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PENSAMENTO E LINGUAGEM

Objectivos

 Definir o pensamento, raciocínio e Linguagem


 Descrever os tipos de pensamento e de raciocínio
 Discutir a função da linguagem
 Descrever a função da linguagem
 Reflectir sobre os tipos e o alcance da educação bilingue
 Descrever as fases do desenvolvimento da Linguagem
 Explicar as teorias da aquisição da Linguagem

I. Pensamento e Raciocínio
1.O que é pensamento?
O pensamento pode ter varias definições tais como:

 manipulação das representações mentais da informação, traduzidas em


forma de uma palavra, de uma imagem visual, de um som ou de dados em
qualquer outra modalidade sensorial que estejam armazenados na
memória.
 uma organização da realidade (material e imaterial) referentes a nós
mesmos e ao nosso mundo.
 uma atividade mental associada com o processamento, a compreensão e a
comunicação de informação.

O pensamento é também a capacidade de compreender, formar conceitos e


organizá-los; estabelece relações entre os conceitos por meio de elementos de
outras funções mentais , além de criar novas representações, ou seja, novos
pensamentos. O pensamento pode exigir uma série de operações racionais, como
a análise, a síntese, a comparação, a generalização e a abstração. O pensamento
não só é traduzido na linguagem, mas também determina a linguagem. A
linguagem transmite os conceitos, os juízos e os raciocínios do pensamento.

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2.Tipos de Pensamento

Destacam-se 3 tipos de pensamento, nomeadamente:


i.Pensamento Reflexivo
São as diferentes maneiras como as ideias ou as situações podem ser
representadas e expressas, o que nos ajuda a aumentar a consciência sobre nossas
próprias acções. Resumindo: o pensamento reflexivo permite que planifiquemos
de forma ordenada e e mais consciente nosso comportamento tendo em conta as
nossas expectativas.

ii.Pensamento Crítico
O pensamento crítico consiste em investigação, à análise e avaliação do
conhecimento, explorando, de forma lógica, as diferentes realidades que podem
estar escondidas atrás da realidade. O pensamento crítico permite interpretar a
realidade em todas suas dimensões (a realidade como queremos que seja, a
realidade como todos vemos, a realidade no presente e no passado).

iii.Pensamento Analítico
O pensamento critico permite entender melhor uma situação, classificando e/ou
organizando a realidade para que possamos processá-la da melhor maneira. As
pessoas que utilizam esse tipo de pensamento têm ideias mais bem claras e
definidas, pois fazem uma análise profunda e reflexiva sobre um problema ou
situação. Isso é possível dividindo o problema em partes ou em categorias, que
são analisadas para obter uma boa solução.

O que é Raciocínio?
Trata-se de um processo mental, que faz parte de uma componente do
pensamento, sendo que a principal diferença é que, ao contraio do diferentemente
do pensamento que pode ser consciente ou inconsciente, o raciocínio é um
processo consciente, que usa a lógica.

Tipos de raciocínio
Destacam-se 3 tipos de raciocínio, nomeadamente:

i.Dedução

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É determinar a conclusão, isto é, a partir da determinação de uma regra e sua
premissa chegar a uma conclusão. Exemplo: "Quando chove, a relva fica
molhada. Choveu hoje, portanto a relva está molhada." Este tipo de raciocínio, é
frequentemente, atribuída aos matemáticos.

ii.Indução:

É determinar a regra. É aprender a regra a partir de diversos exemplos de como a


conclusão segue da premissa. Exemplo: "A grama ficou molhada todas as vezes
em que choveu. Então, se chover amanhã, a grama ficará molhada." Este estilo de
raciocínio é geralmente atribuído a cientistas.

iii.Abdução

Abdução significa determinar a premissa. Usa-se a conclusão e a regra para


mostrar que a premissa poderia explicar a conclusão. Exemplo: "Quando chove, a
relva fica molhada. A relva está molhada, então pode ter chovido." Associa-se este
tipo de raciocínio aos de agnosticistas e detetives.

Funções do pensamento
O ser humano utiliza o pensamento para resolver problemas e também para criar
coisas. O pensamento pode ser visto como a preparação para acção. O pensar passa
por diferentes fases de evolução, desde o pensamento mais difuso, menos
estruturado, que ainda não obedece as leis lógicas.

