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Estudo

Bem-Vindo Contemporâneo
e Transversal -
Inteligência
Emocional
PROFESSORES
Esp. Kelly Luana Molinari
Me. Kelvin Custodio Maciel
EXPEDIENTE

FICHA CATALOGRÁFICA

U58 Universidade Cesumar - UniCesumar.

Estudo Contemporâneo e Transversal - Inteligência


Emocional / Kelly Luana Molinari ; Kelvin Custodio
Maciel. - Indaial, SC: Arqué, 2023.
32 p. : il.

ISBN digital 978-65-5466-037-2

“Graduação - EaD”.
1. Estudo 2. Contemporâneo 3. Transversal. 4.
Inteligência 5. Emocional. Título.

CDD - 152.4

Núcleo de Educação a Distância.

Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.

Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Impresso por:
RECURSOS DE
IMERSÃO
PENSANDO JUNTOS

Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e trans-


formar. Aproveite este momento.

EXPLORANDO IDEIAS

Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e


palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva.

NOVAS DESCOBERTAS

Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram


a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnolo-
gia a seu favor.

AGORA É COM VOCÊ

Neste elemento, você encontrará diversas informações que serão apre-


sentadas na forma de infográficos, esquemas e fluxogramas os quais te
ajudarão no entendimento do conteúdo de forma rápida e clara

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de QR-CODE de sua escolha e tenha acesso aos conteúdos on-line.
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM

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A CONCEPÇÃO COMO AUMENTAR A
DE INTELIGÊNCIA SUA COMPETÊNCIA
EMOCIONAL SOB
EMOCIONAL
A PERSPECTIVA
DE DIFERENTES
ABORDAGENS

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AUTOCONSCIÊNCIA DESENVOLVIMENTO
EMOCIONAL E GESTÃO DA COMPETÊNCIA
DAS EMOÇÕES: SOCIAL
COMPETÊNCIAS
PESSOAIS
UNIDADE 1

MINHAS METAS
• Entender o que é inteligência emocional.

• Aprender o que é competência emocional e como é possí-


vel medir.

• Desenvolver e/ou aprimorar a competência emocional


a qual tem forte influência para o seu sucesso pessoal e
profissional.

Olá, acadêmico(a)!
Seja bem-vindo à disciplina Inteligência Emocional. Nela abordaremos di-
versos assuntos interessantes que lhe proporcionarão mais conhecimentos sobre
emoções e a gestão delas. Temos certeza de que este tema será de grande valia para
sua vida. Vamos lá!
Para iniciar nossa caminhada na busca para entender as
emoções e desenvolver competência emocional, indicamos
que assista ao vídeo a seguir e tenha uma prévia do que vem
de aprendizado.

A CONCEPÇÃO DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SOB A


PERSPECTIVA DE DIFERENTES ABORDAGENS


A expressão “Inteligência Emocional” foi se tornando amplamente
conhecida em virtude dos estudos do professor da Universidade
de Harvard, Daniel Goleman. Em 1995, Goleman publicou o livro
intitulado “Inteligência Emocional”. Contudo, ele não foi o pioneiro
a pesquisar essa temática, já que os psicólogos americanos Peter
Salovey e John Mayer foram os primeiros a explicar esse conceito
(COBÊRO, 2003, p. 95).

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UNIDADE 1

Figura 1 – Daniel Goleman


Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Daniel_Goleman.jpg. Acesso em: 6 dez. 2022.

Figura 2 – John Mayer


Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/John_D._Mayer#/media/Archivo:John_D._Mayer.jpg.
Acesso em: 6 dez. 2022.

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UNIDADE 1

Figura 3 – Peter Salovey


Fonte: Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:SaloveyCrop.jpg Acesso em: 6 dez. 2022.

É válido lembrar que, em 1990, na primeira vez que utilizaram o termo “Inteli-
gência Emocional”, Peter Salovey e John Mayer estavam partindo dos estudos do
psicólogo Howard Gardner acerca das “Inteligências Múltiplas”, com o intuito de
questionar a supremacia da inteligência cognitiva nas pesquisas sobre inteligência
(ALMEIDA; SOBRAL, 2005).

EXPLORANDO IDEIAS

O que significa supremacia da inteligência cognitiva? Até então, a quantidade massiva de


pesquisas que diziam respeito à inteligência era aquela que se concentrava nas esferas
intelectuais, que envolvia lógica, razão, habilidades de memorizar e analisar proposições,
características que se destacam na escola, relacionadas à apropriação dos conteúdos que
eram abordados no ambiente.

Agüera (2008), por sua vez, atribui a criação do termo “Inteligência Emocional”
ao psicólogo israelita Reuvem Baron, em 1985, que também foi o pesquisador
que criou a denominação “quociente emocional”.
Segundo Woyciekoski e Hutz (2009), a inteligência emocional explicita um
convite à reflexão sobre os conceitos tradicionais de inteligência, passando a agre-
gar à inteligência dimensões emocionais e sentimentais. Conforme Almeida e

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UNIDADE 1

Sobral (2005), tão logo a expressão inteligência emocional tenha sido cunhada,
já foi embebida com os sentidos de perceber, compreender e regular as próprias
emoções. Em linhas gerais, a inteligência emocional se refere à consonância entre
a razão e a emoção. Trata-se, assim, de manejar as emoções de modo inteligente.
Já para Agüera (2008), a inteligência emocional equivale à capacidade hu-
mana de fazer a gestão das emoções, isto é, adaptar-se às circunstâncias que
emergem no dia a dia. Por conseguinte, facilmente pode-se supor os motivos
pelos quais tantas pessoas têm procurado saber mais sobre esse assunto.

NOVAS DESCOBERTAS

Para que você possa compreender melhor o que é inteligência


emocional e como esse campo da ciência pode beneficiar sua relação
interpessoal e/ou consigo mesmo, assista ao vídeo INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL: o que é, benefícios e como desenvolver Daniel
Goleman. Aproveite!

Santos, Almeida e Lemos (1999) esclarecem que está cada vez mais evidente que
a inteligência não é uma habilidade de teor exclusivamente cognitivo, isto é, inte-
lectual/mental. Não basta se destacar em habilidades e competências intelectuais
e não conseguir controlar as próprias emoções. Seguindo essa linha de raciocínio,
Roberts, Flores-Mendoza e Nascimento (2002) acrescentam que a inteligência emo-
cional de uma pessoa possibilita que se anteveja seu futuro desempenho profis-
sional. Por isso, as empresas têm procurado analisar as habilidades cognitivas,
comportamentais e emocionais, antes de efetuar a contratação de profissionais.
Para Santos, Almeida e Lemos (1999, p. 401), “[...] ser emocionalmente inteli-
gente está se tornando requisito imprescindível para todo profissional”, principal-
mente porque o mercado de trabalho tem-se mostrado cada vez mais competitivo,
na medida em que passa a ser mediado por dispositivos tecnológicos e apresenta
baixos níveis de emprego, aumentando assim a concorrência e a disputa por uma
vaga de trabalho entre os desempregados. Portanto, as pessoas que têm investido no
desenvolvimento de sua inteligência emocional estão apresentando um diferencial,
potencializando sua empregabilidade. Ainda de acordo com os mesmos autores
citados anteriormente:

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UNIDADE 1


[...] não existe mais espaço para o profissional que não consegue de-
senvolver habilidades de compreender como se efetuam os mecanis-
mos de manejo relacionados ao controle, estabilização e utilização
das emoções (SANTOS; ALMEIDA; LEMOS, 1999, p. 403).

