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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL- AULA 5

Conceituação de inteligência emocional


Principalmente ao longo da modernidade e com o advento da ciência, o ser humano
procurou definir o que viria a ser a inteligência, visando classificar Inteligência
emocional Pablo Bes aqueles que seriam, então, mais ou menos inteligentes. Ocorre
que esse mecanismo de classificação, inicialmente acompanhando a própria
tendência das ciências exatas e do pensamento cartesiano, privilegiou a capacidade
de raciocínio matemático como o principal item a descrever o nível de inteligência
das pessoas. Assim, tivemos a ascensão dos testes de quoeficiente de inteligência
(QI), puramente matemáticos no início do século XX, o que foi contestado, em parte,
pelas teorias científicas desenvolvidas por outras áreas do conhecimento, como a
teoria das múltiplas inteligências, de Gardner (1995), a ampliação do entendimento
sobre o ser humano proposta na teoria geral dos sistemas, as ideias que envolvem o
holismo e a própria teoria da complexidade, entre outras.
Ao desenvolver sua teoria das inteligências múltiplas, em meados dos anos 1980,
Gardner propôs entre as inteligências manifestadas pelo ser humano a interpessoal
e a intrapessoal. A inteligência interpessoal seria aquela baseada na capacidade de
“[...] perceber distinções entre os outros; em especial [...] estados de ânimo,
temperamentos, motivações e intenções” (GARDNER, 1995, p. 27). Em outras
palavras, a inteligência interpessoal desenvolvida por Gardner apontava na direção
do reconhecimento e percepção do estado emocional daqueles que participam do
nosso convívio. Já ao se referir à inteligência intrapessoal, o autor destaca “[...]
aspectos internos de uma pessoa: o acesso ao sentimento da própria vida, à gama
das próprias emoções, à capacidade de discriminar essas emoções e eventualmente
rotulá-las e utilizá-las como uma maneira de entender e orientar o próprio
comportamento” (GARDNER, 1995, p. 28). Isso representa bem as tendências dos
estudos da psicologia na década de 1980.
Assim, no impulso dessas novas teorizações, assume-se o fato de que o ser
humano não possui somente uma inteligência, mas várias, e que o funcionamento
delas ocorre de forma complementar e interdependente, articulando aspectos
racionais e emocionais. Sabe-se hoje, pelo avanço da neurociência e da própria
psicologia, que existe um sério comprometimento psicofisiológico em nossas ações.
Assim, ao pensarmos e agirmos acabamos produzindo reações físicas, muitas vezes
hormonais, em nosso corpo, que, em muitos casos, se associam com os aspectos
emocionais. Na década de 1990, para melhor contemplar os problemas ocasionados
na vida das pessoas tanto no âmbito pessoal quanto no mundo do trabalho —
relacionados sobretudo com as mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais
advindas da globalização — começaram a ser ainda mais impulsionadas as
pesquisas acadêmicas voltadas à inteligência emocional. Assim, passou a ser
enfocado o estudo das emoções, seu conhecimento, controle e educação, o que
viria a produzir o conceito de inteligência emocional que hoje conhecemos e que foi
difundido internacionalmente a partir da obra Inteligência emocional, publicada em
1995 por Daniel Goleman. Porém, o conceito de inteligência emocional já havia sido
definido em um artigo de Salovey e Mayer (1990) como uma inteligência de caráter
social, relacionada ao conhecimento dos sujeitos sobre suas emoções e a
capacidade de controlá-las, incluindo sua percepção em relação às emoções
alheias. Os mesmos autores definiriam posteriormente a inteligência emocional
como:
A habilidade para reconhecer o significado das emoções e suas inter-relações,
assim como raciocinar e resolver problemas baseados nelas. A inteligência
emocional está envolvida na capacidade de perceber emoções, assimilá-las com
base nos sentimentos, avaliá-las e gerenciá-las (MAYER; CARUSO; SALOVEY,
2000, documento on-line).
Dessa forma, a inteligência emocional amplia a própria definição da inteligência,
relacionando-a com as habilidades de convívio social necessárias para o equilíbrio
da vida humana. A partir dessas conceituações iniciais sobre a inteligência
emocional, podemos compreender que ela abrange os seguintes aspectos:
„ não é inata;
„ É uma habilidade;
„ envolve competência social;
„ requer conhecimento sobre as emoções;
„ depende de controle versus gerenciamento;
„ exige percepção da emoção alheia.

Inatismo é uma ideologia filosófica que acredita ser o conhecimento


de um indivíduo uma característica inata, ou seja, que nasce com
ele. Nesta teoria, a ideia do conhecimento desenvolvido a partir das
aprendizagens e experiências individuais de cada pessoa é
desacreditado.

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