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MÓDULO 1- ENTREVISTA FAMILIAR EXPLORATÓRIO SITUACIONAL

( E.F.E.S)

É uma entrevista realizada com a criança e a família. Pode ser realizada


primeiramente objetivando abordar assuntos relacionados as expectativas, as
queixas nas dimensões familiares, as relações e expectativas familiares com
relação à aprendizagem e terapeuta; a aceitação e engajamento da família no
diagnóstico; esclarecer o que é um diagnóstico psicopedagógico; criação de
um clima de segurança. Um ambiente atrativo (lúdico) facilitará o retorno da
criança ao terapeuta contribuindo para que ela fique a sós com o mesmo. É
também durante a E.F.E.S, que o psicopedagogo fará o registro juntamente
aos pais ou responsáveis sobre os horários, quantidades de sessões e a
importância da frequência. De acordo com Guimarães, Rodrigues e Ciasca
(2003), na primeira consulta deve-se perceber que a queixa trazida pelos pais
como o motivo do encaminhamento para a avaliação às vezes não descreve só
o “sintoma”, como traz também indícios da direção para o início da
investigação.
Assim sendo a atitude que o profissional psicopedagogo acolhe o primeiro
contato com a família e com o próprio sujeito da aprendizagem é muito
importante para a continuidade do processo. É necessário o registro fiel dessa
entrevista, pois ao longo do processo diagnóstico fatos omitidos ou esquecidos
podem ser acrescentados posteriormente o que modificara também a
construção de hipóteses que variam ao longo do processo diagnóstico. Os
dados colhidos durantes as E.F.E.S devem ser posteriormente comparados
com os materiais trabalhados durante o diagnóstico.
ENTREVISTA DE ANAMNESE Considerada como um dos pontos principais de
um bom diagnóstico, busca colher dados significativos sobre a história do
sujeito na família, integrando passado, presente e com projeções para o futuro.
Permite entender a inserção do mesmo na família. O trabalho da Anamnese se
inicia com dados das primeiras aprendizagens, da historia clinica, da historia
familiar do núcleo que o sujeito está inserido, na historias das famílias
maternas e paternas e a influencia dessas gerações passadas sobre a família
nuclear. É necessário que todos estejam bem a vontade “...para que todos se
sintam com liberdade de expor seus pensamentos e sentimentos sobre a
criança para que possam compreender os pontos nevrálgicos ligados á
aprendizagem.” (Weiss, 1992,p.62). Anamnese permite a obtenção e analise
de dados desde a concepção até a vida escolar atual do aluno, considerando
que se trata de uma investigação profunda e detalhada. Leva em consideração
como foi o processo gestacional, se a gravidez foi desejada ou não por ambos
os pais assim como por toda a família, qual opção de parto, posteriormente
analisar sobre as primeiras aprendizagens como usar mamadeira, copo, a
colher, quando aprendeu a sentar, engatinhar, a andar, controlar seus
esfíncteres, com objetivo de descobrir como a família possibilita e participa do
desenvolvimento cognitivo da criança. Se os pais não permitem o
descobrimento ou bloqueiam novas experiências da criança por si só evitando
por exemplo, comer sozinha para não se sujar, não tiram a fralda para não
urinar em casa, também não permitem que haja o processo de
desenvolvimento do equilíbrio entre assimilação e acomodação, causando o
processo chamado de hipoassimilação, onde os pais acabam retardando o
desenvolvimento da criança. Por outro lado, existem pais que forçam as
crianças a realizarem sozinhas atividades para as quais ainda não possuem
maturidade em seu organismo, não estando portando a criança pronta para
assimilar, é o chamado hiperassimilação, que acaba desrealizando
negativamente o pensamento da criança, tornando as precoces. Dando
continuidade ao processo investigatório, o psicopedagogo por meio da
Anamnese também abordará a história clinica da criança, abordando as
possíveis doenças, como foram diagnosticadas e tratadas, se resultaram em
alguma consequência. É também de grande relevância saber a história escola
do sujeito, desde quando começou a frequentar a escola, como foi o primeiro
dia de aula, se existiram frustrações, entusiasmos, porque os pais escolheram
aquela escola, se houve alguma troca de escola, quais são os aspectos
positivos e negativos e as possíveis consequências para o processo de
aprendizagem. As informações obtidas na Anamnese deverão ser registradas
para levantar hipóteses que poderão justificar a defasagem do indivíduo, bem
como auxiliar na seleção de outros instrumentos de diagnóstico.
MÓDULO 2 – EOCA
ENTREVISTA CENTRADA NA APRENDIZAGEM

