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MODELOS EMPIRISTAS: BEHAVIORISMO E ANÁLISES

CONTRASTIVAS.

Objetivos da Aprendizagem
 Contrastar brevemente os modelos empiristas e racionalistas sobre a
aquisição da linguagem;
 Apresentar a visão behaviorista de aquisição da linguagem;
 Relacionar a teoria behaviorista com o método audiolingual;
 Introduzir as análises contrastivas.

1 INTRODUÇÃO AOS NOSSOS ESTUDOS

Concluímos o capítulo anterior afirmando que a linguística aplicada


atualmente é vista como um campo transdisciplinar, indisciplinar e intercultural,
através do qual se realizam investigações que procuram soluções concretas a
problemas concretos que, por sua vez, exigem respostas teóricas relacionadas
com a linguagem em um contexto real. Se a linguística aplicada se preocupa
principalmente com problemas sociais e trata de solucionar ou dar uma resposta
a eles, qual maior problema para se resolver que saber como se adquire a
linguagem? Não acha?

A partir de agora e nos seguintes capítulos, vamos centrar a nossa


atenção no nome específico da disciplina da especialização: Linguística aplicada
ao ensino de línguas estrangeiras, pelo que o nosso principal foco será o de
tratar de explicar como se adquire uma língua estrangeira, embora também o
relacionemos com a aquisição da própria língua materna.

Você já tinha pensado nisso?

Saberia explicar como adquiriu a sua língua materna?

Foi de forma natural ou seus pais lhe colocavam a repetir palavras?

Lembra das primeiras palavras que aprendeu a dizer em português?

E das estruturas... como elas eram?


Como acha que foi esse processo?

Como eram feitas essas correções quando errava?

Imagino que não lembrará dessa etapa tão bonita da sua vida, mas se
hoje tiver filhos, sobrinhos, irmãos pequeninhos que ainda estão nessa fase de
aquisição trate de observá-los e analise o processo de como eles estão
adquirindo a linguagem, assim como também repare atentamente nas produções
que eles emitem. Preste especial atenção ao léxico que utilizam, a falta de
concordância, a conjugação verbal, a produção de determinados fonemas, aos
marcadores discursivos, enfim a qualquer aspeto linguístico que lhe pareça
pertinente e lhe possa levar a alguma conclusão de como essa criança está
adquirindo a linguagem.

Se também for possível, faça os mesmos questionamentos com a língua


estrangeira. Lembre-se do seu primeiro contato com essa língua estrangeira que
hoje domina.

Lembra da primeira vez que escutou essa língua?

Conseguiria explicar como era a metodologia que utilizavam os seus


professores ou, pelo contrário, adquiriu ela de forma natural sem um processo
institucional de aprendizagem?

Ao longo dos próximos capítulos vamos centrar-nos nas teorias de


aquisição e aprendizagem da linguagem e todas estas reflexões serão muito
pertinentes para a nossa discussão, por isso perder um pouco de tempo
refletindo sobre o que você já sabe sobre o assunto vai ser de grande ajuda para
situar-se no tema.

2 TECENDO O CONHECIMENTO

Nesta seção vamos apresentar os modelos empiristas e os modelos


racionalistas que tratam de explicar de formas diferentes como adquirimos a
linguagem. Dedicaremos praticamente toda a nossa exposição a falar mais
aprofundadamente do modelo empirista, nomeadamente da visão desenvolvida
desde o behaviorismo ou condutismo, relacionando-a com a aparição do método
audiolingual, deixando os modelos racionalistas ou mentalistas para capítulos
posteriores. Finalizaremos a nossa exposição, neste capítulo com uma seção
dedicada as análises contrastivas e as suas implicações para o ensino de línguas
estrangeiras.

2.1 Os modelos empiristas vs os modelos racionalistas

Como já vimos nos capítulos anteriores a Linguística Aplicada desde o seu


surgimento sempre esteve relacionada ao ensino de Línguas Estrangeiras
(embora lembre-se de que esta não é a sua única aplicação) e uma das suas
preocupações vai ser tratar de entender como se adquire ou se aprende uma
língua estrangeira.

