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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 2
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 54
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INTRODUÇÃO
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pensamento envolve processar mais informações emocionais, buscando resolução
de problemas. O entendimento emocional é similar ao anterior, porém focado no
processamento cognitivo. E, por fim, a administração de emoções refere-se à
autoadministração e à administração de emoções em outras pessoas.
Com base nisso, este material foi construído para ajudar na percepção da IE,
como ferramenta de gestão de trabalho e para entender aspectos relacionados a
experiências das próprias emoções; a gerenciar emoções com o intuito de facilitar
ou inibir a circulação da informação; e os mecanismos ligados na integração entre
afeto e pensamento.
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A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
A teoria das inteligências múltiplas foi elaborada a partir dos anos 80 por
pesquisadores da universidade norte-americana de Harvard, liderados pelo
psicólogo Howard Gardner, co-diretor do Projeto Zero e professor de educação
dessa mesma universidade.
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• Inteligência cinestésico-corporal: é a capacidade de manipular objetos e
sintonizar habilidades físicas (desenvolvida principalmente por atletas,
dançarinos, cirurgiões).
• Inteligência musical: é aquela que apresentam as pessoas que possuem
uma sensibilidade para a entonação, a melodia, o ritmo e o tom.
• Inteligência naturalista: consiste em observar padrões na natureza,
identificar e classificar objetos e compreender os sistemas naturais e aqueles
criados pelo homem.
• Inteligência interpessoal: é a capacidade de compreender outras pessoas
e interagir com elas. Corresponde à sensibilidade para responder de forma
adequada às situações (como fazem professores, vendedores, políticos,
terapeutas, líderes religiosos).
• Inteligência intrapessoal: é a capacidade de formar um modelo verdadeiro
de si mesmo e usar esse conhecimento no planejamento e direcionamento de
sua vida. Compreende saber administrar os próprios sentimentos,
reconhecendo as qualidades e defeitos. Inclui disciplina, autoestima e auto
aceitação.
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SAIBA MAIS!
A teoria das IM é elaborada à luz das origens biológicas de cada capacidade
de resolver problemas. Somente são tratadas aquelas capacidades que são universais
na espécie humana. Mesmo assim, a tendência biológica a participar numa
determinada forma de solução de problemas também deve ser vinculada ao estímulo
cultural nesse domínio. Por exemplo, a linguagem, uma capacidade universal, pode
manifestar-se particularmente como escrita em uma cultura, como oratória em
outra, e como a linguagem secreta dos anagramas numa terceira. (GARDNER, 1995,
p. 21).
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• A capacidade para fazer algo ou oferecer um serviço que é valorizado em
sua própria cultura. (CAMPBELL, 2000, p. 21).
APRENDA MAIS:
A Professora Renata trata sobre a Teoria das Múltiplas
Inteligências de Howard Gardner. Ao explicar a complexidade
desta ideia, as crenças do teórico a respeito da multifacetação
da inteligência e a superação do conceito de que a inteligência é
a resolução de problemas abstratos, a educadora mostra formas
como podemos enxergar esta teoria na Educação Infantil.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=zXGyaMd360s
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A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
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emocional a uma lista de qualidades desejáveis - como autoconfiança, dedicação,
inovação, influência, entre outras "competências emocionais". O modelo de Goleman
e também de pesquisadores que consideram capacidades não-cognitivas como
formadoras da IE, ou das "competências emocionais" (Boyatzis, Goleman & Rhee,
2002), vão de encontro ao conceito de IE como uma aptidão mental, esse último
defendido por Mayer, Salovey e Caruso (2002, p. 95), que compreendem estar a IE
alocada "dentro da personalidade", mais especificamente, compondo as habilidades
de processamento e de entendimento das emoções.
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para conseguir resultados. Sendo assim, para o autor, pode ser possível penetrar
nessas estruturas e nelas colocar nossos próprios objetivos, pois a natureza tudo
fará para atingi-los, como se fossem seus próprios, já que ela não faz essa distinção.
Então, a natureza mobiliza seus recursos para transformá-los em resultado.
Compreende-se, pois, que a natureza age por finalidade, o que significa que tudo
que existe hoje surgiu para preencher um objetivo.
SAIBA MAIS!
