Você está na página 1de 130

A“‘OBJE’1:IVIDADE”DO CONHEQIMENTO

NA CIENCIA’SOCIAL E NA CIENCIA
POLITICAI -— 1904

Aprimeiraperglmquesedevefazerawmrwistadedéncias sociaise
de politica social no memento em que fica sob a responsabilidade de uma nova
redagio, é, obviarnente, a pergunta quanto as suas “tendencias”. 2 Nao podemos
nos negar a rospondé—la e, pretendemos aqui, dar uma resposta em consonfincia

ISarprqgmprimdrapanedasomasida'aoomqre sesegiemsefalarexplidmrrmreem
nomedosediuxes, wqmrioseddegardetanimdasqlemefasaomfiirmwimmfmfi
undSozwbolzalzmrqlivoparaadéfiasodflepofifiasmhbdommwémmhmme, de
opidéapaflaflmesdoaummdefmnflaofiaqnfommapmwmdaspebsw-
editoresArespomalilidadedasegmxhpaneremi, exdmivanmgsoheomnogsejamtoame
iformoumcpedizrmpeitoaooomafido.
OArquioojannismirimseaadmdemmdetanimdaopimiodogrrfiuqoqresaias
segurado pela diversidade dos porlos de vista, n10 apems dos sens oolaboradores, mas também
dmsawedimmmmquedizmpeitoamnaodolégims. Namralnmtgcenocon-
samwmréaérfiaadaanimdasoanepgfiabfisiasmumprémqflfiwpamsepodermr
urm diregio ooletiva Este oonsemo consiste, emparticular, m aprecraqio do valordo oonhecimemo
teériooapanirdepmwsdevisla‘mlilamis”, bemoormmexigémiadafomngiodeoomeitos
precisosemrigomseparagiomueo “saberempirioo” eos“pizosdevalor"— moanisso,
se acneditar na erdstémia de algo “malnmtemvo
Aampflafiodadiswsaio(msegurflapane)eafieqfiemerqaefi¢odammidéiaservem
aofimerdusivodealarrganauavésdemisoorfidfiamo méximode “compreexsibilidadegeral”.
EmWodwehmmficw—se—apmmgenfiodemmfiaexoesim-odgm
mmqmmdommkmdebmmdehdoamdwdeaprmm
investigaqio sistemétia para aprsemzr firstaposiobes eexenplificagfies de alguns pontos devism
metodolégicos. Urm abordagem sistermtim implia a inclusao de um rmiriplicidade de problems
epbmxiégiomqnempamreqmnumdimanumrfivdnmwnflspmfimdo Nio
aqui, de mmira $1812,q de légja, rms apenas utilizamonos de alguns oo-
Mopreterdemos soluciomr problemaa logia,
nhecidos railudosdalégia madam Tambemnio
nnsiiosonmreilusu-aroswsigrifiadopamosespechlistas.Quemoorheceosuabalhosdos
légoosmodemos— seriommdomdosaqiapemsosnomesdeWudelbangSinmeLqm
énfasepamosnossosfins,Heim‘ichRicken— bgopaoebaiqxqmammsioesmsas
linhas de pensamerm present-s emnosso radocinio.
2Esreemaiofoipublicadommmermemq1e adhegfiodoWfiirWuissenxhqfl
undwzmlpdifi(qmpamdémiawdflepofiuawdabfdanegueamedimm
SornbargrvtebereEdgatJaffé(mradeMam%ber).