Em Rojo (2007), encontramos que a atividade da linguística aplicada


converge com o interesse em entender, explicar ou solucionar problemas,
objetivando a criação ou o aprimoramento de soluções para tais problemas,
tomados em sua contextualização, em sua relevância social, o que confere às
soluções condição de conhecimento útil a participantes sociais efetivos.

A preocupação de como se adquire a língua materna e, consequentemente,


como se aprende uma língua estrangeira vão estar sempre nas preocupações
dos estudos em linguística aplicada. Até hoje podemos afirmar que não sabemos
como de adquire a língua materna nem como as línguas estrangeiras são
adquiridas mas sabemos que estes últimos anos temos avançado muito nesta
questão.
Embora não possamos mostrar uma teoria definitiva sobre este assunto
apresentaremos, neste capítulo, algumas respostas que oferecem alguns
modelos teóricos e que, consequentemente, influenciaram a metodologia de
ensino de línguas estrangeiras.
Estas respostas são principalmente fornecidas pelas tendências empiristas
(behaviorismo ou condutismo) e pelas tendências racionalistas ou mentalistas
como o gerativismo ou o cognitivismo.
Como devem de saber pelos estudos filosóficos, o racionalismo e o
empirismo são duas escolas de pensamento que ambas têm um foco em
comum: as duas procuram explicar a forma como os seres humanos adquirem o
conhecimento. No entanto as explicações e as conclusões às que chegam são
bem diferentes, porque partem de fundamentos diferenciados. Para o
racionalismo a fonte do conhecimento é a razão, enquanto que o empirismo vai-
se apoiar na experiência sensorial.
Os empiristas vão partir da experiência do indivíduo, atribuindo a essa
experiência toda a responsabilidade pela aquisição e deixando de lado a
capacidade inata de aprendizagem da língua. Podemos dizer que os empiristas
não acreditam em nenhuma experiência que não possa ser observável, por isso
a aprendizagem será concebida como o resultado de forças externas que agem
sobre o organismo e não como uma estrutura programada geneticamente
através de mecanismos biológicos internos.
Por outro lado, os racionalistas ou mentalistas vão defender que os seres
humanos possuem uma capacidade inata para desenvolvimento da linguagem,
pelo que os indivíduos já vêm programados geneticamente para desenvolver
esse sistema linguístico de uma forma determinada.
Na seguinte seção, centrar-nos-emos no principal modelo empirista (o
condutivismo ou behaviorismo) e, em capítulos posteriores, ocupar-nos-emos da
teoria racionalista ou mentalista. Para melhor entender a diferença entre
racionalismo e empirismo deixamos esta tabela:

Senhor diagramador:
Gostaria que esse texto abaixo ficasse em formato de tabela e imagem. Foi eu que elaborei, por
isso acho que precisa da referência que vai em azul.

Tabela 01: Racionalismo vs Empirismo

Racionalismo Empirismo

Teoria filosófica que se Teoria filosófica


baseia na afirmação de baseada na ideia de
que a razão é a fonte do que a experiência é a
Definição conhecimento humano. fonte do conhecimento.
Intuição Acreditam nela Não acreditam.

Indivíduos tem Não acreditam no


Ideias inatas conhecimentos inatos. inatismo

O conhecimento é O conhecimento é
De onde vem o baseado no uso da baseado na experiência
conhecimento razão e da lógica. e experimentação.

Dedução, conhecimento Indução e experiências


Fundamentos inato e razão. sensoriais.

2.2 O behaviorismo ou condutismo.

Yasmin Rita da Silva Souza, Fábio José de Abreu Moura e Rebeca Lins
Simões de Oliveira (2018) entendem por Behaviorismo aquele conjunto de
teorias que defende o comportamento como o verdadeiro objeto de análise no
que se diz respeito aos estudos que se compreendem em ramos da psicologia,
metodologia e filosofia e que procura prever e controlar o comportamento dos
indivíduos, numa busca por objetivos pré-estabelecidos através de estímulos.

