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AQUISIÇÃO E

DESENVOLVIMENTO
DE LINGUAGEM Aula 3

Profª Ma. Vanessa Falbo Simões Mariano


CRONOGRAMA
DATA ASSUNTO
16/08 Apresentação e discussão do Plano de ensino. 
23/08 Conceitos na área fonoaudiológica sobre os conceitos de linguagem humana, comunicação, código linguístico, fala e
produção fonoarticulatória. 
30/08 Teorias de aquisição da linguagem.
06/09 Apresentação dos Mapas Mentais
13/09 Apresentação dos Mapas Mentais
20/09 Introdução aos aspectos neurobiológicos. Filme *
27/09 Introdução aos aspectos neurobiológicos.
04/10 Não haverá aula presencial (CONGRESSO) - Atividade online (Av teórica I)
05/10 FEPRO
11/10 Habilidades perceptuais e a relação com o desenvolvimento cognitivo e aquisição da linguagem e fala. Atenção, memória
e aprendizagem.
18/10 Desenvolvimento motor, consciência corporal e potencialidade corporal. (Convidada)
25/10 ENCIBRAC
01/11 Etapas do processo de aquisição da linguagem. Aquisição do código linguístico. Influência ambiental no processo de
aquisição de linguagem e fala.
08/11 Aquisição da Leitura e escrita. (Convidada)
15/11 FERIADO
21/11 PRG Prova Regimental Globalizada (A1) – Todo o conteúdo.
22/11 PRG outros cursos – AULA SUSPENSA
29/11 Avaliação teórica II
06/12 FONOBRAC
13/12 AF
TEORIAS
Teorias de aquisição da linguagem
• Modelo Comportamental ou Behaviorista de
Skinner
• Modelo Gerativista descrito por Noam Chomsky
• Modelo Biológico descrito por Eric Lenneberg
• Modelo Cognitivo segundo Jean Piaget
• Modelo Social segundo os pesquisadores
soviéticos (Lúria, Vygostsky e Leontiev)
• Modelo Cognitivo construtivista interacionista
segundo J. Brunner e Cláudia Lemos
Roman Jakobson
Escola de Praga
Funcionalismo (M. Halliday)
Europeu
Linguística da Enunciação (E. Benveniste – interacionismo)
Estruturalismo
Linguística Antropológica (F. Boas/E. Sapir)
Norte-Americano
Empirismo Linguístico (L. Bloomfield)
Linguística
Racionalismo (N. Chomsky)
Gerativismo
Linguística Cognitiva (M. Tomasello)
Construtivismo (Epistemologia Genética - J.Piaget)
Psicologia do Desenvolvimento Cognitivismo (J. Bruner)
Interacionismo (Sócio-construtivismo – L.Vygotsky)
Mentalismo (W.Wundt)
Psicologia Cognitiva (Ciências Cognitivas – S.Pinker)
Psicolinguística Desenvolvimental e Experimental
Psicologia

Comportamentalismo (I.Pavlov/J.Watson/F. Skinner) Conexionismo


Abordagem empírica

• Todo o conhecimento provém, única e exclusivamente,


da experiência do ser humano com o meio ambiente

• Conhecimento é limitado ao que pode ser captado


pelos órgãos dos sentidos ou deduzido por reflexão
pessoal (introspecção) a partir das experiências vividas
Ser humano é compreendido como uma folha de papel em
branco, uma tábula rasa, que vai sendo preenchida a partir de
suas experiências com o meio que o cerca, bem como suas
observações a partir do que capta em suas experiências
Modelo Comportamental
Ou behaviorista

IVAN P. PAVLOV
(1849-1936)
Modelo Comportamental
Ou behaviorista

Behaviorismo =
Comportamentalismo
Manifesto Behaviorista de 1913

JOHN B. WATSON
(1878-1958)

Objeto de estudo da Psicologia:


comportamento, portanto, nem
a psique, nem a consciência.
Modelo Comportamental
Ou behaviorista

BURRHUS
FREDERIC
SKINNER
(1904-1990)

