Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
02
CONTEXTUALIZANDO
03
TEMA 1 – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E APRENDIZAGEM
O que seria a inteligência? Seria aquele aluno com ótimas notas e todas
as tarefas feitas? Provavelmente esse talvez seja um exemplo de aluno
dedicado e estudioso, no entanto a inteligência vai muito mais além de
habilidades acadêmicas específicas.
Golleman (2011) traz a seguinte definição de inteligência emocional:
“capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de
nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos
relacionamentos”. Segundo a sua abordagem, a inteligência emocional envolve
uma habilidade interna capaz de identificar os próprios sentimentos, bem como
das demais pessoas ao redor. Sendo assim, é condição essencial para o
comportamento social, envolvendo uma gama de repertórios de comportamentos
sociais para a vida familiar, acadêmica e social em geral.
Outro aspecto importante de sua teoria é a importância da motivação.
Entende-se como motivação um estado emocional interno, intrínseco,
pertencente ao indivíduo que está experimentando determinada emoção. Assim,
no âmbito educacional, seria possível um professor ensinar um conteúdo
acadêmico se o aluno não se encontra motivado? Ele é capaz de motivar o
aluno? A resposta é sim, se o educador tiver inteligência emocional, envolvendo
características como gentileza, colocar-se no lugar do outro, afabilidade, empatia
e desafiar positivamente o aluno, mostrando a importância daquele
conhecimento para a vida e realidade deste.
Goleman (2011) enquadra a inteligência emocional em cinco habilidades
específicas, que são as seguintes: as ligadas ao autoconhecimento
(automotivação, autoconhecimento emocional e controle emocional) e as que
estão ligadas às habilidades interpessoais (habilidades nos relacionamentos
interpessoais e o reconhecimento das emoções nas demais pessoas). Cada
uma delas se define da seguinte forma:
04
4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas: habilidade que
envolve o sentimento de empatia pelo outro, reconhecendo as emoções e
sentimentos das demais pessoas.
5. Habilidade em relacionamentos interpessoais: uso de competências
sociais ou habilidades sociais no relacionamento com as demais pessoas.
06
internas quanto de situações negativas de interação social. De forma subjetiva, o
aluno detecta alguma ameaça de ordem afetiva, através do sistema límbico, e
bloqueia as sinapses (ligações entre os neurônios) favoráveis à boa
aprendizagem.
Através das emoções negativas, o sistema límbico pode ocasionar
disfunções (ao hiperativar ou hipoativar estruturas do sistema límbico) no
sistema nervoso central, afetando o bom funcionamento do sistema límbico e do
potencial para um bom aprendizado.
Esse é o grupo de maior número de pessoas que sofrem falhas no
processo do aprendizado. Normalmente são indivíduos com bom potencial
cognitivo, no entanto com resultados de rendimento escolar ruim (Damásio,
2003).
Ao interpretar negativamente uma situação de aprendizagem, como se
sentir ameaçado, ou o educador passar o conteúdo de forma negativa
(envolvendo pressão, ameaças, cobranças extremas ou ensinar de forma pouco
motivadora), a consequência para o aluno é de uma inibição neuronal,
envolvendo a possibilidade de um não aprendizado efetivo.
Não aprendizagem
Emoções negativas podem gerar
07
TEMA 3 – FATORES QUE SE RELACIONAM COM AS MUDANÇAS NO
DESENVOLVIMENTO DAS EMOÇÕES E APRENDIZAGEM
08
TEMA 4 – FAMÍLIA, ESCOLA E CULTURA
09
aprendizado. Além disso, diminuem as queixas comportamentais, como
agressividade verbal e/ou física, crises de birra, timidez, introspecção,
autoestima baixa, entre outros.
Sobre o educador, torna-se indispensável o investimento acadêmico
contínuo, entendendo que a educação e as abordagens se modificam e se
transformam continuamente. A forma como o educador aprendeu não é mais a
mesma que ele irá transferir ao seu aluno, pois o aluno vive em outro contexto
sócio-histórico-cultural, mostrando outros interesses ou motivações. O professor
deve apresentar domínio dos conceitos que irá abordar, mas de igual
importância é o educador apresentar inteligência emocional, envolvendo
habilidades sociais, como demonstrar confiança ao aluno, aliadas com afeto e
limites.
A aliança entre família, escola e o entendimento da cultura e valores no
qual este indivíduo aprendiz está inserido torna-se fundamental na elaboração
de estratégias eficazes e essenciais para um desenvolvimento pleno.