O processo diagnóstico consta por uma série de passos por cujo meio se
realiza o reconhecimento das dificuldades, o prognóstico e as indicações.

Entre estes processos destacamos a E.O.C.A. – Entrevista Operativa Centrada


na Aprendizagem, elaborada pelo professor argentino Jorge Visca, cujo
objetivo é de estudar as manifestações cognitivo-afetivas da conduta do
entrevistado em situação de aprendizagem. Permite ainda se obter uma visão
conjugada e uma hipótese diretriz do interjogo dos aspectos cognitivos e
afetivos da aprendizagem, bem como os pontos de alerta que deve ser
verificada para constatação ou não das hipóteses levantadas.

A EOCA é utilizada como ponto de partida em todo processo de investigação


diagnóstica das dificuldades de aprendizagem.

Este instrumento consiste em uma entrevista estruturada que põe em evidência


o aprendizado e conta como reativos quaisquer material, dependendo da idade
do educando e da queixa. Na idade escolar podem ser: folhas pautadas, lápis
de escrever, borracha, lápis colorido, giz de cera, papéis variados, revistas,
tesoura, cola, livros de acordo com a idade do entrevistado, apontador,
canetas, canetas hidrocor, folhas sulfite, régua, etc.

Os objetos são deixados sobre uma mesa, organizados de tal forma que o
entrevistado precise abrir as caixas de lápis, o estojo, apontar o lápis preto sem
ponta, procurar o que deseja observar todo material para decidir o que vai
utilizar.

1. CONSIGNAS E INTERVENÇÕES
As consignas e intervenções possibilitam observar:

 a possibilidade de mudança de conduta;


 a desorganização ou reorganização do sujeito;
 as justificativas verbais ou préverbais;
 a aceitação ou a recusa do outro (assimilação, acomodação, introjeção,
projeção).
Tipos de consignas e intervenções: De abertura
“Gostaria que você me mostrasse o que sabe fazer, o que lhe ensinaram e o
que você aprendeu. Esse material é para que você utilize como desejar, pode
escolher e usar o que quiser”. Para mudança de atividade:

 Consigna aberta: “Gostaria que você me mostrasse o que quisesse com esses
materiais”.
 Consigna Fechada: “Gostaria que você me mostrasse outra coisa que não
seja…”, ou “Gostaria que você me mostrasse algo diferente do que já me
mostrou”.
 Consigna Direta: “Gostaria que me mostrasse algo de… (matemática, escrita,
leitura)”.
 Consigna Múltipla: “Você pode ler, escrever, pintar, recortar desenhar, etc?”.
 Consignas para Pesquisa: “Para que serve isto, o que você fez que horas são,
que cor você está utilizando?”
As respostas geralmente após a consigna de abertura são:
1. Sujeito começa a fazer algo (desenha, pinta, recorta, etc)
2. Pede que lhe indique o que precisa fazer, ao que se responde: “o que você
quiser”.
3. Fica totalmente paralisado sem poder reagir. Mesmo diante do modelo múltiplo
não realiza nada.
Qualquer uma das respostas já são dados significativos para a avaliação.

Quando o entrevistado apresenta alguma produção, é aconselhável que se


incida sobre ela, perguntando, argumentando, investigando, apresentando um
problema, pedindo que relate o que leu, escreveu ou desenhou. Observa-se o
grau de mobilidade e de modificabilidade do entrevistado.

1.2. Fatores de observação durante a EOCA


Através da observação do tema, da dinâmica e do produto, pode se observar o
sintoma e as causas históricas coexistentes (ansiedade, defesa, funções, nível
de pensamento utilizado, grau de exigência, aquisições automáticas, aspectos
da lateralidade, organização, ritmo de trabalho, interesses, etc).