Pai do “Behaviorismo
Radical”
Modelo Comportamental
Ou behaviorista

•Experiências com animais: podem ser


ensinados, desde que recebam recompensas
ou castigos adequados

•Crianças aprendem da mesma forma, ou seja,


por condicionamento, assim como qualquer
outro animal
Modelo Comportamental
Ou behaviorista

•Linguagem = comportamento muito complexo


e pode ser condicionado, dependendo da
experiência para ser adquirida

•Linguagem = um comportamento aprendido


por força do hábito
Modelo Comportamental
Ou behaviorista

Exemplo:

Estímulo:
sede > resposta: “aga” (água) > reforço: mãe
oferece água para a criança

•Linguagem adquirida: pais e professores


desempenham papel importante no processo
Modelo Comportamental
Ou behaviorista

Operantes verbais

atributos controladores de
respostas verbais, ou seja, um
conjunto específico de variáveis
que procuram estabelecer
algum tipo de resposta.
Modelo Comportamental
Ou behaviorista

Mando

• relacionado a condições emocionais do


emitente
• ordens, pedidos e avisos
• opera em função do emissor, uma vez que
produz um reforçador como consequência
do operador verbal.
Modelo Comportamental
Ou behaviorista

Mando
EXEMPLO: “Por favor, me dê um copo de água”
- motivação pessoal de saciar a sede.
O ouvinte provavelmente atende a solicitação e,
neste caso, ao receber o copo de água se
estabelece o reforço da fala.
Mandos subentendidos: “Puxa, que frio!” -
indicando implicitamente para alguém fechar a
janela.
Modelo Comportamental
Ou behaviorista
Tato
• em função de um estímulo externo não verbal (objeto,
imagem, evento etc.)
• em função do ouvinte - acesso a novas ou inesperadas
informações
EXEMPLO:
criança vê um gato e exclama: “Gato!”.
estímulo externo = gato
o operante verbal tato é a exclamação “Gato!”
reforço quando o adulto confirma que é um gato mesmo
Criança se aproxima de uma tomada na parede. Alguém diz:
“Choque!” e o bebê não coloca os dedinhos na tomada.
Modelo Comportamental
Ou behaviorista

Ecoico
• operador relacionado a um estímulo verbal
que propõe a resposta também verbal de
repetição.
EXEMPLO:
Ao ouvir “oi”, a pessoa responde “oi”.
Este estímulo verbal pode ser oral ou escrito
e trata-se de uma reprodução ou imitação.
Modelo Comportamental
Ou behaviorista

Textual
• parte de um estímulo verbal impresso ou
escrito e a resposta é uma emissão vocal.
EXEMPLO:
Placa pendurada escrito “Perigo” e ele diz “Não
devemos ir por ali” ou ainda “Sugere que
devemos ter cuidado”, significa que o estímulo
escrito provocou uma resposta vocal
correspondente.
Modelo Comportamental
Ou behaviorista

Transcrição

• oposto ao textual

• estímulo verbal oral ou escrito - reproduz


com uma transcrição

• ditados e cópias.
Modelo Comportamental
Ou behaviorista

Intraverbal
• estímulo verbal (oral ou escrito) implica em
uma resposta arbitrária, ou seja, ao ter acesso
a um estímulo, a pessoa decide como vai dar
a resposta.
• provas e exercícios matemáticos

EXEMPLO: Leitura de um poema - recitar ou


copiar
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

AVRAM NOAM
CHOMSKY

(1928)
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

A LINGUAGEM = UMA CAPACIDADE INATA


DO SER HUMANO

A CRIANÇA JÁ NASCE COM UMA


CAPACIDADE INATA DE ADQUIRIR E
DESENVOLVER A LINGUAGEM, SENDO QUE
AS EXPERIÊNCIAS E O MEIO SOCIAL
APENAS FUNCIONAM COMO
CATALISADORES DESTA CAPACIDADE.
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

• capacidade de adquirir e desenvolver a


linguagem é um patrimônio genético dos seres
humanos

• característica da espécie com a qual todos os


seres humanos nascem característica =
universalidade
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

• exceção dos que possuem alguma deficiência


específica

• amadurecimento e convívio social = emergir a


capacidade inata do ser humano de adquirir e
desenvolver uma língua
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

• Chomsky consegue explicar porque uma


criança criada por lobos não aprende uma
linguagem, porém quando inserida na
sociedade, consegue aprendê-la.

