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RESUMO
Este estudo objetiva refletir sobre a importância da criança autônoma, disciplinada e com
espírito colaborativo para a construção de uma sociedade mais justa, mais solidária.
Montessori (1965) viu que assim como as crianças deficientes respondiam aos estímulos para
realizar os trabalhos e ainda passaram no exame para a educação fundamental, as crianças
consideradas normais poderiam ser beneficiadas pelo seu método também e colocou em
prática suas ideias na primeira Casa das crianças (Casa dei Bambini). Montessori havia um
respeito profundo pela criança, defini-se que da forma na qual são tratadas quando pequenas
pode repercutir por toda a sua vida . O método montessoriano faz com que os gestos sejam
coordenados, as crianças sejam corteses e tenham espírito de iniciativa, de altruísmo tenham
atitudes voltadas para o bem do próximo, do coletivo e não do individualismo. Ela acreditava
que para um mundo melhor era necessário partir das crianças, desenvolver as capacidades
delas, para aprenderem a trabalhar em conjunto, com amor.
ABSTRACT
The aim of this study was to reflect on un importance of autonomous Child, disciplined and
collaborative spirit for the construction of a society fairer, Solidarity. Montessori (1965 ) saw that
as well as disabled children respond to stimuli to carry out the work and also passed the exam for
basic education , children considered normal could be benefited by his method too and put into
practice his ideas in the first House Children ( Casa dei Bambini ) . Montessori had a deep respect
for the child , it is set that the manner in which they are treated when small can reverberate
throughout his life. The Montessori method makes the gestures are coordinated , children are
courteous and have initiative, altruism attitudes have turned to the good of others , the collective
and not of individualism. She believed that for a better world was needed from the children,
develop the capacities of them , to learn to work together , with love.
2
Ibidem.p. 32
que dão tons musicais de maneira gradual, tabuinhas de diversas cores e muitos materiais
voltados para as funções do dia a dia: como amarrar os cadarços dos sapatos, abotoar as
roupas, atividades de limpeza: varrer, passar o pano nos móveis; organizar a mesa, cozinhar e
higiene pessoal.
Pode-se dizer que o papel da professora na escola é guiar, a execução do exercício é
individual e deverá ser sempre tarefa da criança. A professora no método Montessori
comunica as noções necessárias e direciona as crianças para a educação realizada por si só:
3
HILSDORF, Maria Lúcia Spedo. Vida em expansão. In: Viver e Cérebro. Coleção Memória da Pedagogia – Montessori.
São Paulo: Dueto Editorial, p. 16-27, 2005.
aquele que entendemos e exprimimos com palavras frias. (MONTESSORI, s.d. p.
67)
5
diretora da Associação Brasileira de Brinquedotecas e professora da Faculdade de Educação da Universidade de
São Paulo (USP) http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2015/08/10/noticia_saudeplena,154466/ quarto-
montessoriano-estimula-a-liberdade-e-a-autonomia-da-criança.shtml
atender às suas necessidades físicas, cognitivas, psicológicas e sociais e promova ainda mais
a autonomia?”6 A pedagogia de Maria Montessori busca desenvolver a autonomia, a
disciplina e a liberdade do indivíduo.
A autonomia e a disciplina
Tanto na época de Maria Montessori como ainda nos tempos atuais, ainda percebe-se
professores, pais ou responsáveis os quais privam as crianças de ter autonomia, realizam
atividades das quais elas próprias podem realizar. Algumas crianças ou por dificuldades ou
por já estarem habituadas a esperar que outros façam por elas deixam de realizar determinada
atividade. Exemplo: o aluno não escreve ou responde o exercício e a professora por falta de
paciência faz o dever para o aluno ou o pai faz o mesmo. Esta criança ficou privada da
oportunidade de se sentir capaz em concluir algo.
São vários os exemplos os quais podem ser citados : quando a criança tenta pegar um
brinquedo próximo a ela e o adulto interfere o dando em mãos o objeto, o adulto acabou
sendo um obstáculo. Ou quando a criança começa a se levantar sozinha se apoiando no sofá,
ou em algum outro móvel, em alguns casos o adulto invés de deixar o bebê mover-se e
levantar-se sozinho, o pega pelos braços e o coloca de pé.