Além de ampliarem as chances no mercado de trabalho, as pessoas que são mais


hábeis no comando das próprias emoções provavelmente desfrutam de melhor qua-
lidade de vida (ROBERTS; FLORES-MENDOZA; NASCIMENTO, 2002). Por quê?
Porque ter capacidade para coordenar o que pensam e o que sentem, provavel-
mente lhes dará possibilidades mais eficazes de:
■ Ter um melhor relacionamento consigo mesmo.
■ Enfrentar circunstâncias adversas.
■ Conquistar seus objetivos.
■ Lutar por seus sonhos.
■ Portar-se diante dos relacionamentos interpessoais, envolvendo família,
amigos etc.
■ Conduzir adequadamente uma negociação quando forem comprar ou
vender algo.

Talvez seja mais fácil entender que o desenvolvimento da inteligência emocio-


nal possibilita que uma pessoa seja “bem resolvida” consigo mesmo. Mas será
que esse atributo poderia interferir nos relacionamentos com outras pessoas?
“Acredita-se que ela (Inteligência Emocional) esteja associada à capacidade das
pessoas de perceber e gerenciar suas próprias emoções assim como perceber
e, porque não, conduzir as dos outros” (ROBERTS; FLORES-MENDOZA;
NASCIMENTO, 2002, p. 89).
Caso você discorde que a inteligência emocional dá o poder de “conduzir as
emoções de outrem”, ao menos, faça o exercício de imaginar uma situação tensa
entre duas pessoas. Pode ser no contexto jurídico, por exemplo, dois advogados
oponentes em uma audiência. Se aquele que dispõe de uma inteligência emo-
cional mais desenvolvida não puder interferir diretamente nas emoções do outro
advogado, ao menos terá uma suposta vantagem por conseguir manter-se calmo,
concentrado na ocasião, assumindo uma postura mais profissional. O advogado
opositor, por sua vez, poderá perder a assertividade, entregar-se por completo
às emoções e perder o controle no tribunal.

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UNIDADE 1

É possível que você esteja pensando que desenvolver a inteligência emocional


lhe dará garantias de sucesso na vida pessoal, familiar, profissional etc. No entanto,
é necessário clarificar que a inteligência emocional pressupõe um construto psico-
lógico que surgiu há pouco tempo, além de apresentar um campo conceitual com-
plexo, se considerarmos o estilo e material de seu conteúdo. Consequentemente,
tem demonstrado dificuldades metodológicas (WOYCIEKOSKI; HUTZ, 2009).
Por essas e outras, a inteligência emocional vem sendo discutida em inúme-
ros países, enquanto que diversas áreas do conhecimento têm contribuído nos
estudos sobre ela. Desse modo, a inteligência emocional já pode ser caracterizada
como uma temática de interesse multidisciplinar, já que áreas como Psicologia,
a Sociologia, a Comunicação Social, a Administração, a Medicina, a Biologia e a
Educação estão se debruçando sobre o assunto (GONZAGA; MONTEIRO, 2011).
Tanto as investigações quanto os debates em torno da inteligência emocional
ainda estão em estágio inicial, portanto, há impasses conceituais, além dos meto-
dológicos, cujas medidas necessitam ser aprimoradas. Por exemplo:

A inteligência emocional diz respeito a um tipo específico de inteligência,


ou seria mais adequado enquadrá-la no campo da personalidade? É
possível medir, mensurar o grau de inteligência emocional de cada
pessoa? (ROBERTS; FLORESMENDOZA; NASCIMENTO, 2002).

Essas são apenas algumas perguntas que permanecem sem respostas conclusivas
sobre essa temática, e alguns questionamentos que dividem opiniões entre os pes-
quisadores. Mas não é por ser um conhecimento que está em fase de construção (se
é que algum conhecimento pode ser completamente concluído) que deve ser des-
prezado. Assim, agora que você já tem uma noção do que a inteligência emocional
abrange e de como anda o desenvolvimento de suas pesquisas, vamos aprofundar
mais esse conceito?

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UNIDADE 1


A inteligência emocional (IE) constitui um campo de estudo que
reúne pesquisas extensivas sobre a inter-relação entre pensamen-
tos, sentimentos e habilidades. Sobretudo, investigam-se as rea-
ções e interpretações emocionais de sujeitos, bem como a função
das emoções no comportamento inteligente. A consideração das
interações entre cognição e emoção poderia resultar no reconhe-
cimento da capacidade do homem em lidar com suas emoções de
forma inteligente e compatível com seus mais caros objetivos de vida
(WOYCIEKOSKI; HUTZ, 2010, p. 152).

Essa citação parece se articular aos tópicos que foram listados nos parágrafos
anteriores, sobre a forma de lidar com os relacionamentos, sonhos, situações
funestas etc. Assim, passa-se a fortificar a ideia de que o ser humano tem virtudes
que lhe permite direcionar seu estado emocional de modo perspicaz, em sintonia
com seus propósitos de vida. Acadêmico, essas frases disparam algum gatilho de
memória de cunho religioso em você? Parecem assemelhar-se às ideias contidas
nos versículos bíblicos que seguem?


“Melhor é o homem paciente do que o guerreiro, mais vale
controlar o seu espírito do que conquistar uma cidade”. Pro-
vérbios 16:32


“Como a cidade com seus muros derrubados, assim é quem
não sabe dominar-se”. Provérbios 25:28


“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilida-
de, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas
coisas não há lei”. Gálatas 5:22-23 (BÍBLIA ON, 2019, s.p.).

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UNIDADE 1

Talvez as frases que você tem lido nesse livro estão lhe fazendo recordar das
“filosofias” orientais que enfatizam o aniquilamento da ira. Na concepção de
Agüera (2008), a ideia de não se deixar apoderar-se pelas paixões remonta à
Idade Antiga, sendo Platão, um filósofo que a defendia. Na filosofia platônica,
as paixões e sensações pertencem ao mundo das ilusões e das ideias imperfei-
tas. Para o pensador, não devemos nos conduzir pelas paixões, pois as paixões
são efêmeras e passageiras.

Figura 4 – Platão
Fonte: http://bit.ly/38DX5W5>.
Acesso em: 15 nov. 2019.

Porventura, você que conhece


um pouco sobre abordagens
relacionadas à Psicologia, está
se perguntando se a contenção
das emoções pode causar da-
nos psicológicos à pessoa que
tem buscado frear as emoções
que julga nocivas para ela. Va-
mos então para os seguintes
questionamentos:

O que acontece com as pessoas que soltam totalmente os freios e


lançam-se por inteiro aos impulsos emocionais? Será que elas correm
riscos de desenvolver psicopatologias? E o que dizer das perdas (que
poderiam ser evitadas) que elas podem sofrer em seu cotidiano?

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UNIDADE 1

Só para constar, o desregramento emocional pode acarretar:


■ Término de relacionamentos amorosos/familiares/profissionais/amigáveis.
■ Diversos prejuízos financeiros (dívidas, compras ou vendas das quais
depois se arrepende).
■ O contágio de doenças (DST, por exemplo).
■ O surgimento de doenças que não são contagiosas (o descontrole sobre o
apetite pode desencadear a obesidade, por exemplo).
■ Desistência de sonhos ou de objetivos (como os estudos, uma viagem que
se almeja, aquisições, hobbies).
■ Dificuldades para conseguir se inserir no ambiente de trabalho ou
manter-se nele.

