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(ITP) Inteligência: Teorias e Processos

Críticas aos modelos anteriores

→ Inteligência como base cognitiva


• Restritivos na forma como concebem a inteligência e a cognição
• Foco apenas nas situações intelectuais, deixando de parte problemas e situações emocionais e
sociais do quotidiano
• Falta de consideração, de forma aprofundada, das habilidades sociais, interpessoais e talentos
em diferentes áreas.

Consideração de novas áreas no estudo da inteligência


✔ Emoções (nível intrapessoal e interpessoal)
✔ Criatividade
✔ Flexibilidade cognitivas
✔ Realização em diferentes contextos

Tópicos importantes no estudo da inteligência:


- Situação
- Contexto
- Indivíduos envolvidos

Importância emoções
→ Nível intrapessoal e interpessoal – é necessário conhecer e saber gerir emoções em nós próprios e
nos outros.
→ Capazes de afetar os processos psicológicos básicos a tanto a nível positivo como negativo.

Insucesso escolar, profissional e social não só se deve a competências cognitivas como também:
- Perceções de competências desajustadas
- Baixo controlo das emoções
- Dificuldade em lidar com a frustração
→ Gestão das emoções afeta: memória, atenção, raciocínio, perceção

Cultura
} comportamento adaptativo ou inteligente
Gestão de conhecimento social

Cultura – devemos saber como nos adaptar às diferenças para sermos capaz de adptar o
comportamento → comportamento inteligente

Inteligência emocional

“Alguns indivíduos têm uma maior capacidade para processarem de forma mais sofisticada a
informação acerca das emoções e dos estímulos relevantes para as emoções, bem como para utilizarem
essa informação para orientarem o seu pensamento e o seu comportamento.”
Inteligência emocional: regulação emocional
Reconhecer emoções
Autoconhecimento
} para saber quando estamos a experienciar emoções

Inteligência social: saber gerir as emoções do outro/ajudar o outro na gestão (ex.: saber comunicar,
trabalhar em grupo). É ainda ser capaz de antever possíveis emoções - quando o outro vai estar
bem/mal consoante a situação.
Todas as emoções que experienciamos e, consequentemente, expressamos têm impacto nos
outros, na sua gestão e experiência emocional.

Adaptação ao contexto: fatores interdependentes


Cognição ←→ Emoção

Definição de inteligência emocional

Notas
• Para alguns autores EI não dirá respeito a mais do que um conjunto de traços de personalidade.
• Definição não é pacífica – crítica.
• Termo utilizado em relação a muitas ideias que podem não se relacionar com EI.

Argumentos de Goleman (1996) pareceram reunir entendimento no âmbito da definição do conceito de


inteligência emocional:
1. O sucesso pessoal, familiar e profissional parece depender mais do quociente emocional (QE) do que
do quociente intelectual (QI).
2. A inteligência emocional não é estável, podendo ser desenvolvida.

Critérios para a definição de EI


Conceptual: a inteligência deve refletir a performance mental e não apenas características de
funcionamento do indivíduo.
Correlacional: um tipo de inteligência deve incluir um conjunto de habilidades que lhe são próximas.
Desenvolvimental: a inteligência desenvolve-se com a idade e experiência.

IE Modelos
1. Modelo das habilidades cognitivas
2. Modelos mistos ou de traços

1. Modelo das habilidades cognitivas (Mayer e Solovey, 1997)

→ Primeiros autores a falar sobre IE

EI como uma série de operações necessárias - conjunto de habilidades que se intercorrelacionam - para
produzir e desenvolver as emoções através dos processos de resolução de problemas.
Agimos de acordo com o que estamos a pensar no momento.

Nota: autores defendem que é errado afirmar que EI são os traços de personalidade.
Capacidade para perceber, reconhecer, expressar, diferenciar, avaliar e, consequentemente, regular
emoções de modo a apoiar o pensamento - acerca das suas emoções e das dos outros.

• Habilidade para se envolver com esquemas sofisticados de processamento de informação.


• Promove o desenvolvimento/crescimento emocional e intelectual.
• Permite resolver problemas (dia a dia, situações específicas).

Perceção emocional
|
Uso da e. para facilitar o pensamento
|
Comp. emocional
|
Reg. emocional

Complexidade crescente destas tarefas cognitivas - contínuo de desenvolvimento: melhoram ao longo


da experiência de vida (idosos com maior facilidade nestas tarefas do que jovens).

Dois vetores que suportam este modelo


1. Formas de processamento geral das emoções.
2. Habilidades que influenciam o processamento da informação.

1. Formas de processamento geral das emoções

Perceção emocional
Registar, atender e decifrar mensagens emocionais – em si próprio, nos outros e em objetos - que
podem ser expressas através de expressões faciais, tom de voz, objetos de arte e outros artefactos
culturais. Permite distinguir entre emoções genuínas e emoções falsas.

4 “níveis” de capacidade (complexidade crescente)


1. Identificar emoções nos seus próprios estados físicos, sentimentos e pensamentos (ex.: mesmo
quando somos pequenos, conseguimos perceber quando um adulto está chateado).
2. Identificar emoções nas outras pessoas, nas obras de arte, na linguagem e no comportamento
(criamos esquemas mentais).
3. Expressar emoções com precisão e para expressar as necessidades relativas a esses sentimentos.
4. Discriminar entre expressões precisas vs. imprecisas ou honestas vs. desonestas.

Utilização das emoções para facilitar o pensamento


É a capacidade de distinguir entre diferentes emoções que o indivíduo sente e identificar aquelas que
estão a influenciar o processo cognitivo (ex.: perceber que estamos a ser injustos com alguém só
porque não simpatizamos com a pessoa).
• Quando o indivíduo é mais experiente emocionalmente, as emoções começam a moldar e a
melhorar o pensamento direcionando a atenção do indivíduo para as mudanças importantes.

4 “níveis” de desenvolvimento
1. As emoções determinam a ordem do pensamento dirigindo a atenção para a informação importante
(resolução de problemas).
2. As emoções vividas podem auxiliar a tomar decisões e a criar memórias de emoções.
3. O estado emocional provoca alterações na perspetiva individual desde o otimismo ao pessimismo,
encorajando considerações de múltiplos pontos de vista (ex.: “como posso ver esta situação de maneira
mais positiva?”).
4. Os estados emocionais encorajam abordagens específicas dos problemas (somos sempre enviesados
pelo que estamos predispostos a sentir).