O que se pode fazer para desenvolver a autonomia e a disciplina na criança? De
acordo com VAYER (1990 p. 32) a autonomia é um ponto fundamental para o
desenvolvimento da criança, “o desenvolvimento é uma auto-realização que, partindo dos
dados de origem genética, se realiza num meio. O meio, e principalmente o das pessoas, deve
então permitir à criança fazer a experiência da sua autonomia.”
É sem dúvida através da autonomia, ou seja, da não dependência em realizar uma
atividade que o indivíduo aprende a realidade social, aprende a conviver com o outro e com
si próprio.
A verdadeira eficácia da pedagogia é auxiliar a criança a seguir o caminho da
independência, devem tornar-se auto-suficientes. Maria Montessori diz:
8
Ibidem. p. 53
9
VAYER, Pierre. Diálogos com as crianças na creche e no jardim de infância. São Paulo:Manole. 1990. p. 32- 35.
próxima vez, mesmo que venha a sujar o chão, o adulto pode dar-lhe um pano para que a
criança limpe, desta forma aprenderá a corrigir seus próprios erros.
Alguns podem contestar, mas como é possível manter a disciplina e ainda dar
liberdade para a criança? Para Montessori (1995 p. 53) a disciplina é ativa, ser disciplinado
não significa ficar estático como um “paralítico. Indivíduos assim são aniquilados e não
disciplinados.”10 A criança que se move bem, e aprende a disciplinar seus movimentos é
preparada para a vida e não somente para a vida escolar. O fundamental é a criança saber o
que é bem e o que é mal, o limite para a liberdade é a diligência com o coletivo, não é
permitido gestos bruscos que possa prejudicar ou ofender o próximo. Montessori reconhece
que é um período muito cansativo esse de disciplinar a criança: “E é dever da educadora
impedir que a criança confunda bondade com imobilidade, maldade com atividade; isto seria
retroceder aos antigos métodos de disciplina.” “Nosso objetivo é disciplinar a atividade, e
não: imobilizar a criança ou torná-la passiva.”11
MONTESSORI (1965) afirmava que onde a criança tivesse uma atividade
consciente, útil e inteligente e ainda manifestasse delicadeza isso sim é que seria uma classe
disciplinada. Inclusive a aprendizagem do silêncio é fundamental para poder realizar vários
exercícios, pois dessa forma conseguirá adquirir a capacidade de autodisciplina: (...) “O
silêncio é, pois, uma conquista positiva, que se obtêm graças ao conhecimento e ao
exercício.”12
Maria Montessori via a educação como única forma de melhorar a sociedade. Ela via
a criança como um ser sem preconceitos e acreditava que esta poderia desenvolver seu
potencial voltado para a paz e desta forma o mundo se tornaria melhor.
São os fundamentos do método Montessori: a Individualidade, a Liberdade e a
Atividade.
- Individualidade
Para Montessori a criança é sujeito e objeto do ensino ao mesmo tempo. Cada ser tem
necessidades e interesses de acordo com os níveis de desenvolvimento associados às faixas
etárias, e a aplicação de seu método gerado pelas observações procurava ir de encontro com a
natureza humana. A criança é o centro e não o professor ou o adulto. Ela é quem traz dentro
de si o potencial criador e desta forma se torna sujeito ativo do aprendizado. A
10
MONTESSORI, Maria Pedagogia científica: a descoberta da nova criança. Editora Flamboyant, 1965. p.53 p. 45
11
ibidem. p.50
12
Ibidem. P. 167
individualidade é respeitada. A chave do método é fazer com que a criança encontre sozinha
a própria individualidade direcionando-a para a autoeducação.
Em suas observações MONTESSORI (s.d. p. 135) entendeu que cada criança tem
desejos particulares, necessidades interiores e assim o ambiente passou a ser colocado em
ordem, onde objetos estavam à disposição e cada um pode escolher o objeto, o qual melhor
vai de encontro as suas necessidades psíquicas.
- Liberdade
Para Maria Montessori , de acordo com seus estudos com base científica, a
inteligência e o complexo das faculdades psíquicas são formadas nas idades entre 0 e 6 anos.
Assim como Montessori, Piaget criança é capaz de construir seu próprio conhecimento. Para
Piaget: o conhecimento “não está pré formado dentro do sujeito, mas constroe-se à medida
das necessidade e das situações.” (PIAGET, 1978)
Tanto Piaget quanto Montessori defendiam a importância da interação da criança com
o ambiente para construírem as estruturas cognitivas. Nota-se que meninos e meninas entre 3
e 6 anos tem-se consciência do meio em que vive, e de acordo com a organização deste
ambiente, ela aprende a ser responsável pelo seu próprio aprendizado, e também a fazer
escolhas, aprende a compartilhar e a saber esperar.