• “Gramática Universal” (GU): a capacidade inata


do ser humano de adquirir uma linguagem, ou
seja, uma capacidade geneticamente
determinada e de natureza mental.
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

Inatismo: corrente teórica que parte do


pressuposto de que há ideias inatas, (ou
predeterminadas, que não podem ser
explicadas por experiências de ordem
sensorial ou puramente criativas. Uma ideia
inata, portanto, é universal, está presente
em todos os seres humanos.
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA
competência desempenho
porção do conhecimento do uso linguístico individual
sistema linguístico do falante comportamento linguístico
que lhe permite produzir o resulta também de fatores não
conjunto de sentenças de sua linguísticos, como: convenções
língua; sociais, crenças, atitudes emocionais
conjunto de regras que o ≠ do falante em relação ao que diz,
falante construiu em sua mente pressupostos sobre as atitudes do
pela aplicação de sua interlocutor etc., de um lado; e, de
capacidade inata para a outro, o funcionamento dos
aquisição da linguagem aos mecanismos psicológicos e
dados linguísticos que ouviu fisiológicos envolvidos na produção
durante a infância. dos enunciados
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

O desempenho pressupõe a competência,


ao passo que a competência não
pressupõe desempenho.
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

Posiciona a linguagem no campo da cognição


Não se pode explicar a aquisição e o
desenvolvimento da linguagem por meio de
condicionamentos
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

PROPRIEDADES DA LINGUAGEM

Linguagem:
• é a essência da mente humana
• praticamente inconsciente
• funciona de maneira muito rápida, porém
complexa
• ocorre de forma bastante comum para os
seres humanos.
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

Processo de aquisição da linguagem possui


padrões universais

crianças
• em todas as partes do mundo passam por
determinados estágios de aquisição de
linguagem = a aquisição não está sujeita a
processos externos de ensino ou de vivência
em sociedade = uniformidade
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

• aprendem palavras novas em uma


velocidade incrível, sem necessidade de
instrução ou correção por parte dos pais ou
pessoas com as quais convivem
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

• Por volta de 8m - todas as crianças balbuciam


• 1 ano - produzem primeiras palavras
• até 2 anos - comunicam razoavelmente bem -
boas combinações e flexões de palavras
• 3 anos – construção de sentenças bem
estruturadas
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

Supergeneralizações = capacidade da criança


de conjugar verbos a partir da gramática estável
(por exemplo, quando fala “eu danci muito”)

“equívocos” são previsíveis em estruturas


linguísticas complexas.
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

Dois períodos para a aquisição da linguagem

Período pré-linguístico

• Antes dos 6 meses: bebê emprega algumas


vogais e emite alguns sons guturais (balbucio)

• 6 meses: bebê começa a usar consoante +


vogal
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

Período pré-linguístico

• 10 meses: balbucio seletivo, ou seja, bebê


decide os sons que quer emitir. Emissão
cadenciada como uma fala

• Antes dos 12 meses: os bebês emitem sons


muito similares ou iguais às palavras do mundo
adulto.
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

Período linguístico

• Estágio da palavra: palavra substitui uma frase


inteira e pode ter vários significados, por
exemplo: “água” pode significar: “quero água”,
“vou tomar banho”, “está chovendo” =
“holofrásico”
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

Período linguístico

• Estágio de duas palavras: 2 anos, uso de duas


ou mais palavras

• Estágio das múltiplas combinações: emprega


termos específicos da língua (preposições e
advérbios); depois usa várias orações na
mesma sentença
Modelo GERATIVISTA OU
INATISTA