Compreensão de emoções
Capacidade de compreender emoções complexas (ex.: experimentar duas emoções ao mesmo tempo)
e a capacidade para reconhecer a transição de uma emoção para a outra.

4 “níveis” de desenvolvimento
1. Capacidade de nomear as emoções e reconhecer relações entre as palavras e as próprias emoções
(ex.: saber o que é o medo e o que ele pressupõe).
2. Capacidade para interpretar o significado que as emoções transmitem – associar emoções a situações
(ex.: tristeza associada a uma perda).
3. Capacidade de compreender sentimentos complexos ou a sua combinação (ex.: sentimentos de amor
e ódio ou medo e surpresa).
4. Capacidade de reconhecer prováveis transições entre emoções (ex.: transição de zanga para
satisfação ou vergonha).

Gestão das emoções


Capacidade para manter ou desconectar-se de uma emoção de acordo com a sua utilidade numa
situação específica (cognição sobrepõe-se à emoção para resolver o problema, depois emoção volta ao
mesmo nível que cognição).
• Regular as emoções em si e nos outros.
• Promover o desenvolvimento emocional e intelectual.

4 “níveis” de desenvolvimento
1. Capacidade de permanecer aberto aos sentimentos (agradáveis ou não).
2. Capacidade de comprometer-se refletidamente ou desligar-se de uma emoção dependendo da sua
utilidade.
3. Capacidade de monitorizar as emoções em relação a si próprio e aos outros (ex.: reconhecer quão
claras elas são).
4. Capacidade de gerir emoções em si próprio e nos outros, moderando as emoções negativas e
aumentando as positivas, sem reprimir ou exagerar a sua expressão.

MSCEIT: Mayer-Salovey-Caruso Emotional Intelligence Test

→ Avalia a IE através de um conjunto de questões objetivas e impessoais.

Tarefas nos vários domínios:


Perceção emocional
1) Identificar emoções em fotografias de faces.
2) Identificar emoções em fotografias de faces e em representações artísticas.

Utilização das emoções para facilitar o pensamento


3) Que sensações táteis, de paladar e de cor se relacionam com cada emoção.
4) De que forma é que o humor favorece o pensamento, o raciocínio e outros processos cognitivos.

Compreensão de emoções
5) Que emoções se podem juntar para que haja um sentimento mais forte.
6) De que forma é que as emoções progridem e se alteram entre si.

Gestão das emoções


7) De que forma é que ações alternativas efetivas permitem alcançar um determinado objetivo.
8) De que forma ações alternativas permitem regular emoções nos outros.

Modelos mistos ou de traços


✔ Modelo de Bar-On (1997)
✔ Modelo de Goleman (1996, 1998)

Critica o modelo de Mayer e Solovey como incompleto.


IE deve ter dois focos:
→ Habilidades emocionais e intelectuais
→ Questões de personalidade (“traços”): conjunto variado de traços disposicionais - felicidade,
autoestima, otimismo, autorregulação, entre outros.

Modelo de Bar-On (1997)

“Conjunto de habilidades neurocognitivas, competências, e capacidades que influenciam a habilidade


em lidar adequadamente com as exigências e pressões do contexto.”

Emotional Quotient Inventory (EQI) (questionário autorrelato, escala Likert, etc)


→ Constrói a sua teoria - identifica 5 grandes habilidades que se relacionam com 15 competências
emocionais e sociais.

5 grandes habilidades:
1. Intrapessoais
2. Interpessoais
3. Adaptação
4. Gestão de stress
5. Humor geral

15 competências emocionais e sociais:

Habilidades intrapessoais
→ Capacidade de estar atento e compreender-se a si próprio e às suas emoções.
• Autoconsciência emocional (compreender emoções).
• Autoconceito (perceber e compreender-se a si próprio).
• Auto atualização (esforçar-se por atingir os seus objetivos).
• Independência (ser independente emocionalmente dos outros).
• Assertividade (expressar emoções tal como são experienciadas).

Habilidades interpessoais
→ Capacidade para estar atento, compreender e avaliar os sentimentos do outro.
→ Manter e estabelecer relações satisfatórias e responsáveis com os outros.
• Relações interpessoais (estabelecer relações com os outros).
• Responsabilidade social (identificar-se com um grupo social e integrar-se).
• Empatia (compreender como é que os outros se sentem).

Habilidades de adaptação
→ Capacidade para aferir as emoções através de informações externas objetivas para flexibilizar os
modos de proceder.
• Resolução de problemas (resolver de forma eficaz problemas sociais).
• Noção da realidade (validar os próprios sentimentos e a perceção de realidade).
• Flexibilidade (adaptar-se, emocionalmente, a novas realidades).

Habilidades de gestão de stress


→ Capacidade de regular as emoções.
• Tolerância ao stress (gerir de forma eficaz e construtiva situações as emoções).
• Controlo de impulsos (controlar de forma eficaz e construtiva as emoções).

Habilidades de humor geral


→ Capacidade de ver os aspetos positivos de uma situação e de expressar sentimentos positivos aos
outros.
• Felicidade (sentir-se feliz consigo e com os outros em geral).
• Otimismo (ver o lado positivo das situações).

Bar-On (2000) versão final

Existência de apenas 10 competências

Autoconceito Resolução de problemas


Noção da realidade Tolerância ao stress
Autoconsciência emocional Empatia
Flexibilidade Controlo dos impulsos
Assertividade Relações interpessoais

5 apenas designadas como fatores facilitadores da EI


Responsabilidade social*
Otimismo
Felicidade
Independência
Auto atualização

*somos responsáveis pelos estados que induzimos nos outros.

Goleman (1996, 1998)

Aptidões que incluem: autocontrolo, zelo (dedicação, interesse), persistência e a capacidade para o
indivíduo se motivar a si próprio.
→ “Caráter” - foco sobre características próprias de cada indivíduo, que fazem parte da sua
personalidade.

Definição IE: 5 conceitos


1. Autoconsciência
2. Autorregulação
3. Motivação
4. Empatia
5. Competências sociais

1. Autoconsciência
Autoconsciência emocional Reconhecer as próprias emoções e efeitos.
Autoavaliação (situações e emoções) Conhecer as próprias forças e limitações.
Autoconfiança Confiança na capacidade e valor próprio.