MONTESSORI (1965 p. 52) dizia que em uma sociedade que vive na forma da
escravidão, não sabe reconhecer a suma importância da independência. E assim o que supõe é
uma ideia equivocada de liberdade e completava ao dizer que somos sujeitos sociáveis e
devemos nos ajudar reciprocamente, isto sim é ser livre.
O indivíduo precisa ser livre para se desenvolver de maneira espontânea. A liberdade
faz parte dos princípios montessorianos. A criança necessita de sentir-se à vontade onde se
encontra. Não apenas na escola, mas no âmbito familiar se a criança tiver seu tempo de
aprendizagem respeitado ela sozinha criará a disciplina e exercerá a autonomia e pensará no
coletivo — o trabalho cooperativo.
Maria Montessori explica:
Infelizmente, nos tempos atuais as crianças assistem, ouvem e presenciam cada vez
mais histórias que as influenciam de modo negativo. O mau exemplo muitas vezes é visto
como o melhor, o ter é valorizado e não o ser.
Não deve apenas mostrar bons exemplos, deve-se viver - ser o exemplo é a melhor
maneira de educar. Desde pequenas devem ser orientadas para se tornarem pessoas de bem,
praticarem o bem de modo espontâneo e com espírito independente.
Maria Montessori em uma conferência falou sobre ‘Ciência da Paz’,
os valores para se construir uma PAZ necessária são: capacidade de cooperar com o
outro, espírito crítico, sentido de compromisso, percepção aguçada da unidade e da
diversidade simultânea do mundo. A PAZ não é o resultado de negociações, a paz
começa por uma construção de harmonia entre a criança e o adulto. 15
Ela acreditava que para um mundo melhor era necessário partir das crianças,
desenvolver as capacidades delas, para aprenderem a trabalhar em conjunto, com amor e diz
que no desenvolvimento delas existem duas estradas ‘aquela da criança que ama e aquela que
o homem possui’, ‘de um lado aquele que teve uma correta educação que conquistou sua
independência e se relaciona de maneira harmoniosa com os outros, do outro lado o homem
13
OLIVEIRA, Maria Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sociohistórico. São Paulo: Scipione,
1997. p. 57
14
ibidem
15
MOLINA, Edna. Maria Montessori e a Pedagogia Científica - http://www.atecedeira.com.br/2011/01/maria-montessori-
e-pedagogia-cientifica.html Acesso dia 05 de janeiro de 2015.
escravo, o qual querendo se libertar, tornar-se escravo do possuído.’ (Apud: Carletti, 1982 p.
44, tradução nossa)
Pode-se deduzir que a criança bem educada ama tudo a sua volta, o ambiente, as
coisas, as pessoas, e como Montessori já dizia a criança é o construtor do homem, devemos
observar a sua naturalidade, sua ingenuidade, seu entusiasmo com relação à vida.
Meninos e meninas adquirem o espírito colaborativo quando percebem que ajudar ao
próximo o deixa feliz, e para desenvolver este espírito de cooperação nos diz
Taniguchi(2007, p.103):
(...) Deixe-as ajudar, mas de modo gradativo. Não tenha pressa. E demonstre
satisfação pela ajuda, agradecendo-lhes. Assim, elas compreenderão, por
experiência própria, que ‘o trabalho feito com amor causa alegria ao próximo’, e
que é extremamente agradável fazer os outros felizes. Isto é essencial para o
desenvolvimento correto do ser humano.
Desse modo, afirma-se a necessidade da criança de trabalhar, no sentido de participar
de atividades que contribuam para a vida, tarefas de casa, que aprendam coisas úteis para
viver em sociedade, para contribuírem na construção do meio social do melhor modo
possível. De acordo com Carletti (1982) não é o trabalho em si que tem valor, mas o trabalho
como meio de construção do homem interior.
Segundo Taniguchi (2007, p.102), “para ajudar a criança a desenvolver seus dons
naturais, é preciso dar-lhe uma ocupação adequada.” (...) “O trabalho ensina à criança como
usar sua vitalidade de forma construtiva e, ao mesmo tempo, cultiva nela uma tendência
também construtiva e capacidade criativa.”