Crítica de Chomsky ao behaviorismo

• a aquisição da linguagem não poder ser


apenas produto de observação e repetição
da fala dos pais ou professores, mas sim
das estruturas da mente que permitem o
surgimento espontâneo da fala e a
produção criativa de expressões nunca
ouvidas ou repetidas anteriormente.
Modelo BIOLÓGICO

ERIC HEINZ
LENNEBERG
(1921-1975)
Modelo BIOLÓGICO

Bases da biolinguística

o estudo das bases biológicas da


linguagem
Modelo BIOLÓGICO

Correlação do processo de aquisição da


linguagem a outros processos biológicos

período sensível ao desenvolvimento - HPC

A base biológica para o argumento do


período crítico foi estabelecida por Lenneberg
(1967) - lateralização cerebral
Modelo BIOLÓGICO

cérebro da criança em seus primeiros meses


de vida - lateralização cerebral

cada hemisfério do cérebro passa a se


dedicar a um conjunto de funções e é apenas
quando parte considerável desse processo já
ocorreu ou está em processo que a
linguagem pode começar a se desenvolver
Modelo BIOLÓGICO

Puberdade: apenas o hemisfério esquerdo torna-


se dominante para a linguagem

Período crítico da aquisição da


linguagem: entre 2 e 12 anos

quando se concretiza o processo


de lateralização do cérebro
Modelo BIOLÓGICO

Lenneberg (1967) - pesquisa dedicada aos casos


de afasia traumática centrou-se nos padrões da
recuperação da fala:
LESÃO
crianças em período inicial de crianças após 4 anos de idade final da puberdade ou em fase
aprendizagem (2 -3 anos) até o início da puberdade adulta

• reinicia o processo de • processo de restauração • restauração restrita do


aquisição (não reinicia o processo de sistema
• caminho mais rápido aquisição) • “danos” irreversíveis”
• atinge proficiência ótima em • recuperação mais lenta e
curto tempo por um tempo
indeterminado
Modelo BIOLÓGICO

Modelo vai além da GU (Chomsky) e da


exposição a alguma língua

Maior evidência para HPC

• crianças isoladas sem qualquer contato


social ou linguístico “crianças selvagens”
Modelo BIOLÓGICO

• crianças com exposição tardia à língua de


sinais

• crianças com “retardo mental” e com afasia


Modelo COGNITIVO

JEAN WILLIAM FRITZ


PIAGET
(1896 – 1980)
Modelo COGNITIVO

“estudo da mente”

• pensamento causa impacto no


comportamento das pessoas

• pensamento deveria ser o objeto de estudo


da psicologia mais relevante do que o
comportamento (crítica ao Behaviorismo)
Modelo COGNITIVO

• o ser humano é visto como um ser pensante e


utiliza recursos mentais para agir sobre o mundo
• não é uma tábula rasa, nem depende
exclusivamente das experiências vivenciadas
para aprender
• aprende a partir das experiências, introjetando-
as, refletindo sobre elas, modificando-as
internamente e produzindo seu conhecimento
Modelo COGNITIVO

• Piaget observou crianças (incluindo seus


próprios filhos)

• 4 estádios de desenvolvimento cognitivo do ser


humano
• sensório-motor
• pré-operatório
• operatório-concreto
• operatório formal
Modelo COGNITIVO

ESTÁGIO ESTÁDIO
• espaço físico onde ocorriam
• uma fase diversos esportes (do latim

• um período stadium).
específico. • Mente: um local onde ocorrem
vários “esportes” concomitantes
• o pensamento é formado por
várias estruturas constituídas a
partir das várias interações
entre a criança e o meio
Modelo COGNITIVO

• Piaget questiona o motivo de uma criança ter


todas as condições necessárias para adquirir
uma língua (por exemplo: ter o aparelho fonador
preservado, ter as condições mentais
estruturadas, ter estímulos) e mesmo assim não
conseguir falar devido a uma dificuldade de
ordem emocional (um trauma, uma depressão
profunda, entre outras possibilidades)
Modelo COGNITIVO

Cognitivismo nasce do encontro entre as


duas teorias

elemento orgânico
(corpo e cérebro) + ambiente social
em funcionamento
Modelo COGNITIVO