Os estudos acerca dessa corrente psicológica podem ser enfatizados,


concisamente, sob duas perspectivas: uma mais explícita e moldada com base
no que pode ser observado publicamente, e outra que se baseia num conjunto
de fatores do ambiente e o interior do indivíduo. São elas, respectivamente, o
Behaviorismo Metodológico de John Broadus Watson (1878-1958) e o
Behaviorismo Radical de Burrhus Frederic Skinner (1904-1990).

A expressão Behaviorismo (que surge da palavra inglesa behavior)


significa comportamento, pelo que o behaviorismo será entendido como uma
área da psicologia que se volta para os estudos acerca do comportamento
humano e os seus influenciadores e, consequentemente, a análise a respeito
das condutas se dará pela observação sobre os estímulos provocados e as
respostas obtidas em diversos métodos diferentes.

A teoria Behaviorista vai-se caracterizar pelos seguintes fundamentos:


1) Os dados científicos devem limitar-se àquilo que é observável, pelo
que consequentemente vai recusar a introspecção como metodologia
de análise.
2) A mente da criança, quando nasce, é uma tabula rasa, quer dizer, está
vazia e não existe nenhuma especificação genética inata para a
linguagem;
3) A aprendizagem humana é semelhante a aprendizagem animal:
sempre vai estar condicionada pelo reforço de associações entre um
estímulo e uma resposta; e
4) Toda conduta é a resposta a um estímulo.

Entre as décadas dos anos quarenta e sessenta do século passado, os


estudos relativos à aquisição de línguas estrangeiras vão estar dominados por
esta corrente behaviorista ou condutista. No caso específico das línguas
estrangeiras vamos ter como referente desse behaviorismo ou condutismo a
publicação em 1957 de Verbal Behavior de B. F. Skinner em que se apresenta a
teoria acreditando que o aprendizado se dava através da IMITAÇÃO,
REPETIÇÃO, REFORÇO ou FEEDBACK e FORMAÇÃO DE HÁBITOS.

Senhor diagramador:

Gostaria que esta informação referente ao gráfico 1 mantivesse as cores e ficasse centralizado.

Gráfico 01: Fases de aquisição de Skinner


IMITAÇÃO

FORMAÇÃO
DE REPETIÇÃO
HÁBITOS

REFORÇO
OU
FEEDBACK

Em Verbal Behavior, Skinner estuda o comportamento verbal como um


problema empírico chegando à conclusão de que os sons linguísticos são
emitidos e reforçados como qualquer um outro comportamento. Esta obra é uma
das mais importantes tentativas de construção de um modelo condutista do
comportamento humano.

Podemos dizer que conductismo é uma teoria psicológica que postula que
o processo de aprendizagem de uma língua, da mesma forma que aconteceria
com qualquer um outro processo de aprendizagem humano, não é mais que o
resultado de uma somatória de hábitos. Sendo assim, para os behavioristas o
comportamento verbal, ao igual que qualquer outro comportamento humano,
estará marcado pelas suas consequências.

Por isso, acredita-se que a aprendizagem é consequência da imitação e


da repetição de uma série de respostas a uns estímulos concretos, e
consequentemente o seu sucesso ou o seu fracasso vão depender do grau de
aceitação que essas respostas tenham na esfera do indivíduo.

O behaviorismo defenderá também que tudo é aprendido a partir dos


processos o treno/erro. Para isso o processo inicia-se quando o sujeito emite
uma resposta a um estímulo. A seguir, o aprendiz recebe algum feedback que
pode ser interpretado como recompensa (verbal o não verbal) à sua resposta, e
esta fica então reforçada de forma positiva.

