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RESUMO: A logoterapia é uma abordagem psicoterapêutica que se baseia na ideia de que o ser humano
busca um sentido para a sua existência. Essa busca é vista como uma motivação primária e uma fonte de
saúde mental e bem-estar. Foi desenvolvida por Viktor Frankl, um psiquiatra e sobrevivente do
Holocausto, que se baseou em sua própria experiência de resistir à desumanização nos campos de
concentração. A logoterapia parte do princípio de que o ser humano é um ser espiritual, dotado de
liberdade e responsabilidade, que pode encontrar um propósito para sua existência mesmo nas situações
mais adversas. Essa abordagem oferece ferramentas para ajudar as pessoas a descobrir e realizar seus
valores, seus projetos e seus ideais, buscando assim uma vida mais plena e significativa. Ela propõe,
também, que, quando o sentido da vida é obscurecido ou frustrado, surge um estado de vazio existencial,
que pode levar a diversos problemas psicológicos, como depressão, ansiedade, tédio e até mesmo
comportamentos autodestrutivos. A logoterapia visa ajudar o indivíduo a encontrar o seu próprio sentido
da vida, através de um diálogo socrático, de exercícios reflexivos e de intervenções orientadas para os
valores. A logoterapia é considerada uma das principais vertentes da psicologia humanista e existencial.
ABSTRACT: Logotherapy is a psychotherapeutic approach that is based on the idea that human beings
seek a meaning for their existence. This search is seen as a primary motivation and a source of mental
health and well-being. It was developed by Viktor Frankl, a psychiatrist and Holocaust survivor, who
based his own experience of resisting dehumanization in the concentration camps. Logotherapy assumes
that human beings are spiritual beings, endowed with freedom and responsibility, who can find a purpose
for their existence even in the most adverse situations. This approach offers tools to help people discover
and fulfill their values, their projects and their ideals, seeking a more full and meaningful life. It also
proposes that, when the meaning of life is obscured or frustrated, a state of existential emptiness arises,
which can lead to various psychological problems, such as depression, anxiety, boredom and even self-
destructive behaviors. Logotherapy aims to help the individual find his own meaning of life, through a
Socratic dialogue, reflective exercises and value-oriented interventions. Logotherapy is considered one of
the main branches of humanistic and existential psychology.
1
Aluna da graduação de Psicologia do 2° período da UNIFATEB – gekermann@hotmail.com
2
Aluna da graduação de Psicologia do 2° período da UNIFATEB – gessicacostadossantos@outlook.com
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Aluna da graduação de Psicologia do 2° período da UNIFATEB – yasminstefhanicassulamarques@gmail.com
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Docente de Psicologia na UNIFATEB campus sede – bruna.gumiero@unifateb.edu.br
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1. INTRODUÇÃO
Perguntaria também
Como é que ele é feito
Que não dorme, que não come
E assim vive satisfeito.
Por que foi que ele não fez
A gente do mesmo jeito?
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Leandro Gomes de Barros (1865-1918) foi um importante poeta brasileiro de cordel. Ele nasceu no Nordeste do
Brasil, na cidade de Pombal, no estado da Paraíba. Leandro Gomes de Barros é amplamente reconhecido por suas
contribuições para o gênero da literatura de cordel, uma forma de poesia popular e folclórica que é característica da
região nordeste do Brasil.
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vida, racionalismo, niilismo, altruísmo, bem como, em suas obras muitas vezes analisou
transtornos mentais e o tema suicídio. Alberto Camus (1942) aborda o tema “sentido da
vida” em relação ao ser humano vivenciando situações absurdas e se a vida tem ou não
um significado, num ensaio filosófico “Le Mythe de Sisyphe”, usa uma metáfora ao
Mito de Sísifo para analisar o assunto. Em se tratando dessa discussão no mundo da
filosofia, importante citar Schopenhauer (1788 – 1860) que abordou o tema “sofrimento
da vida” associado ao amor, supondo que a ação humana é determinada pela vontade e
não pela razão, expondo uma visão bastante pessimista em relação à existência humana.