Muitos podem questionar essa questão de dar uma ocupação à criança, ou um
trabalho, e discutir a respeito do trabalho infantil como algo prejudicial, porém, meninos e
meninas os quais executam algum trabalho em casa, não deveria ser classificado como algo
ruim para a infância. Tanto que CURY (2015 p. 70) reflete sobre o “trabalho intelectual
escravo”, com o avanço da tecnologia ocorre um exagero em atividades, “brinquedos, games,
smartphones.”, Percebe-se seres dependentes, muitas vezes não se socializam, não interagem
como meio e muito menos aprendem a lidar com as próprias emoções e na adolescência:
Tornam-se inibidos socialmente, tímidos diante de situações novas, sem grandes
sonhos ou uma identidade definida, não sabem ouvir negativas, não obedecem as
regras sociais, são poucos resilientes e tem baixo nível de solidariedade (CURY,
2015, p. 70)
Maria Montessori não queria um mundo desta forma tanto que expressou: “a
educação deve ser uma forma ativa, um instrumento para melhorar a sociedade, não a
mantendo sempre no mesmo nível.” (apud.: CARLETTI. 1982, p.26 tradução nossa).
Ela visava uma educação onde fosse ensinado também à criança a valorizar a
humanidade, a agradecer “aos homens e às mulheres que dedicam suas vidas para que nós
possamos viver de maneira mais abundante” 17 Pessoas as quais trabalham para que possamos
comer verduras, legumes, mantêm em funcionamento ou limpo o meio em que vivemos,
pessoas que se encontram por trás dos bastidores da fama, as quais de alguma forma
beneficiam a humanidade e não são reconhecidas dignamente. Maria Montessori dedicava
seus estudos para que crianças tivessem consciência de um todo do Universo, como peça
integrante do Universo.
No que diz respeito ao espírito colaborativo da criança pode-se associá-lo à “educação
cósmica”, ou seja, é a forma de educação onde o indivíduo constata fazer parte do Universo,
e age com responsabilidade e respeito, Montessori acreditava que através da educação
cósmica na infância faria com já na adolescência fossem sujeitos ativos, autônomos, agissem
com responsabilidade e com boa auto-estima, assim sendo jovens equilibrados.
De Acordo com Montessori (2006),
é difícil ligar uma realidade a suas relações sociais enquanto não se usa a
imaginação. É preciso praticar essas relações. Não é de repente que podemos
acordar a consciência; mas é preciso que a criança exerça uma supervisão constante
sobre seus próprios atos. A educação tem, portanto a possibilidade de resolver o
problema ludicamente, quando ela procura resolvê-lo através de ações
A criança adquiri novas habilidades ao cuidar dos seus pertences, com a prática
constante de colocar em ordem as roupas, seus brinquedos ou outro tipo de atividade faz com
que ela se torne consciente ao ponto de onde quer que vá terá “uma preocupação de correção
e um controle constante de sua própria pessoa” (MONTESSORI, 2006 p. 36)
16
CURY, Augusto. Pais inteligentes formam sucessores, não herdeiros. 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 63
17
MONTESSORI, Maria. Para educar o potencial humano. Tradução Miriam Santini, Campinas, SP: Papirus, 2003.p.30
Sendo assim, Hörhs (2010 p. 100) nos diz que somente a criança psíquica há a
possibilidade de dar “ao aperfeiçoamento humano um impulso dominante e poderoso”, sendo
o espírito da criança que determinará o real “progresso humano e talvez, o início de uma
nova civilização.”
Civilização esta dotada de autonomia, liberdade, que saiba controlar suas emoções e
não agir de modo que o mundo gire em torno de si, e sim de modo mais abnegado, solidário
com relação ao próximo. Cury (2015) diz: “Sucessores lutam para não ser mentalmente
preguiçosos e para não desperdiçar seus talentos. (...) Adquirem, assim, potencial intelectual
para resolver conflitos, superar dificuldades, criar oportunidades.”
O escritor espanhol Gabriel Garcia Marques conta sobre sua experiência em uma
escola montessoriana: “Não acredito que tenha um método melhor daquele montessoriano
para render as crianças sensíveis às belezas do mundo e para despertar a curiosidade deles
para os segredos da vida.”18
O método de Montessori foge ao padrão tradicional, dá-se espaço ao interesse de cada
individuo, busca-se na curiosidade, na liberdade de escolha de cada aluno o resultado
essencial que é a aprendizagem, se ele quiser estudar geografia, e o outro quiser estudar
ciências em nenhum momento a professora se oporá, estará ali para auxiliá-los caso ocorra
algum obstáculo que possa interferir na aprendizagem.