Depois de várias repetições, esse processo consolida-se como forma de


conduta. De diferente forma acontece quando a resposta não é positiva. Nesses
casos de resposta negativa, acaba-se debilitando e eliminando até que
desapareça como forma de conduta .

Segundo esta teoria qualquer criança recém-nascida seria una tabula


rasa que não contribui em nada ao processo e que depende para aprender dos
estímulos que receba do exterior, do meio em que está inserido. Em palavras de
Marta Baralo (1999): “la cantidad y la calidad del lingüístico (...) serán dos
factores de gran efecto y consecuencia en el éxito que cada niño consiga en el
aprendizaje de su lengua”.

Para isso, o condutismo parte da ideia de que desenvolvemos a


linguagem através da imitação com aqueles que convivemos, e
consequentemente recebemos um feedback positivo ou negativo. Isto leva a
Skinner a deduzir que em todo comportamento verbal, até que a criança chega
a formar os seus próprios hábitos linguísticos, existem três eventos necessários:

Senhor diagramador:

Gostaria que esta informação aparecesse em forma de gráfico e ficasse centralizado.

Gráfico 02. Eventos propostos por Skinner

ESTÍMULO RESPOSTA REFORÇO

A maioria dos estudos behavioristas foram realizados inicialmente com


animais, mas depois foram aplicados também em seres humanos. A ideia básica
de esta teoria vai ser o condicionamento, que consiste em trenar o animal para
que realize algo por alguma razão. Dessa forma fazem-se experimentos com
animais e chega-se à conclusão de que para que tenha sucesso esse processo
precisará do estímulo, da resposta e do reforço.

Dado que todo processo de aprendizagem humano é semelhante ao


aprendizado animal e uma vez que partem de que qualquer aprendizagem é
condicionada, os psicólogos condutistas vão concluir que a aprendizagem
humana também é condicionada e reforçada pelo contexto.

Dessa forma os behavioristas também chegam à conclusão de que


qualquer aprendizagem consta de algum tipo de condicionamento, de uma
resposta do organismo a algum tipo de estímulo.

Os primeiros processos destes estudos behavioristas vão ter o seu foco


na imitação e prática, como base fundamental para a aquisição da linguagem.
Defendem que, através da repetição de palavra por palavra, reproduzimos o
discurso ou parte dele e, através da prática, chegaríamos à perfeição, ao
domínio.

Skinner, por exemplo, também explica a aquisição da linguagem com a


mesma tríade: estímulo-resposta- reforço. Para isso coloca exemplos tipo como
uma criança com fome (estímulo) que para saciar a sua fome chora (resposta) e
pouco depois aparece alguém com a mamadeira (reforço positivo). Ele explica
que a nossa atuação como aprendizes de uma língua é o resultado de um reforço
positivo (ou negativo), por isso caracteriza a linguagem como um sistema
sofisticado de resposta que os humanos adquirem através de condicionamentos
automáticos, em que algumas manifestações linguísticas são reforçadas através
de uma recompensa e outras, não.

Desse modo, para Skinner apenas sobreviverão aquelas produções ou


estruturas que a comunidade de usuários da língua aceite e recompense, em
outras palavras aquelas que obtenham um reforço positivo.

Isto obviamente vai trazer implicações para o ensino de línguas


estrangeiras, já que esses processos de imitação vão ser incorporados às
tendências metodológicas da época. Como se pensava que o aprendizado de
uma língua estrangeira aconteceria quanto mais se repetisse e se imitasse a
mesma estrutura, então a atividade preferida vai ser a repetição. Paralelamente,
vai se tornar necessário identificar quais são as estruturas que apresentam maior
dificuldade para o estudante de língua estrangeira para poder praticá-las através
dessa repetição.

2.3 O método audiolingual

Uma das primeiras e mais significativas contribuições da Linguística


Moderna para o ensino de segunda língua e de língua estrangeira foi a
concepção de linguística estrutural, que, quando combinada com a teoria
behaviorista de aprendizagem, levou ao desenvolvimento do primeiro método
científico: o método audiolingual que passou a dominar a área por muitas
décadas.