As potencialidades humanas já nascem com o indivíduo, mas é preciso
despertá-las. O segredo da inteligência e da criatividade está em saber envolver o
sistema de autopreservação da espécie para mobilizar reservas de capacidades
cerebrais normalmente não utilizadas. “O Sape comanda o processo da evolução e
assim surgiram as chamadas funções superiores de adaptações, cujo conjunto
chamamos de intelecto”. (MACHADO, 2005, p. 50).
A inteligência não existe pronta, por isso cada um cria a sua própria
inteligência. Isso significa dizer que todos os seres humanos nascem com as
faculdades necessárias para desenvolvê-la, assim como têm a capacidade de falar,
mas não nascem falando. Então, ser inteligente não significa ter boa memória ou
boa capacidade de aprender e resolver testes de QI, mas sim implica saber utilizar o
potencial no momento apropriado, ou seja, para obter a resposta adequada às suas
necessidades. Como bem explicita Machado (1984), “A inteligência é uma faculdade
que pode ser desenvolvida e não algo que vem pronto com o nascimento e não
pode ser alterado”.
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excluindo a reflexão deliberada e analítica, que caracteriza a mente racional. Reage
ao presente com meios registrados ao longo da história evolutiva do homem, em
situações que ficaram gravadas como tendências inatas e automáticas do ser
humano.
Há, em geral, um equilíbrio entre essas duas mentes, que operam em perfeita
harmonia, na maior parte do tempo, de modo que a emoção alimenta e informa as
operações da mente racional, e a mente racional refina e às vezes impede os
desdobramentos das emoções. Portanto, inteligência emocional e inteligência
racional devem complementar-se e estar em constante equilíbrio, para que as
atitudes possam ser tomadas de uma forma adequada e eficiente.
Goleman (2001, p. 48) afirmou que há uma baixa correlação entre sucesso e
os índices de QI, já que a inteligência acadêmica não oferece praticamente nenhum
preparo ou oportunidade para o que ocorre na vida (pessoal e/ou profissional). A
cultura e as escolas privilegiam a aptidão em âmbito acadêmico, ignorando a
inteligência emocional, ou seja, o caráter, que também exerce papel fundamental no
destino pessoal do ser humano. A aptidão emocional é, pois, uma meta capacidade
que determina até onde se pode usar bem quaisquer outras aptidões que se tenha.
Há indícios de que as pessoas emocionalmente competentes, as quais lidam bem
com os próprios sentimentos, compreendem e levam em consideração os
sentimentos do outro.
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As pessoas com prática emocional bem desenvolvida têm mais
probabilidade de se sentirem satisfeitas e de serem eficientes em suas vidas,
dominando os hábitos mentais que fomentam sua produtividade; as que não
conseguem exercer nenhum controle sobre sua vida emocional travam
batalhas internas que sabotam a capacidade de concentração no trabalho e
de lucidez de pensamento. (GOLEMAN, 2001, p. 49).
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humana. Para o bem ou para o mal, quando são as emoções que
dominam, o intelecto não pode nos conduzir a lugar nenhum.
(GOLEMAN, 2001, p. 18).
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prazo, fazer os colegas sentirem-se confortáveis trabalhando com você̂ e gerir
as disfunções emocionais entre os funcionários que passam por conflitos com
clientes ou com outros funcionários.
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inteligência é a escolha (melhor) entre duas ou mais situações. Assim, é inteligente
quem escolhe a melhor saída ou a melhor resposta, e esse conceito indica a
capacidade de que dispomos para, através da seleção, penetrar na compreensão
das coisas. (ANTUNES, 1998, p. 16).
Assim sendo, a mente racional registra e reage aos fatos com mais lentidão
do que a mente emocional, portanto, em circunstâncias de grande emotividade, o
primeiro impulso não vem da cabeça, mas sim do coração. Quando há necessidade
de se tomar uma decisão em que se permite um maior período de tempo, o
processo cognitivo desempenha um papel importante, determinando as emoções
que serão despertadas, ou seja, acontece uma espécie de avaliação e um
pensamento mais articulado precede o sentimento.
