Você está na página 1de 12

AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO E HABILIDADES MATEMÁTICA

NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO

Neurociência

Constituem o conjunto das diversas áreas do conhecimento que pesquisam o Sistema


Nervoso (SN). Elas estudam as moléculas que constituem os neurônios, os órgãos do SN
e suas funções específicas, bem como o comportamento humano resultante da atividade
dessas estruturas. Os avanços das neurociências esclareceram muitos aspectos do
funcionamento do SN, especialmente do cérebro, e permitiram a abordagem mais
científica do processo ensino-aprendizagem. Funções relacionadas à cognição e às
emoções, presentes no cotidiano e nas relações sociais, como dormir, comer, gostar,
reconhecer, falar, compreender, ter atenção, esquecer, experimentar, ajudar, lembrar,
calcular, planejar, julgar, rir, movimentar-se, trabalhar, emocionar-se, são
comportamentos que dependem do funcionamento do cérebro. Educar é aprender
também.

Áreas de estudo na Neurociência


1.Neurociência Cognitiva
A Neurociência Cognitiva estuda nossa memória, os pensamentos e as formas de
aprendizado. Neste processo de aquisição de conhecimentos está envolvido todo o
nosso sistema sensorial, que é um dos principais responsáveis por captar todas as
informações do ambiente e levá-las ao nosso cérebro.

2.Neurociencia Comportamental

Estuda a interação entre os sistemas que influenciam o comportamento, o


comportamento, o controle postural, a influencia relativa de sensações visuais,
vestibulares e proprioceptivas ( também denominada como cinestesia, é o termo utilizado
para nomear a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e
orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em
relação às demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico de percepção permite a
manutenção do equilíbrio postural e a realização de diversas atividades práticas).

3. Neurociência molecular:

Investiga a química e a física envolvida na função neural.

4. Neurociência celular:

Estuda a constituição e função das células no sistema nervoso, cada um respectivamente.


5. Neurociência sistêmica:

Descreve e analisa as regiões do sistema nervoso e está ligado à neuroanatomia. Em


outras palavras, divide o sistema nervoso em partes e nomeia estas partes e busca
compreender as suas funções.

Inteligência

Pode ser considerada como a habilidade de se adaptar ao ambiente e aprender com a


experiência através de uma inteligência geral.

 Inteligência Fluida

A capacidade de lidar com problemas novos.

 Inteligência Cristalizada

As habilidades já existentes e o conjunto de informações acumuladas.

Habilidade.

É o grau de competência de um sujeito concreto frente a um determinado objetivo.

Na área da educação, habilidade é o saber fazer. É a capacidade do indivíduo de realizar


algo, como classificar, montar, calcular, ler, observar e interpretar. A capacidade da
pessoa em mobilizar suas habilidades (saber fazer), seus conhecimentos (saber) e suas
atitudes (saber ser) para solucionar determinada situação-problema é chamada por
alguns educadores como competência. Assim, entender os conceitos é uma coisa,
interpretá-los é outra e posicionar-se diante disso é outra.
Teoria das Inteligências Múltiplas

A Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner (1985) é uma alternativa para o
conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que permite aos
indivíduos uma performance, maior ou menor, em qualquer área de atuação.
A teoria afirma que uma criança que aprende a multiplicar números facilmente não é
necessariamente mais inteligente do que outra que tenha habilidades mais forte em outro
tipo de inteligência. A criança que leva mais tempo para dominar uma multiplicação
simples,

(a) pode aprender melhor a multiplicar através de uma abordagem diferente;

(b) pode ser excelente em um campo fora da matemática;

(c) pode até estar a olhar e compreender o processo de multiplicação em um nível


profundo. Neste último exemplo, uma compreensão mais profunda pode resultar em
lentidão que parece (e pode) esconder uma inteligência matemática potencialmente maior
do que a de uma criança que rapidamente memoriza a tabuada, apesar de uma
compreensão menos detalhada do processo de multiplicação.

Mediante as inteligências múltiplas citadas abaixo os professores devem desperta-las


para o desejo do conhecimento:

 Aprender a aprender/conhecer
 Aprender a conviver
 Aprender a fazer
 Aprender a ser

Tipos de Inteligências Múltiplas

1. Inteligência Linguística:

A habilidade de usar a linguagem para expressar o que está passando em sua mente
através de símbolos, sejam eles palavras, números ou sinais. É também a capacidade
entender as outras pessoas.