No âmbito do ensino e aprendizagem, a teoria behaviorista da aprendizagem


vai influenciar os círculos de ensino de línguas estrangeiras através da já
mencionada metodologia audiolingual, cujo maior exponente vai ser N. Brooks.
Este método está baseado na experiência previa dos programas do exército para
o ensino de idiomas e consta dos seguintes elementos:

1. Descrição científica da língua contemporânea baseada na ideia de que a


língua é um sistema de estruturas.
2. Comparação entre línguas, para poder entender a autonomia de cada
sistema, as diferencias e as semelhanças.
3. Ênfase no aspeto oral da língua.
4. Importância à comunicação como função essencial da linguagem.
5. Conceição própria do condutismo de que o uso da linguagem é um
comportamento, que se aprende adquirindo hábitos através de condutas
repetitivas.

Ainda, dentro de este pensamento vão tomar especial relevância os


estudos contrastivos já que a teoria behaviorista vai atribuir à língua materna e
aos hábitos nela adquiridos a responsabilidade pelos fracassos na aquisição de
novas estruturas em língua estrangeira.

Surge então uma grande preocupação em detectar quais são essas


possíveis áreas de interferência na aquisição da Língua Estrangeira realizando
inúmeros trabalhos que comparam as duas línguas e identificam essas áreas
problemáticas, com o intuito de reconhece-las, reforça-las e antecipar os
possíveis erros dos alunos. Surgem assim dentro desta corrente as primeiras
análises contrastivas que veremos na seguinte secção.

O maior problema que apresenta a teoria condutista é que concebe a


mente dos humanos como uma tabula rasa em que se iriam consolidando as
associações entre os vários estímulos do ambiente e as respostas selecionadas
desde fora do organismo através do reforço.

Por isso, como também veremos em capítulos posteriores os


fundamentos da teoria behaviorista vão ser desmantelados com o fracasso da
metodologia audiolingual, uma vez que não se obtiveram os resultados
esperados e com a publicação das críticas a esta teoria elaboradas por Chomsky
em 1959, já que o gerativista norte-americano questiona, entre outras coisas, a
criatividade linguística, uma vez que a criança além de internalizar e reproduzir
um grande número de frases, é capaz de criar novas orações e de reproduzir um
novo discurso sem nunca antes o ter ouvido.

Chomsky defenderá que aprendemos um conjunto de regras e não


sequências de palavras, pelo que o que se internalizará será a regra. Partirá
também do princípio de que existe uma faculdade inata que permite a qualquer
indivíduo adquirir uma língua quando é exposta ela, questões que, como
advertimos, veremos apenas nos capítulos seguintes.

2.4 As análises contrastivas

As Análises Contrastivas começam a desenvolver-se entre 1950 e 1970, com


a publicação das obras de Ch. C. Fríes (1945), U. Weinreich (1953) e R. Lado
(1957). Surgem, então, nos anos 60, como um movimento incluído dentro da LA
e, apoiadas no estruturalismo linguístico, constituem-se atendendo aos
componentes linguístico, psicológico e pedagógico.

Senhor diagramador:

Gostaria que esse texto abaixo ficasse em formato de citação.


El componente lingüístico, siguiendo los fundamentos de la
Escuela Estructuralista norteamericana, lo propone como
estudio confrontativo. El componente psicológico toma
como propio el concepto de transferencia, afirmando que
esta se da de forma mecánica cuando los aprendices
intentan producir enunciados en una lengua que no es la
materna. El componente pedagógico considera que si en la
adquisición de su LM los niños actúan de forma pasiva, tan
solo escuchando y repitiendo lo que dicen los demás, en el
aprendizaje de una LE debe ocurrir lo mismo, o sea, los
estudiantes deben imitar lo que oyen y los profesores evitar
que cometan errores, orientando los materiales de
enseñanza para la superación de los puntos en los que las
lenguas en presencia difieren. (DURÃO, 2007, p.11-12)

Segundo Gargallo (1993), a Análise Contrastiva mantém uma


comparação sistemática entre uma língua materna e uma língua estrangeira, em
todos os níveis de suas estruturas, tendo também a função de detectar as áreas
de dificuldade na aprendizagem de idiomas, propondo ações metodológicas com
a finalidade de facilitar o processo de ensino-aprendizagem.