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A inteligência clássica e o pensamento racional têm dominado a sociedade
ocidental por séculos. Freud demonstrou, por meio de análise do inconsciente, que
há muito mais em nós além do pensamento racional. Desde Freud, o
desenvolvimento da psicologia tem-nos apresentado o discernimento, indicando que
as ações de um indivíduo não são apenas lógicas e racionais. A Inteligência
Emocional parece um bom termo para nomear o nosso modo “não racional” de
pensar e ser, mesmo que a fonte dessa inteligência tenha mantido os pesquisadores
de áreas como a Psicologia, a Antropologia e a Sociologia bastante ocupados
durantes os últimos cento e cinquenta anos. (MERLEVEDE et al., 2004, p. 24).
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APRENDA MAIS:
DANIEL GOLEMAN E A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL O psicólogo,
escritor e PhD da universidade de Harvard, considerado o pai da
Inteligência Emocional no mundo, e responsável por popularizar
o conceito, ensina que o controle das emoções é essencial para
o desenvolvimento de uma pessoa. Confira as principais
habilidades propostas por Daniel Goleman.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=kNBmg2aP5ck
APRENDA MAIS:
O Que É Inteligência Emocional? - PEDRO CALABREZ
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=zTUIj7FR20Y
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EMOÇÕES NO LOCAL DE TRABALHO
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também desencadeiam nossa consciência de uma ameaça ou de uma oportunidade
no ambiente externo.
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A maioria das experiências emocionais são sutis, mas ainda dão energia o
suficiente para nos tornar mais conscientes sobre nosso ambiente. Essas duas
dimensões emocionais são o alicerce do modelo do circumplexo mostrado na Figura
acima por exemplo, o medo é uma emoção negativa que gera um alto nível de
ativação, enquanto o relaxamento é uma emoção agradável com ativação bastante
baixa.
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5.2- Emoções, atitudes e comportamento
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• Crenças. São percepções estabelecidas a respeito do objeto da atitude, ou
seja, são o que você acredita ser verdade. Por exemplo, você poderia acreditar que
as fusões diminuem a segurança no emprego para os funcionários das empresas
fundidas, ou poderia acre- ditar que as fusões aumentam a competitividade da
empresa nesta era de globalização. Essas crenças são fatos percebidos que você
adquire a partir da experiência e de outras formas de aprendizagem.
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• Intenções comportamentais. As intenções representam sua motivação
planejada de se comportar de uma determinada maneira com relação ao objeto da
atitude. Ao ouvir que a empresa será fundida com outra organização, você ficaria
motivado a procurar um emprego em outro lugar ou possivelmente reclamar com a
gestão a respeito da decisão relativa à fusão. Seus sentimentos em relação a ela
influenciam suas intenções comportamentais, e as atitudes que você decide tomar
dependem da sua experiência pregressa, personalidade e normas sociais de
comportamento adequado.
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5.2.1- Comportamento Individual e Processos
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(resposta emocional), as melhores decisões tendem a ocorrer quando eles investem
tempo avaliando logicamente as situações. Desse modo, devíamos prestar atenção
aos lados cognitivo e emo- cional do modelo de atitude, e torcer para que
concordem entre si na maior parte das vezes!
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situações diárias, porque até mesmo as emoções de baixa intensidade modificam
automaticamente as nossas expressões faciais. Essas ações não são
cuidadosamente pensadas. Elas são respostas emocionais automáticas aprendidas
ou fisicamente conectadas pela hereditariedade para determinadas situações.
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funcionário de uma em- presa petrolífera, você poderia se convencer de que os
problemas com o histórico ambiental da empresa foram exagerados ou não levaram
em conta as iniciativas ambientalistas mais recentes da organização. As pesquisas
sugerem que às vezes reduzimos a dissonância cognitiva com o reequilíbrio indireto
do autoconceito. Assim, em vez de negar o histórico ambiental da empresa, você
poderia reduzir a inconsistência com a ênfase em seus comportamentos
ambientalistas pessoais (ex.: usar transporte coletivo para trabalhar, transformar o
lixo orgânico em adubo em casa). Em geral, essas acrobacias mentais mantêm
algum nível de consistência entre seu comportamento (trabalhar para a empresa
petrolífera) e suas crenças e atitudes em relação ao ambientalismo.
SAIBA MAIS!