Na Psicologia e em muitas de suas áreas afins, raramente pode-se dar garantias


tangíveis, por envolver assuntos subjetivos (influenciados por incontáveis fatores
e nem sempre plenamente previsíveis). De qualquer modo, Agüera (2008) argu-
menta que a inteligência emocional pode interferir na saúde e na qualidade das
relações que a pessoa estabelece com outrem.
Segundo Miguel, Zuanazzi e Villemor-Amaral (2017, p. 1853): “Inteligência
emocional diz respeito à capacidade de perceber e compreender adequadamente
as emoções e gerenciá-las de maneira adaptativa e construtiva”.

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UNIDADE 1

Você já deve ter notado que as palavras “perceber”, “compreender”, “gerenciar”,


“adaptar”, associadas à palavra “emoções”, frequentemente fazem parte dos con-
ceitos de inteligência emocional. Já a palavra “construtiva” não havia aparecido
nos conceitos que foram apresentados nas páginas anteriores. “Construtiva” foi
um vocábulo acertadamente utilizado por Miguel, Zuanazzi e Villemor-Amaral
(2017), pois seus significados envolvem algo positivo, edificante, instrutivo, no
sentido de levantar, crescer, valorizar. Para Dantas e Noronha (2006, p. 59), a inteli-
gência emocional se refere à “capacidade de perceber, entender e usar precisamente
as emoções em si e em relação aos outros, bem como ge- renciá-las para facilitar
os processos cognitivos e promover o crescimento pessoal e intelectual”. Nessa
conceituação, fica evidente que é possível gerir as emoções em prol dos processos
intelectuais, visando a um progresso ou elevação inclusive na dimensão pessoal.
Talvez você esteja se fazendo uma dessas perguntas:

Mas um dos motivos que estimularam as primeiras pesquisas sobre


inteligência emocional não foi justamente romper com a hegemonia da
intelectualidade que repousava sobre o termo inteligência?

E, agora, vemos uma pesquisa de 2006 afirmando que a inteligência


emocional pode contribuir para o desenvolvimento intelectual de uma
pessoa. Não parece contraditório?

O que ocorre é que até a década de 1990 os pesquisadores pareciam considerar


“mais inteligentes” aquelas pessoas que apresentavam os melhores resultados
nos testes de QI, que se destacavam no desempenho acadêmico, que “sabiam”
mais sobre conteúdos, geralmente vistos na escola. Não importava se essas
pessoas soubessem gerir as próprias emoções ou não. O que a pesquisa de
Dantas e Noronha (2006) sugere é que a inteligência global das pessoas pode
resultar da junção de dimensões cognitivas, intelectuais e emocionais, e que
essa somatória pode contribuir para o desenvolvimento intelectual da pessoa
(entre outros desenvolvimentos).

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UNIDADE 1

Caso isso ainda não tenha ficado compreensível para você, aproveite a opor-
tunidade para desenvolver sua paciência. Mas fique tranquilo, nos próximos pa-
rágrafos, as ideias que permeiam o assunto poderão ficar mais claras. Enquanto
você procura assimilar essas novas informações e compreendê-las, já consegue
presumir o que é a competência emocional?
Antes de entregar esse novo conceito para você, segue um trecho da pesquisa
feita por Ferreira et al. (2018, p. 22) acerca da prevenção do abandono dos estu-
dos por parte de estudantes da educação em nível superior:


No que se refere aos resultados da relação entre o abandono escolar
com as variáveis sociodemográficas e com as competências emocio-
nais, verificou-se que a perceção emocional estabelece uma relação
direta com a dimensão organizacional, sugerindo que quanto mais
perceção emocional os estudantes têm, menos percepcionam a di-
mensão organizacional como fator de abandono escolar.

A expressão emocional estabelece uma relação direta com a dimen-


são gestão de vida, sugerindo que quanto mais expressão emocio-
nal os estudantes têm, menos percecionam a dimensão gestão de
vida como fator de abandono escolar, enquanto o sexo estabelece
uma relação inversa, indicando que, independentemente do sexo,
os estudantes mais perceção têm da dimensão gestão de vida como
potencial fator de abandono escolar.

A expressão emocional também estabelece uma relação inversa com a dimen-


são relacional, sugerindo que quanto menos expressão emocional os estudantes
têm, maior é perceção da dimensão relacional como fator de abandono escolar,
enquanto a capacidade de lidar com a emoção estabelece uma relação direta, indi-
cando que quanto menos capacidade de lidar com a vida têm os estudantes mais
percepção têm da dimensão relacional como latente fator de abandono escolar.
O sexo estabelece uma relação inversa com a dimensão profissão/carreira e com
o abandono escolar global, sugerindo que, independentemente do sexo, maior
é perceção da dimensão profissão/carreira como fator de abandono escolar e do
abandono escolar na sua globalidade.

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UNIDADE 1

PENSANDO JUNTOS

A palavra “perceção” existe! Ela é mais utilizada em Portugal, onde se encontrava boa par-
te dos pesquisadores durante a realização da pesquisa que acabou de ser mencionada. O
significado da palavra é muito parecido com o da palavra “percepção”.

Com base nesse trecho da pesquisa, sobre o abandono dos estudos, você já se aventu-
ra a rascunhar um conceito de “competência emocional”? Conforme Agüera (2008),
a competência emocional consiste nas habilidades de:
■ Monitorar e refrear os impulsos emocionais.
■ Desvencilhar-se de estados de ânimo desfavoráveis.
■ Entender que para obter grandes gratificações geralmente é necessário
abrir mão de pequenas gratificações, ou, no mínimo, deixá-las para depois.

Essas habilidades parecem se articular harmoniosamente com as palavras de


Primi, Bueno e Muniz (2006, p. 29):


A emoção, como facilitadora do ato de pensar, diz respeito à in-
fluência que as emoções têm nos processos cognitivos, e, ao mesmo
tempo, à eficácia com que a pessoa compreende e utiliza a infor-
mação desse sistema de alerta que dirige a atenção e o pensamento
para as informações (internas ou externas) mais importantes no
processo de solução de problemas.

Para que isso fique mais perceptível, convidamos você a refletir sobre suas ati-
tudes, agora que está ocupando o papel de universitário. Você sente vontade de
estudar o tempo todo? Você se sente empolgado todos os dias para ler ou fazer as
atividades de estudo? Você sempre se sente com energia suficiente para continuar
concentrado por horas em seus estudos? Ou, às vezes, você sente vontade de
trocar as leituras, atividades acadêmicas por atividades de lazer?
Sejamos francos! Cursar uma graduação requer muitos esforços. Uma pessoa
que sempre e prontamente cede aos impulsos emocionais de largar os livros para
dormir, para passear ou para ficar navegando nas redes sociais, tem menor chance
de concluir os estudos universitários, simplesmente porque ela provavelmente de-

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UNIDADE 1

sistirá deles ou acabará reprovando em várias disciplinas. Então, ser universitário


exige uma coibição de impulsos emocionais dia após dia.
Enquanto cursamos a faculdade, nossa vida continua paralelamente, e assim
como com todas as pessoas, surgem problemas vez ou outra. Aparecem situações
adversas, queiramos ou não. Se nos deixarmos abater por elas, e passarmos longos
períodos entristecidos, irritados, irados, desanimados, também corremos grande
risco de sairmos da instituição de Ensino Superior antes de concluirmos o
curso. Já que estamos aprendendo sobre inteligência emocional, lembre-se de que
você precisará conseguir sair, libertar-se de estados emocionais negativos para
conseguir se concentrar nos estudos. Não significa fingir que nada está aconte-
cendo. Significa ser resiliente e dar continuidade aos seus projetos de vida, ainda
que em meio aos problemas.