É evidente que a meta da Análise Contrastiva consiste em construir uma


gramática comparada que possa estabelecer uma hierarquia de dificuldade e
elaborar materiais de ensino capazes de evitar erros, algo que inicialmente foi
considerado extremamente negativo e que, posteriormente, passou a ser natural
em qualquer processo de aprendizagem.

Inicialmente, os gramáticos contrastivos pretendiam comparar duas línguas


apontando as áreas de semelhança e os aspetos de divergência, considerando
as divergências como as causantes dos erros que produziriam os estudantes
quando tentavam se expressar na LE.
Nas Análises Contrastivas, os erros produzidos pelos alunos podiam ser
antecipados se previamente fossem identificadas as diferenças entre a LE ou
segunda língua (L2) e a língua materna (LM) do estudante, já que estes autores
partem da base de que os erros aparecem como resultado das interferências da
LM na aquisição e aprendizagem da nova língua.
Segundo os primeiros estudos centrados nas Análises Contrastivas no
ensino de uma língua estrangeira devemos ter em conta quais são essas áreas
de interferência entre as duas línguas para poder organizar e estruturar os
métodos de ensino, destacando aqueles aspetos conflituosos aos quais o
professor deverá ter uma atenção pedagógica especial.

Para isso, era proposto organizar-se nos seguintes passos:


1) Primeiro era realizada uma descrição formal das línguas a comparar.
2) A seguir seriam selecionadas as áreas de objeto de comparação.
3) Posteriormente se comparariam as diferenças e as semelhanças para
poder antecipar quais seriam os possíveis erros.

O objetivo era predizer os erros e explicar o motivo pelo qual se poderiam


cometer, assim como construir provas de avaliação adequadas para valorizar a
competência adquirida pelo aluno e traçar uma programação exaustiva do
material utilizado na sala de aula. Fries (1945, p. 9) afirma: “The most effective
materials are those that are based upon a scientific description of the language
to be learned, carefully compared with a parallel description of the native
language of the learner”.
Nesse panorama histórico, é importante destacar o estruturalismo/
distribucionalismo norteamericanos, de Bloomfield, e sua obra pioneira,
Language (1933). Este autor colocou a linguagem em um nível de observação
puramente objetivo, das formas linguísticas, da mesma maneira que os
behavioristas tentaram fazer com as ações humanas. Essa teoria influenciou as
Análises Contrastivas, já que Fries (1945) desenvolveu a sua teoria estrutural
funcional a partir das ideias bloomfieldianas e buscou na psicologia behaviorista
a explicação para a aprendizagem de línguas.

Sendo assim, podemos afirmar que o behaviorismo teve muita influência


sobre a Linguística e, durante muitas décadas, serviu de base para o ensino de
línguas estrangeiras. Entre os seus pressupostos, está a afirmação de que se
adquirem os conhecimentos através das experiências vividas ou de que a
aprendizagem se dá por meio de repetidas exposições que há no entorno
(estímulos), de forma que os indivíduos respondem imitando-os e associando-
os com outras informações.

Através de tais imitações, provocam retroalimentação positiva ou


negativa, convertendo-as em hábitos. Os paradigmas têm que ser
exageradamente aprendidos ou reiterados, até convertê-los em hábitos
inconscientes, sem levar em consideração o significado, o que seria, desde o
ponto de vista atual, uma de suas grandes deficiências.