107
com a nossa “nota introduton'a” segundo um plano fundamental. Procedendo “clever ser”, ou coincidiria com o prépn'o ser na sua imutabilidade — no pri—
desta maneira, se nos oferece a oportunidade de ilusttar, em conformidade com meiro caso - ou que o “dever ser" — no segundo caso — Coincidiria com
as diversas tendéncias, os nabalhos de pesquisa da “ciencia social” na sua espe- aquilo que etemamente faz pane de um “devir”. Com 0 despertar do sentido
ciflcidade, que pode ter alguma utilidade, senio para o especialista, ao menos histén'co, passou a predominar na nossa ciencia uma combinagio entre evolu—
para muitos leitores, mesmo que se encontrem urn tanto afastados da ptafica cionismo ético e relativismo histén'co que procutava despojar das forgas éticas
dentifica, para quem talvez se trate apenas de “coisas obvias”. o seu carater formal, e determina—las com referéncia a0 seu contefido, introdu-
Foi explicitamente o propésito do Arquiw, desde o seu surgimento, ao la- zindo a totalidade dos valores culturais no ambito do “ético”, e, além disso,
do da ampliagao do nosso saber sobre as “condigoes sociais de todos os paises”, elevar a economia polities a dignidade de uma “ciéncia éu'm” com bases em—
e, portanto, dos fatos da Vida social, a formagio do juizo sobre seus problemas piricas. Enquanto se am'buia a totalidade de ideais culturais possiveis o titulo
praticos, e, com isso, — dentro das limitaooes que semelhante meta pode ser de “én'co”, esvaia—se a dignidade especifim do imperau'vo moral, e, no entanto,
executada por estudiosos particulares — a cn’tica da prams sécio-polftica, in— nada se lograva para a “objeu'vidade” da validade daqueles ideais. Por om, po-
clusive a da legislagfio. Ao mesmo tempo, desde o inicio, o Arquivo defendeu demos e devemos deixar de lado uma discussao aprofundada sobre esta posi-
o ponto de Vista de ser uma revista exclusivamente cientifica, trabalhando ex- gao: mencionamos apenas de maneira simples o fato de que, ainda hoje, nao
clusivamente com os meios catactefisticos da investigagao cientifica. Destarte desapareceu a opiniao imprecisa — mas, antes, continua a ser muito comum
surge indiscutivelmente uma pergunta, qual seja: Como se haven'a de conciliar entre os homens de praxis — de que a economia polities deven'a emiu'r juizos
aquele fim corn esta limitaqao dos meios; signifiean'a tal fato que o Arqm’vo de valor a paint de uma especifica “cosmovisao economies".
pennitin'a nas suas colunas a avaliagfio de regras e medidas sobre a legislagao,
a administraeao e propostas praticas? Quais poden'am ser as normas para estes Nossa revista, como representante de uma disciplina empirica, deve — gos-
juizos? Qual é a validade dos juizos de valor que um determinado autor sugere tariamos de insistir nisso de antemio — rejeitar em principio este ponto de
como estando corretos no que range a projetos prau'cos? Ate que pane esta vista, pois é nossa opinifio de que jamais pode ser tarefa de uma ciéncia em—
discussao flea no terreno das reflexées cientifims, ja que o elemento earacten’s- pirica proporcionar nonnas e ideais obn‘gaton'os, dos quais se possa derivar “re—
tico do conhecimento dentifico consistin'a na “validade" objetiva dos resultados ceitas” para a pratica.
da pesquisa, que sio todas por “verdades”? Apresentaremos, em pn'meiro lugar,
Porém, o que se depreende desta afitmagao? Juizos de valor nao deven‘am
o nosso ponto de vista sobre esta questao, para, em seguida, abordar outta:
ser extraidos de maneita nenhuma da analise cientifiea, devido ao fato de de-
em que sentido ha “verdades objen'vamente validas” na area das ciéncias que
n‘varem, em ultima instancia, de determinados ideais, e de por isso terem on”-
se ocupam da vida “ailtmal”? Esta pergunta n50 pode ser evitada tendo em
gens “subjetivas”. A praxis e o fim de nossa revista desauton'zara sempre se—
vista a continua mudanga e as acaloradas polemicas acerca dos problemas apa-
melhante afinnagfto. A cn’tica nfio se detém em face dos juizos de valor. A ques-
rentemente elementares de nossa disciplina, do método de trabalho, da forma-
tao é a seguinte: o que signifies e o que se propoe a critica cientifica dos ideais -
c2710 dos conceitos e da sua validade. Nao queremos fornecer solugoes mas
e dos juizos de valor? Esta questao merece consideraeoes mais profundas.
apontar problemas, para conhecer aqueles aos quais nossa revista deve voltar
sua atengao a fim de cumpn'r suas tarefas atuais e fututas. Toda reflexz'io conceitual sobre os elementos ultimos da agao humana pre-
Vista com sentido, prende—se, antes de tudo, as (megon‘as de “fim” e “meios".
