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Inteligência emocional – Autoconhecimento, Automotivação e controle emocional

Durante muito tempo alguns teóricos trabalharam na busca pelo conceito de inteligência.
Alguns deles a definiram como sendo a capacidade geral de compreensão e raciocínio.
Muitos estudos e testes foram criados e aplicados, até que o psicólogo Howard Gardner
da Universidade de Harward, nos Estados Unidos, criou a teoria das Inteligências
Múltiplas, independentes entre si, as quais operariam em blocos separados no cérebro,
obedecendo a regras próprias. (WOYCIEKOSKI & HUTZ, 2009)
A Teoria das Inteligências Múltiplas foi criada na década de 1980 com o objetivo de
quebrar a ideia de uma inteligência única e reconhecer a pluralidade das faculdades
mentais (VEIGA & MIRANDA, 2006). Elas são divididas em:
1. Inteligência Verbal ou Lingüística: habilidade para lidar criativamente com as
palavras.
2. Inteligência Lógico-Matemática: capacidade para solucionar problemas envolvendo
números e demais elementos matemáticos; habilidades para raciocínio dedutivo.
3. Inteligência Cinestésica Corporal: capacidade de usar o próprio corpo de maneiras
diferentes e hábeis.
4. Inteligência Espacial: noção de espaço e direção.
5. Inteligência Musical: capacidade de organizar sons de maneira criativa.
6. Inteligência Interpessoal: habilidade de compreender os outros; a maneira de como
aceitar e conviver com o outro.
7. Inteligência Intrapessoal: capacidade de relacionamento consigo mesmo,
autoconhecimento. Habilidade de administrar seus sentimentos e emoções a favor de
seus projetos. É a inteligência da auto-estima.
Esta teoria reconhece que as pessoas têm diferentes habilidades a partir de potenciais
cognitivos distintos. Essas potencialidades funcionam de maneiras diversas para cada
pessoa, podendo ou não serem ativadas de acordo com os valores de sua cultura, as
oportunidades disponíveis em sua cultura, e as decisões tomadas pelo sujeito e as pessoas
envolvidas ao seu redor. (VEIGA & MIRANDA, 2006).
Posteriormente, a partir da década de 1990 surge a concepção do conceito de Inteligência
Emocional (IE) que engloba habilidades associadas às inteligências intrapessoal e
interpessoal. A IE foi descrita pela primeira vez por Mayer e Salovey em 1990 e teve seu
conceito amplamente difundido e popularizado entre 1994 e 1997, quando Daniel
Goleman publicou o livro intitulado “Inteligência Emocional”. (WOYCIEKOSKI &
HUTZ, 2009)
Ela pode ser definida pelos seus criadores como “a capacidade de perceber acuradamente,
de avaliar e de expressar emoções; a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos
quando eles facilitam o pensamento; a capacidade de compreender a emoção e o
conhecimento emocional; e a capacidade de controlar emoções para promover o
crescimento emocional e intelectual” (MAYER & SALOVEY, 1997, p. 15; citado por
WOYCIEKOSKI & HUTZ, 2009).
A Inteligência Emocional está relacionada a habilidades tais como motivar a si mesmo e
persistir mediante frustações; controlar impulsos, canalizando emoções para situações
apropriadas; praticar gratificação prorrogada; motivar pessoas, ajudando-as a liberarem
seus melhores talentos, e conseguir seu engajamento a objetivos de interesses comuns.
Dentro disso, nós podemos destacar habilidades importantes para uma boa inteligência
emocional: a primeira delas é o autoconhecimento emocional que se trata do
reconhecimento de um sentimento quando ele está acontecendo; a segunda é o controle
emocional que se refere a habilidade de lidar com seus próprios sentimentos, adequando-
os para a situação; por fim, automotivação que se define pela capacidade de dirigir
emoções a serviço de um objetivo, sendo isso o que mantem a pessoa caminhando sempre
em busca. Além disso, existem mais duas habilidades necessárias para uma boa
inteligência emocional, a saber, o reconhecimento de emoções em outras pessoas e a
habilidade em relacionamentos interpessoais. (GOLEMAN, 2011)
O estudo da inteligência emocional é de extrema relevância, pois as emoções têm grande
influência nas funções cognitivas e comportamentais de cada pessoa, incluindo memória
e tomada de decisão. Com isso entende-se que possuir conhecimentos e ter um Q.I.
elevado não são o suficiente para que as decisões tomadas pelas pessoas sejam escolhas
vantajosas para sua vida pessoal e social. As emoções são fundamentais nesse processo.
(NETA, GARCÍA & GARGALHO, 2008)
“As emoções são componentes essenciais do kit de sobrevivência com o qual nascemos
equipados. Nós, humanos, além das emoções, podemos ser capazes de ter sentimentos e
de saber que os temos. Esse saber que temos sentimentos só é possível porque temos
consciência.” (NETA, GARCÍA & GARGALHO, 2008, p. 14). Ou seja, a relação entre
emoção e consciência é crucial para explicar a possibilidade de administrar ou regular as
emoções.
Para finalizar, pode-se afirmar que altos níveis de inteligência emocional estão
relacionados à qualidade das relações e interações sociais, a habilidades sociais e
comportamento pró social, relações familiares positivas, maiores níveis de otimismo e
satisfação de vida; mais aptidão para perceber as emoções, utilizá-las para produzir
pensamento, compreender seus significados, além de controlar as emoções de uma forma
mais eficaz do que os outros; escores altos em inteligência verbal, social, além de outras
inteligências; mais abertura para novas experiências e mais sociabilidade; mais aptidão
para identificar e reportar metas, conquistas e objetivos; além de mais facilidade para a
resolução de aspectos práticos da vida. (WOYCIEKOSKI & HUTZ, 2009)
Portanto, saber regular e gerir as próprias emoções são elementos fundamentais na vida
das pessoas e são a base da inteligência emocional, que envolve a capacidade de interagir
com o mundo considerando seus próprios sentimentos e a compreensão das emoções
próprias e alheias, utilizando-as para as decisões pessoais e profissionais.

Referências
GOLEMAN, D. Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
NETA, N. F. A; GARCÍA, E. C.; GARGALHO, I. S. A inteligência emocional no
âmbito acadêmico: uma aproximação teórica e empírica. Psicol. Argum., 26(52), 11-
22, 2008.
VEIGA, E. C.; MIRANDA, V. R. A importância das inteligências intrapessoal e
interpessoal no papel dos profissionais da área de saúde. Ciência e Cognição, 2006,
v. 9, p. 64-72.
WOYCIEKOSKI, C.; HUTZ, C. S. Inteligência Emocional: Teoria, Pesquisa,
Medida, Aplicações e Controvérsias. Psicologia: Reflexão e Crítica, 22(1), p. 1-11.
2009.

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