Além disso, na Análise Contrastiva se considerava que as diferenças


entre a LM e a LE que se aprende acarretavam dificuldades, na medida em que
a LM podia interferir na LE. Destacam que a distância entre ambas as línguas e
a interferência são os fatores responsáveis pelos erros produzidos na
aprendizagem de uma LE. Assim, a análise contrastiva entre as duas línguas é
imprescindível, já que é a única forma de pesquisar quais serão as dificuldades
do aluno ao aprender o novo idioma.

De acordo com James (1980), o ensino contrastivo implica na


apresentação simultânea das estruturas do sistema linguístico da língua meta,
contrastada com seus correspondentes na língua nativa.

A partir de 1960, começaram as primeiras críticas com relação à Análise


Contrastiva, devido às suas dificuldades e por sua falta de fundamentos teóricos.
As publicações comparativas entraram em decadência ao não levarem em
consideração fatores que são relevantes como, por exemplo, o fato de que nem
todos os erros que se produzem na aprendizagem de uma língua estrangeira se
devem à interferência da LM.

Além disso, em algumas áreas nas que se previa que se cometeria um


erro, este não se apresentava e, contudo, em outras áreas onde o erro não era
previsível, se manifestava. Por outro lado, há erros que se repetiam em grupos
de alunos de línguas maternas diferentes e só se levava em consideração o
conhecimento gramatical do aluno e não sua função comunicativa. Em resumo,
obviamente, além da interferência, há outras causas que provocam o erro, que
veremos em modelos posteriores.

A pesar das fortes tentativas de Wardhaugh (1970) por manter o modelo, as


Análises Contrastivas receberam fortes críticas durante os anos 70 já que foi
tentado revalidar este marco teórico com um conjunto de pesquisas empíricas,
teóricas e práticas, que unicamente demonstravam que muitos dos erros que se
anunciavam, depois não apareciam realmente.
Outra das grandes críticas que se fez às Análises Contrastivas procedia da
sua forma de trabalho, uma vez que apenas considerava o plano teórico e não
contrastava as conclusões com observações nas produções reais dos
estudantes.
No entanto, as Análises Contrastivas foram descartadas e substituídas,
porque esta visão resultou ser muito simplista dado que também era habitual
encontrar diferenças entre as duas línguas em comparação que não causavam
nenhum problema no processo de aprendizagem, contudo, existiam outros erros
que não podiam ser explicados devido a essas interferências linguísticas da LM,
e sim a muitos e diferente fatores, em ocasiões, até extralinguísticos.
Senhor diagramador:

Gostaria que esse texto abaixo ficasse em formato de citação


Pese a que en un principio pareció resolver los problemas
de la enseñanza de idiomas, pues proponía una
metodología cuyo objetivo era evitar los errores, en los
años 70 entró en declive por diversos motivos: las
investigaciones empíricas realizadas para validar las
hipótesis demostraban que la interferencia de la lengua
materna no explicaba la mayoría de los errores de los
aprendientes. Las propuestas de las nuevas corrientes en
Lingüística, Psicolingüística y Sociolingüística ponían
serios reparos a los planteamientos del análisis contrastivo
y los métodos de enseñanza que se apoyaban en esta
metodología no conseguían evitar los errores. A la vista de
estos resultados, la corriente de investigación análisis de
errores se presentó como alternativa a este enfoque. (CVC)

Durão (2007) ainda apresenta as críticas mais fortes a este modelo,


ressaltando a ideia de que a língua não é um conjunto de hábitos automatizados;
pelo que critica a afirmação de que todas as estruturas diferentes da LM
invariavelmente provocariam dificuldades de aprendizagem ou a suposição de
que a interferência é o único fator que leva ao estudante a cometer erros.
A pesar de tudo, ainda hoje, vemos as Análises Contrastivas como um
instrumento muito útil no processo de ensino e aprendizagem de LE,
especialmente quando se trabalha com grupos linguisticamente homogêneos, já
que facilita acelerar o processo de aprendizagem em alguns casos e identificar
alguns erros, isto é, aqueles causados efetivamente por transferências da LM
para a LE ou L2. Ademais, podem contribuir para que o professor possa dedicar
menos tempo àqueles aspectos similares que não apresentam problemas e
insistir mais naqueles que podem chegar a fossilizar-se. Ainda consideramos a
Análise Contrastiva como um instrumento muito útil que permite ao estudante
afirmar ou negar algumas das hipóteses que formula no processo de aquisição,
assim como para explicitar a atividade de autocorreção.