2. Autorregulação
Autodomínio Gerir emoções e impulsos negativos.
Inspirar confiança Conservar padrões de honestidade e integridade.
Ser consciencioso Assumir responsabilidade pelo desempenho
pessoal.
Adaptabilidade Flexibilidade em lidar com a mudança.
Inovação Sentir-se à vontade e aberto a novas ideias,
abordagens e informação.

3. Motivação
Vontade de triunfar Lutar por se aperfeiçoar ou atingir um padrão de
excelência.
Empenho Alinhar com os objetivos do grupo ou organização.
Iniciativa Estar preparado para aproveitar oportunidades.
Otimismo Persistência na prossecução de objetivos, apesar
dos obstáculos e reveses.

4. Empatia
Compreender os outros Ter a perceção dos sentimentos e das perspetivas
dos outros e manifestar interesse ativo nas
preocupações.
Desenvolver os outros Ter a perceção das necessidades de
desenvolvimento dos outros e fortalecer as suas
capacidades.
Orientação para o serviço Antecipar, reconhecer e ir ao encontro das
necessidades dos clientes.
Potenciar a diversidade Cultivar oportunidades com diferentes tipos de
pessoas.
Consciência política Ler as correntes emocionais e as relações de poder
de um grupo.

5. Competências sociais
Influência Exercer táticas eficazes de persuasão.
Comunicação Ouvir com abertura e enviar mensagens
convincentes.
Gestão de conflitos Negociar e resolver desacordos.
Liderança Inspirar e guiar grupos e pessoas.
Catalisador de mudança Iniciar e gerir mudança.
Criar laços Fortalecer relações.
Colaboração e cooperação Trabalhar com outros para objetivos comuns.
Capacidades de equipa Criar sinergias de grupo na prossecução de
objetivos coletivos.

Críticas
Conceptual: definição demasiado abrangente de EI (autor não constrói a sua própria definição).
Metodológica: conceito de EI não é objetivo – itens não avaliam exatamente o que querem avaliar
(falhas metodológicas).
Ética: generalização de resultados que podem não ser coerentes ou consistentes em várias culturas –
falta de consideração pelas diferenças individuais.

Programa de Promoção de Inteligência Emocional na Ansiedade na Infância

➢ Crianças dos 6 aos 10 anos diagnosticadas de ansiedade

Ansiedade: quando não consideramos que possuímos os recursos necessários para realizar determinada
tarefa/lidar com dada situação. Medo demasiado elevado tendo em conta a situação.
Objetivos do programa
→ Promover o desenvolvimento da inteligência emocional em crianças, de modo a reduzir a sua
ansiedade e a facilitar o seu ajustamento psicológico.
• Objetivo não se trata de eliminar o medo e outras emoções mas sim desenvolver o seu
conhecimento (medo também é essencial para a sobrevivência).

1. Desenvolver o conhecimento acerca das emoções (crianças não conhecem suficientemente bem as
emoções).
2. Promover a capacidade de reconhecer emoções em si e nos outros.
3. Explorar formas de lidar com as diferentes emoções.
4. Destacar formas adequadas de lidar com as emoções.
5. Impulsionar o papel ativo da criança para a sua regulação emocional.
6. Treinar competências emocionais e sociais no contexto específico da ansiedade patológica.

Implicações práticas da EI

Indivíduos com maior EI:


• Detetam mais facilmente alterações do seu ritmo cardíaco – resposta emocional fisiológica.
• Reconhecem e raciocinam melhor acerca das consequências emocionais dos acontecimentos –
predição de como se sentirão face a determinado acontecimento.
• Têm mais insight acerca dos seus sentimentos e o que os origina.
• Maior atenção aos seus sentimentos – pode ajudar a minimizar o efeito de sintomas
psiquiátricos.
• Tendem a apresentar menos sintomas psiquiátricos.
• Tendem a ter mais competências sociais e relações mais satisfatórias.
• Tendem a ser percebidos como sendo mais sensíveis e empáticos para com as dificuldades dos
outros.
• Tendem a ser considerados de forma mais positiva em contextos de trabalho – desenvolvem
melhores relações com colegas e chefias.
• Tendem a ser líderes mais eficazes.

Inteligência social

Perspetivas sobre processos psicológicos relacionados com a inteligência:

1920: Thorndike
Capacidade para perceber e lidar adequadamente com outras pessoas e para levar a cabo interações
sociais adaptativas.

1933: Vernon
Capacidade para:
Relacionar com as pessoas em geral - técnica social ou à-vontade em sociedade.
Conhecer assuntos sociais, suscetibilidade a estímulos de outros membros de um grupo.
Conhecer e perceber diferentes estados de humor ou traços de personalidade de outros.

1938, 1958: Wechsler


Deu pouca importância a este domínio, embora tenha reconhecido que a prova de Disposição de
Gravuras poderia servir como uma medida de inteligência social, pois avalia a capacidade dos indivíduos
para compreenderem situações sociais.
→ Inteligência social apenas como uma aplicação da inteligência geral.

1967: Guilford
IS → Domínio comportamental.

1983, 1993: Gardner


IS → Inteligência interpessoal.

1999: Sternberg & Horvath


Relacionado com conhecimento implícito e os domínios da inteligência prática.

2000: Mayer e colaboradores


Reflete os aspetos emocionais dos indivíduos.

De forma global:
Capacidade dos indivíduos para compreender os outros e entendê-los em função das suas interações e
contextos.
É um conjunto de conhecimentos que as pessoas possuem acerca do mundo social que as rodeia.

Em ligação com o modelo de Guilford, O’Sullivan, Guilford e deMille (1965) procuraram operacionalizar o
conceito de inteligência social.

Aptidão para julgar de acordo com:


Sentimentos Intenções
Motivações Atitudes
Pensamentos

Inteligência Social: Perspetivas integradoras


a) Sternberg & Grigorenko (2003)
b) Goleman (2006)

Sternberg & Grigorenko (2003)

Inteligência social: conhecer situações sociais, saber responder às mesmas.


Processo integrado assente em seis facetas distintas que se interrelacionam:

Aptidões metacognitivas - capacidade de pensar sobre as situações (o que sentimos, pensamos, etc).
Aptidões utilizadas na aprendizagem - todos os recursos/estratégias que utilizamos para aprender.
Pensamento
Conhecimento (que adquiridos sobre essa mesma situação)
Motivação - responder de forma adequada nesse momento.
Experiência

Sentido de Hierarquia: aptidões metacognitivas como a faceta mais importante sendo que todas as
outras necessitam delas quando utilizam estratégias respetivas.