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GERENCIAR AS EMOÇÕES NO TRABALHO
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em vez de um sorriso amarelo), bem como nas funções em que a interação com os
clientes é frequente e prolongada. O trabalho emocional também aumenta quando
os funcionários cumprem precisamente, em vez de casualmente, as regras de
demonstração. Isso ocorre especialmente nos setores de serviço nos quais os
funcioná- rios com frequência interagem diretamente com os clientes.
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Um grande estudo indica a Etiópia, o Japão e a Áustria, entre outros, como
culturas que não incentivam a expressão emocional. Em vez disso, espera-se que
as pessoas sejam contidas, com entonação relativamente monotônica e sem
movimentos físicos e toques que demonstrem emoções. Culturas como as do
Kuwait, Egito, Espanha e Rússia, por outro lado, permitem ou encorajam uma
demonstração mais vívida das emoções e esperam que as pes- soas ajam de
acordo com suas emoções reais. Nessas culturas, espera-se que as pessoas
revelem mais honestamente suas ideias e sentimentos, sejam dramáticas em seus
tons de conversação e tenham comportamentos não verbais mais animados. Por
exemplo, 81% dos etíopes e 74% dos japoneses concordam que não é profissional
expressar emoções ostensivamente em suas culturas, enquanto 43% dos
americanos, 33% dos italianos e apenas 19% dos espanhóis, cubanos e egípcios
concordam com a mesma afirmação.
Dissonância emocional
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O trabalho emocional também cria conflito entre as emoções exigidas e as
verdadeiras. Quanto maior a lacuna, mais os funcionários tendem a sofrer estresse,
esgotamento no trabalho e separação psicológica do eu. O problema pode ser
minimizado por meio da atuação profunda em vez da superficial. Atuação superficial
envolve fingir demonstrar as emoções necessárias, mas continuar com sentimentos
internos diferentes. Já a atuação profunda envol- ve mudar as emoções verdadeiras
para que sejam compatíveis com as emoções necessárias. Em outras palavras, você
se treina para sentir de fato a emoção que deveria expressar. A atuação profunda
também requer considerável inteligência emocional, a qual discutiremos em seguida.
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Inteligência emocional e desempenho de equipes e liderança
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Desenvolvimento de Pessoas
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Liderança e Desempenho de Equipes
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Líder Democrático: o Líder assiste e instiga o debate entre todos os
colaboradores. É o grupo que esboça as providências e técnicas para atingir os
objetivos e todos participam nas decisões. Cada membro do grupo decide com quem
trabalhará e o próprio grupo que decide sobre a divisão das tarefas. O líder procura
ser um membro igual aos outros elementos do grupo, não se encarregando muito de
tarefas. É objetivo, e quando critica limita-se aos fatos. Este tipo de liderança promove
o bom relacionamento e a amizade entre o grupo, tendo como consequência um ritmo
de trabalho suave, seguro e de qualidade, mesmo na ausência do líder. O
comportamento deste líder é de orientação e de apoio. É o estilo que produz maior
qualidade de trabalho.
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9.1.2 Desenvolvendo Lideranças
SAIBA MAIS!
Maria João Martins Rosa da Silva A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL COMO
FACTOR DETERMINANTE NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS Emoções, Expressões
Corporais e Tomadas de Decisão DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GESTÃO /
MBA.
Acesse:
https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/1529/1/Diserta%c3%a7%
c3%a3o%20Maria%20Jo%c3%a3o%20Rosa%20Silva.pdf
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CRITÉRIOS PARA PADRONIZAÇÃO DA IE: DOIS MODELOS
TEÓRICOS
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Uma das maiores contribuições de Mayer, Salovey e Caruso (2000) para o
campo de investigação da IE, refere-se ao fato de que sua teoria não se baseia em
promessas incomuns relacionadas ao potencial da IE. Estes pesquisadores têm
procurado expor as promessas e ditos populares referentes à IE como infundados,
visto a falta de evidências capazes de sustentar tais afirmações. Eles enfatizaram
que cientistas acadêmicos deveriam discernir entre senso comum e pesquisa
científica. Contrariamente a sobreposição de conceitos corrente nas concepções
mistas da IE, pesquisas têm apoiado a existência da IE como uma habilidade mental
(assim como a definem Mayer, Caruso, et al., 2000). A teoria prediz que a IE é uma
inteligência como outras existentes, pois ela comporta três critérios empíricos: (a)
problemas emocionais têm respostas certas ou erradas avaliadas por métodos de
escores alternativos (por consenso do grupo, por especialistas ou por consulta ao
alvo, isto é à pessoa que expressou emoções a serem avaliadas em determinado
teste); (b) as habilidades medidas se correlacionam com outros testes de
habilidades mentais, e (c) o nível da habilidade aumenta com a idade (Mayer,
Salovey, et al., 2000).