Funções mentais específicas relacionadas ao componente ideativo da mente


apresenta inclusões e exclusões. Ou seja,

Inclui: funções do fluxo, forma, controle e conteúdo do pensamento; funções do


pensamento direcionadas para metas, funções do pensamento não direcionadas
para metas; funções do pensamento lógico, como na pressão do pensamento, fuga
de ideias, bloqueio do pensamento, incoerência do pensamento, tangencialidade,
circunstancialidade, delírios, obsessões e compulsões.

Exclui: funções intelectuais, funções da memória, funções psicomotoras, funções


da perceção, funções cognitivas superiores, funções mentais da linguagem,
funções de cálculo.

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3.Criatividade e resolução de problemas
Criatividade
A criatividade é a capacidade de produzir ideias originais ou resolver problemas
de maneiras diferentes.

Apesar dos constrangimentos para a resolução de problemas, muitas pessoas


descobrem soluções criativas para os problemas. Então, que factores estão por
detrás da criatividade? Não existem respostas conclusivas a esta pergunta.

Contudo, várias características estão associadas à criatividade, por exemplo:

 Pessoas muito criativas apresentam pensamento divergente, isto é,


pensamento que gera respostas incomuns, mas adequadas, para problemas
ou questões. Esse tipo de pensamento é diferente do pensamento convergente,
que é aquele que mostra que um problema tem uma única resposta que se
baseia fundamentalmente no conhecimento e na lógica. Por exemplo,
alguém que emprega o pensamento convergente responderia: “Você o lê” à
pergunta: “O que se pode fazer com um jornal?”. Entretanto, “Você o usa
como pá de lixo” é uma resposta mais divergente – e criativa.
 Complexidade cognitiva, ou preferência por estímulos e padrões de
pensamento elaborados, intrincados e complexos. Por exemplo, pessoas
criativas costumam ter uma gama mais ampla de interesses e são mais
independentes e mais interessadas em problemas filosóficos ou abstratos do
que pessoas menos criativas

II.Linguagem
1.O que é linguagem?
A Linguagem é a capacidade de receber, interpretar e emitir informações ao
ambiente. Por meio da linguagem podem-se trocar informações e desenvolver
formas de compreensão e de expressão.

O uso da linguagem – a comunicação de informações por meio de símbolos


organizados de acordo com regras sistemáticas – é uma capacidade cognitiva
central, que é indispensável para nos comunicarmos uns com os outros. Além de
ser crucial para a comunicação, ela também está intimamente vinculada ao modo

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como pensamos sobre o mundo e o compreendemos. Sem a linguagem, nossa
capacidade de transmitir informações, adquirir conhecimento e cooperar com os
outros seria extremamente prejudicada.

2.Estrutura da Linguagem
• Fonemas- constituído por sons básicos.

• Morfemas- são unidades elementares de significados

• Semântica- significados das palavras

• Sintaxe – regras para ordenar as palavras que formam a gramática.

3.Desenvolvimento da linguagem
A linguagem desenvolve-se obecendo varias fases:

A partir dos 4 meses

os bebés começam a balbuciar, sons semelhantes a fala, mas sem significado.

Bebês pequenos podem distinguir entre todos os 869 fonemas que foram
identificados em todos os idiomas do mundo. Entretanto, depois da idade de 6 a 8
meses, essa habilidade começa a diminuir. Os bebês começam a se “especializar”
na língua à qual são expostos à medida que os neurônios em seu cérebro se
reorganizam para responder a determinados fonemas que os bebês ouvem
rotineiramente.

Aproximadamente 1 ano de idade,

Inicio da produção de palavras reais. Em inglês, geralmente são palavras curtas que
iniciam com o som de uma consoante, tais como b, d, m, p e t – o que ajuda a
explicar por que mama e papa são com tanta frequência as primeiras palavras dos
bebês.

Depois de 1 ano de idade,

as crianças começam a aprender formas mais complexas de linguagem. Elas


produzem combinações de duas palavras, as unidades de construção de sentenças,
e aumentam acentuadamente o número de palavras diferentes que são capazes de
usar.