Goleman (2006)

IS baseia-se em dois eixos principais:


Consciência social - sentimento que as pessoas nutrem umas pelas outras (consciência sobre si +
consciência sobre os outros).
Facilidade social - capacidade de aplicar esse sentimento.

Consciência social associa-se com:


Captar sinais nos comportamentos sociais não-
Empatia primária verbais (EF, posicionamento corporal) e ser capaz
de os imitar.
Sintonia Aceitar diferentes pontos de vista sem necessitar
de argumentar.
Acuidade empática Sintonia + compreensão: compreender os outros
nos seus pensamentos e sentimentos.
Cognição social Compreender as regras que regem a realidade
social (todos os contextos).

Facilidade social associa-se com:


Interação num registo de comportamentos não
Sincronia verbais (determinados comportamentos em
determinados contextos).
Autoapresentação Capacidade para se fazer apresentar, entender,
falar em público.
Influência Conseguir antecipar e planear determinados
comportamentos e acontecimentos sociais.
Interesse Capacidade para vivenciar e agir em função das
necessidades dos outros.

Implicações práticas da IS

Kosmitzki & John (1993) com base em investigações anteriores de Orlik (1978):
Elaboração de uma lista de características que compõem o conceito implícito de inteligência social,
pedindo a sujeitos para classificarem cada uma das características relativamente à ideia de que integram
ou não o seu conceito pessoal de inteligência social.

• Compreender adequadamente os pensamentos, sentimentos e intenções das outras pessoas.


• Ser bom a lidar com pessoas.
• Ter um conhecimento avançado das regras e normas das relações humanas.
• Ser bom a tomar a perspetiva do outro.
• Adaptar-se bem a situações sociais.
• Ser caloroso.
• Ser aberto a novas experiências, ideias e valores.

Inteligência emocional-social

→ Capacidade de adaptação tanto a nível emocional como social a todo e qualquer desafio.

Inteligência emocional Inteligência social Conjunto de competências, capacidades e


facilitadores emocionais e sociais que se
Autoconsciência de si Aptidão de consciência correlacionam entre si.
social Compreender-se a si e aos outros, relacionar-se com
esses.
Autogestão Facilidade social
Expressar-se emocionalmente.
Adaptar-se a variadas situações do dia-a-dia.

Processos psicológicos relacionados com a inteligência

1. Atenção
2. Memória
3. Emoções
4. Tomada de decisão

1. Atenção

Atenção e memória: memória de trabalho → Inteligência fluída (50% da variação na IF deve-se à MT) –
múltiplas tarefas nomeadamente dia-a-dia).

Atenção: permite ter um foco, selecionar informação para resolver determinado problema.
✔ Quanto maior o foco, maior quantidade de informação retida.
✔ Distanciam-nos de distratores internos e externos.
✔ Testes de avaliação da IF exigem uma atenção dirigida à tarefa → intensifica a relação entre MT
e IF.

Testes de avaliação de IF
Ex.: completar sequência, observação de imagens com um detalhe diferente, etc.

IF (tipo inteligência mais utilizada): ajudar a dar resposta, processamento informação, ativação sistema
atencional (coordenar info que já tínhamos com a que estávamos a receber);
Inteligência cristalizada - aceder a conhecimentos anteriores;
Utilização de estratégias próprias - indica que o sistema atencional foca-se no que consideramos
relevante.

2. Memória

Memória – processo mais utilizado/relacionado com inteligência sendo que (genericamente)


Inteligência = capacidade para resolver problemas.

MT relaciona-se com:
✔ Fator g (resolução problemas dia-a-dia)
✔ Inteligência fluída (resolução qualquer problema apresentado)
✔ Inteligência espacial (receber e depois processar info para dar resposta comportamental e dar
uma resposta que seja adequada)

Possível explicação (ainda em estudo): Teoria de Baddeley

Componentes de armazenamento
mesmo
Componentes de processamento
funcionamento
+
cerebral
Memória de Trabalho

→ A estrutura de armazenamento e a de processamento de Baddeley suportam cognitivamente a


memória de trabalho:
Executivo Central – grande estrutura responsável pela coordenação da MT, ou seja, de toda a
informação e processamento da mesma.
Alça fonológica – processamento de toda a informação auditiva.
Esboço visuoespacial – processamento e captação de toda a info visual espacial.
Buffer episódico – coordenação das outras duas dimensões (info auditiva + info visual espacial): permite
facilidade e coerência na compreensão da informação.

MT → 2 domínios que lhe são hierarquicamente inferiores (mesma estrutura vista em domínios
diferentes)
Verbal Espacial

IF baseia-se, em geral, na ação – logo, associa-se com:


Armazenamento espacial - coordenação info previamente armazenada + info nova = processamento
Processamento espacial (geralmente temos de gerir no momento)

IC associa-se com:
Armazenamento verbal – a maior parte da info que retemos é em formato verbal (ex.: é mais fácil de
retermos a letra de uma música do que retermos dada informação espacial).
Processamento verbal (a maior parte das vezes que a recebemos é em contexto de aprendizagem –
processamento).

Diferenças individuais a nível da inteligência: provavelmente devido a diferenças na MT, apesar de o


armazenamento e o processamento terem contribuições diferentes para a inteligência fluida e
cristalizada.

Testes de avaliação MT
Ex.: jogo da memória

IF (inteligência mais utilizada): reter info (fixar conjunto de imagens e onde elas se encontram);
IC: memorizar tipo de info (ex.: animais, desenhos);
MT (tipo de memória mais utilizada): permitiu armazenar temporariamente a informação;
MLP: atribuir significado à info com que lidamos (ex.: já possuímos info sobre os animais do jogo).

3. Emoções

Quanto maior idade dos indivíduos maior o reportório emocional (experiência emocional, tanto no
próprio como por observação de outros, mais ampla): melhores os scores na avaliação da IF e maior o
seu conhecimento acerca das emoções.
→ Melhores resultados na avaliação da IF = melhor entendimento acerca das emoções.

Inteligência Fluída
• Não se associa com o reconhecimento externo das emoções (função da IC) mas sim com um
maior conhecimento acerca das componentes mentais das mesmas.
• Auxilia na representação mental de cada emoção em si e nos outros.
• Permite identificar o motivo de determinadas emoções
• Permite diferenciar a emoção experienciada da emoção expressa (reconhecer falsidade através
da expressão das emoções).
• Relaciona-se com a habilidade para identificar padrões e relações, bem como inferir e
implementar regras – ajuda a interpretar situações emocionais que envolvem diferentes
componentes (identificar emoções em fotografias, Efs, expressar emoções, etc)

4. Tomada de decisão

IF relaciona-se com o processamento → IF opera com a tomada de decisão.