Estes três níveis de observação são indicadores do 1º sistema de hipóteses:

1. Temática
Consiste em tudo que o sujeito diz, o que terá, como toda conduta humana, um
aspecto manifesto e outro latente;

Dinâmica
consiste em tudo que o sujeito faz e não é estritamente verbal: gestos,
tom de voz, postura corporal, etc. a forma de sentar ou de pegar o lápis podem
ser mais reveladoras que os comentários e até mesmo que o produto.

Produto
é o que o sujeito deixa gravado no papel, na dobradura, na colagem,
etc. incluindo a seqüência em que foram feitos.

Dimensão afetiva
Alguns indicadores:
 Alterações no campo geográfico e o de consciência (distração, inadequação da
postura, fugas, etc).
 Aparecimento de condutas defensivas (medos, resistência à tarefas, à
mudanças, à ordens, etc).
 Ordem e escolha dos materiais.
 Aparecimento de condutas reativas (choro, ansiedade, etc).
Dimensão cognitiva
Alguns indicadores:
 Leitura dos objetos e situação Utilização adequada dos objetos;
 Estratégias utilizadas na produção de tarefas Organização;
 Planejamento da atividade (antecipação) Nível de pensamento utilizado.
2. POSTURA DO EXAMINADOR
 Deve ser um mero observador da conduta do avaliado;
 Participando com intervenções somente quando achar necessário.
 Utilizarse de vários tipos de consignas para maior riqueza das observações.
 Colocar limites quando achar necessário.
 Quando o avaliado apresenta dificuldades para entrar na tarefa, deverá utilizar
consigna múltipla para facilitar a decisão do avaliado.
 Caso o avaliado permaneça sem iniciativa, devemos lembrar também que esta
também é uma postura a ser analisada, é uma forma de agir frente a situações
novas, deve ser avaliada em seus vários fatores.
 Se necessário, pode ser feitas mais de uma entrevista de EOCA.
3. FORMA DE REGISTRO
Papel pautado dividido em duas colunas, sendo a da esquerda maior, pois
servirá para as anotações do que ocorrerá na entrevista e a coluna da direita
para anotações das hipóteses levantadas. Deve-se anotar tudo que ocorrer,
postura, ações, palavras, frases, etc.

4. LEVANTAMENTO DAS HIPÓTESES


As hipóteses serão levantadas de acordo com as observações feitas durante a
entrevista. Levando-se em conta as três linhas de pesquisa que serão
realizadas: cognitiva, afetiva e orgânico funcionais. Quando as hipóteses nos
levarem a uma área específica (ex: psicologia, fonoaudiologia, neurologia, etc),
deve-se pedir a avaliação de um profissional competente, sempre que possível.

PRINCIPAIS OBSTÁCULOS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM


1. Obstáculos Funcionais
 Assimilação
 Lentidão
 Domínio especial
 Motor
 Elaboração mental
 Etc
2. Obstáculos Epistemofílicos (emocionais)
 Estado confusional
 Perseveração
 Exigência
 Conduta evitativa
 Mecanismos defensivos
 Etc
3. Obstáculos Epistêmicos (Cognitivos)
 Desempenho
 Antecipação
 Insensibilidade – não percebe determinados conflitos
 Não possui mecanismo de integração. Ex: colocamse vários fósforos de
tamanhos iguais alinhados com outros fósforos de tamanho menor. Juntase até
as duas linhas atingirem o mesmo comprimento e perguntase se os fósforos
são iguais. O sujeito não percebe que só o comprimento final é o mesmo, mas
que os fósforos são diferentes.
 Assimilação, acomodação
 Nível cognitivo
 Etc
Observações gerais
1. Cada nível de estrutura cognitiva corresponde a uma leitura da realidade e um
nível de evolução afetiva para estabelecer um vínculo com o objeto.
2. Cognitivo – Operações lógicas que regulam os intercâmbios com o meio
externo, com a lógica correspondente ao estágio cognitivo a que percebe o
sujeito.
3. Diante de determinada situação, o sujeito passará pelos momentos de
indiscriminação, objetiva parcial e total, em movimentos de ir e vir. Quando
atinge o patamar, pode passar para outro no mesmo movimento.
MÓDULO 3- SESSÕES LÚDICAS CENTRADAS NA APRENDIZAGEM

