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Inteligência Emocional

Cada vez mais ouvimos falar da tão aclamada inteligência emocional.


Mas afinal, o que é exatamente? Será assim tão importante, uma vez que é
um tema relativamente recente?

O que é a Inteligência Emocional?

A inteligência emocional é o nome que se dá ao conjunto de


competências relacionadas com a capacidade do ser humano de
lidar com as emoções. Por outras palavras, refere-se ao modo como
percebemos, processamos e compreendemos aquilo que sentimos, bem
como a forma como lidamos com isso. Isto inclui também habilidades
relacionadas á interação com os outros.
Para conquistar a inteligência emocional é preciso haver um equilíbrio
entre as áreas presentes nos dois hemisférios do cérebro: o esquerdo e o
direito.
 Hemisfério cerebral esquerdo: comanda as tarefas
analíticas e lógicas, ou seja, o pensamento linear, a
matemática, a linguagem e a escrita, ou seja, todo o
nosso lado racional
 Hemisfério cerebral direito: responsável pelas
atividades emocionais que incluem a capacidade de
síntese, de intuição, de compreensão da linguagem,
da música, entre outras…

Como surgiu o conceito de “Inteligência Emocional”?

Durante anos, a medida da inteligência era dada exclusivamente pelo


Quociente de Inteligência (QI) de uma pessoa. No conceito de QI
está a habilidade de raciocinar, pensar problemas de forma
abstrata, gerar soluções para assuntos complexos e aprender
rapidamente. Tudo isso se relaciona com o desenvolvimento
cognitivo dos indivíduos. Contudo, muitos estudiosos passaram a
questionar essa teoria da inteligência única. A primeira referência à
inteligência emocional de que se tem registo é do século XIX, de autoria do
naturalista Charles Darwin. No entanto, nessa altura, o conceito tinha muito
mais a ver com o instinto de sobrevivência e com a teoria evolucionista de
adaptabilidade (que era o tema que Darwin estudava) do que com o sentido
que lhe damos hoje.

Na década de 1980 surgiram outras ideias como as de


inteligência social (que tratava sobre a capacidade humana
de compreender e motivar uns aos outros) e de
inteligências múltiplas (elaborada por Howard Gardner).
De acordo com esta teoria existem 8 tipos de inteligência:

Linguística: refere-se á comunicação oral, escrita e a lidar


com palavras - Políticos, poetas e jornalistas costumam ser
referência;

Musical: produção e diferenciação de sons, ritmos e


timbres – Profissionais ligados á musica;

Lógica/Matemática: resolução de cálculos e


problemas - Cientistas, acadêmicos e engenheiros são os
destaques;

Visual/Espacial: visão do todo, em 3D - Pintores,


fotógrafos e designers;

Corporal/Cinestésica: não só os atletas a utilizam, mas também


profissões como cirurgiões e artistas plásticos, pois devem fazer um uso
racional de seu corpo ao exercer a profissão;
Interpessoal: auxilia na interpretação dos gestos e
palavras na socialização. Permite a empatia;

Intrapessoal: possibilita a compreensão de nós


próprios e autocontrolo;

Naturalista: deteta e relaciona questões da natureza.


Está ligada à sobrevivência do ser humano – escuteiros;

A inteligência emocional como a conhecemos hoje, está relacionada com


os tipos inter e intrapessoal da teoria de Gardner.

Os responsáveis por fixar a teoria de inteligência emocional sob forma


de artigo académico foram os psicólogos e pesquisadores
estadunidenses Peter Salovey e John D. Mayer, em 1990.
Mas as pesquisas em torno da influência das emoções já
vinham a ser realizadas há algum tempo. Em 1920, Edward
Thorndike, também psicólogo norte-americano, descreveu a
inteligência emocional como a habilidade de administrar as
emoções. Depois dele, outros nomes aparecem na linha do tempo,
acrescentando informações e fatos importantes para a formação do conceito
como é atualmente conhecido.

No entanto, nenhum deles tem um papel tão fundamental quanto o


escritor Daniel Goleman, autor do best seller
Emotional Intelligence, de 1995. Goleman foi o
responsável por popularizar o tema, levando o
assunto a diversas camadas da sociedade. Foi o
primeiro a aprofundar-se de fato na complexidade
da inteligência emocional, sendo por isso ele
considerado o pai da inteligência emocional. A
linguagem usada por ele é muito mais acessível ao público em geral e o seu
tom muito persuasivo, facilitando a compreensão. O autor apresentou
resultados de novos estudos sobre a mente humana, associando diversos
aspetos da nossa personalidade às habilidades cognitivas. Entre as suas
principais contribuições técnicas está a criação do conceito de Quociente
Emocional (QE), um complemento ao Quociente de Inteligência, o famoso
QI.

No seu livro, Daniel Goleman defende que a inteligência emocional


só é alcançada quando o indivíduo consegue equilibrar o lado racional
e emocional, ou seja, os dois hemisférios cerebrais. A partir dos seus
estudos, o psicólogo registou cinco pilares para conseguir esse feito.

São eles:

Capacidade de
reconhecer as
próprias emoções.