Figura 5 – Resiliência
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/resilience-method-text-keywords-isolated-
on-1550976113. Acesso em: 7 dez. 2022.

Características essenciais para o mercado de trabalho voltados à resiliência.


E as gratificações? Só quem conclui um curso superior pode dizer quantas
festas, viagens, jantares, almoços, precisou deixar de frequentar para ficar estu-

17
UNIDADE 1

dando – ou para economizar dinheiro para pagar as mensalidades da faculdade.


Quantas horas de sono foram perdidas? E o distanciamento de seus hobbys? De
um jeito ou de outro, é necessário abrir concessões para seguir a vida acadêmi-
ca. Quem não consegue trocar os prazeres imediatos vindos dessas ou outras
situações, pela gratificação da obtenção de conhecimento, da conquista de um
novo diploma, também pode ter maiores dificuldades de prosseguir nos estudos.
Ficou claro, agora, por que Dantas e Noronha (2006) afirmam que a inteligên-
cia emocional pode ser proveitosa para o crescimento pessoal ou intelectual de
uma pessoa? Quem sabe, nessas alturas das suas leituras e reflexões, você esteja
se perguntando se é possível desenvolver a própria inteligência emocional, ou se
é algo que já está determinado geneticamente. A pesquisa realizada por Bueno e
Primi (2003) lhes permitiu constatar que sujeitos na fase adulta deram maiores
demonstrações de inteligência emocional do que os adolescentes. Isso parece
sinalizar que, com o transcorrer dos anos de vida e das experiências que cada um
vai vivenciando, a inteligência emocional vai sendo enriquecida.

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UNIDADE 1

COMO AUMENTAR A SUA COMPETÊNCIA


EMOCIONAL

Agüera (2008) alega que por meio da reflexão íntima e interior, costumeiramente
chamada de introspecção e da prática, ou seja, do aprendizado, treino, exercício, a
inteligência emocional pode ser aperfeiçoada, otimizada.
Diante dessa afirmação, não seria espantoso se uma pergunta que passasse a
pulsar em meio aos seus pensamentos, nesse momento fosse: “como eu posso
desenvolver a minha inteligência emocional? Ou: “o que eu tenho que fa-
zer para melhorar competência emocional?” Que tal algumas respostas? O
primeiro passo é ler e ponderar sobre o quadro que segue:

Como aumentar a sua competência emocional?

Produza, suscite motivação para si.

Se você se deparar com fracassos, não aceite ficar triste, acabrunhado por
muito tempo. Levante-se. Persevere. Siga adiante.

Comande seus impulsos em vez de permitir que eles comandem você.

Policie e contenha seus estados de ânimo.

Se esforce para ter compreensão com os outros. Faça o exercício de tentar


olhar para as circunstâncias a partir do ponto de vista deles.

Viva de modo que suas ações demonstrem segurança, credibilidade, confiabi-


lidade.

Tente transformar positivamente o ambiente em que está.

Comporte-se de modo gentil, cortês e benevolente.

Quadro 1 – Para desenvolver a competência emocional / Fonte: Adaptado de Agüera (2008).

Você percebeu que habilidades como autocontrole, entusiasmo,


automotivação, expressão e empatia entremeiam essas orientações?
Você observou no quadro que acabou de ser exposto que algumas das
frases dizem mais a respeito do relacionamento consigo mesmo e outras
frases se referem ao relacionamento com outrem?

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UNIDADE 1

Precisa de algumas dicas para desenvolver a sua abertura para outros pontos de
vista? Agüera (2008) tem algumas delas para você:
■ Seja eclético e flexível.
■ Permita-se considerar atentamente os argumentos das outras pessoas,
até mesmo daquelas que pensam de maneira totalmente diferente da sua.
■ Não é preciso mudar de opinião sempre, mas é benéfico recordar que
grande parte das discordâncias possuem mais dois pontos de vista além
do seu! Ou seja, o de seu interlocutor e de outras pessoas que olhem para
a situação a partir de outro lugar (observam as coisas por um prisma
diferente do seu e do seu interlocutor). Além do mais, quem garante que
você é realmente o detentor da verdade? Assim como o seu interlocutor
pode estar equivocado, você também pode.
■ Cuidado para não cair na armadilha de julgar as circunstâncias de modo
irrefletido, tomado exclusivamente por emoções.
■ Procure não rejeitar com veemência os argumentos dos outros.

Existem maneiras mais socialmente aceitas de ouvir contrapalavras e de


se posicionar diante delas. Tomando esses cuidados, você aumenta as probabi-
lidades de desenvolver a sua empatia! Existem conselhos para melhorar a com-
petência emocional nos dois sentidos, porque elas se dividem em competências
pessoais e sociais, como você poderá conferir a seguir.

AUTOCONSCIÊNCIA EMOCIONAL E GESTÃO DAS


EMOÇÕES: COMPETÊNCIAS PESSOAIS

Acadêmico(a)! Frisamos que desenvolver sua competência emocional é de suma


importância para o seu sucesso pessoal e profissional. Perceba que, atualmente,
temos inúmeros profissionais com muito conhecimento técnico, porém são raros
os que se preocupam em desenvolver sua competência emocional, a fim de se tor-
narem mais seguros e confiantes para entrar em ação e buscarem realizar aquilo
que realmente trará sentido para suas vidas. O desenvolvimento da competência
emocional contribui também para melhorar o nosso relacionamento intrapessoal
e os relacionamentos interpessoais no contexto do trabalho, da família, escola e
demais contextos que convivemos.

20
UNIDADE 1

Figura 6 – Competência Social.

Dito isso, na concepção de Agüera (2008), as competências pessoais definem


a maneira pela qual uma pessoa se conecta com suas emoções e sentimentos in-
dividuais e sobre como ela estabelece relações com o que sente. As competências
pessoais pressupõem a consciência de si, a autorregulação e a motivação, como
você pode visualizar na sequência.

Consciência de si: Engelmann (2002) esclarece que a consciência é a via


pela qual cada um pode tanto sentir-se quanto saber se algo. A consciência
é imprescindível para a construção do conhecimento, para o saber, e é in-
dividual. Isso inclui o sentir e o saber sobre as próprias emoções, estados
de ânimo e sentimentos.

Autorregulação: para Bendassolli et al. (2016, p. 2), a autorregulação é um


“[...] processo psicológico individual que contribui bastante com o desem-
penho profissional, já que influencia e agencia as ações”. A autorregula-
ção inicia com o policiamento das próprias sensações e afetos, bem como
com a análise de ambos. Tendo identificado as emoções, os sentimentos
e os estados de ânimo, a pessoa tem condições de manejá-las em certa
medida, controlando-as de modo a ajustar as próprias atitudes e ações

21
UNIDADE 1

positivamente. Trata-se do autocontrole emocional, que está associado ao


autorreforço e autoeficácia orientados para metas, por exemplo.