010
esposa e a responsável pelo lar e pela educação pelos filhos. Em muitos lares
onde ainda não há uma divisão de papéis e tarefas, ocorrem inúmeros conflitos
decorrentes do stress materno.
Em contrapartida, o pai, na maioria das vezes, não foi educado para lidar
com uma esposa independente financeiramente, ou mais atenta às
necessidades e novidades do mundo moderno. A partir do momento em que ela
sai de casa, seu repertório de vínculos sociais e de observação do mundo se
expandem, deixando-a mais questionadora, crítica e menos tolerante.
Juntando-se a isso, ambos trabalham cada vez mais e necessitam de
uma qualificação crescente, em vista da acirrada disputa no mercado de
trabalho.
Como consequência, esses filhos convivem cada vez menos com seus
pais, sendo muitas vezes na mão de cuidadores (envolvendo avós, funcionários
do lar ou período integral na escola), tornando cada vez mais difícil aos pais
acompanhar o desenvolvimento de seus filhos e motivá-los ao aprendizado.
No pouco tempo em que passam juntos, muitos optam por atividades
solitárias, mesmo estando dentro de um mesmo ambiente.
Nesse caso, a cultura do consumismo mostra a importância de se ter algo
para ser alguém. A indústria tecnológica mostra-se cada vez mais eficaz como
um meio para se lidar com esse vazio ou estresse, manifestando-se com
propagandas apelativas da importância de se ter determinado objeto de
consumo como fonte de gratificação pessoal imediata. Alia-se a ideia de poder
ao fato de se possuir algo, bem como de pertencer a um determinado grupo.
Muitos pais oferecem ao filho o objeto desejado numa tentativa de
amenizar a culpa de sua ausência ou no sentido de reparar para eles mesmos o
que no passado não tiveram
Crianças e adolescentes necessitam de afeto a atenção dos pais, no
sentido de estarem presentes na vida do filho, envolvendo investimento afetivo.
Saber dosar o que se deve oferecer ou não ao filho como objeto de consumo é
um desafio, tarefa que demanda habilidades específicas dos pais, envolvendo
limites, necessidade, afeto e atenção.
FINALIZANDO
011
das próprias emoções pode ser um caminho doloroso, pois se trata da parte
mais íntima do ser humano.
Pode parecer mais tranquilo “deixar as emoções de lado” e dedicar-se
exclusivamente ao processo de ensino e aprendizagem, no entanto sem essa
imersão, a aprendizagem é rasa, não efetiva e com pouco significado para a vida
do aluno.
Conhecer as próprias emoções requer coragem e o desejo de investir no
entendimento das próprias emoções e sentimentos. Assim surge o conceito de
inteligência emocional, envolvendo habilidades ou caminhos específicos para se
chegar ao tão almejado objetivo. Com base nos conceitos já estudados nesta
aula 4, entende-se que inteligência emocional envolve um profundo
conhecimento de si mesmo, bem como de habilidades específicas para um bom
relacionamento social ou em grupo.
A metainteligência emocional vem como um novo elo na inteligência
emocional, pois contempla também uma aprendizagem emocional para o sentido
da vida ou essência maior.
Entender esses processos é fundamental para quem trabalha com ensino
e aprendizagem, pois já é sabido da importância de aliar emoções positivas com
o ensino, para que este saia de um âmbito puramente acadêmico e transcenda
para o sentido que esse conhecimento fará na história de vida do indivíduo, visto
como ser único, na sua especificidade, capaz de formar opiniões, conceitos e
transformá-los a favor de si e de sua realidade.
O mundo moderno pode trazer muitos obstáculos e armadilhas nesse
percurso, como pais ausentes, com excesso de trabalho, a cultura do
consumismo e da compensação e até educadores com nível excessivo de stress
ou com métodos ineficazes. Entender o contexto sócio-histórico-cultural pode ser
a chave, envolvendo todos os componentes e responsabilizando cada um
acerca da importância de se envolver neste processo, como ser ativo, formando
uma verdadeira teia – escola, aluno, metodologias de ensino, emoções, pais,
cultura e sociedade.
012
REFERÊNCIAS
CYPEL, S. O estudo das funções corticais na criança. In: DIAMENT, A.; CYPEL,
S. Neurologia infantil. São Paulo: Atheneu, 1996.
DAMÁSIO A. Looking for Spinoza: joy, sorrow and the feeling brain. London:
William Heinemann; 2003.
014