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He
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isbu
A
ti
p
m
E r
vçã Capacidade de lidar
Conjunto de com as próprias
capacidades emoções.
envolvidas na
interação social.

Capacidade de Capacidade de se
se colocar no motivar e manter-
lugar do outro. se motivado.
Qual a importância da IE?

Segundo Goleman, a capacidade de uma pessoa em lidar com


suas emoções é muito mais importante que a sua competência de
processar informações. Ele inclusive dá números a essa
relação. O sucesso de uma pessoa, segundo ele, tem 80% a
ver com o seu QE, enquanto o QI é responsável apenas pelos
outros 20%. Afinal, do que adianta ter um nível de
conhecimento acima da média se não se souber trabalhar as
emoções?

“As pessoas são contratadas pelas suas habilidades técnicas, mas são
demitidas pelo seu comportamento”
A inteligência emocional está diretamente ligada ao sucesso profissional,
às relações interpessoais e à auto-motivação. Pessoas que
conseguem ter controlo sobre as suas emoções também têm
mais gestão sobre as suas vidas. Tudo isso contribui para a
nossa realização.
Na atual era digital, cada vez mais os aspetos técnicos
têm sido desvalorizados e “engolidos” pelos avanços
tecnológicos, mais especificamente pela inteligência
artificial. Assim a exigência está a focar-se nas habilidades
comportamentais. Funcionários mais equilibrados tendem a
tomar melhores decisões, que podem trazer resultados mais produtivo.
Em exemplos mais concretos, os principais benefícios da inteligência
emocional no trabalho são:
 Melhoria da relação com colegas e líderes
 Equilíbrio emocional diante de situações
estressantes e desafiadoras
 Maior poder de decisão
 Diminuição da ansiedade no trabalho

 Definição de metas mais


inteligentes
 Foco e determinação no cumprimento dos
objetivos
 Aumento da produtividade
 Melhor administração do tempo
 Mais responsabilidade e comprometimento
O mesmo se pode dizer para o nosso percurso escolar.
Quantas vezes somos nós, estudantes, prejudicados pelas
nossas emoções? Os nervosismos antes dos testes ou
apresentações que levantam dúvidas e esquecimentos a meio
de momentos de avaliação são algo que nos prejudica a
todos, assim como toda a pressão ligada á escola. Se
conseguirmos aprender a controlar essas emoções esse tipo de
coisas deixa de interferir no nosso bom desempenho. Este
controlo também nos favorece em termos pessoais na
convivência com os outros. Não podemos estabelecer relações
duradouras se não formos capazes de nos conectar com os outros e
percebê-los da mesma forma que nos percebemos a nós.

Temos ainda o exemplo da educação de uma criança. Os


pais são os líderes destes, certo? Se não souberem lidar com
as suas emoções como pai e mãe, como conseguirão
ensinar os seus filhos a lidar com as emoções deles para
que se tornem adultos inteligentes emocionalmente?
Essas questões demonstram a importância de desenvolvermos a
inteligência emocional diariamente, pois, como seres
humanos, experimentamos diferentes emoções a toda a hora.
E, pior ainda, as nossas emoções podem levar a um efeito em
cadeia ao nosso redor: sentimentos são contagiosos, para
o bem e para o mal. Portanto, a forma como reagimos a
cada uma das emoções ajuda – nos a alcançar os nossos
objetivos pessoais e profissionais. E isso também permite que sejamos
melhores líderes, desenvolvendo relacionamentos saudáveis, com uma vida
mais equilibrada e feliz.

Como dominar a nossa IE?

Dominar a inteligência emocional significa ser capaz de


perceber as nossas emoções, saber identificá-las e perceber o
que as provoca (como se diz atualmente, perceber quais
são os “gatilhos” que as ativam). Após este trabalho de
reconhecimento segue-se a procura de técnicas ou truques
que nos ajudam a lidar com cada uma dessas emoções da
melhor maneira, sendo isto muito variável, uma vez que
somos todos diferentes e cada um lida com as emoções á
sua maneira.
As emoções são muitas… Felicidade, raiva, angústia, medo, alívio,
tédio… Alguns estudos falam em 27 emoções, enquanto outros estendem
esta lista para quase 50.
O grande problema é que temos gerações de pessoas que cresceram a
aprender a nomear tudo como tristeza, alegria, medo e raiva. Assim, em
algumas situações, o sentimento por trás é mais complexo, não se limitando
a estas 4 mais simples. Isto torna as emoções difíceis de dominar. Ter
consciência das emoções existentes que se pode experimentar permite que
se entenda também quais são os gatilhos de cada uma e, a partir disso,
desenvolver formas de lidar com elas. Com o tempo tornamos-mos pessoas
mais leves e otimistas que já não vêm a resolução de problemas como um
fardo. A partir desse momento, temos oficialmente o domínio da nossa
inteligência emocional. Os pilares de Goleman
constituem os caminhos a serem seguidos até á
inteligência emocional.
É importante lembrar ainda que o
autoconhecimento é algo contínuo, ou seja, que
deve ser praticado sempre.

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