• Tomar decisão com base em toda informação que temos.
• Utilizamos toda informação útil para resolver problemas.
• Permite que essa decisão seja benéfica (tendo em conta objetivos) para nós/grupo.

Tomada decisão inclui 2 sistemas:


Sistema de controlo cognitivo: inibe o comportamento impulsivo (não tomar decisões precipitadas).
Sistema socioemocional: permite que façamos uma avaliação subjetiva que apenas considera os ganhos
(ganhar algo ou tentar evitar ganhar algo) – escolha de decisões benéficas.

Tomada de decisão requer estratégias: temos de tomar uma decisão sobre a forma como vamos
resolver dado problema (ex.: decorar números).
→ Escolha através de conhecimentos prévios, organização do espaço, desejo de chegar a um bom
resultado, …
→ Função da IF – definir uma estratégia.
→ Função da IC – decidir segundo conhecimentos que já temos.

Influências na inteligência
1. Genética
2. Hereditariedade
3. Influências contextuais

1. Genética

Genética pode ter uma influência


- Direta
- Indireta

Influência direta

Maior aproximação a nível genético (QI) entre dois indivíduos próximos geneticamente (ex.: irmãos) do
que entre dois estranhos.

Diferenças individuais a nível genético → Velocidade de processamento no que toca a certas operações
mentais
➢ QI pré-determinado à nascença - indivíduo pode nascer com uma potencialidade alta de QI,
porém, devido ao estilo de vida, ficar com um QI baixo e vice-versa.
Nature | Nurture

Influência indireta

Outras características que também influenciam o nosso QI.


Influência da genética nos resultados em provas de QI é indireta pela forma como os genes influenciam
outras variáveis que serão determinantes no desempenho dos sujeitos.
QI geral população é 100 – todas as pessoas possuem potencial para ter esse valor de QI (depende da
ação dos fatores de influência indireta).
Ex.: pessoas sem disponibilidade para aprender – QI comprometido.

Fatores de influência indireta/Características genéticas que podem influenciar o potencial inato de QI


pela positiva ou pela negativa:
• Humor
• Autoconfiança
• Competitividade
• Temperamento
• Personalidade

Influências genéticas: factos e falácias

Falácia: genes determinam o “potencial” do indivíduo (existe um limite aos níveis de inteligência
imposto pelos genes).
Facto: não existe suporte empírico para esta ideia.

Falácia: 1 gene para 1 característica (genes operam com instruções unidirecionais, pelo que será possível
identificar o gene ou os genes que causam determinado resultado dos indivíduos nos testes de
inteligência).
Facto: em todos os sistemas complexos que temos, tal como a inteligência, não podemos admitir uma
só causa para algo: as diferenças individuais devem-se tanto a causas genéticas como a causas
contextuais.

Influências genéticas: estudos com gémeos

Gémeos mesmo quando criados em famílias diferentes (ex.: famílias que acolheram apenas um dos
irmãos) apresentam semelhanças significativas em termos de competências intelectuais.
Quanto aos gémeos idênticos, as semelhanças são ainda maiores do que nos gémeos falsos.

Problema comum a todos os estudos com gémeos criados separadamente é que os gémeos podem não
ter sido criados sempre separados:
- Contexto barriga da mãe – desenvolvimento SN e desenvolvimento cognitivo, à partida, igual para
ambos.
- Contexto externo – época antes de serem acolhidos por exemplo em casas de acolhimento, em que
são partilhadas muitas experiências.

2. Hereditariedade

Distinção entre genética e hereditariedade

Genética: transmissão hereditária (genes) e variação destes.


Ex.: competência para falar língua.

Hereditariedade (hereditário+idade): qualidade daquilo que é hereditário – expressão do conteúdo


genético (aptidões/inaptidões sensório-motoras e intelectuais, tendências, gostos, traços de caráter).
Ex.: falar português.

→ Hereditariedade tem explicado entre 40% e 70% da inteligência em diferentes estudos.

Experiência órfãos da Roménia: exemplo de tragédia real em que a carência de estímulos cognitivos
levou a consequências fatais
- Potencial genético pode ser comprometido devido ao estilo de vida.
- Importância do ambiente e suas características: família, vinculação, etc.

3. Influências contextuais

“Defender que a inteligência não pode ser promovida significa defender que a educação é impossível.”
Bereiter, 1996

Modificabilidade cognitiva: um indivíduo pode ir além das suas competências no momento – devemos
sair da nossa zona de conforto de maneira a expandir competências.

Binet

O autor já tinha abordado esta questão ao sugerir exercícios de ortopedia mental.


Defendia que mesmo crianças que não tinham oportunidade de frequentar a escola podiam realizar
determinadas atividades que as levassem a ter semelhantes experiências e, consequentemente, ganhar
um nível de QI como as crianças que obtêm escolaridade.

Modificabilidade cognitiva através de Treino cognitivo:


- Focado nas estruturas
- Focado nas estratégias

Nota: em todos os programas os indivíduos devem possuir características similares.

Treino focado nas estruturas

Permite ativar circuitos neuronais ou ajudar a desenvolvê-los.


Maior velocidade de processamento → Maior rapidez a dar resposta
(Desde que nascemos possuímos múltiplas estruturas cognitivas, sendo que as que não necessitamos
vão desaparecendo ao longo do tempo).

A. R. L. (Ateliers de Raisonnement Logique)


• Grupos homogéneos em termos desenvolvimentais.
• Espaço individual de treino.
• Fase final de correção-discussão em grupo (discussão da dificuldade de realização das
estratégias).

ADAPT (Accent of the Development of Abstract Processes of Thought)


Treino de aquisições do pensamento formal a partir de conteúdos de variados cursos como
antropologia, física, matemática, história ou línguas – são lançados temas de discussão sobre estes
temas com fim a promover o pensamento abstrato dos participantes.

Programa de Promoção Cognitiva


• 15 sessões de 1h30.
• Grupos de 6 a 8 adolescentes.
• Sessões centradas nos processos cognitivos (ex.: comparação, organização, registo e evocação,
classificação e relacionamento de informação).