Motivação: você já deve ter ouvido alguém dizer que as empresas de-
veriam investir mais na motivação de seus funcionários, ou, que os pro-
fessores deveriam instigar a motivação de seus alunos. Então, será que a
motivação é algo que só vem de fora para dentro? Ou uma pessoa pode ser
capaz de produzir motivação em si?

EXPLORANDO IDEIAS

Quer desenvolver sua consciência de si? Que tal começar literalmente pela escrita de sua pró-
pria história? “O exercício de (re)memoração autobiográfica é desencadeador de um processo
de produção de consciência de si. Escrever sua história de vida é, portanto, o dispositivo que,
ao ser acionado, permite a construção de uma representação de si” (CUNHA, 2016, p. 96).

Há indícios de que é possível gerar uma motivação em si. É o que parece defender
Clement et al. (2014, p. 46) ao propalarem a expressão: “[...] motivação autônoma
(formas autodeterminadas de motivação extrínseca e motivação intrínseca)”. Vale
lembrar que a palavra extrínseca se refere ao que é externo, de fora, enquanto in-
trínseca significa inerente, interno, de dentro.“A motivação intrínseca se caracteriza
pelo interesse e satisfação pela atividade em si, ou seja, o envolvimento é livre e
voluntário e não necessita de recompensas ou punições” (CLEMENT et al., 2014,
p. 46). Dito em outras palavras, a motivação abrange inclinações, predisposições
internas que favorecem que objetivos sejam atingidos.

NOVAS DESCOBERTAS

Você sabia que a palavra autorregulação tem sido muito associada


com a aprendizagem atualmente? Indicamos ler o artigo Atividades de
Ensino que desenvolvem a Autorregulação da Aprendizagem, publica-
do em 2018 por Basso e Abrahão. Aproveite a leitura!

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UNIDADE 1

Figura 7 – Motivação

Portanto, ao analisarmos
as correlações entre essas
três características que, para
Agüera (2008), compõem o
substrato das competências
pessoais da inteligência emo-
cional, podemos inferir que o
autoconhecimento, a per-
cepção e o entendimento das
próprias emoções, ânimos e
ponderações são qualidades
que definem as pessoas que
possuem a intrínseca inteli-
gência emocional.

No entanto, é válido lembrar que não é possível dominar completamente as


emoções, desde o surgimento até o seu desfecho. Até porque, quando somos re-
pentinamente afetados por uma emoção, não conseguimos antever o que pode
acontecer, reduzindo assim nosso poderio sobre ela. Algumas emoções nos aco-
metem de modo totalmente inesperado (AGÜERA, 2008).

Por que, às vezes, nos sentimos surpreendidos por emoções e ficamos


sem saber como reagir, ou agimos impensadamente em resposta a elas?


O sistema límbico assume o controle antes que a parte do cérebro
pensante (neocórtex) tenha tomado consciência de nossa emoção
(sentimento) e tenha elaborado uma decisão. O sistema emocio-
nal “decide” uma atuação com base nas lembranças e impressões
guardadas em nossas memórias emocionais, antes que chegue à
consciência do neocórtex de que emoção se trata e que ação estamos
tomando (AGÜERA, 2008, p. 97).

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UNIDADE 1

PENSANDO JUNTOS

O que é o sistema límbico? Conjunto de estruturas cerebrais cujas bases neurais estão
associadas às emoções (ESPERIDIÃO-ANTONIO et al., 2008).

Figura 8 – Sistema Límbico


Fonte: https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/10/sistema-limbico-450x340.jpg.
Acesso em: 15 jan. 2019.

O que é o neocórtex? São as regiões cerebrais responsáveis pela coordenação de


distintas informações obtidas pelas vias sensitivas e sensoriais do corpo humano.
Pode-se dizer que é o núcleo do planejamento de ações, abrangendo também a
organização e administração até das ações desencadeadas pelas emoções (RIBAS,
2007). Por isso, algumas vezes somos precipitados, impulsivos, agimos impon-
deradamente, porque o comportamento se desdobra antes que dê tempo para a
reflexão, a análise dos fatos, a ponderação.

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UNIDADE 1

NOVAS DESCOBERTAS

Para exemplificar uma situação em que o comportamento antecede


o pensamento, sugerimos a apreciação da música “Refrão de Bolero”,
do grupo Engenheiros do Hawaii. Chamamos aqui a atenção para o
trecho:
[...] Mas eu falei sem pensar
Coração na mão
Como um refrão de um bolero
Eu fui sincero como não se pode ser [...]

Falar sem pensar, ser sincero além do que deveria revela uma situação em que a
pessoa não refletiu antes de agir, e acabou “metendo os pés pelas mãos”. Segundo
Primi, Bueno e Muniz (2006), o processo decisório, isto é, as tomadas de decisão po-
dem ser beneficiadas, incrementadas quando a pessoa desenvolve sua capacidade
de gerar sentimentos em si mesma. Assim, a pessoa pode avaliar as circunstâncias,
treinando a si própria para gerar suas emoções, examiná-las sensatamente, senti-las
de modo conveniente e manuseá-las positivamente antes de definir sua escolha.
Ainda assim, Agüera (2008) defende que prontamente podemos controlar
a durabilidade da emoção, ou seja, pelo menos é possível reger, sem demora, o
espaço de tempo que a emoção ocupará. A capacidade de comedir a extensão da
emoção é fundamental para que ela não se apodere inteiramente do nosso estado
de ânimo ou para que ela não perdure mais tempo do que o inevitável. Assim,
podemos reagir de forma mais apropriada perante os dilemas e percalços da vida.

25
UNIDADE 1

Como você pode imaginar, existem pessoas que não conseguem ajustar ade-
quadamente as suas emoções, permitindo serem o tempo todo sugestionáveis
pelo que sentem. Entregam-se globalmente às emoções e, assim, correm riscos
de, paulatinamente, serem desmantelados por elas, ou, minimamente danifica-
dos. Inclusive, seus relacionamentos ficam vulneráveis, prestes a ruir. Esses são
mais alguns motivos para que tais pessoas procurem psicólogos e/ou médicos
(AGÜERA, 2008). Quando a motivação está muito baixa, as demais habilidades
da inteligência emocional podem ser avariadas, abaladas, deixando de ser de-
monstradas de forma propícia (AGÜERA, 2008).
Antes de avançarmos para a temática das competências sociais, vamos reca-
pitular que o conhecimento emocional inclui algumas capacidades, conforme
Primi, Bueno e Muniz (2006):
■ Identificar as emoções.
■ Indicar as diferenças e gradações entre elas.
■ Compreender sentimentos complexos.
■ Passar de um sentimento para outro.

EXPLORANDO IDEIAS

Você quer mais orientações para desenvolver suas competências pessoais? Aceitar os
próprios erros e procurar o lado positivo das coisas sãos dois principais conselhos deixa-
dos por Agüera (2008). Veja as demais sugestões deixadas pelo mesmo autor:
• Lembre-se de que seus erros podem lhe propiciar aprendizado, depois
de terem sido assimilados por você.
• Todos os seres humanos são suscetíveis a errar, e ter a hombridade para admitir que
um erro foi cometido por você pode, inclusive, elevar o nível de confiança nas pessoas que
convivem ao seu redor.
• Faça o máximo possível para consertar as complicações que seus
erros causaram.
• Focar no lado positivo das coisas pode lhe ajudar a superar os
momentos mais sofríveis.
• Procure ampliar seu campo de visão. Não focalize tanto nos problemas. Olhe para os
lados, em outras direções. Talvez você descubra oportunidades em meio às adversidades.
• Tenha uma atitude positiva, pois pode melhorar o seu entorno e a sua vida como um todo!