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INSTRUMENTOS DE MEDIDA DA IE
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instrumentos de auto relato (Bar-On, 1997; Goleman, 1996; Schutte et al., 1998).
Entretanto, muitos autores afirmaram que auto relatos não medem habilidades
emocionais. Brackett e Mayer (2003) argumentaram que estas medidas da IE não
são confiáveis, uma vez que estaria em jogo a capacidade acurada do indivíduo de
reportar suas próprias habilidades. Eles destacaram que, em geral, as pessoas
seriam informantes inacurados de suas próprias habilidades. Em concordância,
Bueno e Primi (2003) consideraram inadequado medir qualquer tipo de inteligência
questionando um indivíduo sobre o quanto ele se considera inteligente. Estes
autores também referiram um aspecto muito importante, que aponta para o fato de
que a auto percepção da capacidade de solucionar problemas não se relaciona
diretamente a real capacidade de desempenho de um indivíduo. Assim como
destacaram Mayer et al. (2004a): "a inteligência auto referida de uma pessoa é
consideravelmente diferente da sua inteligência real" (p. 203). Em uma pesquisa,
Brackett e Mayer (2003) demonstraram a fraca convergência entre escalas de IE de
desempenho e as de auto relato, tendo sido observadas correlações de 0,18 e 0,21
entre o MSCEIT e o SSRI (Schutte et al., 1998) e o MSCEIT e o E-QI (Bar-On,
1997), respectivamente. O SSRI e o E-QI são medidas de auto relato.
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de Raven e o MSCEIT se correlacionou significativamente (p < 0,01) com o Raven,
porém de forma moderada (r = 0,27), o que permite inferir que esta escala se
relaciona com medidas de inteligência, porém distingue-se da inteligência geral
padronizada. Outra pesquisa conduzida por Woyciekoski (2006) obteve correlações
significativas (p < 0,01) entre a escala de auto relato MIE e as dimensões
Neuroticismo (r = -0,39) e Extroversão (r = 0,50).
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construto, tendo o EQ-I se correlacionado significativamente (p < 0,01) com
dimensões da personalidade (Extroversão r = 0,33; Ansiedade r = "0,76 e
Independência r = 0,43; medidas pelo 16PF) e não se correlacionado
significativamente com habilidade cognitiva. Padrões opostos foram obtidos com o
MSCEIT.
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VALIDADE PREDITIVA DA IE
Contudo, não está muito claro ainda o que a IE prediz. Alguns estudos
preliminares sugeriram que baixos escores em IE estariam relacionados ao uso de
álcool, cigarro e drogas ilegais, comportamento desviante e autodestrutivo,
interações pobres (pouco significativas e sem profundidade) com amigos, além de
sentimento de impotência (Brackett & Mayer, 2003; Trinidad & Johnson, 2001).
Enquanto isso, altos níveis de IE foram relacionados à qualidade das relações e
interações sociais, a habilidades sociais e comportamento prós social, relações
familiares positivas, maiores níveis de otimismo e satisfação de vida (Brackett,
Rivers, Shiffman, Lerner, & Salovey, 2006; Mayer, Caruso, et al., 2000; Salovey,
Mayer, et al., 2001). Além disso, escalas de IE de desempenho também têm sido
relacionadas a gerenciamento de estresse, desempenho acadêmico e comunicação
efetiva (Brackett & Mayer, 2003; Brackett & Salovey, 2004; Mayer, Salovey, &
Caruso, 2004b). Mayer et al. (2004a) postularam que pessoas com altos escores em
IE seriam mais aptas para perceber as emoções, utilizá-las para produzir
pensamento, compreender seus significados, além de controlar as emoções de uma
forma mais eficaz do que os outros. Sobretudo, a capacidade de resolver problemas
de ordem emocional, nessas pessoas requereria menos esforço cognitivo (Reis et
al., 2007). Além disso, pessoas emocionalmente inteligentes frequentemente
apresentariam escores altos em inteligência verbal, social, além de outras
inteligências (especialmente se a capacidade de compreensão das emoções
também fosse alta), e tenderiam a ser mais abertas a novas experiências e mais
sociáveis. Estas pessoas se inclinariam mais a trabalhos que envolvem interações
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sociais do que a profissões que requerem atividades administrativas e financeiras.