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Aos 2 anos,

uma criança em média tem um vocabulário de mais de 50 palavras. Seis meses


depois, esse vocabulário aumenta para centenas de palavras. Nesse período, as
crianças são capazes de produzir palavras curtas, embora elas usem fala telegráfica
– sentenças que soam como se fizessem parte de um telegrama, em que as palavras
que não são essenciais à mensagem são omitidas.

Aos 3 anos,

as crianças aprendem a formar plurais acrescentando um s a nomes e a formar o


tempo pretérito acrescentando -ou aos verbos. Essa habilidade também acarreta
erros, pois as crianças tendem a aplicar regras inflexivelmente.

Em torno dos 5 anos,

as crianças adquiriram as regras básicas da linguagem. Contudo, elas só alcançam


um vocabulário completo e a capacidade de compreender e usar regras
gramaticais sutis mais tarde.

4.Teorias da Linguagem

Abordaremos a seguir três teorias que explicam a aquisição da linguagem.

i. Abordagem da teoria da aprendizagem: a linguagem como uma habilidade


adquirida.
Para esta teoria a aquisição da linguagem obedece os critérios do reforço
condicionado. Por exemplo, uma criança que diz “mama” ganha abraços e elogios
de sua mãe, o que reforça o comportamento de dizer “mama” e aumenta a
probabilidade dessa repetição. Essa abordagem sugere que as crianças primeiro
aprendem a falar sendo recompensadas por fazerem sons que se aproximam da
fala. Em última análise, por meio de um processo de modelagem, a linguagem
torna-se cada vez mais semelhante à fala adulta. Assim, com base nesta teoria,
quanto mais os pais falam com seus filhos pequenos, mais proficiência as crianças
adquirem no uso da linguagem.

ii. Abordagem nativista: a linguagem como uma habilidade inata


O linguista Noam Chomsky ofereceu uma alternativa à abordagem da

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aprendizagem defendendo que os
seres humanos nascem com uma capacidade linguística inata que emerge
principalmente em função da maturação. De acordo com sua abordagem nativista
da linguagem, todos os idiomas do mundo apresentam uma estrutura subjacente
comum que é pré-programada, biologicamente determinada e universal.
Chomsky
propôs que o cérebro humano tem um sistema neural herdado que nos permite
compreender a estrutura que a linguagem fornece – uma espécie de gramática
universal. Essas capacidades inatas oferecem-nos estratégias e técnicas para
compreender as características únicas de nossa língua nativa.
Contudo, com base na aparente capacidade de certos animais, tais como os
chimpanzés, de aprender os fundamentos da linguagem humana, alguns autores
questionam a visão da capacidade linguística inata.

iii. A aboradagem Interaccionista


A uma abordagem interacionista tentaharmonizar as varias perspectivas do
desenvolvimento da linguagem. A abordagem interacionista pressupõe que o
desenvolvimento da linguagem é produzido por uma combinação de
predisposições geneticamente determinadas e circunstâncias ambientais que
ajudam a ensinar a linguagem. Isto é, os integracionistas defendem que o cérebro
é fisicamente conectado para aquisição da linguagem, fornecendo em essência o
“hardware” que permite o desenvolvimento da linguagem. Entretanto, é a
exposição à linguagem em nosso ambiente que nos permite desenvolver o
“software” apropriado para compreendê-la e produzi-la. Contudo , a polemica
continua sendo a questão de como a linguagem ´adquirida.

III.Relação entre pensamento e linguagem


As palavras transmitem ideias e idiomas diferentes e representam várias maneiras
de expressar o pensamento. As palavras podem influenciar o pensamento, que por
sua vez o pensamento influencia a linguagem.

A linguagem reflete a capacidade de pensamento, então se um individuo


apresenta um transtorno de pensamento sua linguagem poderá ser prejudicada.

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IV.Educação bilingue
A educação bilíngue não se trata do ensino de idiomas, mas do uso de uma
segunda língua, como instrumento para desenvolver diversos conhecimentos.