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UNIDADE 1

Acadêmico(a)! Frisa-se o que foi abordado até o momento com a perspectiva


do psicólogo Daniel Goleman, pesquisador referência quando nos referimos à
Inteligência Emocional. Goleman defende a concepção que temos “duas mentes”,
ou seja, nosso cérebro é formado por uma parte mais emocional (sistema límbi-
co) e por uma parte mais racional (neocórtex). É primordial frisar, que ambas se
complementam e a harmonia entre essas duas mentes é essencial para um bom
desempenho em nossas vidas.

NOVAS DESCOBERTAS

Inteligência Emocional: a teoria revolucionária


que redefine o que é ser inteligente.
Sobre o livro:
O autor mostra que a consciência das emoções é fator essencial para
o desenvolvimento da inteligência do indivíduo. Ao usar casos cotidianos
como exemplo, nos deixa claro como a incapacidade de lidar com as próprias
emoções pode minar a experiência escolar, acabar com carreiras promisso-
ras e destruir vidas. Aqui Goleman descreve as cinco habilidades-chave da
inteligência emocional e mostra como elas determinam nosso êxito em rela-
cionamentos e/ou trabalho, e até nosso bem-estar físico. Aproveite a leitura!

Nesse sentido, convidamos você a conhecer as aptidões para desenvolver a Inte-


ligência Emocional, que se expandem em cinco domínios principais de acordo
com Goleman (2012):
1. Conhecer as próprias emoções (reconhecer-se): a capacidade de identi-
ficar e controlar os sentimentos quando eles ocorrem é primordial para
o discernimento emocional e para a autocompreensão. Pessoas que são
mais seguras em relação aos seus sentimentos tem maior consciência de
como se sentem ao tomar uma decisão.
2. Lidar com as emoções (confortar-se): é a capacidade de confortar-se e se
livrar da ansiedade, tristeza ou irritabilidade que nos incapacitam frente às
situações. Pessoas que não possuem essa aptidão desenvolvida constante-
mente lutam contra sentimentos de desespero, enquanto as que possuem
recuperam-se rapidamente dos reveses e perturbações da vida.

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UNIDADE 1

3. Motivar-se (autocontrole emocional): é a capacidade de colocar as emoções


em prol de uma meta, é essencial para centrar a atenção, automotivar-
se, controlar-se e elevar a criatividade. Pessoas com essa aptidão entram
em estado de fluxo (flow), desempenham melhor e são mais produtivas e
eficazes em qualquer atividade que exerçam.
4. Reconhecer emoções nos outros (empatia): é a capacidade do não julga-
mento e de compreender melhor as emoções do outro, é a escuta atenta.
Pessoas com essa aptidão estão mais conectadas com os sutis sinais no
mundo externo, que são indicadores do que o outro precisa ou quer.
5. Lidar com relacionamentos (relacionar-se): é a arte de se relacionar, que
está relacionada em grande parte com a aptidão de lidar com as emo-
ções do outro. Pessoas com essa habilidade, acotiado, são estrelas sociais,
conseguem interagir com tranquilidade em qualquer situação.

Na essência, Inteligência Emocional é a autoconsciência de si e a empatia


com o outro.

Nesse contexto, vamos explicitar melhor o que são as emoções. Goleman (2012)
compreende a emoção como um sentimento, que está relacionado a pensamentos
distintos, estados psicológicos e biológicos e uma série de tendências para agir.

NOVAS DESCOBERTAS

Para saber mais sobre as habilidades a serem desenvolvidas na


busca pela Inteligência Emocional, assista ao vídeo apresentado a
seguir por Rodrigo Fonseca, membro da SBie (Sociedade Brasileira
de Inteligência Emocional):

Embora ainda existam discussões, vejamos algumas


emoções consideradas básicas por alguns pesquisadores
e aquelas que correspondem a suas famílias básicas
respectivamente (GOLEMAN, 2012):

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UNIDADE 1

■ Ira: fúria, revolta, ressentimento, raiva, exasperação, indignação, vexame,


acrimônia, animosidade, aborrecimento, irritabilidade, hostilidade e, tal-
vez no extremo, ódio e violência patológicos.
■ Tristeza: sofrimento, mágoa, desânimo, desalento, melancolia, autopieda-
de, solidão, desamparo, desespero, e, quanto patológica, severa depressão.
■ Medo: ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação, consternação,
cautela, escrúpulo, inquietação, pavor, susto, terror e, como psicopato-
logia, fobia e pânico.
■ Prazer: felicidade, alegria, alívio, contentamento, deleite, diversão, orgu-
lho, prazer sensual, emoção, arrebatamento, gratificação, satisfação, bom
humor, euforia, êxtase e, no extremo, mania.
■ Amor: aceitação, amizade, confiança, afinidade, dedicação, adoração,
paixão, ágape.
■ Surpresa: choque, espanto, pasmo, maravilha.
■ Nojo: desprezo, desdém, antipatia, aversão, repugnância, repulsa.
■ Vergonha: culpa, vexame, mágoa, remorso, humilhação, arrependimento,
mortificação e contrição.

NOVAS DESCOBERTAS

Filme: Divertidamente
Sinopse: Riley é uma garota divertida de 11 anos de idade, que deve
enfrentar mudanças importantes em sua vida quando seus pais deci-
dem deixar a sua cidade natal, no estado de Minnesota, para viver em
San Francisco. Dentro do cérebro de Riley, convivem várias emoções
diferentes, como a alegria, o medo, a raiva, o nojinho e a tristeza. A líder de-
les é alegria, que se esforça bastante para fazer com que a vida de Riley seja
sempre feliz. Entretanto, uma confusão na sala de controle faz com que ela e
tristeza sejam expelidas para fora do local. Agora, elas precisam percorrer as
várias ilhas existentes nos pensamentos de Riley para que possam retornar
à sala de controle – e, enquanto isto não acontece, a vida da garota muda
radicalmente.
Comentário: De uma forma divertida e abstrata, esse filme nos coloca em
contato com as emoções/sentimentos, principalmente, aquelas que mais in-
fluenciam nosso desempenho e/ou nossas relações interpessoais no dia a
dia: a alegria e a Ttristeza.

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UNIDADE 1

Ficou claro para você em que consiste a Inteligência Emocional e quais aptidões você
precisa desenvolver para ser competente emocionalmente? Apresento aqui três pon-
tos ssenciais que podem lhe ajudar a desenvolver sua Inteligência emocional:

1. Identificar o sentimento que lhe está afetando, seja profissional ou pes-


soalmente;

2. Tentar entender o porquê deste sentimento;

3. Buscar uma forma de trabalhar com este sentimento.

NOVAS DESCOBERTAS

O que você acha de verificar como está o nível da sua Inteligência Emo-
cional? Disponibilizamos um teste para você responder e descobrir.

DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA SOCIAL

Acadêmico(a)! Partiremos do princípio que somos seres biopsicossociais e o ato


de se relacionar faz parte da evolução da nossa espécie. Para Sigmund Freud,
relacionar-se é da essência do homem, ou seja, essa característica é nata. Nós
sempre buscamos nos vincular com alguém. Para a Psicologia e a Sociologia, que
são as áreas do conhecimento que têm como objeto de estudo o relacionamen-
to interpessoal, este pode ser definido como a ligação, conexão ou vínculo entre
duas ou mais pessoas dentro de um determinado contexto (familiar, escolar, de
trabalho, por exemplo).
Considerando que nossa vida é repleta de relações interpessoais, constan-
temente estamos em interação com o outro nos diversos contextos do nosso
cotidiano e, muitas vezes, dúvidas podem surgir, no modo como iremos nos
comunicar. Por exemplo:

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UNIDADE 1

Como vou agir em determinada situação? Como esperam que eu atue em


situações específicas? Por que as pessoas interpretam de modo errôneo
meus atos e palavras? Como me comunicar de modo assertivo? Como
compreender corretamente o que a outra pessoa está falando?

Dependendo do contexto, em que se desenvolve o processo de interação, as variá-


veis desse relacionamento são diferentes, podendo conter vários níveis e envolver
diferentes sentimentos positivos, como: amor, amizade, solidariedade, entre outros.
Pode ser marcado também por características e situações, como competência,
transações comerciais, inimizade, entre outros. São nesses contextos que conflitos
podem surgir por uma divergência entre dois ou mais indivíduos, o que pode
determinar e alterar o relacionamento.
Por mais que sejamos seres relacionais em nossa essência, a conivência huma-
na apresenta certo grau de complexidade, e para que possamos aprimorar nossos
relacionamentos interpessoais, veremos a seguir algumas habilidades e estratégias
que lhe auxiliarão em seu desenvolvimento interpessoal.
A maneira pela qual uma pessoa se comporta em âmbito social, isto é, quando
seus comportamentos são diretamente direcionados a outrem, é influenciada
por seus pensamentos acerca das interações sociais e pelo seu repertório de ha-
bilidades sociais. Os pensamentos dela acerca dos contatos sociais incluem suas
impressões sobre os acontecimentos sociais em que está inserida (PEREIRA;
DUTRA-THOME; KOLLER, 2016).
Assim, pode-se afirmar que as competências sociais explicitam a maneira
pela qual nos relacionamos com as outras pessoas, competências compostas pela
empatia e pelas habilidades sociais (AGÜERA, 2008).

Empatia: é a capacidade de reparar quais são/perceber como são as emo-


ções, os sentimentos, as necessidades, as apreensões das outras pessoas.
Para desenvolver a empatia é essencial saber ouvir e ter capacidade para
observar outrem atentamente.

Então, é possível captar e concatenar os indícios verbais e não verbais do esta-


do de ânimo alheio. A empatia é imprescindível para formar relacionamentos

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UNIDADE 1

sociais adequados tanto na esfera pessoal (íntima, familiar) quanto na esfera


profissional, acadêmica (SOMBRA NETO et al., 2017). “É a sensibilidade para
detectar os sinais externos que mostram o que os outros querem ou precisam”
(AGÜERA, 2008, p. 97).

EXPLORANDO IDEIAS

Se você chegou à conclusão que necessita se desenvolver em termos de empatia, que


tal iniciar por prestar atenção na vida e no cotidiano de seus familiares ou de pessoas
que são importantes para você? Observe-os. Ouça-os. Mantenha-se concentrado no que
dizem quando falam com você.

Entretanto, a empatia não é suficiente para estabelecer relacionamentos inter-


pessoais saudáveis. Agüera (2008) chama a atenção para o fato de que há pouca
serventia em ter habilidade refinada de compreender as emoções de outrem, se
não souber manobrá-las ou usá-las. Por isso, o segundo fator que compõe as com-
petências sociais são as habilidades sociais:

Habilidades sociais: capacidades melindrosas formadas por vários ele-


mentos e aspectos que permitem ao sujeito a emissão de comportamentos
interpessoais relativos à expressão adequada de sentimentos (SIMÕES;
CASTRO, 2018).

De acordo com Agüera (2008, p. 97), as habilidades sociais representam “[...] as


capacidades para induzir respostas desejáveis nos outros”. As habilidades sociais
revelam a capacidade de relacionar-se bem com as emoções alheias, coerentemen-
te. Englobam ainda a maestria em solucionar conflitos entre pessoas, ter inclina-
ção para confiar nos outros e transmitir confiança a eles.
Para Carneiro et al. (2007), as habilidades sociais abrangem distintos compor-
tamentos sociais realizados para lidar apropriadamente com as situações interpes-
soais. Assim, as habilidades sociais parecem estar relacionadas à autoconfiança,
atitudes/pensamentos positivos acerca das interações sociais, disposição para
apresentar-se a outrem, facilidade para iniciar conversas e sustentá- las, competên-
cias para o diálogo, demonstração de sentimentos, estratégias de enfrentamento,
assertividade e moderação de comportamentos coléricos ou aborrecidos.

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UNIDADE 1

NOVAS DESCOBERTAS

Você sabia que pessoas com um repertório enriquecido de habili-


dades sociais tendem a ser mais saudáveis e a desfrutar de melhor
qualidade de vida quando idosas? Para saber mais sobre o assunto,
indicamos a leitura do artigo intitulado Qualidade de vida, apoio social
e depressão em idosos: relação com habilidades sociais, publicado em
2007, por Carneiro et al.

Além de maiores indicadores de saúde e de melhor qualidade de vida, pessoas


com vasto repertório de habilidades sociais costumam estabelecer relações de
amizade de melhor qualidade (PEREIRA; DUTRA-THOME; KOLLER, 2016).
As habilidades sociais não interferem apenas em relacionamentos entre amigos,
mas também a outros estilos de relacionamentos: “[...] um repertório bem de-
senvolvido em habilidades sociais pode melhorar as relações interpessoais, tendo
como consequência melhor bem-estar psicológico” (QUELUZ et al., 2018, p. 537).
As habilidades sociais consideradas como recursos convenientes utilizados
pelos estudantes afetam positivamente no seu próprio desempenho escolar,
como apontam Fernandes et al. (2018). Pessoas que dispõem de diversificadas

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UNIDADE 1

habilidades sociais ainda são mais propensas a solicitar ajuda quando precisam,
portanto, possuem maiores chances de resolver problemas (PEREIRA; DU-
TRA-THOME; KOLLER, 2016), “[...] além de saber estabelecer boas equipes
de colaboradores para enfrentar questões coletivas” (AGÜERA, 2008, p. 98).
Assim, pode-se afirmar que as habilidades sociais possibilitam vantagens no
que tange ao suporte social.
Queluz et al. (2018) trazem uma informação que pode parecer contraditória.
Alegam que quanto mais desenvolvida for uma pessoa em termos de habilidades
sociais, ela tende a usufruir de maior suporte emocional, bem como de maior
autoestima e de melhor qualidade da relação. Em contrapartida, pode experi-
mentar sobrecarga, níveis mais elevados de estresse além da presença de conflitos.
Você pode levantar hipóteses das causas de mais estresse, conflito e sobrecarga em
pessoas mais hábeis socialmente?
Em geral, pessoas ricas em habilidades sociais possuem empatia, portanto se
importam com os outros e possuem maior propensão a serem sensíveis às emo-
ções deles. Isso faz com que elas fiquem preocupadas com o bem-estar alheio,
contribuindo para a elevação do estresse e para a sobrecarga. Talvez você conheça
alguém que busque resolver os problemas de várias pessoas que o cercam. Isso
pode gerar alto investimento de tempo e de energia na tentativa de ajudar os
outros. Agora, vamos pensar na pessoa que não possui um repertório muito rico
de habilidades sociais. Possivelmente, é uma pessoa que não implica tanto os
problemas alheios, nem se aplica sobremaneira em tentar resolvê-los – por isso,
menos estressada e menos sobrecarregada.
E quanto à presença de conflitos? Dispor de variadas habilidades sociais não
isenta a pessoa de lidar com conflitos. Ela pode ter empatia e facilidades de resol-
ver impasses que emerjam em seu relacionamento com outras pessoas, mas nem
sempre as outras pessoas estão dispostas a solucioná-los. Então, hipoteticamente,
uma pessoa com escasso repertório de habilidades sociais pode simplesmente
afastar-se das pessoas com quem estabelece conflitos. Fugir dos conflitos não é
necessariamente positivo, ou se ela não fugir, tende a não se preocupar muito
com o fato de que sua opinião diverge da opinião de alguém.
Pessoas com mais habilidades sociais dificilmente se satisfarão em sim-
plesmente afastar-se de quem discorda delas. Há uma tendência ao diálogo e à
construção coletiva de novas possibilidades de solução. E enquanto o conflito
continuar, tendem a pensar em maneiras de resolver a situação. Elas se impor-