• tanto a Teoria Behaviorista quanto a Inatista não


são suficientes para explicar o processo de
aprendizagem, pois não consideram aspectos
de interação mental (ou cognitiva) para a
aquisição e o desenvolvimento da linguagem
Modelo COGNITIVO

ESTÁDIO SENSÓRIO MOTOR

dos 0 aos 18-24 meses

primeiras experiências motoras


são responsáveis pela criação das primeiras
estruturas cognitivas ou esquemas iniciais
Modelo COGNITIVO

ESTÁDIO SENSÓRIO MOTOR

ato de mamar e deglutir;

toque que o bebê sente quando a pessoa que


cuida dele o está ninando, trocando, dando
banho;
Modelo COGNITIVO

ESTÁDIO SENSÓRIO MOTOR

movimentos dos dedos das mãos, dos braços e


das perninhas, bem como dos movimentos
faciais e de tudo o que o bebê enxerga, escuta,
cheira e ingere;

incorporando essas experiências e adaptando-se


ao meio em que vive
Modelo COGNITIVO

• Ainda não possui a compreensão do signo


linguístico
• a criança até 18 meses - já tem imagem do
som (significante), mas não associou o
significado a seu respectivo significante = as
palavras e os sons que é capaz de pronunciar
até um ano e meio podem não corresponder
exatamente ao significado empregado pelo
grupo social
Modelo COGNITIVO

A partir de 18 meses – representação

é a capacidade de evocar uma experiência, um


evento, um objeto ou um conhecimento já
acomodado.

a criança começa a se referir a objetos que não


estão presentes no seu campo visual
Modelo COGNITIVO

A união do significante com a representação


permite que a criança comece a associar e
utilizar a linguagem com mais especificidade =
holófrase
Modelo COGNITIVO

Função simbólica

• três tipos de conhecimento

• perceptivo (ocorre apenas na presença do


objeto)

• o imitativo (são gestos que representam o


objeto, estando este objeto presente ou não)
Modelo COGNITIVO

Função simbólica

• imagético (trata-se da imagem interna que


representa o objeto quando este objeto não
está presente).

no desenvolvimento da função simbólica


imagética, a criança já construiu o signo linguístico
MODELO COGNITIVO

ESTÁDIO PRÉ-OPERATÓRIO

• Entre 2 e 4 anos
• período de faz-de-conta
• linguagem aparece efetivamente
• o jogo simbólico e a brincadeira são de
fundamental importância
• animismo (dar característica humana a
objetos inanimados)
MODELO COGNITIVO

ESTÁDIO PRÉ-OPERATÓRIO

brincadeira ou o jogo simbólico = forma de


exercício intelectual no qual a criança
exercita a função simbólica com total
autonomia: ela modifica o sentido original
do objeto atribuindo a ele outro sentido,
mostrando uma forte capacidade de
abstração
Modelo COGNITIVO

ESTÁDIO PRÉ-OPERATÓRIO

Fala egocêntrica a fala que ocorre nos


primeiros anos de vida, desde o início das
vocalizações até os monólogos.
Modelo COGNITIVO

ESTÁDIO PRÉ-OPERATÓRIO

a)Fala repetitiva: repete palavras, mas


ainda não atribui sentido a elas, sílabas
sem função social definida (balbucio) ou
repetições sem compreensão

b)Monólogo: conversa da criança consigo


mesma
Modelo COGNITIVO

ESTÁDIO PRÉ-OPERATÓRIO

c) Monólogo social: a criança fala em voz


alta com outras crianças, como se
estivesse em uma conversa social, porém
não há relação com a frase que a outra ou
outras crianças estão falando
Modelo COGNITIVO

ESTÁDIO PRÉ-OPERATÓRIO

Entre 4 e 7 anos = “idade dos porquês” – busca


de esclarecimentos
• pensamento centrado em si mesma
• não consegue manter uma conversação longa
• adapta suas respostas quando outra pessoa
faz perguntas diretas ou estabelece alguma
comunicação
Modelo COGNITIVO