Os estudantes Gostam de:

Ser ótimos oradores e comunicadores, além de possuírem grande capacidade de


aprendizado de idiomas.
Qualquer tipo de escritor, orador, professor, advogado, político ou outra pessoa que a
linguagem tem um papel importante em sua vida possui uma inteligência linguística
aguçada.

Os professores Podem fazer:

Criar projetos de leituras e escrita, ajudar os alunos a preparar discursos , despertar para
debates.

2. Inteligência Lógica/Matemática:

A habilidade para raciocínio dedutivo, para avaliar objetos e abstrações, discernindo as


suas relações e princípios subjacentes, de entender os princípios subjacentes de algum
sistema causal, do modo que os cientistas e lógicos fazem; ou manipular números,
quantidades e operações como um matemático faz. É voltada para conclusões baseadas
em dados numéricos e no pensamento racional.

Os alunos :

Os alunos com esta inteligência possuem facilidade em explicar as coisas utilizando


metáforas, fórmulas e números. Costumam resolver problemas de lógica com facilidade,
assim como fazer contas de cabeça rapidamente.

Professores devem fazer:

Usar jogos de estratégias, usar objetos concretos, gravar as informações em gráficos,


estabelecer linhas de tempo e espaço.

3. Inteligência Rítmica/Musical:

Inteligência voltada para a interpretação e produção de sons com a utilização de


instrumentos musicais, mas não necessariamente. É a capacidade de pensar em música;
ser capaz de ouvir padrões, reconhece-los, e talvez manipula-los.

Os alunos gostam:

Alunos que tem alta inteligência musical não apenas lembram de musicas com facilidade,
eles não conseguem tirar de suas mentes, é omnipresente.

Os professores podem fazer:

Reescrever letras de músicas para ensinar conceitos, história por meio da música.
4. Inteligência Corporal/Cenestésica:

É a habilidade de controlar e orquestrar movimentos do corpo. É predominante entre


atores e aqueles que praticam a dança ou os esportes. A capacidade de usar todo o seu
corpo ou parte do seu corpo para resolver um problema, fazer algo, ou usá-lo para
produzir algo.

Os alunos:

Os exemplos mais evidentes são os atletas ou as pessoas que trabalham com artes
cênicas, particularmente dança e atuação.

Professores podem fazer:

Proporcionar atividades de movimentos.

5. Inteligência Espacial:

A habilidade na interpretação e reconhecimento de fenômenos que envolvem movimentos


e posicionamento de objetos. Também é a habilidade de representar o mundo espacial
internamente em sua mente. Inteligência espacial pode ser utilizado nas artes ou nas
ciências.

Alunos:

Um jogador de futebol habilidoso possui esta inteligência, pois consegue facilmente


observar, analisar e atuar com relação ao movimento da bola. A forma como um
marinheiro ou um piloto de avião navegam o grande mundo espacial, ou a forma como um
jogador de xadrez ou escultor representa um mundo espacial mais circunscrito.

Professores podem fazer:

Desenhar mapas e labirintos, conduzir atividades de visualização.


6. Inteligência Naturalista:

Traduz-se na sensibilidade para compreender e organizar os objetos, fenômenos e


padrões da natureza, como perceber as probabilidades climáticas, reconhecer e
classificar plantas, animais, minerais, incluindo rochas e gramíneas e toda a variedade de
fauna, flora, meio-ambiente e seus componentes.

Alunos:

Essa habilidade era claramente de valor em nosso passado evolutivo como caçadores,
coletores e agricultores, que continua a ser uma característica central em papéis como
botânicos, biólogos, geólogos mateiros, por exemplo. Pessoas com essa inteligência
aguçada tem maior tendência a se sentirem conectados com o meio ambiente.

Professores podem fazer:

Utilizar o espaço fora da sala de aula, ter plantas e animais na sala, conduzir experiências
de ciências, criar área de natureza.

7. Inteligência Intrapessoal:

Caracterizada pela capacidade de ter uma compreensão de si mesmo, habilidade e


interesse de saber quem você é, o que você pode fazer, o que você quer fazer, como
você reage às coisas, quais as coisas deve evitar, e quais as coisas que gravitamos em
volta. Somos atraídos para as pessoas que têm uma boa compreensão de si mesmas.
Elas tendem a saber o que elas podem e não podem fazer, e saber para onde ir se
precisarem de ajuda.

Os Alunos:

Está inteligência é mais desenvolvida em escritores, psicoterapeutas e conselheiros em


geral.

