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PSICANÁLISE:

Uma abordagem comprometida com o inconsciente

Por
Ana Carolina Venâncio Teorias e Técnicas
Diene Duarte Psicológicas
UNITRI Juliana Chiavassa Prof. Danielle
BREVE HISTÓRICO:

A Psicanálise é uma linha teórica de


investigação e compreensão da psique
humana, além de um campo clínico de
atuação. Essa abordagem teve seu início
com o médico neurologista e psiquiatra
Sigmund Freud (1856-1939), e tem como
princípio: a subjetividade e o inconsciente.
Formulada há mais de cem anos, é usada
para acolher e tratar todos os tipos de
questões relacionadas à saúde mental.
FUNDADORES:
Freud foi pioneiro na ideia de que forças inconscientes
influenciam o indivíduo. Acreditava que eventos
da infância e conflitos inconscientes relacionados
a impulsos e agressões sexuais, moldam a experiência
do sujeito. Era judeu e ateu, e estabeleceu teorias como:
- a existência do inconsciente e sua influência;
- o id, ego e superego e o desenvolvimento psicossexual;
- a ligação dos impulsos sexuais com as neuroses.

Freud também desenvolveu técnicas como interpretação dos sonhos e


a fala, além da transferência e contratransferência como processo
psicoterapêutico.
Outros autores também colaboraram para
a construção dessa abordagem, como
Sándor Ferenczi, psicanalista húngaro, que
ampliou os limites terapêuticos com a
preocupação no tratamento de psicóticos,
de pacientes psicossomáticos e casos-
limites.

Seus interesses teóricos foram:

- temas da introjeção e projeção;


- ênfase sobre o papel do objeto externo no desenvolvimento psíquico;
- regressão na cura analítica;
- importância dos vínculos
- impacto do trauma infantil na constituição do sujeito

Melanie Klein é uma das autoras que mais contribuíram na


compreensão do inconsciente. Com problemas na família, morte de
dois irmãos e da mãe, problemas com os filhos e no casamento,
iniciou psicoterapia com Ferenczi, seu grande incentivador.

As contribuições de Klein para a psicanálise foram:


- Entendeu que os primeiros momentos de vida
extrauterina do bebê promove importantes
impactos sobre sua construção psíquica.
- Trouxe a brincadeira para o trabalho psicanalítico
- Reconheceu paralelos nas terapias psicanalíticas em
adultos através da interpretação de sonhos
com brincadeiras terapêuticas com crianças.
Winnicott, discípulo de Klein, também foi fundamental na
construção dessa abordagem. Postulou que cada ser humano traz
um potencial inato para amadurecer e para se integrar, e
entendeu que o fato de essa tendência ser inata não garante que
ela realmente vá ocorrer, pois isso depende
de um ambiente facilitador que forneça os
cuidados que o indivíduo precisa, sendo
representado no início da vida da criança
pela “mãe suficientemente boa“.
Opondo-se aos pós-freudianos que
promoveram a psicanálise buscando
fundamentações na Biologia, Jaques
Lacan escolheu a linguística e a lógica
para reconfigurar a teoria do inconsciente.
Elaborou o conceito de estádio do espelho,
que refere-se ao período que se inicia aos
seis meses de idade do indivíduo,
aproximadamente, encerrando aos dezoito
meses. Este estádio é caraterizado pela
representação da unidade corporal pela criança, e também por sua
identificação com a imagem do outro.
PONTOS DA CONSTRUAÇÃO TEORICA:
A psicanálise criou a estrutura para a terapia psicanalítica, uma
forma profunda e individualizada de terapia da fala. Ela abrange uma
conversa aberta que quer compreender idéias e memórias
escondidas no inconsciente. São empregadas técnicas específicas,
como associação espontânea de palavras, análise de sonhos e
transferência, para estabelecer um movimento de confiança mútua e
possibilitar que o espaço analítico abarque o paciente e suas
demandas. A identificação de padrões na fala e nas reações do
paciente pode ajudar o indivíduo a entender melhor seus
pensamentos, comportamentos e relacionamentos como um prelúdio
para mudar o que é disfuncional. Freud estabeleceu conceitos bases
em sua teoria, que conduzem a abordagem e suas técnicas:
Consciente - O nível da mente
consciente é tudo aquilo do que
estamos percebendo racionalmente e
intencionalmente. Para a psicanálise, ele
corresponderia à menor parte da
mente humana. Neste consciente está
tudo aquilo que podemos perceber e
acessar de forma intencional.
O consciente funciona de acordo com
as regras sociais, isso significa que é por
meio dele que se dá a nossa relação com
o mundo externo.
Pré-consciente - se refere àqueles conteúdos que podem facilmente chegar ao
consciente, mas que lá não permanecem. Esse nível mental pertence ao
inconsciente. Podemos pensar nele como uma peneira que fica entre o
inconsciente e o consciente, filtrando as informações .
Inconsciente - Freud utiliza esse
termo para se referir a qualquer
conteúdo que se encontre fora da
consciência. No inconsciente estão
quase todas as memórias que
acreditamos estarem perdidas para
sempre, todos os nomes esquecidos,
os sentimentos e medos. Todas essas
memórias e sentimentos que
conseguimos, de alguma forma, ignorar.

