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A pedagogia Montessori

A pedagogia Montessori tem por princípios a liberdade e a responsabilidade. Nela as crianças

aprendem utilizando materiais didáticos especialmente elaborados para desenvolver os aspectos motores,
intelectuais, racionais sensoriais de cada um. A criança tem liberdade de escolher qual dos materiais
didáticos irá trabalhar, por isto os materiais didáticos elaborados por Montessori são desenvolvidos para
atrair a atenção das crianças, desenvolvendo nelas a curiosidade por aprender e buscar o conhecimento.
Nesta teoria, o professor é aquele que avalia o desenvolvimento e o comportamento das crianças e
também é o grande observador da aprendizagem das crianças.
Maria Montessori nasceu em 1870, no leste da Itália. Em 1896, concluiu o seu curso de medicina,
tornando-se a primeira mulher italiana a concluir o curso. Trabalhou por dois anos em uma clínica
psiquiátrica, onde se dedicou ao estudo das crianças com retardo mental.
Começou a estudar os trabalhos de Itard e Séguin, por meio de seus livros, com relatos sobre seus
métodos de ensino na educação das crianças. Itard criou uma série de exercícios capazes de modificar a
personalidade, corrigindo defeitos que mantinham determinados indivíduos em estado de inferioridade.
Itard conseguiu fazer falar e ouvir a crianças semissurdas, no entanto, foram as teorias de Séguin que
chamaram a atenção de Montessori. Séguin aplicou e modificou esses exercícios durante 30 anos até
chegar ao que denominou de Método Fisiológico.
Tendo por base os estudos de Séguin, Montessori defendeu a idéia que indivíduos com
deficiência não precisavam de médicos e sim de métodos pedagógicos que criassem um ambiente de
ajuda ao aluno. Para ela, ao invés de internar as crianças com deficiência, seria necessário construir
escolas onde, através da observação, os métodos de Séguin fossem aperfeiçoados, possibilitando até
mesmo a formação de novos professores para atuação na área. Montessori voltou-se para a educação
das crianças com deficiência e realizou experiências, trabalhando fortemente na formação dos professores
que vinham trabalhar com ela. Mandou fabricar os materiais didáticos, aperfeiçoando os de Séguin e
também criando outros e usando esse método conseguiu ensinar alguns deficientes do manicômio à ler e
a escrever corretamente, que mais tarde fizeram exames nas escolas públicas com os alunos ditos
"normais" e estes, obtiveram aprovação.
Montessori percebeu que os alunos com deficiência que tinham alcançado os escolares normais
nos exames públicos, haviam sido conduzidos por uma via diferente: tinham sido auxiliados no seu
desenvolvimento psíquico, enquanto as crianças normais haviam sido, pelo contrário, sufocadas e
reprimidas. Depois de uma reflexão, Montessori chegou à conclusão de que o método de Séguin dava
resultados mesmo quando aplicado aos alunos normais.
Assim, considerando-se incompleta, ingressou no curso de pedagogia e o de psicologia
instrumental. Montessori sentiu a necessidade de colocar sua ideia de aplicar os métodos de Séguin com
crianças normais, porém não sabia de que forma poderia realizar esta ação até que uma empresa que
construia prédios pediu sua ajuda para a solução de um problema. Os prédios que construíram eram para
pessoas pobres e estes precisavam sair para trabalhar desde cedo, as crianças ficavam sozinhas durante
o dia e estragavam o prédio. Assim, pediram para Montessori que ela criasse alguma forma de entretê-los
e mantê-los quietos neste período em que estavam sem os pais. Para isto ofereceram uma sala em cada
bloco e todo o pessoal que ela precisasse. Criou-se assim a primeira “Case dei Bambini”. Esta Casa das
Crianças recebeu crianças entre os 3 e 7 anos e deu tão certo que logo estão espalhadas pela Itália. As
Casas de Crianças tornaram-se tão populares que logo estavam espalhadas pela Suíça, Argentina,
Estados Unidos, França.
As Casas das Crianças tinham o intuito de melhorar o senso de responsabilidade de cada criança.
Todos os espaços eram adaptados, assim como os móveis: Pias, armários, cadeiras, entre outros. Os
móveis eram construídos como miniaturas dos móveis tradicionais e ao longo das paredes, bem baixas, a
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fim de serem acessíveis as crianças, eram colocados lousas e pequenos quadros sobre a vida em família,
os animais, as flores, etc. Montessori criou também pequenos armários com cortinas ou pequenas portas,
para que as crianças pudessem abrir e fechar os móveis e ali guardar os seus pertences.
O objetivo de Montessori era que a criança aprendesse a disciplinar-se enquanto se movia ou
interagia com o espaço. Ela propunha que: "se uma criança deixar cair ruidosamente uma cadeira, terá
com este insucesso uma prova evidente de sua própria incapacidade: em bancos, porém, os movimentos
passariam despercebidos. Assim, a criança terá ocasião de se corrigir e, aos poucos, verificaremos o seu
Progresso." Montessori ainda acrescenta: "devemos corrigir na criança tudo o que pode ofender ou
prejudicar o próximo, bem como todo o gesto grosseiro ou menos decoroso. Tudo o mais - qualquer
iniciativa, útil em si mesma ou de algum modo justificável - deverá ser-lhe permitido; mas deverá
igualmente ser observada pelo mestre; Eis o ponto essencial". Para Montessori, a partir dos três anos a
criança pode se tornar livre e independente para realizar todas as tarefas. Assim, papel do professor e
auxiliar a criança a ultrapassar os obstáculos que impedem de desenvolver-se normalmente.
Montessori criou o programa conhecido como Exercícios da Vida Diária, para que as crianças
pudessem vivenciar a vida real realizando atividades do cotidiano. Os exercícios propostos por Montessori
estimulavam a paciência, a exatidão e a repetição, reforçando a concentração da criança. Criou diversos
materiais didáticos, com o intuito de motivar a criança a ter maior contato com a sua própria consciência.
Os Materiais didáticos de Montessori constituem-se em cinco grupos: material sensorial; material de
linguagem; material de matemática; material de ciências e material de conteúdo adulto.
Entre os Materiais didáticos desenvolvidos por Montessori, podemos citar o material Dourado. Ele
é formado geralmente por peças de madeira em formato de cubo, placa, Barra e cubinhos e é muito
utilizado na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental para ensinar as quatro operações
fundamentais da matemática. Todos os materiais didáticos desenvolvidos por Montessori foram
metodicamente criados e padronizados, de tal forma que a criança que escolhesse livremente brincar com
um dos objetos, fosse conduzida, sem saber, a desenvolver-se intelectualmente pela situações
previamente determinada.
Maria Montessori tentou criar uma ciência da educação pensando num Educador diferente, que
no lugar da palavra aprendesse com o silêncio e em lugar de ensinar ele deveria observar as crianças,
deixando de ser o centro do processo educativo e passa agir de fora, livrando-se da onipotência. A
pedagogia científica leva em consideração uma escola que permite o desenvolvimento das manifestações
espontâneas e da personalidade da criança. Existem períodos sensíveis de aprendizagem aos que o
professor deve estar atento a fim de estimular a criança para o aprendizado ao qual está mais sensível. Se
o professor deixa passar esse período essa possibilidade de intervenção estará para sempre perdida.

“Se o professor puder realmente penetrar no prazer de ver as coisas nascendo e crescendo
sob seus próprios olhos e puder vestir-se com o traje da humildade, muitos prazeres – que são
negados àqueles que assumem infalibilidade e autoridade diante de uma classe – estarão
reservados a ele”. (MONTESSORI, 2003, p.123).