Professores podem fazer:

Permitir o trabalho no ritmo de cada um, designar projetos individuais e direcionados,


estabelecer metas, oferece oportunidades receberem feedback um dos outros, envolver
em projetos de reflexão.
8. Inteligência Interpessoal:

Está forma de inteligência é geralmente, mas não necessariamente, acompanhada pela


Inteligência Intrapessoal.

É expressa pela habilidade de entender as intenções, motivações e desejos dos outros, é


a capacidade de compreender outras pessoas em geral. Pessoas com essa inteligência
aguçada tem facilidade em estabelecer relacionamentos com outras pessoas, também
conseguem facilmente identificar a personalidade das outras pessoas. Costumam ser
ótimos líderes e atuam com facilidade em trabalhos em equipe.

Alunos:

É uma habilidade que todos nós precisamos, mas encontra-se mais desenvolvida em
políticos, professores, médicos, vendedores, religiosos e espiritualistas em geral -
qualquer um que lida com outras pessoas constantemente.

Professores podem fazer:

Utilizar aprendizagem cooperativa, passar projetos em grupo e em duplas, criar situações


nas quais troquem informações.

Crianças e as Altas Habilidades

Revela-se por um conjunto de traços e características, e não apenas pela velocidade do


desenvolvimento ou por demonstração de inteligência. São geralmente independentes,
confiantes de ideias claras atitudes pertinentes, são capazes de formular conceitos
críticos e pensar de modo organizado.

A inteligência superior faz parte do conjunto, sendo usada de maneira criativa,


apresentando outras características tais como:

 Perseverança diante de uma tarefa;

 Procura explicações mais profundas do que as aceitas por outras crianças;

 Tem alto nível crítico, exigindo muito das respostas, e comportamento do adulto;

 Prefere o pensamento abstrato ou pensamento crítico;

 A percepção do mundo que a rodeia é mais abrangente, mais sensível e intuitiva


do que se espera para sua faixa etária;

 É capaz de ter muitas ideias a respeito de qualquer situação problema;

 Costuma ser independente, autossuficiente e estável no aspecto emocional.


Obs:

As aulas que não ofereçam desafios irão aborrecê-la, e seu interesse diminuirá.

Geralmente não são bem aceitas e compreendidas pelo grupo, apresentando desajustes
no comportamento ou nos problemas psicológico.

Crianças com lentidão em aprender

É educável em classes regulares, O educador que tiver em sua classe um ou mais alunos
apresentando esse ritmo estará diante da desafiadora tarefa de ajudá-los a se adaptarem
à escola.

Por conseguinte fazem necessários:

 Utilizar-se de experiência concretas para aprender;

 Estímulos e motivação para aprender;

 Elogios e recompensa, individual ou em grupo;

 Atenção individual.

Para isso, o educador deverá seguir alguns princípios:

 Aceita-lo como ele é;

 Ser paciente;

 Apresentar sugestões positivas;

 Dar-lhe segurança, deixando-o perceber por palavras e ações que pode estar
confiante;

 Procurar descobrir suas aptidões, pois as deficiências já são do seu


conhecimento;

 Ele tem mais semelhança que diferenças com seus companheiros que aprendem
depressa.
A atenção e suas implicações na aprendizagem

 O cérebro não tem necessidade nem capacidade de processar todas as informações


que chegam a ele. Por meio da atenção ele pode dedicar-se às informações
importantes, ignorando as que são desnecessárias.

 O cérebro é um dispositivo criado ao longo da evolução para observar o ambiente e


apreender o que for importante para a sobrevivência do indivíduo ou da espécie. Ele
prestará atenção no que for julgado relevante ou com significância.

 Terá mais chance de ser considerado como significante e, portanto, alvo da atenção,
aquilo que faça sentido no contexto em que vive o indivíduo, que tenha ligações com o
que já é conhecido, que atenda a expectativas ou seja estimulante e agradável.

A memória e sua relação com a aprendizagem

A memória é basicamente a capacidade humana de inscrever, conservar, e relembrar


mentalmente vivências, conhecimentos, conceitos, sensações e pensamentos
experimentados em um tempo passado.
a. Memória de curto prazo – é usada para reter uma informação de forma rápida e depois
descartada, como um número de telefone, tempo suficiente para efetuarmos a ligação,
depois descartamos e eliminamos da memória porque não precisaremos mais dela.
 
b. Memória de longo prazo – também chamada de referencial tem a função de arquivar e
consolidar as informações podendo durar, horas, meses e décadas, que são as
chamadas memórias remotas como as memórias de infância. Para que esta informação
tenha durado tanto tempo os estímulos recebidos geraram novas sinapses, consolidando
a informação.

c. Memória de trabalho ou memória de curto prazo ou memória operacional.