Para a criança entre 7 e 12 anos, “a instrução deve apelar para a imaginação. É dessa
imaginação que se deve surgir a representação da realidade.” (MONTESSORI, 2006 p. 46)
Assim a imaginação será construída e organizada “O homem, então, somente pode atingir um
nível elevado, porque ele penetra o infinito” (Ibidem p. 49) Montessori afirma: “o homem
vive na superfície e o homem deve conquistar o mundo... a inteligência do homem deve
conquistar o mundo, como a inteligência da criancinha conquistou o ambiente.” (Ibidem, p
51)
Montessori exemplifica essa prática de educação, tudo tem uma conexão, “Falar da
vida do homem na superfície do globo é ensinar História. E cada detalhe desperta o interesse,
pelo fato de ser estreitamente ligado aos outros.” “não existe nenhum que não faça parte do
todo, é suficiente escolher qualquer um, que constituirá o traço da união com o conjunto”
(Ibidem, p 52) Entende-se que todas as ciências faz parte de um todo, faz parte do conjunto
existente no Universo, “um detalho provoca o estudo de um conjunto”.
18
Gabriel García Márquez, Vivere per raccontarla, Milano, Arnoldo Mondadori Editore, 2002, pp.87-88.
Il testo è stato pubblicato nel numero di settembre-ottobre 2014 di “Vita dell’infanzia”. (tradução nossa)
Ao estudar o conjunto que engloba o Universo a criança toma consciência de que não
é único e sim alguém que faz parte do todo e dessa forma age de modo que beneficie o
coletivo. Não jogará papel no chão por amor a ordem, por não querer danificar o ambiente ou
acarretar algo ruim a qualquer outra pessoa ou ser existente neste mundo.
Nas palavras de Montessori: “nossa educação lhe trouxe, além de cultura, a faculdade
de facilitar suas relações sociais com os outros indivíduos” (MONTESSORI, 2006 p. 111) É
necessário desenvolver na criança, com mais de 12 anos, “o espírito de sociedade que deve
contribuir a levar mais compreensão entre os homens e, por consequência, mais amor.”
(Ibidem)
Pode-se afirmar que meninos e meninas só terão consciência e desenvolverão o
espírito colaborativo através da prática, eles devem fazer alguma atividade voluntária, social,
deve-se estimular neles o espírito de solidariedade através de exemplos e exercícios.
Na Revista Mente&Cérebro19 um estudo comparativo entre crianças, as quais
estudaram em escolas montessorianas e escolas tradicionais, demonstrou que os alunos de
escolas montessorianas de 5 anos eram melhores do que os alunos de outras escolas no que se
refere as habilidades de leitura e matemática. E na questão comportamental:
19
Revista Mente&Cérebro. Aprender com liberdade é melhor. 0utubro de 2006. Disponível
http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/aprender_com_liberdade_e_melhor.html Acesso dia 10 de fevereiro de 2016.
20
ibidem
dia contribuem para a formação do bom cidadão. Aprender a lidar com situações adversas,
ajudar quem precisa, alguém próximo ficou doente e precisa de companhia, ou de um auxilio
doméstico, são exemplos que podem gerar o sentimento de colaboração e de solidariedade.
CONCLUSÃO
“ Quando falamos de “liberdade” da criança pequena, não nos referimos aos atos externos
desordenados que as crianças, abandonadas a si mesmas, realizariam como evasão de uma atividade
qualquer, mas damos a esta palavra “liberdade” um sentido profundo: trata-se de libertar a criança de
obstáculo que impedem o desenvolvimento normal de sua vida.” (p.idem)
(...)
“Em primeiro lugar, pense-se em criar um ambiente adequado, onde a criança possa agir tendo em
vista uma série de interessantes objetivos, canalizando, assim, dentro da ordem, sua irreprimível
atividade, para o próprio aperfeiçoamento. Ora, seu tipo de inteligência é diferente do nosso.