É desejável que no trabalho com crianças haja um espaço e tempo para a


criança brincar e assim melhor se comunicar

Para essa atividade é preciso fazer um enquadramento especifico com a


criança sobre o uso da sala, o uso do tempo, o uso do material disponível,
limites para segurança, conservação do material e da sala, qual o papel do
terapeuta.

O material a ser utilizado em atividades lúdicas dependerá do objetivo


específico da sessão, do tempo disponível e da idade da criança. Sugestões:

 Folhas de papel (pautadas, lisas, brancas e coloridas), lápis, apontador, régua,


lápis de cor, canetinhas, cola, tesoura, revistinhas, livros;
 Material para carpintaria e construções: madeiras, pregos, tachinhas, arames,
ferramentas etc;
 Material de sucata (embalagens vazias, caixinhas, carreteis, rolhas, retalhos,
fios etc);
 Blocos de madeira ou plástico, pinos de encaixe;
 Tintas diversas, massa plástica, cola plástica colorida;
 Fantoches, miniaturas, animais, flores, bonecos, pires, xícaras;
 Jogos.

A apresentação do material pode ser em uma caixa, fora da caixa ou misto.

A atividade lúdica necessita de uma explicação inicial, deixando a criança à


vontade: “Você pode usar esse material para brincar como quiser. Um pouco
antes de acabar o tempo eu aviso a você”, “Hoje você poderá brincar durante
uma parte do nosso tempo, depois eu vou pedir a você para fazer algumas
coisas…”

De acordo com Weiss

Por ser o jogo inerente ao homem, e por revelar sua personalidade integral de
forma espontânea, é que se pode obter dados específicos e diferenciados em
relação ao Modelo de Aprendizagem do paciente. Assim, aspectos do
conhecimento que já possui, do funcionamento cognitivo e das relações
vinculares e significações existentes no aprender, o caminho usado para
aprender ou não-aprender, o que pode revelar, o que precisa esconder e como
o faz podem ser claramente observados através do jogo.

Devemos observar alguns pontos:

1. A escolha do material e da brincadeira/atividade: Atividade e material que


repetem a situação escolar, sem criatividade; seleção de material figurativo;
materiais que permitam criação (tintas, massa plástica, pinos e blocos);
materiais que permitam transformar e imaginar novas coisas (sucata).
2. O modo de brincar: se usa apenas o material mais próximo ou se explora todo
o material e depois se fixa em alguma coisa; se escolhe materiais planejando
uma brincadeira; se faz estimativas, medidas e cálculos; se estrutura uma
brincadeira com coerência, começo, meio e fim ou se coloca aleatoriamente os
objetos sem uma antecipação e posteriormente atribui ou não um significado;
se tem flexibilidade no uso dos objetos modificando-o conforme a necessidade;
se classifica os objetos; se mantém uma brincadeira estereotipada e
perseverante; se faz brincadeiras criativas; se começa uma atividade e não
conclui; se permanece concentrada durante a brincadeira; se mantém
continuidade na brincadeira de uma sessão para a outra; se faz na brincadeira
mais ações de desmanchar, separar, dividir e cortar ou de reunir, construir,
colar e juntar; o modo como usa o corpo e etc.

3)A relação com o terapeuta: se brinca sozinha, concentrado e ignorando o


terapeuta; se brinca sozinha, mas olhando constantemente para o terapeuta;
se depende do terapeuta para brincar, pedindo sempre sua ajuda; se pede
eventualmente a ajuda do terapeuta, quando esta parece necessária; se só
escolhe brincadeiras que necessitam da participação do terapeuta como
parceiro.