Queremos algo em concreto ou “em virtude de seu prépn‘o valor”, ou como
meio que esta a servigo daquilo a que se aspira em filtima instancia?. A con—
sideragao cientiflca pode set submetida, incondicionalmente, a questao de se
determinados meios sao apropriados para alcanear os objeu'vos pretendidos. Ja
Todos sabemos que, como qualquer outta ciéncia que tenha por objeto as que podemos — dentro dos limites do nosso saber, difen'ndo de @150 para caso
instituigoes e 05 processos da cultura humana —- com excegao, talvez, da his- — estabelecer quais meios sen’am apropriados on n50 aos determinados fins
tén'a politjca — também a nossa pattiu historicamente de perspectjvas prau'aas. propostos, podemos também, seguindo este mesmo procedimento, ponderar
Formular juizos de valor sobre determinadas medidas do Estado com referéncia acerca da possibilidade de alcangar um detemlinado fim, consideiando os res-
a economia polities constituiu o seu fim imediato e, no inicio, até o seu fim pectivos meios disponiveis, e, a parlir dela prépria, criticar indiretamente a pro-
unico. Ela foi uma “técnicn”, no senu'do de que também o 5510 as disciplinas posta dos fins, tendo em conta a situagao historicamente dada, como sendo
clinieas das ciencias médicas. E sabido que esta posigao foi se transformando prevista de semido, ou, diferentemente, classifica-la como sendo sem sentido.
lentamente, sem que, no entanto, se introduzisse uma divisao de principios en- Podemos, além disso, se a possibilidade de alcangar um fim proposto parece
tre o conhecimento daquilo “que é” e daquilo que “deve ser”. Contran'a a esta como dada, comprovar e constatar as consequencias que ten'a a aplicagio do
divisao foi a opiniao de que, de uma pane, os processos econémicos sen'am meio requen'do, e, também, do eventual lucro do fim pretendido, levando em
regidos por leis naturais e, de outta, de que haven'a um pnncipio bem deter— consideragao a interdependéncia de todo o devir. Deste modo, oferecemos aos
minado da evolugio dos processes economicos, e que, conseqfientemente, o atores a possibilidade de refletjr sobre as consequencias “nao—intentadas”, com—
108 109
parando—as oom as “intentadas”, para raponder a pergunta seguinte: qual é o juizos de valor concretos é o maximo que ela pode fazer sem entrar no terreno
“custo” do alcance do fim daejado em termos da perda previsivel da ralizacfio dalapeculagfio. Se 0 sujeito que emite juizos de valor deve profasar ata cri-
de outros valora, on em comparag’io a ela? Supondo que, na grande maion'a ténos ultimos, isso é um problema pascal, mm W 0 de sua vontade e de
dos cases, qualquer fim a que se aspire, nate sentido, “custa” alguma coisa sua consciéncia; nao tem nada a ver com o conhecimento empirico.
