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MARIA MONTESSORI
A descoberta da criança
“As crianças são investidas de poderes não conhecidos, que
podem ser as chaves de um futuro melhor”
INTRODUÇÃO
Com o desejo de tentar transformar a educação nasce e o anseio de
expandir as ideias já comprovadas para aprendizagem na educação
infantil, por isso traremos aqui as concepções da abordagem e as práticas
de Maria Montessori. Boa leitura!
A partir de então, modificou a forma como as salas de aula eram montadas, subs-
tituindo cadeiras e móveis pesados por materiais mais leves, no intuito de que as
crianças pudessem movimentá-las livremente. As estantes projetadas para adul-
tos viraram prateleiras baixas para garantir o acesso a todos os recursos disponi-
bilizados.
Outras Casas dei Bambini foram criadas nos anos subsequentes com a mesma
proposta, tornando-se centros de aprendizado para muitos educadores e entu-
siastas da Pedagogia.
O BEABÁ DO MÉTODO
Segundo a Associação Internacional Montessori, os seguintes elementos são es-
senciais a uma escola montessoriana: um ambiente organizado e atraente, com-
posto por materiais didáticos e utensílios da vida cotidiana; classes com alunos
com diferentes idades; um professor que atua como guia e só interfere se neces-
sário; materiais multi-sensoriais que permitam o “aprender fazendo”; liberdade
de tempo para que os alunos se dediquem aos assuntos que lhe interessam; e fle-
xibilidade para escolherem o local de trabalho e com quem querem trabalhar (se
quiserem trabalhar em grupo).
Aprender como o mundo funciona quer começa por absorver o mundo, suas ima-
gens, sua linguagem, suas regras e sua cultura, suas leis físicas, químicas e biológi-
cas. Isso não é fácil, e as crianças contam com a enorme capacidade do cérebro in-
fantil de se transformar a cada nova informação. Montessori não podia observar o
cérebro, mas observava o comportamento, e sabia que as crianças tinham um tipo
de mente muito especial. Chamou-a de “Mente Absorvente”, e com isso explicou
como a criança parte do “nada” e chega a construir um ser humano competente e
forte em breves seis anos de vida.
Sobre as crianças mais novas, do Primeiro Plano, Montessori dizia que suas “mãos
são os instrumentos da inteligência humana”. Se é assim, a imaginação é a mão da
criança de 6 a 12 anos. É com a imaginação que a criança investiga e compreende
os mundos distantes e inatingíveis. Lendo, ouvindo, estudando, imaginando, as
crianças conquistam a independência intelectual. Aprendem a pensar sem a ajuda
dos adultos. E porque pensamos melhor quando pensamos juntos, essas crianças
trabalham melhor quando trabalham em grupo, com uma mediação cada vez
menor e mais sutil.
AUTOEDUCAÇÃO
Montessori, a partir da observação do comportamento das crianças em liberdade,
chegou à ideia radical de que as crianças são capazes de aprender sozinhas. Todas
as crianças aprendem algumas coisas sozinhas: andar, falar, comer, pegar, reco-
nhecer voz e aparência, receber e fazer carinho… Mas em muitos casos, nós não
percebemos isso. Em Montessori, nós confiamos na criança. Sabemos que se ela
puder contar com o contexto adequado, pode desenvolver quase tudo de forma
independente e livre.
Para aprender sozinha, a criança precisa ter a oportunidade de ver outras pessoas,
adultos ou crianças, fazendo as coisas; ter a oportunidade de experimentar, ten-
tar, testar, sem ajuda e sem ser interrompida; ter a chance de perceber os próprios
erros e os corrigir espontaneamente; superar pequenas dificuldades, uma de cada
vez, em um ritmo particular e diferente para cada aprendizado.
EDUCAÇÃO CÓSMICA
As crianças nascem interessadas por tudo ao seu redor, e há muitas formas de
manter esse interesse aceso por toda a infância. Uma das mais belas é perceber
Para garantir que isso ocorra, e que o encanto das crianças pelo conhecimento e
pelo mundo se mantenha vivo, a educação das crianças de 6 a 12 anos é baseada
em perguntas, histórias e pesquisas que seguem a curiosidade da criança. Mesmo
respeitando o currículo oficial, é possível permitir a expansão da curiosidade e
dos interesses das crianças, desde muito cedo, e alimentar a percepção de que
tudo pode ser descoberto, compreendido, e de que todas as coisas são interessan-
tes, se olharmos para elas do ângulo certo.
É assim até hoje: nas casas e escolas montessorianas, antes de decidirmos fazer
qualquer coisa importante (desde apresentar um material novo, até interromper-
mos o que parece ser uma má ação da criança), nós paramos e observamos, para
tentar compreender quais as necessidades reais da criança e qual a melhor abora-
gem a adotar, com cada criança, a cada momento.
AMBIENTE PREPARADO
Para o método Montessori, liberdade é algo muito importante. A criança deve ter
uma liberdade que é biológica, porque deixa a vida se desenvolver. Assim como
uma árvore é livre quando está em uma terra fértil, úmida e profunda, a criança
também precisa de um ambiente preparado, seguro, e com nutrientes (físicos,
emocionais, mentais e sociais) para que possa ser livre para viver.
Esse adulto nunca ajuda mais do que o mínimo necessário, abstém-se de cola-
borar sempre que a criança acredita que pode agir sozinha e garante, a todo mo-
mento, que sua presença possa ser sentida caso seja necessária. A alegria deste
adulto é dupla: ser cada vez menos necessário, e ter a chance de observar a vida se
desenvolvendo.
CRIANÇA EQUILIBRADA
Quando as crianças são bem pequenas, seu pensamento e suas ações andam jun-
tos. Mente e corpo, ou, nas palavras de Montessori, vontade e ação. Quando um
bebê chacoalha um chocalho, não faz isso pensando no passeio que vai dar à tar-
de, ele está inteiro com o chocalho, mente e corpo, vontade e ação. Mas quando
as crianças crescem e tentam fazer coisas mais complexas do que usar um choca-
lho, nós temos medo. Impedimos que elas subam escadas, ajudamos quando vão
abrir uma gaveta, interrompemos quando elas passam tempo demais lavando as
mãos. Isso, aos poucos, produz uma separação entre a vontade, que fica na escada,
querendo subir, e a ação, que fica na frente da televisão, assistindo um desenho,
porque foi lá que nós achamos seguro colocar a criança.
REFERÊNCIAS:
• https://larmontessori.com/
• Lillard, L. Montessori: The Science Behind the Genius. Oxford Univ. Press,
2018.
• Trabalzini, P. Maria Montessori: Through the Seasons of the Method, The
NAMTA Journal, Vol. 36, No. 2, Spring 2011.
• Kramer, R. Maria Montessori: A Biography. De Capo Press, 1988.
• Montessori, M. Formação do Homem. Kirion, 2019
• Montessori, M. Mente Absorvente. Portugália/Nórdica.
INDICAÇÃO DE VÍDEO:
• https://www.youtube.com/watch?v=LnLt24ypGDc
SUGESTÃO DE LIVRO:
• A Descoberta da Criança - Pedagogia Científica