O lúdico como instrumento de aprendizagem na atuação do psicopedagogo,


tem a importância de se compreender as dificuldades de aprendizagem,
observando individualmente na sessão diagnóstica e por meio de orientação
correta fornecer o desenvolvimento em relação a essa dificuldade apresentada
onde o sujeito estará naturalmente desenvolvendo a coordenação motora, a
atenção, a expressão corporal, estimulando a iniciativa, trabalhando a
oralidade, o raciocínio lógico, dentre outros aspectos. O momento em que a
criança esteja em contato com o lúdico, torna-se precioso, pois expõe suas
aptidões, mantém a concentração e produtividade. Mesmo que não se obtenha
resultado final esperado, é por meio da forma como a criança brinca que o
psicopedagogo estará analisando-a, conhecendo o comportamento e
interagindo com a mesma.
A atividade lúdica mostrará o que se sabe de forma descontraída, sem a
necessidade de comandos com aplicação de atividades adequadas a idade do
sujeito objetivando a exposição das dificuldades relatadas, ou evidenciando
que talvez não existam, faltando apenas estímulo ou forma correta para se
trabalhar com a aplicação dos processos de aprendizagem. É na sessão lúdica
onde observamos a conduta do sujeito como um todo, colocando também um
foco sobre o nível pedagógico e trabalhando as questões que precisam ser
desenvolvidas para a autonomia do sujeito. O brinquedo cria uma zona de
desenvolvimento proximal na criança, aquilo que na vida real passa
despercebido por ser natural, torna-se regra quando trazido para a brincadeira.
MÓDULO 4 – PROVAS
O uso de provas e testes não é indispensável em um diagnóstico
psicopedagógico, porém representa um recurso á mais a ser utilizado quando
avaliado necessário na especificação do nível pedagógico, estrutura cognitiva e
ou emocional do sujeito. Provas operatórias, testes psicométricos e técnicas
projetivas poderão ser relacionados de acordo com a necessidade de
confirmação de aspectos levantados ao longos das sessões anteriores
(E.F.E.S, Anamnese, Sessões Lúdicas centradas na Aprendizagem, etc).
Existem diversos tipos de testes e provas para serem atrelados a um
diagnóstico, como as provas de inteligência (WISC é o mais conhecido, porém
de aplicação exclusiva por psicólogos), avaliação perceptomotora (Teste de
Bender, cujo objetivo é avaliar o grau de maturidade visomotora do sujeito
também só podendo ser aplicado por psicólogos); testes projetivos (CAT, TAT,
desenho da família, desenho da figura humana, também de uso apenas para
psicólogos). Os psicopedagogos devem ser criativos e desenvolver atividades
que atendam a mesma propositura dos testes apenas administrados por
psicólogos, ou trabalhar em conjuntos com uma equipe multidisciplinar
objetivando levantar todos os aspectos que envolvem a hipótese do diagnostico
inicial lembrando sempre que a psicopedagogia não é um ramo da medicina,
mas sim da educação acoplado com a saúde. Dessa forma prioriza-se o
conhecimento sobre o qual o processo que se dá a aprendizagem. Lembrando
também que algo padronizado não vai servir para todos os “aprendentes”, os
testes são apenas umas das alternativas de uso. Na concepção de Weiss: “as
provas operatórias tem como objetivo principal determinar o grau de aquisição
de algumas noções chave do desenvolvimento cognitivo, detectado o nível de
pensamento alcançado pela criança, ou seja, o nível de estrutura cognitiva que
opera”. (2012, p.106). Os psicopedagogos podem aplicar diretamente os testes
de TDE (que busca oferecer de forma objetiva a avaliação das capacidades
fundamentais para o desempenho escolar, mais especificamente da escrita,
aritmética e leitura); Teste ABC (para verificar nas crianças de escola primária
o nível de maturidade requerido para a aprendizagem da leitura e da escrita);
Provas de nível de pensamento (Piaget, como alvo principal crianças na fase
escolar, com objetivos de investigar e avaliar o nível cognitivo da criança e
constatar se realmente corresponde a sua idade cronológica ou se existe
alguma defasagem), testes psicomotores e jogos psicopedagógicos.
MÓDULO 5 – DEVOLUTIVA AOS RESPONSAVÉIS DO APRENDENTE