Esse modelo de aprendizagem está relacionado à aquisição de um segundo idioma


mediante práticas do cotidiano e/ou escolares, utilizando a segunda língua como
um mecanismo de aprendizado, sem que essa segunda língua seja o objeto de
estudo.

Dessa forma, nas escolas bilíngues, a segunda língua é usada como meio de
instrução para outras áreas (ciências, matemática…), e o aluno passa por um
processo de imersão, ampliando o seu repertório cultural. Diferente das escolas
regulares e institutos de idiomas, onde, nesse contexto, o formato é focado
essencialmente no ensino da segunda língua.

Muitos educadores afirmam que a educação bilíngue é melhor porque na


abordagem bilíngue, os alunos aprendem algumas matérias em sua língua nativa
enquanto aprendem simultaneamente em língua oficial. Os que defendem o
bilinguismo acreditam que os alunos devem desenvolver uma base consistente em
áreas disciplinares básicas e que, ao menos inicialmente, ensinar essas disciplinas
em sua língua nativa é a única forma de lhes prover tal base. Durante o mesmo
período, eles aprendem a língua oficial e no final o ensino passa a ser totalmente
na língua oficial.

Tipos de edução bilingue

i.Transicional

Características: Perda da língua / Assimilação cultural / Incorporação social

Na educação bilíngue transicional, o uso das duas línguas ocorre apenas no início
da fase de escolarização. É o caso de crianças imigrantes que se tornam bilíngues
à medida que passam a adoptar a nova língua e se integram ao sistema
educacional local. Dessa forma, a língua minoritária é substituída gradativamente
pelo idioma dominante da sociedade receptora. Quando totalmente integradas,
essas crianças passam a ser monolíngues.

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ii.Manutenção (ou Desenvolvimental)

Características: Manutenção da língua / Reforço da identidade cultural /


Afirmação dos direitos civis

Neste contexto, a identidade cultural e os direitos civis das minorias devem ser
respeitados. Assim, os alunos não são obrigados a usar apenas a língua
dominante, mas são incentivados a se tornarem proficientes em ambas as
línguas.

iii.Enriquecimento

Características: Desenvolvimento da língua / Multiculturalismo / Autonomia


social

Neste modelo, são implementados programas de imersão total ou parcial, nos


quais a segunda língua faz parte do quotidiano durante todo, ou quase todo, o
período acadêmico. Aqui, grupos minoritários e majoritários compartilham a sala
de aula em 100% do tempo, sem a segregação em salas especiais, como nos
modelos anteriores.

Então, nesse modelo, existe uma troca de conhecimento utilizando-se ambos os


idiomas. Ou seja, o grupo minoritário aprende a língua majoritária e vice- versa.
O objectivo é fazer com que todos os idiomas sejam valorizados no ambiente
escolar e promova boas atitudes entre os alunos independente do grupo a que
pertencem.

V. Conclusão
Pensamento é a manipulação das representações mentais da informação. O
pensamento transforma essas representações em formas novas e diferentes,
permitindo que as pessoas respondam questões, resolvam problemas e alcancem
objetivos.

A Criatividade é a capacidade de combinar respostas ou ideais de novas maneiras.


A criatividade está relacionada ao pensamento divergente (a capacidade de gerar
respostas incomuns, mas apropriadas, para problemas ou questões) e à
complexidade cognitiva.

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A resolução de problemas geralmente envolve três grandes etapas: preparação,
produção de soluções e avaliação das soluções que foram geradas.

Linguagem é a comunicação de informações por meio de símbolos organizados de


acordo com regras sistemáticas.

Todas as línguas têm uma gramática – um sistema de regras que determina como
os pensamentos podem ser expressos – que abrange os três principais
componentes da linguagem: fonologia, sintaxe e semântica; e que Pessoas que
falam mais de uma língua podem ter uma vantagem cognitiva em relação àquelas
que falam apenas uma.

Bibliográfia
 FELDMAN, Robert. Introdução a psicologia. 10ª edição. Artmed. s/d
 MYERS, David. (1999) Introdução a psicologia geral. 5ª Edição. LTC Editora,
são Paulo
 https://conceito.de/bilingue
 https://www.bilinguecwb.com/post/o-que-é-bilinguismo

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