Estádio das operações concretas

• Entre 7 e 12 anos
• já consegue manter a comunicação por
meio de uma linguagem social
• capaz de discutir diferentes pontos de vista
para chegar a um consenso
• neste estádio, a fala egocêntrica já
desapareceu
Modelo COGNITIVO

Estádio das operações formais

• Após os 12 anos
• auge do desenvolvimento da inteligência
• linguagem evolui para o discurso e para
elaboração de conclusões
Modelo COGNITIVO

• aceita a ideia de uma capacidade inata


para a aquisição da linguagem

• não nega sua existência, mas não exalta a


correlação entre o meio social e o
desenvolvimento da inteligência
Modelo SOCIAL

ALEXANDER ROMANOVICH
LURIA
(1902-1977)
Modelo SOCIAL

ALEXIS NIKOLAEVICH
LEONTIEV
(1903-1979)
Modelo SOCIAL

LEV SEMIONOVITCH
VIGOTSKI

(1896 - 1934)
Modelo SOCIAL

• parte do princípio de que todo conhecimento


é construído a partir da mediação realizada
por outros indivíduos e pelo uso de sistemas
simbólicos.

• processo de aquisição do conhecimento


dinâmico
Modelo SOCIAL

• o indivíduo investiga seu objeto de


conhecimento, ele é modificado por este
conhecimento, mas também exerce
influência sobre ele, modificando-o, na
medida em que lhe atribui novos significados
a partir do seu trabalho investigativo.
Modelo SOCIAL

o ser humano é um ser de


relações, que se humaniza a
partir das relações que
estabelece com outros seres
humanos e com o
conhecimento
Modelo SOCIAL

• linguagem é adquirida por crianças a partir da


relação que se estabelece entre elas e outros
indivíduos do mesmo grupo, no ambiente em
que está imersa.

LINGUAGEM INTERDEPENDÊNCIA PENSAMENTO


Modelo SOCIAL

• linguagem é um instrumento intelectual


complexo que permite a comunicação e a vida
em sociedade, humanizando o indivíduo.
• pensamento e a linguagem têm uma origem
diferente no cérebro
• mediações = interpretação que os adultos
fazem sobre as primeiras manifestações do
bebê
Modelo SOCIAL

• adultos não consegue captar exatamente o


que o bebê tenta comunicar e acabam
atribuindo sentido às manifestações do bebê

• bebê aceita a mediação do adulto = a


mediação traz alívio
Modelo SOCIAL

• o pensamento do bebê ainda não é um


pensamento verbal

• os sons emitidos não são considerados uma


fala intelectual = manifestações emocionais.
Modelo SOCIAL

Período pré-linguístico do pensamento:

• bebê ainda não consegue expressar seu


pensamento de alguma forma
Modelo SOCIAL

Período pré-intelectual da fala:


• vocaliza
• produz sons inarticulados
• dá risada
• gesticula,

porém, não possui um pensamento ou uma


reflexão que sustentam as emissões
sonoras.
Modelo SOCIAL

Fala racional ou pensamento verbal


• Por volta dos 2 anos

• pensamento cruza com a fala (linguagem)


• a criança descobre que todas as coisas
(objetos do conhecimento) possuem um
nome e que pode se referir a esta coisa a
partir de um signo específico, que a
designa: uma palavra.
Modelo SOCIAL

Fala racional ou pensamento verbal

• signo linguístico (significado + significante)


– Saussure
• Importância ao significado, que se percebe
que o pensamento se une com a fala
Modelo SOCIAL

1. Linguagem social:

• função de estabelecer a comunicação


• é a primeira que surge
Modelo SOCIAL

2. Linguagem egocêntrica:
• posterior à fala social
• um movimento de transição interpsíquica para
intrapsíquica
• parte de uma fala mais coletiva para uma fala
mais individualizada
Modelo SOCIAL

3. Linguagem interior:
• as palavras podem ser pensadas, sem
necessariamente serem verbalizadas.
• fala interior ocorre quando o indivíduo se volta
para o pensamento
• exercício das funções psicológicas superiores
• a criança reflete antes de falar e passa a usar
a fala como mecanismo de autocontrole.
Modelo SOCIAL

• a linguagem é tanto uma consequência do


desenvolvimento da criança quanto um
impulso que estimula seu
desenvolvimento.