Treino focado nas estratégias

Permite desenvolver um leque de possibilidades de resolução de tarefas/reter informação relativa a


realização de tarefas.
Ao longo do tempo vamos adquirindo estratégias e largando outras, de acordo com a nossa idade,
estilo de vida, necessidades, etc.

Philosophy for children


• Jovens entre 5º e o 12º anos de escolaridade.
• 3 vezes por semana (45 minutos) – dura menos tempo devido à maior exigência a nível
cognitivo.
• Debate de temas (o mais relacionados possível com os jovens) para o desenvolvimento de
competências cognitivas:
◦ Treino do pensamento crítico, autocorretivo, direcionado por critérios e sensível ao
contexto a que se aplica. Saber escutar, interrogar, relacionar, (contra)argumentar.

Cognitive Research Trust


• Jovens dos 8 aos 22 anos.
• 3 anos de aplicação em sessões semanais de 35 minutos.
• Promover opinião crítica e argumentos que a defendam e que contraponham opiniões dos
outros.

Problem Solving and Comprehension


• Alunos no início da frequência universitária que possuam dificuldades nas tarefas da mesma.
• Desenvolver competências de resolução de problemas (tornar-se mais metódico e sistemático
p. ex. Nas estratégias de estudo).

Desenvolvimento da Inteligência

1. Período Pré-Natal
2. Período Neo-Natal
3. Infância
4. Adolescência
5. Condições contextuais
6. Idade adulta

Período Pré-Natal

Época crítica para o desenvolvimento da criança, nomeadamente: 3ª a 5ª semana de gravidez.


→ Desenvolvimento do SNC

Agentes teratogénicos (provocadores de malformações congénitas)

Álcool, tabaco, drogas


Problemas genéticos
Doenças maternas
Doenças infeciosas
Radiação
Químicos

Características maternas

Dieta (ex.: dietas ricas em açúcar são prejudiciais)


Bem-estar emocional-social (quanto mais rico melhor para o desenvolvimento do filho)
Idade (mães muito novas, em geral, possuem comportamentos mais perigosos; mães bastante velhas
possuem mais dificuldades em engravidar, também tem a ver com a qualidade genética que oferecem
aos filhos).

Período Neo-natal

Complicações no nascimento

Anoxia – período de tempo, durante o parto, devido a determinadas dificuldades, em que a criança está
privada de oxigénio (resulta com certos comprometimentos cognitivos).
Fator Rh - proteína que pode estar ou não presente no sangue: se a criança possui e a mãe não, quando
esta recebe do filho, o seu corpo vai começar a criar anti-corpos para rejeitar a substância. Assim, se
existir gravidez seguinte, esses anticorpos vão rejeitar o desenvolvimento do bebé (daí ser necessário
um tratamento).
Prematuridade (nascimento mais cedo do que o suposto).
Baixo Peso (falta de proteínas e nutrientes).

Infância
Desenvolvimento neural - desenvolvimento de diferentes estruturas cerebrais em complexidade
crescente; ativação sistemas neuronais. (células glia?)
Diferenciação celular (especialização das células) – começa durante o período pré-natal mas
desenvolve-se durante o período infantil.
Sinaptogénese (formação de sinapses).
Diferenciação cerebral (especialização das zonas do cérebro e do que cada uma armazena).
Lateralização cerebral (dominância de um dos hemisférios) - desenvolvida por volta dos 5 anos.
Plasticidade (adaptação cerebral a novas experiências/estímulos p. ex.: aprendizagem)

Adolescência

Processo de mielinização (continuidade durante a adolescência):


• Aumentar a capacidade de concentração. Troca neurónios → maior velocidade
• Processar a informação com mais rapidez. processamento → maior facilidade de
• Articular a informação com mais facilidade. articulação

Reorganização de circuitos neuronais do córtex pré-frontal permite atividades cognitivas de alto nível
(ex.: planeamento estratégico).

Condições contextuais

Nota: cultura – contexto macro

Relacionamentos

Relação com os pais – permite-nos perceber o que necessitamos nomeadamente a nível emocional.
Relação com os irmãos – alarga competências intelectuais (faz-nos também sair da zona de conforto).
Relação com a família (nível alargado)
Relação com adultos
Relação com crianças – requer exigências no que toca à adaptação à realidade das crianças.

Outros níveis

Estimulação sensorial - não deve ser excessiva ou não adaptada pois a criança deve ter tempo de
processar a informação.
Acesso, adequabilidade, variedade a brinquedos/materiais – devem ser variados e adequados à idade
com fim a desafiar e estimular a criança para promover um desenvolvimento cognitivo rico.
Socialização – desenvolvimento da capacidade empática, de relações positivas, saber o que se pretende
de uma relação ou não.
Oportunidade de experimentar
Variedade de contextos

Idade adulta
Existe muita controvérsia em torno do modo como a inteligência se desenvolve durante a idade adulta
mas sabe-se que ela sofre um declínio (podendo ser pequeno ou grande), tal como outras tipologias de
competências.
Nota: não é linear a relação entre tempo e inteligência, podendo haver até um ganho do ponto de vista
intelectual.

São vários os processos cognitivos que diferem consoante a idade, com destaque para dois recursos de
processamento:
- Velocidade de resposta
- Capacidade da MT

Multidireccionalidade da inteligência

Int. Fluída – aptidões relacionadas são as que sofrem maior declínio; passam a exigir mais esforço (por
vezes iniciando uma curva decrescente aos 30 anos).

Int. Cristalizada - desenvolvimento ascendente até cerca dos 60 anos de idade, entrando nessa altura
em declínio, passando a estar comprometida.

Efeito Flynn

• Desempenho nos testes de QI aumenta com o passar dos


anos.
• Aumento do desempenho ocorre de geração para geração
(são referidos ganhos entre 5 e 25 pontos no Q.I.
entre gerações em diferentes países).

Seattle Longitudinal Study

Objetivos
• Perceber se a inteligência se altera de forma uniforme na idade adulta, ou se as diferentes
habilidades têm percursos diferentes.
• Conhecer qual a idade em que se observa declínio cognitivo e determinar a magnitude desse
declínio.
• Investigar padrões geracionais de diferenças nas diferentes habilidades ao longo do curso de
vida.
• Conhecer a estabilidade das habilidades ao longo da idade adulta.
• Saber o que interfere nas diferenças relacionadas com a idade, ao longo da idade adulta.
• Saber de que forma a inteligência entra em declínio com o aumento da idade, e se isso pode ser
revertido por intervenções educacionais.