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UNIDADE 1

tam. É válido destacar que mesmo entre duas pessoas que desenvolveram suas
habilidades sociais, é inevitável o surgimento de conflitos.
Conflitos não podem ser considerados como algo necessariamente negativo!
Barrios (2016) nos lembra de que os conflitos interpessoais são constitutivos da
personalidade, assim, relevantes nos processos de socialização, desenvolvimen-
to e educação moral desde a infância. Por isso, a escola representa um lócus
privilegiado para o desencadeamento de tais experiências que contribuem para
o desenvolvimento psicológico e social, como indicam as palavras de Barrios
(2016, p. 263, tradução nossa): “[...] a perspectiva sociocultural construtivista, que
enfatiza a importância dos conflitos interpessoais no processo de socialização,
desenvolvimento e educação moral da criança, além de ver a escola como um
contexto central para esses processos”. Ser paciente, tolerante, flexível, benevolente
e tratar as pessoas com respeito são ótimas formas de safar-se de conflitos que por
vezes são evitáveis e infrutíferos.

EXPLORANDO IDEIAS

Algo que precisa ficar compreensível, antes que você dê continuidade a sua leitura, é que
a falta de inteligência emocional pode acarretar diversos dispêndios ou malefícios a si
mesmo e/ou aos demais. Começando pelo fato de que pessoas que necessitam desen-
volver sua inteligência emocional com urgência estão fadadas a dilacerar suas relações
pessoais em qualquer uma das esferas (profissional, familiar, social), podendo, ainda, ge-
rar impactos preocupantes na saúde física, enquanto protelam em fazer algo para desen-
volver sua inteligência emocional. Agüera (2008) esclarece que a inteligência intrapessoal
pode auxiliar tanto na escolha por um parceiro (em qualquer esfera), ou na escolha do
ambiente de trabalho, quanto no processo de adaptação a eles.

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UNIDADE 1

Precisando de dicas para agir durante as discussões? De acordo com Agüera


(2008), é ideal, antes de tudo, acalmar-se. Mesmo que seu oponente se mostre
irado ou descontrolado, a melhor coisa que você pode fazer é mostrar-se pacífico e
tranquilo. Não se deixe dominar pelo nervosismo ou pela raiva. O melhor a fazer é
preservar o silêncio até que você e a outra pessoa estejam calmos. Porém, não aja
com desdém, pois isso pode deixar o outro ainda mais furioso. Demonstre prestar
atenção a ele, responda breve e serenamente às perguntas que ele fizer. Você até
pode demonstrar que está descontente, desde que evite o uso de palavras ou ações
agressivas das quais poderá se arrepender posteriormente. Procure lembrar-se
de que a pessoa que está perante você supostamente seja muito mais valiosa para
você do que o ponto de vista que ela está defendendo naquele momento – com o
qual você não necessita consentir. Se for possível adiar a continuação do diálogo
para outro dia, quando ambos estiverem mais serenos, é melhor. Enquanto ainda
estiverem conversando, deixe claro que respeita a opinião que diverge da sua,
ainda que você não concorde com ela.
Você possui dificuldades para apresentar seu ponto de vista com firmeza? Tal-
vez Agüera (2008) possa auxiliá-lo! Concentre-se em falar sobre seu ponto de
vista com honestidade e franqueza. Procure enfraquecer os pensamentos que
lhe fazem sentir com vergonha, com medo ou ridículo, ou inconveniente na hora
em que expor seus argumentos. Lembre-se de que se você não defender seus
interesses, não existem muitas pessoas por aí que se prontificarão a fazer isso por
você. Se você sinceramente acreditar estar certo, não tem por que se calar. Quando
sobrevierem os pensamentos de que procurar apresentar seus interesses não vai
ajudar em nada, lembre-se de que guardá-los para você talvez também não ajude.
Além do mais, defender sua posição pode ser proveitoso, desde que você o faça
de modo assertivo. Cuidado com as mentiras! Geralmente, elas requerem outras
mentiras para se manterem! A verdade pode vir à tona e lhe trazer complicações. O
mais adequado é falar a verdade desde o começo. Assim, você não corre o risco de
ser flagrado mentindo e piorar ainda mais as coisas. Você tem excesso de firmeza
para expor a sua opinião? Ou seja, você se vê instituindo seus pontos de vista, re-
correndo à imposição, coação, força? Agüera (2008) explica que o foco não deveria
ser “vencer” a conversa. Não se trata de uma batalha. É melhor focar em “convencer”
seu interlocutor por meio de argumentos analíticos, até porque impor as coisas
forçosamente podem fazer com que seu interlocutor vire um inimigo, ao passo
que convencer de modo argumentativo, tende a tornar o interlocutor seu aliado.

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UNIDADE 1

E quando você se sente coagido a engolir a opinião de outrem forçosamente?


Agüera (2008) recomenda que você não aceite tal situação silenciosamente. É
mais adequado você respeitar seus pensamentos e suas emoções e não deixar que
outras pessoas mandem deliberadamente neles. Se você não tiver outra solução,
deixe claro que até se dá por vencido, mas que não está persuadido ou convencido
disso. Apenas se dá por vencido para manter a amizade, por exemplo.
Esperamos que a sua leitura até aqui tenha deixado elucidado que inteligência
emocional é o conhecimento processual que permite a alguém:
■ Sondar, discernir, explorar, assumir seus próprios sentimentos e emoções.
■ Averiguar e identificar as emoções e os sentimentos alheios.
■ Regular os níveis de suas próprias emoções.
■ Germinar, produzir motivação em si mesmo para encarar as circunstân-
cias que se descortinam e para fazer as atividades necessárias, mesmo
que existam insatisfações, desilusões, empecilhos, insucessos ou desgotos.
■ Lidar satisfatoriamente com as interações sociais.
■ Lidar devidamente consigo mesmo.
■ Agora que você está ciente da importância do desenvolvimento da inte-
ligência emocional em nossas vidas, recomendamos que utilize sua inte-
ligência emocional e aja em prol do alcance dos seus sonhos.
Sucesso em sua jornada!

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AGÜERA, L. G. Além da inteligência emocional. As cinco dimensões da mente. São Paulo:
Cenage Learning, 2008.

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