Já Nietzsche (1844 – 1900), bastante próximo ao que ora se desenvolve no texto sobre
logoterapia, defende que a “vontade de poder” é determinada na ação do ser humano,
cabendo a esse a sua superação individual e a transcendência. Heidegger (1889 – 1976)
e Jean-Paul Satre buscaram na fenomenologia de Edmund Hurssel (1859 – 1938) uma
análise ontológica sobre a existência. Satre e Heidegger contribuíram com suas
indagações a respeito do tema numa análise da relação vida e busca pelo sentido,
analisando a relação subjetiva-objetiva e às implicações no quotidiano do homem.
bem como, entender o vazio existencial, ou seja, a sensação de falta de sentido na vida.
Foi desenvolvida pelo psiquiatra e neurologista, judeu austríaco Viktor Frankl,
sobrevivente ao Holocausto, esteve prisioneiro em quatro campos de concentração
nazistas, perdeu seus pais, irmãos, esposa e filho, bem como, testemunhou o poder da
vontade de viver. Sua experiência de miserabilidade humana o levou a entender o vazio
existencial, isto é, a sensação de falta de sentido na vida. A logoterapia foi desenvolvida
por Frankl acreditar que o ser humano tem uma motivação primária para encontrar um
propósito na existência e que a sua felicidade depende de como ele responde às
situações que enfrenta. A abordagem propõe que o vazio existencial pode ser superado
através da descoberta de valores pessoais, projetos de vida e responsabilidade diante do
próprio destino. Sua experiência de vida, principalmente, baseou seu pensamento em
que o ser humano é livre para escolher o seu destino. A logoterapia propõe que o
sentido da vida pode ser encontrado em três dimensões: a criativa, a experiencial e a
atitudinal. A dimensão criativa se refere à capacidade de realizar algo significativo,
como um trabalho, um projeto ou uma obra de arte. A dimensão experiencial se refere à
capacidade de vivenciar algo valioso, como o amor, a amizade ou a beleza. A dimensão
atitudinal se refere à capacidade de assumir uma postura positiva diante das
circunstâncias adversas, como o sofrimento, a doença ou a morte. A logoterapia é uma
forma de ajudar as pessoas a encontrar o seu propósito e a sua motivação para viver.
enfermagem (Lima & Santa Rosa, 2008), literatura (Feitosa & Gaudêncio, 2012), entre
outras. No Brasil, há um crescente interesse na pesquisa do acerca do tema Logoterapia
e, em particular, o número de publicações vem crescendo nesse novo século (Véras &
Rocha, 2014).
2. OBJETIVO GERAL
3. JUSTIFICATIVA
identificação de sua dimensão espiritual, a qual pela sua dinâmica própria pode abrir os
olhos a uma vivência da religiosidade.
4. METODOLOGIA
5. DESENVOLVIMENTO
O que de fato impele o homem não é nem a vontade de poder (Adler), nem a
vontade de prazer (Freud), mas sim o que Frankl chama de vontade de sentido.
Freud foi suficientemente genial para ser consciente das limitações do seu
sistema, como quando confessou a Ludwig Binswanger que se havia ‘sempre
limitado’, em seu caso, ‘ao andar térreo e ao porão do edifício (Frankl, 2001,
p. 32).
É importante iterar que Frankl demonstrou com muita importância, que o sentido
espiritual não significa propriamente um sentido religioso, propondo inclusive uma
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outra etimologia - dimensão nooética - para sua sugestão antropológica, evitando assim,
qualquer possibilidade de confusão conceitual.
Contudo Frankl ter uma ótica voltada à divergência no que tange à Psicanálise e
Psicologia Individual, jamais deixou de atribuir a importância devida a tais escolas
como afirma em 1946:
Frankl sinaliza as limitações que percebe na ótica do ser humano destes grandes
mestres:
estabelece entre o homem e o sentido, entre o ser e o dever-ser. E nela está presente a
essencial liberdade do ser humano a qual permite escolher uma ou outra possibilidade
(Roehe, 2005).
que deve fazer de sua existência devido à perda dos instintos, valores, interesses e da
tradição. A partir do momento que o homem. Dessa forma, o ser humano abstém-se de
sua autenticidade e unicidade para seguir o que os outros fazem, decidem ou ordenam,
seja para este homem se ajustar aos grupos, sentir-se pertencente a uma categoria, um
conjunto que o defina, mas, assim torna-se um ser ludibriado por contextos alheios.