Pessoas com altos níveis de IE, também seriam pessoas que tenderiam a estar mais
aptas para identificar e reportar suas metas, conquistas e objetivos. Abaixo, é
apresentado e discutido o potencial de aplicação da IE, além de suas contribuições
para resolução de aspectos práticos da vida.
Satisfação de Vida
Conforme Matthews et al. (2002), cada vez mais psicólogos têm apontado
que a capacidade de compreensão das emoções em si e nos outros, constitui um
aspecto crucial para uma vida satisfatória. Pessoas autoconscientes e sensíveis aos
demais teriam maiores habilidades para administrar suas questões de forma mais
sábia e adequada ao contexto, mesmo quando em situações adversas. Por outro
lado, pessoas incapazes de reconhecer as próprias emoções e as alheias tenderiam
a vivenciar problemas como desentendimentos constantes, frustrações e fracassos
relacionais.
Contexto Clínico
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estas. Ou seja, a capacidade de compreender e analisar as emoções próprias e
alheias culminaria numa melhor compreensão da relação da pessoa com os outros e
com o ambiente que lhe cerca, o que por sua vez, poderia promover regulação
emocional mais adaptada, além de maior bem-estar (Salovey, Bedell, Detweiler, &
Mayer, 2000). Pessoas com altos níveis de IE poderiam obter maior aproveitamento
de um processo terapêutico, bem como talvez pudessem apresentar menores
índices de desistência ou abandono da terapia. Salovey et al. (2000) afirmaram que
a capacidade de reconhecer as emoções e modificar certos pensamentos que
ocasionam reações emocionais insatisfatórias constitui um dos objetivos centrais de
um tratamento. Portanto, uma terapia envolveria uma aprendizagem por parte do
paciente, sobre como discriminar suas emoções, bem como as dos outros.
45
Ainda, estas escalas talvez pudessem ser úteis para seleção de tratamentos
específicos nos setores públicos de saúde.
Contexto Escolar
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emocionais suficientes. Por meio de treinamento eles poderiam desenvolver
habilidades para melhor reconhecer seus sentimentos, expressá-los e regulá-los
(Mayer & Geher, 1996).
Contexto Organizacional
Com base nesta premissa, tem sido apontada uma série de competências
emocionais e sociais, as quais constituiriam precursores cruciais do sucesso
ocupacional (Cooper & Sawaf, 1997; Goleman, 1998; Matthews et al., 2002). Estas
competências envolveriam: (a) a autoconsciência emocional (insights psicológicos,
reconhecimento de emoções e sentimentos próprios e alheios); (b) a capacidade de
identificar as necessidades dos outros e responder de forma adequada e (c) a
capacidade de regulação emocional. Desta forma, tem-se postulado que a IE
apresentaria validade preditiva para uma série de comportamentos organizacionais,
em um nível superior ao da inteligência (Cooper & Sawaf, 1997). Em 1995 e 1998,
Goleman afirmou que a IE seria capaz de predizer o sucesso na vida e no trabalho.
Embora tais afirmações careçam de bases científicas, seria pertinente reconhecer a
IE como um preditor adicional do sucesso organizacional, porque ela influenciaria a
habilidade das pessoas em lidar de forma efetiva e adaptada nas situações que
envolvessem pressões e demandas ambientais. Similarmente, Salovey et al. (2000)
argumentaram que pessoas inteligentes emocionalmente deveriam ser mais bem
sucedidas ao responder a situações estressantes, porque elas seriam mais capazes
de avaliar as suas emoções e, portanto, regulá-las. Além disso, a capacidade de
compreender as pessoas constituiria um aspecto importante de qualquer
gerenciamento efetivo (Goleman, 1996, 1998). Embora o gerenciamento de pessoas
envolvesse capacidades técnicas, ele envolveria também as emocionais; e a posse
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de ambas habilidades poderia fornecer informações relevantes para otimizar a
execução dos trabalhos organizacionais (Matthews et al., 2002).