• forte relação entre linguagem e


pensamento, sendo que a linguagem
instrumentaliza o pensamento e vice-
versa.
Modelo SOCIAL

quanto mais elaborada for a linguagem,


mais elaborado será o pensamento;
da mesma forma, quanto mais elaborado o
pensamento for, mais necessidade de
desenvolvimento da linguagem haverá, para
esclarecer, organizar e externar este
pensamento.
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA

Jerome
Seymour
Bruner
(1915-2016)
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA

“Ilumina a natureza própria dos


enunciados infantis”
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA

• aquisição de processos cognitivos pelo ser


humano

• linguagem como o principal meio de


representação simbólica da realidade, tanto
concreta quanto abstrata
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA

• homem constrói o conceito que adquire do


mundo através dos "símbolos linguísticos"
(palavras) aos quais, gradualmente, vai
atribuindo significados ao nível subjetivo e
consensual.
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA

• relação entre o modo de representação visual


(ou icônico), com o conceito da "representação
linguística“ = um desenho é uma das primeiras
formas de comunicação utilizada pela criança
• cada indivíduo assimila informação em tempos
e ritmos diferentes, de acordo com seus
respectivos potenciais e capacidades
MODELO COGNITIVO CONSTRUTIVISTA INTERACIONISTA

CLAUDIA
THEREZA
GUIMARÃES
DE LEMOS
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA
• Ao mesmo tempo que a criança adquire a
linguagem ela se torna o sujeito

• Fala da criança é heterogênea e imprevisível

• Inconstância das posições ocupadas

• Sujeito em constituição
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA
• Relação com sua fala e com a fala do Outro

Relação adulto-criança:

• Importância do papel do OUTRO na


constituição da criança como sujeito
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA

Relação adulto-criança:

• o OUTRO da linguagem que ressignifica a


fala da criança: ele interpretará e analisará
sua fala dentro de um sistema dialógico, de
acordo com seu mundo social e físico.

• fala da criança é ressignificada pelo adulto


num processo dialógico estruturante
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA

Relação adulto-criança:
• adulto reconhece-a como sujeito, pois passa a
introduzi-la no universo simbólico.
• através do diálogo é possível notar a
heterogeneidade apresentada pela criança no
momento de suas produções que, quando
manifestada, há constantes mudanças, tanto de
“acertos” quanto de “erros”, devido às capturas que
a criança faz quando é introduzida no
funcionamento da língua pelo outro (adulto)
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA

A criança :

• Terá várias mudanças em sua fala

• Percorrerá um trajetória de infans a sujeito-


falante de acordo com a posição que se
encontra em relação a fala do outro, e em
relação à sua própria fala
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA

Posições que o sujeito ocupa relativamente à língua


Primeira posição
Pólo dominante: o outro, sujeito e língua
Segunda posição
Pólo dominante: a língua, o estatuto do outro e do
sujeito
Terceira posição
Pólo dominante: o sujeito, o estatuto da língua e do
outro
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA

PRIMEIRA POSIÇÃO
• Fala da criança como o reflexo da fala do outro
• A criança é dependente e alienada (nesta fala)
• Permanece em sua fala ocorrências já ditas em
diálogos pronunciados anteriormente pelo o Outro
da linguagem
• Substituições metafóricas e deslocamentos
metonímicos ocorrem de acordo com a captura feita
pela criança em relação à fala do Outro, na qual ela
está presente
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA

PRIMEIRA POSIÇÃO

• Na fase inicial de acertos, a fala da criança


consiste de fragmentos da fala do adulto e
depende do reconhecimento da interpretação
do adulto sobre esses fragmentos para
continuar a se fazer presente no diálogo
MODELO COGNITIVO CONSTRUTIVISTA INTERACIONISTA