ENTREVISTA DE DEVOLUÇÃO E ENCAMINHAMENTO

É o momento em que o psicopedagogo irá relatar o motivo da avaliação


(encaminhamento), período e número de sessões, instrumentos utilizados,
descritivo das dimensões do sujeito, síntese dos resultados que concluiu,
articulando as queixas, os sintomas, os obstáculos e as possíveis causas bem
como o prognóstico, ou seja, as indicações. É perfeitamente normal que esse
momento seja norteado por muita ansiedade dos envolvidos, ou seja, o
psicopedagogo, o paciente e os pais e que deve ser bem conduzida para que
haja efetiva participação de todos na eliminação das dúvidas, não se deve ater
somente a apresentação das conclusões, é necessário sensibilizar os pais para
que tomem todas as rédeas e assumam o problema em todas as suas
dimensões, procurando afastar rótulos e fantasmas. Inicialmente o ideal é que
se toque nos aspectos mais positivos do paciente, para que o mesmo se sinta
valorizado e somente depois deverão ser mencionados os pontos causadores
dos problemas de aprendizagem. Weiss (1992) orienta organizar os dados
sobre o paciente em três áreas: pedagógica, cognitiva e afetivo-social, com um
roteiro, para que o psicopedagogo não se perca e não deixe os pais confusos.
A atitude do psicopedagogo deve ser compreensiva e acolhedora com os pais,
promovendo a articulação e a integração coerente dos dados e de seus
significados. A devolutiva deve fazer com que a visão dos pais, em relação ás
suas práticas educativas se amplie. Posteriormente o psicopedagogo menciona
as recomendações como estimular leitura em casa, amenizar superproteção
dos pais ou responsáveis, aumento das responsabilidades á criança ou até a
troca da escola ou turma e indicar os atendimentos que julgue necessários
como psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, etc. Além disso, o psicopedagogo
também deve fazer a devolutiva na escola, e traçar com a equipe pedagógica
as estratégias necessárias para sanar as dificuldades. Dessa forma a
integração entre escola, família, sujeito e profissionais caminharão em
conjunto.
Todo processo de aprendizagem é composto por três elementos: em primeiro
lugar há a pessoa que aprende, que traz consigo os órgãos dos sentidos, seu
sistema nervoso, seu sistema muscular e também o conjunto de habilidades e
capacidades que adquiriu anteriormente. Em segundo lugar, existe a situação
estimuladora, compreendendo o conjunto de fatores que estimulam os órgãos
dos sentidos como a família, a escola e a sociedade que a pessoa está inserida
e finalmente, há a ação ou resposta que resulta da estimulação e da atividade
nervosa subsequente. O primeiro elemento corresponde à condição interna e o
segundo, à condição externa, graças aos quais, o terceiro elemento se
manifesta, ou seja, a resposta. As dificuldades de aprendizagem interferem
consideravelmente na vida do cidadão, dessa forma quanto mais
precocemente forem observadas melhor será o seu diagnóstico e tratamento,
dando importância e atenção devida que o compreende. Sabe-se que o déficit
de aprendizagem pode ter causas das mais diversas, como um simples elo
afetivo, um suporte pedagógico precário, além de distúrbios de ordem físio-
motora do sujeito, o importante é que o psicopedagogo saiba introduzir os
meios para um diagnóstico cuidadoso, evitando rotular ou marginalizar o sujeito
aprendiz. Cabe, portanto, ao psicopedagogo diante das dificuldades
apresentadas, ser capaz de ouvir, falar, propor, intervir diagnosticar e
encaminhar corretamente o sujeito á profissionais especialistas quando
realmente necessário, envolvendo nesse trabalho todos os que se relacionam
diretamente ou indiretamente com o individuo, ou seja, a família, escola,
amigos, etc. Dessa forma o trabalho do mesmo deverá ser um trabalho de
dedicação, de atenção, acolhimento e sensibilidade para redescobrir o
indivíduo, aprimorar e transformar sua vida, através do respeito a si próprio e
ao próximo, tornando – o ativo, capaz e único dentro da sociedade onde vive.

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