As Análises Contrastivas também podem constituir um instrumento


valiosíssimo para que o professor compreenda, explique e corrija os erros
originados pela influência da LM dos estudantes, embora – como veremos no
capítulo seguinte e como já foi adiantado-, consideramos que não todos os erros
se produzem por causa das interferências da LM.

3 RESUMINDO A AULA

Em resumo, nesta aula foram apresentados os dois modelos que se


preocupam por explicar um dos principais problemas que a LA trata de resolver:
como adquirimos a linguagem? Dando resposta a essa questão, os empiristas
vão partir da experiência do indivíduo, atribuindo a essa experiência toda a
responsabilidade pela aquisição e deixando de lado a capacidade inata de
aprendizagem da língua. Por sua vez, os racionalistas ou mentalistas vão
defender que os seres humanos possuem uma capacidade inata para
desenvolvimento da linguagem, pelo que os indivíduos já vêm programados
geneticamente para desenvolver esse sistema linguístico de uma forma
determinada.
Centramos este capítulo na teoria empirista conhecida como behaviorismo
ou condutismo, através da qual se explica a aquisição da linguagem com a
tríade: estímulo-resposta- reforço. A pesar das expectativas que o behaviorismo
criou inicialmente, somos conscientes de que oferece uma explicação parcial de
como se adquire uma língua, já que não resolve aspetos mais complexos e
abstratos como, por exemplo, a capacidade criativa da linguagem, uma vez que
podemos criar novas sentenças que não são produto da imitação.
Posteriormente vimos como esta corrente afeta à metodologia de línguas,
especialmente com a criação do método audiolingual e como a repetição ou
imitação vai ser o foco central desta metodologia.
Concluímos a nossa aula com a apresentação das análises contrastivas que
consideram que as diferenças entre a LM e a LE acarretam dificuldades na
aprendizagem, na medida em que a LM pode interferir na LE e, como
consequência, atribuem à LM a responsabilidade dos erros produzidos na
aprendizagem de uma LE. É por isso que nas Análises Constrastivas se
considera de especial relevância a comparação entre as duas línguas, já que,
para eles, é a única forma de detectar quais serão as dificuldades do aluno ao
aprender o novo idioma.

Senhor diagramado

Gostaria que esse texto abaixo ficasse centralizado como uma caixa de diálogo agregada à uma
imagem(lâmpada) tipo a que esta (essa eu peguei no google e deve ter direitos autorais, se for
possível criar algo parecido)

Aprofundando seu conhecimento


Caros alunos, seria muito interessante buscarem mais informações sobre a diferença entre
os modelos empiristas e sobre os modelos racionalistas e como eles entendem a aquisição
da linguagem.

Sobre o behaviorismo que vimos nesta unidade e a sua pertinência atual para o ensino de
línguas estrangeiras recomendamos o artigo de Yasmin Rita da Silva Souza, Fábio José de
Abreu Moura e Rebeca Lins Simões de Oliveira intitulado BEHAVIORISMO HOJE: O
APRENDIZADO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO SÉCULO XXI que encontrarão na nossa
biblioteca ou no seguinte link:

https://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV073_MD1_S
A15_ID1868_12092017172612.pdf

Quanto às análises contrastivas é recomendável que cada estudante realize uma busca em
bases de dados sobre artigos que comparem “o espanhol e o português” ou “o inglês e o
português”, segundo seja a língua com a que deseja trabalhar nesta especialização e que
selecione os artigos mais interessantes que achar.

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