESSES NÍVEIS?
• Nível 1: 0-1 mês
o Reflexos – perdem com 1 mês;
o Sucção – perdem com 3 meses;
o Marcha – perdem com 4 meses; e
o Natação – perdem com 4 meses.
► Nível 2: 1-4 meses
A criança exploram o mundo pela boca e o choro é o meio de comunicação;
► Nível 3: 4-8 meses
A criança imita os adultos; chama atenção para si, apresenta consciência sobre o que é um objeto e pessoas.
► Nível 4: 6-12 meses
Sabe selecionar seus brinquedos favoritos e solicita-os; segue suas metas.
► Nível 5: 12-18 meses
Deseja novas experiências, é muito curiosa.
► Nível 6: 18-24 meses
P.16
A imitação dos adultos fica mais rica em detalhes, começa a solucionar problemas, é o início do Pensamento
Simbólico.
O QUE É PENSAMENTO SIMBÓLICO?
► É a capacidade de:
1. Imitação;
2. Brincar de faz de conta; e
3. Desenhar.
PRÉ-OPERATÓRIO: 2-7 anos
O raciocínio é ao pé da letra. A criança fixa-se no visual mais notável das substâncias e desconsidera as
outras dimensões. Até os 5 anos a criança não entende que a quantidade ou medida de uma substância
permanece a mesma quando há arranjo ou mudança de forma na conservação de líquido, massa ou área.
PSICOGÊNESE DA LINGUAGEM

Emília Ferrero nasceu na Argentina em 1937, fez doutorado sob orientação de Piaget, na
Universidade de Genebra, na área de Psicolingüística Genética. Publicou em co-autoria com Ana Teberosky
o livro Los Sistemas de Escritura en el desarollo Del niño, e com Margarida Gomez Palácio, Nuevas
Perspectivas sobre los Processos de Lectura y Escritura.
No Brasil, foi homenageada pela Assembléia Legislativa da Bahia com medalha “Libertador da
Humanidade” em 1994. Recebeu também, em 1995, o título de “Honoris Causa” da Universidade Estadual
do Rio de Janeiro (UERJ). Em 2001, recebeu a “Ordem Nacional do Mérito Educativo do Governo
Brasileiro”.
As pesquisas de Ferrero indicam como a criança concebe o processo de escrita. De acordo com essas
pesquisas, a escrita não resulta de cópia de um modelo externo, mas é um processo de construção pessoal.
As crianças reinventam a escrita, inicialmente precisam compreender o processo de construção e as normas
de produção.
Segundo Ferrero, o processo de construção da escrita segue uma longa trajetória até chegar à leitura e
a escrita como a concebemos. Na faixa dos seis anos, a criança faz a distinção entre texto e desenho,
somente uma minoria não consegue fazer a distinção; estatisticamente, esse número é maior em crianças
pertencentes às classes sociais baixas, que tem menor contato com material escrito.
P. 17
No processo descrito por Ferrero, as crianças percebem que, para cada som, há uma determinada
forma. As fases do processo são:
Primeira fase – Dá-se início da construção. A criança tenta reproduzir os traços básicos da escrita
com que elas têm contato. Nessa fase, o que vale é intenção da criança, ela elabora a hipótese de que a
escrita dos nomes é proporcional ao tamanho do objeto e entende apenas sua própria escrita.
Segunda fase – A hipótese é de que para ler coisas diferentes é preciso usar formas diferentes. A
criança procura combinar as letras que é capaz de reproduzir.
Terceira fase – São feitas tentativas de dar valor sonoro para cada uma das letras que compõe a
palavra. Nessa fase, a criança usa formas gráficas para escrever palavras com duas sílabas.
Quarta fase – Ocorre a transição da hipótese silábica para a alfabética. Nessa fase, ela concebe que
escrever é representar progressivamente as partes sonoras das palavras, embora, não a façam corretamente.
Quinta fase – A criança atinge o estágio da escrita alfabética. Ela compreende que para cada um dos
caracteres da escrita há valores menores que a sílaba. A criança é capaz de formar a representação de
inúmeras sílabas, mesmo daquelas sobre as quais não tenha se exercitado.
Para avaliar a aprendizagem da criança, é fundamental ter conhecimento dos estudos sobre a
aquisição da linguagem apresentada por Emília Ferreiro. Se considerar que a aquisição da linguagem passa
por fases, pode-se inferir que a aquisição da lógica e outros conhecimentos também possuem fases, o que
permite considerar que há etapas para desenvolver a aquisição do conhecimento.
P.18
AVALIAÇÕES PARA CRIANÇAS DE 6-7 ANOS DE IDADE
(Elaborado e cedido pelo CTM)
NOME:
IDADE: SÉRIE: DATA
ESCOLA:
RESPONSÁVEL:

1. Organização sequêncial
• Histórias em tirinhas
• Completar sentenças
Avaliar as funções executivas, a atenção, a concentração, memória.

2. Processamento auditivo
• Ritmos/sons
• Palavras simetricas
• Memória

3. Processamento visual
• Figuras incompletas
• Figura/fundo
• Reconhecimento de figuras/imagens

4. Processamento visuoespacial
• Copiar letras e palavras
• Compreensão de comando do enunciado
• Organização espacial

O QUE O PROFISSIONAL PRECISA OBSERVAR E AVALIAR?