Considerando que que cerca de 20% das neuroses são provocadas pelo sentimento de
falta de sentido (Frankl, 2003c), propõe o médico a necessidade real de trabalhar de
forma preventiva a frustração do sentido da vida e a frustração existencial. Portanto em
1927, ainda como estudante de Medicina, esse fundou os postos de aconselhamento para
a juventude buscando reduzir os altos índices de suicídio na Europa Central,
constatando, em 1930, que não havia sido registrada nenhuma tentativa de suicídio em
Viena (Frankl, 1995).
Uma educação, contudo, que conscientize o ser humano a buscar uma tarefa
significativa que o imunize, porém, do excesso narcisista de si mesmo e do autor
realização desmedida (Frankl, 1987), conclui o autor que a busca de significado da vida
deve apelar para os aspectos especificamente humanos.
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Uma das mais preciosas passagens dos livros de Frankl é uma em que responde
a um paciente, que depois de lhe questionar o que era a logoterapia, Frankl lhe
perguntou o que seria para ele a psicanálise, ao que o paciente responde: “deitar e contar
coisas desagradáveis de se contar” então, Frankl em apenas uma frase respondia o que
seria a logoterapia: "Bem, na logoterapia o paciente pode ficar sentado normalmente,
mas precisa ouvir certas coisas que às vezes são muito desagradáveis de se ouvir"
(Frankl, 1991a, p. 91). Certamente que Frankl reconhece que não se pode tratar do tema
com sua resposta tão simplifica acerca, inclusive das duas escolas, mas admite que há
elementos que podem ser comparados e diferenciados entre as duas, a partir das
fórmulas concentradas. Para a psicanálise os problemas do ser humano estão conectados
aos contrastes entre suas instâncias psíquicas internas e a elementos anteriormente
reprimidos por este indivíduo. Quanto a logoterapia, por centrar-se na questão do
sentido a ser realizado, o objeto a ser perseguido está no futuro, tenderia a ser mais
prospectiva do que retrospectiva, ou seja, mais focada na dimensão futura. Ainda é
importante trazer a baila que, ao afirmar que os sentidos a realizar estão no mundo e no
encontro com os outros, e não em si mesmo, destaca que o indivíduo deve transcender
de si mesmo para realizar os sentidos - a auto transcendência -, a logoterapia teria que
ser menos introspectiva. Frankl, ao conscientizar o indivíduo do valor que tem o sentido
e os valores em sua vida, se está norteando o paciente para seu futuro e retirando seus
olhos do seu passado. Da mesma forma, ao combater círculos viciosos oriundos de
excessiva introspecção - reflexão e hiper-atenção - que teriam um papel fundamental no
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nascimento de muitos distúrbios neuróticos, teria que ser menos introspectiva, menos
voltada para um auto-centramento.
Frankl esclarece que sua resposta ao paciente mencionado foi "uma brincadeira,
sem a intenção de fornecer uma fórmula concentrada da logoterapia", verdade que "esta
formulação simplifica demais as coisas", mas que "não deixa de ter sua razão." (Frankl,
1991a, p. 91).
Um psicanalista uma vez falou sobre o seu tipo de terapia: "Esta técnica
provou ser o único método adequado à minha individualidade; eu não ouso
negar que um médico constituído de forma bastante diferente poderia se
sentir impelido a adotar uma atitude diferente com relação a seus pacientes
e à tarefa que tinha pela frente”.
O autor que fez esta confissão foi Sigmund Freud (Frankl, 1970, p. 110).
Assim, claro está que para Frankl o método psicoterapêutico deve ser trabalhado
de acordo com a individualidade do paciente e a personalidade do terapeuta,
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Anotações de uma das etapas do "Curso de Formação em Logoterapia", realizado pela Sociedade
Brasileira de Logoterapia (SOBRAL), em Porto Alegre, RS, em 1987.
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Enfim, as técnicas não o desviaram do foco a ser mantido, pois para ele "o que
importa em terapia não são as técnicas, mas sim as relações humanas entre o
profissional e o paciente, ou o encontro pessoal", chegando até mesmo a afirmar que
"um enfoque puramente tecnológico à psicoterapia pode bloquear seu efeito
psicoterapêutico" (Frankl, 1970, p. 6). Frankl usou o método do diálogo socrático grego
como um modelo psicoterápico: "(...) toda psicoterapia, em particular a logoterapia,
deve ter por base, e como modelo, o clássico diálogo socrático da conversa entre dois
seres humanos." (Frankl, 1976, p. XI)
6. CONCLUSÃO
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BIBLIOGRAFIA
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