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predição da IE, além de mais estudos que estabeleçam a validade deste tipo de
inteligência, de modo mais consistente. Acima de tudo, é necessário pontuar que há
pouca evidência capaz de sustentar as afirmações acima realizadas. Estes achados
devem ser considerados como resultados iniciais de um campo promissor em
expansão.
APRENDA MAIS:
• OS PRINCIPAIS ENSINAMENTOS DE
DANIEL GOLEMAN - INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=vFq9n7xZadI
• INTELIGÊNCIA EMOCIONAL DO
EMPREENDEDOR
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=B_s2_Bdi8XA
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Como efeito disso, escalas de auto relato têm apresentado maior validade
preditiva do que testes de desempenho (ver Bar-On, 1997). Contudo, está validade
é, sobretudo, consequência das sobreposições excessivas destas escalas com
construtos existentes. Conforme ressaltaram Petrides e Furnham (2001), a distinção
daquilo que é considerado unicamente IE dos traços de personalidade é um aspecto
crucial para progressos futuros. Segundo apontaram Matthews et al. (2002), a
ausência de clareza conceitual nas definições de IE, pode significar que diferentes
concepções da IE podem, na realidade, estar produzindo qualidades psicológicas
distintas.
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sua validade preditiva, até que possam constituir medidas legitimas da IE. Embora a
IE (medida por testes de desempenho) correlacione-se em algum nível com testes
que medem habilidades verbais, ela apresenta apenas uma modesta correlação com
medidas de personalidade dos CGF, por exemplo (Salovey & Grewal, 2005). Em um
estudo conduzido por Brackett e Mayer (2003), o MSCEIT foi o teste de IE que mais
se distinguiu de escalas de Bem-Estar e dos CGF, enquanto que as escalas de auto
relato utilizadas na pesquisa se correlacionaram mais fortemente com estes testes,
apresentando sobreposições substanciais com estes construtos. Isso também
explica, como já fora mencionado, o fato de auto relatos e testes de IE baseados em
desempenho apresentarem fracas correlações. Estes padrões de resultado
evidenciam que o sistema criado por Mayer, Caruso, et al. (2000) representa o
modelo corrente mais satisfatório, porque o MSCEIT constitui um teste designado a
medir a IE como um conjunto de habilidades e competências, e não por meio de
dimensões da personalidade.
Mesmo que tenham sido feitas promessas acerca das contribuições práticas
da IE em diferentes contextos, é necessário assumir que apenas nos encontramos
num estágio inicial da pesquisa, e não há evidências plausíveis capazes de justificar
o uso de testes de IE em larga escala nos mais diversos contextos. Pouco se sabe
sobre a validade preditiva do MSCEIT e de outras medidas de desempenho. Por
outro lado, conforme salientaram Matthews et al. (2002), o modelo de Mayer,
Salovey e colegas merece ser aplaudido, na medida em que têm sido feitas
iniciativas sofisticadas para definir e medir o que se entende por emocionalmente
inteligente. Como destacaram, a inteligência tem sido estudada por mais de um
século, o tempo suficiente para que possa ter sido acumulado um corpo científico
sólido, capaz de compreender melhor a sua estrutura, processos, e mecanismos.
Não deve se estranhar, que exatamente as questões específicas levantadas hoje na
pesquisa em IE, constituiriam os aspectos por muito tempo discutidos e investigados
na pesquisa em inteligência.
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capacidade de sentir e pensar de forma integrada de modo a utilizar estas
informações para criação de comportamentos estratégicos e resolução de
problemas.
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REFERÊNCIAS
DANTAS, Marilda Aparecida; Porto Noronha, Ana Paula Inteligência Emocional: Parâmetros
Psicométricos de Um Instrumento de Medida Estudos e Pesquisas em Psicologia, vol. 5, núm. 1,
enero-junio, 2005, pp. 59-72 Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Brasil.
Acessado em: 24/08/2020. Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=45184 4609005>.
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aplicações e controvérsias. Psicol. Reflex. Crit. vol.22 no.1 Porto Alegre 2009. Acessado em:
24/08/2020. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
79722009000100002&lng=pt&nrm=iso>.
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