Avaliação baseada em 5 dimensões


→ Avaliação das habilidades primárias (Thurstone)
Significados verbais.
Orientação espacial.
Pensamento indutivo.
Número.
Fluência verbal.

Resultados

Contextualização sócio histórica: muitas das mudanças relacionadas com a idade podem dever-se a
este fator, que influencia de forma diversa os indivíduos.

Habilidades menos afetadas pela idade:


Resolução de problemas;
Capacidade de interpretar a informação verbal.

Habilidades mais afetadas pela idade:


✗ Interpretação de informação não verbal.
✗ Capacidade de responder prontamente a novas situações.
✗ Aquisição de novos conceitos.
✗ Capacidade de concentração.
✗ Raciocínio abstrato.

Variáveis que reduzem o risco de declínio cognitivo na idade adulta:


• Ausência de problemas cardiovasculares.
• Ausência de doenças crónicas.
• Viver em condições ambientais favoráveis – elevado NSE.
• Envolvimento significativo em atividades: leitura, viajar, eventos culturais, cursos/formações,
clubes ou associações.
• Perceber-se como flexível.
• Boa condição física.
• Ter alguém que desafie do ponto de vista cognitivo.
• Possuir elevados índices de processamento percetivo.
• Sentir-se satisfeito com a vida e com a perceção de ter atingido os seus objetivos (auto-
realização).
Variabilidade inter-individual das aptidões mentais:
Até nas idades mais avançadas é possível encontrar indivíduos com um desempenho comparável ao de
indivíduos muito mais novos (mesmo em grupos de indivíduos com 80 anos existe sobreposição na
distribuição das classificações em relação a grupos de jovens adultos em provas de significado verbal).

Plasticidade das aptidões mentais:


Intervenções (5 sessões de uma hora), para os idosos, centradas nas aptidões com maior declínio -
aptidão espacial e de raciocínio demonstraram ganhos significativos.
No entanto, os efeitos do treino não parecem transpor-se para outros domínios da inteligência para
além dos avaliados.

Inteligência quotidiana:
Expressão das aptidões mais básicas da inteligência fluída e cristalizada que permitem ter um
comportamento adaptativo num conjunto de situações do quotidiano.
Existe algum suporte empírico para afirmar que a inteligência quotidiana sofre uma evolução positiva
com o passar do tempo, sendo encontrados níveis mais elevados em idosos do que em adolescentes
(papel diferenciador da perspetiva das operações pós-formais, enfatizando a maior sofisticação do
raciocínio relativista, que envolve uma síntese entre a lógica e os lados irracional, emocional e pessoal).

Investigação em Inteligência

Tipos de estudo:
- Cariz mais qualitativo: Descritivo
- Cariz mais quantitativo: Correlacional, Experimental

Descritivo Correlacional Experimental


Descrever um fenómeno; Relacionar variáveis; Procurar relações causais (2
Identificar variáveis; Avaliar a interação entre grupos);
Inventariar factos. variáveis; Predizer e controlar fenómenos;
Diferenciar grupos. Estabelecer leis.

Cuidados a ter
Conceptuais – conceitos que estamos a utilizar devem ser corretos e bem definidos.
Metodológicos – protocolo de investigação (métodos, regras, critérios) que utilizamos devem se
adaptar ao estudo.
Éticos – o protocolo de investigação não pode ser injusto, deve se reger pelas leis consoante o país.
(ex.: se queremos estudar dois irmãos gémeos não os podemos separar só para obter mais
informação).

Três novas fronteiras no domínio da investigação em Inteligência


Novas orientações teóricas do envelhecer cognitivo – ex.: SLS (ainda não há resultados exatos).
Novas direções nas neurociências cognitivas do envelhecimento (foco não deve ser sobre o que é
normativo, deve-se aprofundar os conhecimentos).
Efeitos fisiológicos e de saúde no envelhecimento cognitivo.

Avaliação em Inteligência

→ Feita apenas por psicólogos.


Exceção: primeiros dias/meses de vida (até 18 meses?) avaliação pode ser feita também por
pediatras/outros especialistas.

• Determinação de possíveis quadros patológicos.


• Avaliação de dimensões cognitivas.
• Avalia determinada área - tomada de decisão, Q.I., linguagem,...
• Avaliação em contextos variados – Justiça, Desporto, Educação,...
• Avaliação de todas as idades (nascimento até morte).

Critérios de classificação (avaliação de vários domínios):


Conteúdo;
Material;
Destinatários (adaptado à idade);
Tipo de rendimento;
Tipo de construção;
Competência que pretende avaliar (específica ou fator g, que avalia várias ao mesmo tempo).

Classificação segundo o grau de generalidade das provas


Estratégias gerais (ex.: inteligência de “banda larga”, observação, entrevista);
Estratégias específicas - provas que permitam avaliar de forma mais fina e minuciosa o que foi
determinado como problemático numa primeira análise de “banda larga” (ex.: Matrizes de Raven).

Tipo de técnicas
a) Entrevista (técnica subjetiva)
b) Observação (técnica subjetiva)
c) Técnicas objetivas

a) Entrevista
Adapta-se a todos os contextos.
Pode ter diferentes níveis de estruturação, adaptando-se às circunstâncias de cada caso.
O papel do entrevistador é central.
As características do entrevistador podem condicionar a entrevista (e.g., empatia, estabelecimento da
relação).
Permite registar a informação verbal e a não-verbal.
É habitualmente a primeira técnica a ser aplicada, permitindo estabelecer as primeiras hipóteses que
irão orientar a avaliação.
Técnica de utilização longitudinal, podendo ser utilizada ao longo de todo o processo de avaliação e de
intervenção.

b) Observação
Adaptação a diversos contextos.
O observador pode evitar interagir com o sujeito, para não provocar reatividade e falta de
espontaneidade.
Permite estudar comportamentos que não seriam éticos provocar, ou não há oportunidade de observar
em contexto individual.

c) Técnicas objetivas
Focadas num fator geral de inteligência vs Focadas numa competência/habilidade específica

Escalas de inteligência de Wechsler

Wechsler Preschool and Primary Scale of Intelligence (4 a 6 anos e meio)


Wechsler Intelligence Scale for Children (6 a 16 anos)
Wechsler Adult Intelligence Scale (mais de 16 anos)

Nota: “6 anos e meio”/“6 anos”, “16 anos”/“+ de 16 anos” - avalia a mesma faixa etária, no entanto, de
uma forma mais simples/exigente: depende da pessoa em questão, se a mesma tem dificuldades
cognitivas ou se verificamos um Q.I. acima da média, decidimos qual se adapta melhor.

