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Vamos falar de Inteligência Emocional

O termo “Inteligência Emocional” (IE) foi formalmente definido, pela primeira vez, na
década de 90 por Salovey e Mayer (1990). Em 1990, converteram o nome de
inteligência interpessoal e intrapessoal em Inteligência Emocional, e definiram o
conceito como “um tipo de inteligência social, que envolve a capacidade de
monitorizar os sentimentos e emoções próprias e de outros, com o objetivo de os
distinguir, e de usar essa informação para orientar o pensamento e a ação”.
As suas raízes provêm do conceito de “inteligência social” identificado por Thorndike
em 1920, definido como a “capacidade de compreender e gerir, homens e mulheres,
rapazes e raparigas – atuando sabiamente nas relações humanas”. Este conceito
representou uma influência marcada para o desenvolvimento do construto de IE,
permitindo estabelecer uma ligação entre emoção e inteligência.
Em 1995, Daniel Goleman publicou um manual intitulado “Inteligência Emocional”,
onde apresenta um modelo explicativo do funcionamento da inteligência emocional e
das suas implicações no dia a dia. Assim, e com base neste modelo, pode-se dizer que a
inteligência emocional é a capacidade de compreender as nossas emoções e as
emoções dos outros, e usar este conhecimento em favor do sucesso próprio e
relacional.
Diversos autores destacam a influência da inteligência interpessoal e intrapessoal para
a construção do conceito de IE, sendo que Gardner definiu a inteligência intrapessoal
como a capacidade de autoavaliação e de conhecimento dos próprios sentimentos; e
a inteligência interpessoal como envolvendo a capacidade de compreender os
estados de espírito e os desejos dos outros e de agir com base nesses conhecimentos.
Em 1997, Mayer e Salovey desenvolveram o seu próprio modelo e reformulam o
conceito de IE, sendo este constituído por quatro dimensões:
 Capacidade de perceção, avaliação e expressão de emoções;
 Capacidade de aceder e gerar emoções que facilitem as atividades cognitivas;
 Capacidade para compreender e analisar informação emocional e para usar o
conhecimento emocional;
 E capacidade de gerir emoções para promover o desenvolvimento e o bem-
estar emocional e intelectual.
Também em 1997, Bar-On apresenta um modelo de IE que se compõe em cinco
dimensões (Ceitil, 2007):
 Intrapessoal (autoconsciência emocional, assertividade, autoestima,
autorrealização, independência);
 Interpessoal (relações interpessoais, responsabilidade social, empatia);
 Adaptabilidade (resolução de problemas, realismo, flexibilidade);
 Gestão do stress (tolerância ao stress, controlo da impulsividade);
 Humor em geral (felicidade, otimismo)
Os autores Cunha, Cabral-Cardoso, Cunha e Rego (2007) anunciam de um modo
simples, que os indivíduos emocionalmente inteligentes são os que usam a razão para
compreender as emoções (as próprias e as dos outros) e lidar com elas, e que
recorrem às emoções para interpretar a envolvente e tomar decisões mais racionais.
Nesta lógica, a emoção torna o pensamento mais inteligente, e a inteligência permite
pensar e usar de modo mais apurado as emoções. Por conseguinte, a IE representa a
capacidade para conciliar emoções e razão: usar as emoções para facilitar a razão, e
raciocinar inteligentemente acerca das emoções.
No que respeita à aprendizagem da IE, tal como refere Goleman (2000), ao contrário
do nosso QI, que pouco muda após a adolescência, a IE é em grande medida assimilada
e continua a desenvolver-se ao longo da vida, à medida que aprendemos com as
nossas experiências. Em 1998, Goleman defende que “a pesquisa e a prática
demonstram claramente que a inteligência emocional pode ser aprendida”.
Agregando os vários autores e definições, por inteligência emocional entende-se o
conjunto de mecanismos mentais necessários à resolução de problemas e à gestão de
comportamentos, isto é, a habilidade que o indivíduo tem para identificar, utilizar,
compreender e regular as emoções em si próprio e nos outros.
Relativamente aos fatores que contribuem para a inteligência emocional, saliento:
 Autoconhecimento;
 Autoperceção;
 Autoconfiança;
 Autogerir;
 Automotivação;
 Empatia;
 Habilidades sociais.
De forma a concluir este tema, importa realçar como podemos desenvolver a
inteligência emocional. Mayer e Salovey recomendam que a inteligência emocional
seja contemplada no ambiente familiar, na escola, nas organizações e em outros
contextos, visando a resolução potencial de problemas. O seu modelo centra-se nas
habilidades emocionais que podem ser desenvolvidas através da aprendizagem e da
experiência quotidiana. Importa, no entanto, que se reconheça como indispensável o
treino e a prática da inteligência emocional, com vista ao seu domínio. A inteligência
emocional conquista-se através da educação e do desenvolvimento de competências
emocionais que contribuem para um melhor bem-estar pessoal e social.
É fundamental, então, que a inteligência emocional seja posta em prática, através de
programas sequenciais, que podem e devem iniciar-se, a nível educacional, na infância.
Para isso, tal como na dinâmica educacional, a planificação estratégica de atividades
requer que sejam delineados objetivos e escolhidos conteúdos, com vista a uma
intervenção programada a implementar e avaliar.

Proposta de filmes: Looking for Eric (2009) e The King's Speech (2010)
Proposta de livros: Tu és aquilo que pensas de James Allen (2019) e Inteligência
Emocional de David Walton (2022)

Bibliografia:
Costa, R. (2015). INTELIGÊNCIA EMOCIONAL . IV Jornadas Pedagógicas. Agrupamento de Escolas D.
Manuel de Faria e Sousa.
CRIAP, I. (28 de abril de 2023). Obtido de https://www.institutocriap.com/blog/psicologia/o-conceito-e-
as-teorias-de-inteligencia-emocional
Gaspar, A. C. (2021). Inteligência Emocional em crianças: Ferramentas Práticas. Leiria: ForYourMind, Lda.
Torres, M. B. (2014). O impacto da Inteligência Emocional no resultado do trabalho - Estudo em dois
contextos organizacionais. Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de
Mestre em Gestão de Recursos Humanos. Lisboa : Universidade Europeia.

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