SEGUNDA POSIÇÃO
• erros na fala da criança coincide com impermeabilidade
da criança à correção do erro pelo adulto
• Mostra-se impermeável à correções: quando ela “erra”
o outro corrige, no entanto “o erro” persiste - não
percebe a diferença entre a sua fala e a fala do Outro
• Alternância de “erros” e “acertos” pela criança
possibilitada pelo funcionamento
metafórico/metonímico – passa de intérprete para
interpretado
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA

SEGUNDA POSIÇÃO

• Reformulação e autocorreção se dão por


meio de substituições – A criança consegue
reconhecer o “erro” que produz e tenta
aproximar-se, por meio das substituições, da
fala do outro, trazidas por deslocamentos
e/ou substituições
Modelo COGNITIVO CONS-
TRUTIVISTA NTERACIONISTA

TERCEIRA POSIÇÃO
• Desaparecimento do erro
• Estado chamado de estável
• Homogeneidade
• Ocorrência na fala da criança de pausas,
reformulações, correções: provocadas pela reação
do interlocutor – AUTOCORREÇÕES
• Processo identificatório na linguagem: movimento
de assemelhamento à fala do outro
INTERAÇÃO

O conceito de “interação”

recorta diferentes objetos, conforme a


perspectiva da Linguística, da Psicologia do
Desenvolvimento e da Aquisição da
Linguagem, os quais, ainda que tenham
traços em comum, não são
concomitantemente definíveis.
INTERAÇÃO

LINGUÍSTICA

“agir sobre o outro” por meio da linguagem, e está


presente nas chamadas correntes interacionistas, as
quais se caracterizam por se interessar não apenas
pelo sistema linguístico em si, •mas também
Análise do Discursopelas
relações que esse sistema mantém com fatores
• Linguística Interacionalque
• Funcionalismo
lhe são externos e que, de algum modo, determinam
sua constituição e funcionamento.
INTERAÇÃO

•Sociolinguística
•Pragmática
•Semântica Argumentativa
•Análise da Conversação
•Linguística Textual
•Semântica Enunciativa ou Linguística da
Enunciação
• Análise do Discurso
• Linguística Interacional
• Funcionalismo
INTERAÇÃO

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
interrelações que o sujeito do conhecimento mantém
com os fatores externos que atuam no processo do
desenvolvimento cognitivo
• Construtivismo Cognitivista ou Epistemologia Genética
(Cognitivismo) – Jean Piaget
• Interacionismo, Socioconstrutivismo ou
Sociointeracionismo – Lev Vygotsky
• Interacionismo Social ou Sociocognitivismo – Jerome
Bruner, Elizabeth Bates, Brian MacWhinney, Michael
Tomasello
INTERAÇÃO

AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

uma especial visão sobre o processo de


desenvolvimento linguístico que privilegia o
processo dialógico entre criança e adulto na
teorização sobre a aquisição de língua(gem)
• Interacionismo, Socioconstrutivismo ou
Sociointeracionismo (Cláudia de Lemos)
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522122578/.

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TAVARES, N.R.B.; AGESSI, L.M. Aquisição e Desenvolvimento de Linguagem. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.

COSTA, R.M.; SANTOS, J.H.S.; RIBEIRO, E.G.A.; BORGES, J.L.F.; CORRÊA. I.C. AROUCHE, J. Teorias da linguagem e correlação com a
fonoaudiologia: conceito, linguística e variação do pensamento. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 56823-56844 jun. 2021.

PALLADINO, R.R.R; MACHADO, F.P. Aquisição de Linguagem e Fonoaudiologia: Três questões em Pauta. Tratado das Especialidades em
Fonoaudiologia. Grupo GEN, 2014. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2656-6/.

CEZÁRIO, M.M.; MARTELOTTA. M.E. Aquisição de Linguagem. In: Manual de Linguística.

BORGES, L. C.; SALOMÃO, N.M.R. Aquisição da Linguagem: Considerações da Perspectiva da Interação Social. In: Psicologia: Reflexão e
Crítica, 2003, 16(2), pp. 327-336.

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