• Memórias (de todos os sentidos)
• Atenção Planejamento
• Funções executivas Organização
Execução
• Sequência lógica
• Linguagem

O desenvolvimento da linguagem obedece ao processo de Desenvolvimento Biológico:


• Até 2 meses, a criança chora e movimenta o corpo; (P.19)
• 2 a 3 meses, produz sons;
• 4 a 7 meses, a criança pronuncia sílabas;
• 8 a 12 meses, forma os primeiros vocábulos;
• 12 a 18 meses, a criança apresenta vocabulário de 10 a 50 palavras;
• 2 anos, a criança forma frases de 3 a 4 palavras;
• 3 anos, a criança compreende quase tudo que ouve;
• 4 a 5 anos, a linguagem da criança é parecida com a do adulto;
• A primeira coisa a fazer é estimular a linguagem e corrigir o déficit linguístico;
• Deve-se evitar gritos;
• Falar devagar;
• Utilizar recursos verbais e imagens para o aprendiz fazer associações;
• A música e instrumentos musicais podem ser ferramentas de terapia na aprendizagem e desenvolvimento
da fala; e
• Os estímulos sensoriais; visual, auditivo, tátil, vestibular e o proprioceptivo devem ser explorados. (P.20)

CAPÍTULO III TEORIA CLASSICA DOS TESTES

Todo teste precisa ser válido, ou seja, apresentar parâmetros, sem esses parâmetros ele é ilegal,
considerado charlatanismo, crime. Os testes são instrumentos técnicos utilizados para averiguar a queixa do
avaliando. O aplicador deve ter familiaridade, pois deverá observar os procedimentos, os direitos dos
testados, a conduta do testador, a divulgação e guarda dos testes.
Os procedimentos garantem a validade da aplicação dos testes, assegura que osprocedimentos
adotados antes da aplicação dos testes foram adotados para garantir a fidelidadedo resultado. O testador deve
proceder para que o ambiente esteja adequado, com boa iluminação, não possuir barulho ou algo que distraia
o testando, explicar cada comando, se certificar que foi compreendido, não sugerir respostas, usar roupas
adequadas e sem exageros.
De acordo com Santos e Abreu (2000), o Tribunal Internacional de Nuremberg define como crime
contra humanidade atos de “barbárie científica” os cometidos pelos nazistas e experimentos médicos e
científicos sem parâmetros e autorização para as testagens, ou seja, se o sujeito for maior de idade, deverá
autorizar a testagem; se for menor, os responsáveis deverão autorizar por escrito a testagem. Os
neuropsicopedagogos devem seguir as orientações do código de ética e das notas técnicas da Sociedade
Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp).
Para Klein (1974), os instrumentos de medida propiciam a ponte mais útil entre o mundo do leigo e
dos especialistas em ciências. Estatisticamente, a medida analisa se o valor encontrado está dentro dos
padrões de medida, pois somente é justificável quando é legitima e útil.
A Teoria Clássica dos Testes (TCT) tem por objetivo explicar o resultado final, que é a soma das
respostas dos itens, ou seja, o Escore Total (T). Se o teste possuir 15 itens, o T será a soma dos itens
corretos, o valor para cada item pode diferenciar, deverá ser contabilizado de acordo com a dificuldade da
questão.
Conforme explica Gulliksen (1950), há três fatores a serem considerados:
1. Escore Bruto ou Empírico – T
2. Escore Verdadeiro (T sem a margem de erro) – V
3. Margem de Erro – E
Pode-se chegar as seguintes fórmulas:
a) T= V+E (P.21)
b) E= T-V
c) V= T-E
Os testes devem ser padronizados e normatizados. A padronização refere-se a como o teste será
aplicado, qual a funcionalidade desse e a normatização refere-se à interpretação do teste. A padronização,
normatização e os parâmetros tornam a testagem cientifica.
Antes de aplicar testes neuropsicopedagógicos, o profissional precisa conhecer a legislação que o
ampara, ou seja, saber quais testes o Neuropsicopedagogo pode aplicar e quais os que não pode. Para isso, é
necessário conhecer as normas que ditam as regras de atuação dos Neuropsicopedagogos.
Anexo fragmentos da Nota técnica No2/SBNPp:
O neuropsicopedagogo clínico e institucional a compreender o desenvolvimento global do ser
humano, bem como suas dificuldades de aprendizagem. De Luria, aduz que os
neuropsicopedagogos clínicos e institucionais, tem sua base teórica para compreender o
desenvolvimento humano, a organização funcional do cérebro e a aprendizagem.
Abaixo segue tabela estruturada com os instrumentos, os quais a SBNPp é favorável para
utilização nas atividades de avaliação e intervenção, seguido do objetivo da avaliação e/ou
intervenção, bem como a faixa etária a ser aplicada. Em contexto clínico, lembramos que estas
ações estão pautadas na Nota Técnica no1/2016, prevendo a identificação das ocorrências
conforme queixa apresentada pelo paciente e o tratamento de questões específicas e individuais
que envolvam a aprendizagem.

PROTOCOLO DE MATERIAL PARA AVALIAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA


p.26

O QUE VOU AVALIAR?


• Atenção, concentração e funções executivas;
• Linguagem e Comunicação;
• Leitura e compreensão;
• Memórias e Percepções;
• Motivação – intrínseca e extrínseca;
• Forma de aprender;
• Desenvolvimento neuromotor;
• Habilidades matemáticas;
• Habilidades sociais;
• Criatividade, organização;
• Planejamento;
• Tomada de decisão; e
• Autonomia.
p. 27

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