Poderíamos dizer que nós nos bastamos com o auxílio de nossa inteligência; ela, porém, somente
vivendo é que poderá aprender a falar a língua de seu país.(...) É difícil de se imaginar o poder de
absorção do espírito da criança. Tudo o que a rodeia penetra nela: costumes, hábitos, religião. Ela
aprende um idioma com todas as perfeições ou deficiências que encontra em redor de si, sem mesmo
ir a escola.(p.58)
“ Nós mesmos ainda não temos avaliado devidamente a suma importância da independência, porque a
forma social em que vivemos é a servidão. Numa época de civilização em que ainda existem servos, o
conceito de independência não pode sugerir senão uma ideia de liberdade igual à que se tinha no
tempo da escravidão.” (p.52)
“Quem é servido, em vez de ser ajudado, está em certo sentido lesado em sua independência. Este
conceito firma-se na própria base da dignidade humana: “não quero ser servido, porque não sou
enfermo; mas devemos ajudar-nos mutuamente, porque somos seres sociáveis”; eis uma noção que é
preciso adquirir antes de sentir verdadeiramente livre.” (p. idem)
“Par ser eficaz, uma atividade pedagógica deve consistir em ajudar as crianças a avançar no caminho
da independência; assim compreendida, esta ação consiste em iniciá-la nas primeiras formas de
atividade, ensinando-as a serem auto-suficientes e a não incomodar os outros. Ajudá-las a aprender a
caminhar, a correr subir e descer escadas, apanhar objetos do chão, vestir-se e pentear-se, lavar-se,
falar indicando claramente as próprias necessidades, procurar realizar a satisfação de seus desejos: eis
o que é uma educação na independência.” (p.53)
“Cremos que as crianças são semelhantes a fantoches inanimados: lavamo-las e alimentamo-las assim
como elas lavam e dão de comer às suas bonecas. Não nos damos conta de que a criança só não age
porque não sabe agir; ela deve agir, e nosso dever para com ela é, indubitavelmente, ajudá-la na
conquista de atos úteis. (p. idem)
“(...) Uma pessoa que se faz servir com frequência não somente vive em dependência, mas definha na
inação e acaba por perder a sua atividade natural. Inoculamos, assim, na alma infantil, o pecado da
preguiça.” (p. idem)
3.2- Atividade:
Maria Montessori deu importância a atividade motora, via não somente como algo
que poderia trazer benefícios ao corpo físico, entretanto algo que abrange o psíquico:
“Defende Ferrari (2008. p. 31)Maria Montessori acreditava que nem a educação nem a vida
deveriam se limitar às conquistas materiais. Os objetivos individuais mais importantes seriam: encontrar
um lugar no mundo, desenvolver um trabalho gratificante e nutrir paz e densidade interiores para ter
capacidade de amar.”
Numa de suas conferências, Montessori falou em "Ciência da PAZ". Disse que os “valores para se
construir uma PAZ necessária são: capacidade de cooperar com o outro, espírito crítico, sentido de
compromisso, percepção aguçada da unidade e da diversidade simultânea do mundo. A PAZ não é o resultado
de negociações, a paz começa por uma construção de harmonia entre a criança e o adulto". Por isso ela queria
criar uma educação que possibilitasse “o desenvolvimento do que há de melhor em cada indivíduo,
abandonando a priorização da posse material, de modo que, ao estar bem consigo mesmo, o indivíduo possa
conviver melhor com os demais, respeitando as diferenças”. (http://www.atecedeira.com.br/2011/01/maria-
montessori-e-pedagogia-cientifica.html)
Bibliografia
HILSDORF, Maria Lúcia Spedo. Vida em expansão. In: Viver e Cérebro. Coleção
Memória da Pedagogia – Montessori. São Paulo: Dueto Editorial, p. 16-27, 2005.
Referência
“No grupo das crianças de 5 anos, os testes revelaram que os alunos estavam significativamente mais bem
preparados nas habilidades matemáticas e de leitura quando comparados às crianças de outras escolas.
Também tiveram melhor desempenho em testes comportamentais e demonstraram senso de justiça e de
solidariedade mais desenvolvido. A avaliação de estudantes de 12 anos incluiu também redação. Os resultados
mostraram que os alunos do método montessoriano usaram sentenças mais elaboradas e se revelaram mais
criativos. Além disso, avaliações sociais mostraram que essas crianças tinham mais habilidade para lidar
positivamente com situações sociais adversas. Lillard pretende replicar o estudo para analisar os efeitos de
longo prazo do método, bem como se suas práticas estão relacionadas a resultados específicos.”