Este tipo de memória é importante para gerenciar a informação, percebendo a utilidade da


informação e se ela deve ser descartada ou armazenada. No exemplo do telefone, se for
um telefone importante somente naquele momento o cérebro não terá interesse em
armazená-la, ficando na memória de curto prazo e descartada logo depois, entretanto se
for um telefone que precise ser gravado, pois precisaremos ligar para ele várias vezes,
como o da nossa casa por exemplo, ela passará para a memória de longo prazo, porque
é uma informação importante que precisamos guardar.

Que estratégias o professor poderá utilizar para ajudar seu aluno a reter a
informação?
 
- Criar conexões entre os novos conteúdos e os conhecimentos já existentes nos alunos;
- Estimular todos os órgãos dos sentidos para que o cérebro possa captar estímulos de
diferentes maneiras como sons, imagens, gráficos, dramatização, músicas, piadas, etc.
- Não ficar tão preso ao texto e utilizar outros recursos como desenhos, gráficos, tabelas.

A numeracia ou a capacidade do cérebro em lidar com os números

 O cérebro humano tem uma programação inata para lidar com números. Ele processa,
muito precocemente, o conceito de quantidade.

 O senso numérico ou “numerosidade”, é uma propriedade básica da representação dos


objetos no cérebro, isso é feito através de uma representação mental, uma linha ou
fileira de números cuja magnitude vai aumentando da esquerda para a direita.

 Não há no cérebro um “centro” para a matemática, pois muitas regiões e sistemas


cerebrais contribuem para o seu processamento.

 Os números são processados em três circuitos diferentes que se relacionam com a


percepção da magnitude, a representação visual dos símbolos numéricos (algarismos
arábicos) e a representação verbal dos números (quatro, sete, vinte e um, etc.)
 O hemisfério esquerdo é capaz de fazer cálculos, e o direito faz estimativas que se
aproximam do resultado correto. As operações matemáticas precisas dependem da
maturação das áreas corticais da linguagem. Ambos os hemisférios são capazes de
fazer comparações de quantidades e de avaliar números.

 Existem crianças nas quais a numera cia não se desenvolve, embora tenham bom
nível de inteligência e treinamento adequado. Essas crianças têm DISCALCULIA, um
problema que parece resultar de uma deficiência do senso numérico.

 Não se conhecem as causas para a discalculia, mas parece haver uma alteração dos
circuitos do lobo parietal, causados por lesão precoce ou por defeito genético.

 Existem evidências de que os indivíduos com discalculia podem se beneficiar de um


treinamento específico para desenvolver a capacidade de identificar e manipular
quantidades.

AS DIFICULDADES PARA A APRENDIZAGEM E SUA ABORDAGEM

As dificuldades para a aprendizagem são um desafio para o educador e abrangem um


grupo heterogêneo de problemas que alteram a capacidade de aprender.

 Embora a aprendizagem ocorra no cérebro, nem sempre ele é a causa original das
dificuldades observadas. Um aprendiz com boa saúde, funções cognitivas preservadas
e sem alteração estrutural ou funcional do sistema nervoso pode apresentar
dificuldades para aprender.

 O cérebro que se desenvolveu de forma diferente por fatores genéticos ou que sofreu
modificações devido a condições da gestação apresentará comportamentos diferentes
e necessitará de estratégias pedagógicas distintas durante a aprendizagem.

 Os transtornos da aprendizagem são caracterizados por desempenho abaixo do


esperado para a idade, nível intelectual e de escolaridade nas habilidades da escrita,
leitura ou raciocínio lógico matemático em aprendizes que possuem condições
adequadas e contextos favoráveis à aprendizagem. Os principais exemplos são a
dislexia e a discalculia.

 A síndrome de Down os autismos e o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade


(TDAH) são síndromes que produzem alterações de circuitos cerebrais,
comprometendo os aspectos do comportamento e influenciando a aprendizagem.
Referência

COSENZA, Ramom. Neurociência e educação: Como o cérebro Aprende. Porto Alegre:


Artmed, 2011.

RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem. Rio de Janeiro :


Wak editoras, 2011.

RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Educação: Potencialidades dos gêneros humanos


na sala de aula. Wak editoras, 2009

Você também pode gostar