Princípios e vantagens:
✔ Avaliação verbal e não verbal – provas verbais e provas de realização.
✔ Apoiam-se em noções estatísticas - comparação do desempenho do indivíduo na sua faixa
etária.
✔ Diferentes idades.
✔ Avaliação cognitiva de administração individual.
✔ É uma escala de avaliação da inteligência compósita – avalia inúmeras competências.
✔ Adaptável a uma ampla variedade de contextos.
✔ Análise de pontos fortes e frágeis dos indivíduos.
✔ Obtenção de informação relevante para reforçar ou invalidar diagnósticos baseados noutras
provas.
✔ Auxilia na avaliação e diagnóstico de dificuldades de aprendizagem.
✔ Subtestes permitem comparar o mesmo indivíduo em habilidades distintas.

Desvantagens:
✗ O postulado relacionado com a constância do QI é discutível segundo alguns autores.
✗ Risco de confusão com a utilização dos termos QI para os resultados das escalas verbal, de
realização e global.
✗ O próprio autor reconhece que as suas escalas não “abrangem tudo da inteligência” e apelam a
fenómenos “não intelectuais”.

WPPSI: Wechsler Primary and Preschool Scale of Intelligence (4 a 6 anos e meio)

Ordem das provas: alternação entre PV e PR com fim a manter a criança motivada (faz-se todos exceto
as 2 opcionais).

Provas verbais
Informação Conhecimentos gerais acerca do mundo.

Compreensão Expressar a compreensão acerca das razões de uma ação.

Aritmética Demonstrar compreensão de conceitos quantitativos básicos (itens


imagens; tarefas simples de contagem; problemas mais complexos).
Vocabulário Conhecimento lexical e desenvolvimento da linguagem.
Semelhanças 1º escolher imagens que partilham uma característica; 2º completar frases;
3º explicar semelhanças.
Frases memorizadas (O) Repetir frases com exatidão.

Provas de realização

Composição de objetos Encaixar peças de 1 puzzle de modo a formar um todo com


significado.
Figuras geométricas 1º: reconhecimento visual (observar um desenho simples e
depois escolher um igual);
2º: copiar desenhos geométricos a partir de um modelo.
Quadrados Raciocínio não verbal, visualização espacial, análise de um
desenho abstrato nas suas componentes.
Labirintos Percorrer labirintos progressivamente mais complexos.
Completamento de gravuras Memória visual a curto prazo e acuidade visual para elementos
de uma figura
(ex.: imagem de um cão com três patas - dizer que falta uma).
Tabuleiro dos animais* Fazer corresponder cavilhas coloridas a desenhos (avalia
velocidade e precisão).

(O) - opcional, * - quando aplico a WPPSI sou obrigada a fazer todas as provas exceto estas duas em
certos casos (ex.: criança demasiado cansada). Também pode servir como substituto de outra prova
anterior em determinados casos (ex.: existência de barulhos externos que distraíram a pessoa).

Cálculo dos Q.I.s

1º nível: QI de Escala Completa (QI verbal + QI de Realização)


2º nível: QI Verbal, QI de Realização
3º nível: Análise de cada subteste

WISC-III: Wechsler Intelligence Scale for Children (6 a 16 anos)

Provas verbais
Informação Conhecimentos gerais acerca do mundo.
Semelhanças Pensamento lógico abstrato com categorias verbais e classificação.
Aritmética Competências de raciocínio com conceitos numéricos básicos e resolução
de problemas.
Vocabulário Conhecimento lexical e desenvolvimento da linguagem.
Compreensão Verbalização de informação prática, avaliação/utilização de experiência
passada para resolver problemas.
Memória de dígitos (O) Memória auditiva a curto prazo para séries de números.

Provas de realização

Completamento de gravuras Memória visual a curto prazo e acuidade visual para elementos de
uma figura.
Código Velocidade psicomotora na realização de tarefas de papel e lápis.
Disposição de gravuras Sequenciação e antecipação de consequências de situações
sociais.
Cubos Raciocínio não verbal, visualização espacial, análise de um
desenho abstrato nas suas componentes.
Composição de objetos Flexibilidade, antecipação de relações parte – todo.
Pesquisa de símbolos (O) Avaliar a repetição de símbolos em diferentes séries de símbolos
Labirintos (O) Planeamento e previsão.

(O) – mesmo que na prova anterior.

Cálculo dos Q.I.s e dos Índices Fatoriais

1º nível: QI de Escala Completa


2º nível: QI Verbal, QI de Realização
3º nível: Índices fatoriais – medem tempo de resposta consoante cada tópico.
Índice Fatorial de Compreensão Verbal;
Índice Fatorial de Organização Percetiva;
Índice Fatorial de Velocidade de Processamento.
4º nível: Análise de cada subteste

WISC-III: Wechsler Adult Intelligence Scale (mais de 16 anos)

Provas verbais

Vocabulário Definição oral de palavras.


Semelhanças Explicação de semelhanças entre objectos e
conceitos.
Aritmética Resolução de problemas aritméticos.
Memória de dígitos Repetição de sequências de dígitos.
Informação Conhecimentos gerais acerca do mundo.
Compreensão Compreensão de regras sociais e conceitos.
Sequências de letras e números (O) Repetição de sequências de letras e de números.

Provas de realização

Completamento de gravuras Identificação da parte que falta nos objetos ou


situações.
Código Utilização de um código para fazer corresponder
símbolos a números.
Cubos Reprodução de imagens utilizando cubos.
Matrizes Completar matrizes.
Disposição de gravuras Ordenação de situações com lógica.
Pesquisa de Símbolos (O) Identificação da presença ou ausência de um
símbolo num conjunto.
Composição de objectos (O) Completar puzzles para obter um todo coerente.

Cálculo dos Q.I.s e dos Índices Fatoriais

1º nível: QI de Escala Completa


2º nível: QI Verbal, QI de Realização
3º nível: Índices fatoriais – medem tempo de resposta consoante cada tópico.
Índice Fatorial de Compreensão Verbal;
Índice Fatorial de Organização Percetiva;
Índice Fatorial de Velocidade de Processamento;
Índice Fatorial de Memória de Trabalho.
4º nível: Análise de cada subteste

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