Já o Id, o Ego e o Superego, são os três componentes da formação da personalidade:


ID - É a fonte de energia psíquica e o
aspecto da personalidade relacionado aos
instintos. É a estrutura da psique humana
que fica na superfície. É a primeira que
aparece na nossa vida e que rege nosso
comportamento na primeira infância. Busca
o prazer imediato, é instintivo.

EGO - Aspecto racional da personalidade


responsável pelo controle dos instintos.

À medida que crescemos, nosso conceito de realidade e nossa necessidade de


sobreviver no meio que nos cerca vão aparecendo. Assim, com o desenvolvimento
desse “Ego” também aparece uma necessidade: a de controlar a cada instante o “Id” ou
a realização de ações para satisfazer os impulsos de um modo aceitável e correto
socialmente.
SUPEREGO - É o aspecto
moral da personalidade, produto
da internalização dos valores e
padrões recebidos dos pais e
da sociedade. O Superego é
uma entidade psíquica que
surge a partir da socialização, da
pressão dos nossos pais, dos
esquemas do contexto social que
nos transmitem normas, padrões,
guias de comportamento. Ele tem
um fim último muito específico:

zelar pelo cumprimento das regras morais. Esse propósito não é fácil de realizar. Isso
devido aos impulsos do Id, que desconsidera a moral e que deseja satisfazer seus
impulsos.
PRINCIPAIS TECNICAS:
Duas das principais técnicas da psicoterapia psicanalítica são: a livre
associação e o método analítico.

A associação livre é a ferramenta que permite acessar o inconsciente do


paciente. A proposta é que o analisando fale de modo livre, sem censuras
tudo o que passa por sua mente. Para Freud, o ato de falar já gera um alívio
da tensão psíquica. Aquilo que está sendo associado conscientemente dá
indícios do que está inconsciente, e quando essas representações se
apresentam para o analista, cabe a ele interpretar junto ao analisando,
apontando que o conteúdo que foi manifesto pelo paciente tem em sua base
um conteúdo latente. Isso significa que aquilo que é trazido
despretensiosamente é, na verdade, um “deslocamento” de um conteúdo até
então inconsciente.
PRINCIPAIS TECNICAS:

Sobre o método analítico, este se diferencia do método sugestivo,


utilizado nas demais psicoterapias e principalmente na medicina.
Essa ferramenta fica bem exemplificada pelo próprio Freud quando
ele cita que esta é uma técnica que funciona pela "via de retirar". Ao
contrario das outras abordagens que que se propõe a resolver
problemas e dificuldades (via do colocar), o método analítico não
enfatiza a colocação de explicações e sugestões, e sim a retirada ou
exposição daquilo que faz sofrer, e esse, para os adeptos da
psicanálise, é o único método a possibilitar, realmente, a cicatrização
de feridas psíquicas.
UTILIZAÇÃO PSICOTERAPEUTICA
INDIVIDUAL E EM GRUPO E
INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES:
Essa abordagem trabalha, preferencialmente em níveis individuais, uma vez
que busca compreender e acolher a subjetividade de cada indivíduo. Quando o
trabalho acontece de maneira grupal, a linha teórica entenderá aquele grupo
como o paciente em sua inteireza, percebendo como a subjetividade de cada
um compõe aquele clã.

Sobre as indicações e contra indicações, é fato que a psicanálise é para todos


e sem restrições. Não há indicações, porque ela abarca qualquer demanda de
saúde mental do paciente, e não há contraindicações, pois havendo o desejo, é
possível aplicar a técnica à qualquer demanda em qualquer paciente.
REFERÊNCIAS:

- Anzieu, D. (1993) Grupo e o inconsciente: o imaginário grupal. Rio de Janeiro: Casa


do Psicólogo.
- Baremblitt, G. (1982) Grupos: teoria e técnica. Rio de Janeiro: Edições Graal Ltda.
- Becchelli, L. P. C. & Santos, M. A. (2004) Psicoterapia de grupo: como surgiu e
evoluiu. Em: Revista Latinoamericana de Enfermagem, ano 12, 2, 242-249. Retirado
em 20 de maio do site http://www.scielo.br/pdf/rlae/v12n2/v12n2a14.pdf
- Bion, W. R. (1975) Experiência com Grupos. São Paulo: EDUSP.
- Camara, M. (1987) História da psicoterapia Em Py, L. A. e outros Grupo
sobre grupo (pp. 21-35). Rio de janeiro: Rocco.
- Freud, S. (1921a/1996) Psicologia das massas e análise do ego . Em: Edição
Standard Brasileira das Obras de Sigmund Freud (pp. 89-179, vol. XVIII). Rio de
Janeiro: Imago.
- Lancetti, A (1982) Para uma reformulação da experiência grupal. Em Baremblitt, G.
(org) Grupos: teoria e técnica. Rio de Janeiro: Edições Graal Ltda.

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