ou “pode custar algo”, a auto—reflexao dos homens que agem com raponsabi— Uma Ciéncia empiria nao pode ensinar a ninguém o que deve fazer so
lidade nao pode pracindir da ponderacio entre fins e conseqfiéncias de de- lhe é dado — em certas circunstancias — o que quer fazer. E
terminada agio. Possibilitar isto é, exatamente, uma das fungéa mais impor— verdade due
no setor das nossas atividada cientificas, continuadamente sio introduz
tanta da critica técnica que até agora foi objeto de nossas reflexoa. Mas tomar idos ele:
mentos da cosmovisao pascal, bem como na argumentagfio dentifica. Ela sem—
uma determinada decisao em fungao daquelas ponderacoa ja 112710 e mais tarefa pre causam problemas, fazendo com que nos am‘buamos pesos diferemfi na
possivel para a ciencia. Ela é prépria do homem da agacx ele pondera e acolhe,
elaboragao de simples relagoa musais entre fatos, na medida em que o raul-
entre os valores em quatio, aquela que atfio de acordo com sua propria
consciéncia e sua cosmovisao pasoal. A ciéncia pode proporcionar—lhe a cons— tado aumenta ou diminui a possibilidade da realimqio de nossas idéias pasc-
ciéncia de que toda a agio, e também,-de' modo natural, conforme com as cir— ais. No que range a are fato, é ébvio que também aos editora e colaboradores
wnstancias, a “nio-agfio” implicam, no que range as suas conseqfiéndas, uma de nossa revisra “nada que é humano lha sera atranho”. Mas ha muito ca-
tomada de posigao a favor de determinados valora, e, date modo, em regra minho a ser percom‘do entre ate reconhecimento das fraquezas humanas e a
geral, “contra outros valora” - fato que, hoje em dia, é facilmente aqueddo. crenga numa ciéncia “étim” da economia politica, que poden'a extrair do seu
Decidir—se por uma opgfio é exclusivamente “assunto pascal”. material ideais ou normas concretas por meio da aphagao de imperativos éticos
Entretanto, no que diz rapeito a ata opgao, podemos oferecer algo a mais: de valor universal. Sem dfivida, é verdade que exatamente aquela elementos
o conhecimento do significado daquilo que é o “objeto” da aspiragio. Podemos mais imimos da “personalidade”, ou seja, os (iltjmos e supremos juizos de valor,
ensinar a alguém o conhecimento dos fins que ase alguém procura, e entre que determinam a nossa agao e conferem sentido e significado a nossa vida,
os quais faz uma selegao, num primeiro memento, por meio da indicagao e sao percebidos por nos como sendo objetivamente validos. Podemos defende-
conexio légica das idéias que talvez possam atar na base do fim concreto. los apenas quando ela se apraentam como vfilidos, dependentes ou derivados
Pois, uma das tarefas essenciais de qualquer ciéncia da Vida cultural dos homens dos nossos juizos de valor, de nossa Vida, e, portanto, quando se daenvolvem
é, realmente, dade o inicio, a apraenragio Clara e transparente de suas idéias, em oposigao aos obstaculos. Sem duvida, a dignldade de uma “personalidade”
para compreendé—las e para saber o porqué de se ter lutado por elas. Este pro raide no fato de que, para ela, existem valora aos quais a sua prépn'a Vida
cedimento, a nosso ver, nao ultxapassa os limita de uma ciéncia que pretende diz rapeito, mamo se ata — em (2505 bern particulates — raidem exclu-
elaborar “uma ordenagao conceitual da realidade empirica”, nern os meios que sivamente dentro da afera da prépria individualidade, do “viver plenamente”
servem a ata interpretagao de valora apirituais que sio apenas “inducoa”, os interasa para os quais se exige a validade enquanto valora, constitui para
no sentido corrente date termo. N510 obstante, pelo menos em parte, ata tarefa ela, exatamente, a idéia a qual ela se refere. Seja como for, somente a pam'r
permanece fora dos quadros tipicos da economia politica, entendida como dis- do prasuposto da fé em valora tem sentido a intengao de defender certos
ciplina apecializada dentro da divisao costumeira das ciéncias. Trata—se de valora publicamente. Porém ernitir um juizo sobre a validade de tais valora
quatoa préprias da filosofia social. Mas, devido a forga historica das idéias
é assunto da fé, e talvez também seja tarefa de uma consideraqio e interpre-
que foi grande, e que ainda continua sendo importante para o daenvolvimento
tagao apeculativa da Vida e do mundo, no tomnte ao seu sentido, mas, cer-
da Vida social, a nossa revista nao pode abster—se de abordar estas quatoes
tamente, nao é tarefa de uma ciéncia empirica, no sentido como nés a enten—
que, indiscutivelmente, fazem parte de suas preocupacoa asenciais.
demos. Com referencia a ata distingfio, —— o que é a opiniao de muitos —
Para uma abordagem cienfifim dos juiZOs de valor nao é suficiente apenas
nao possui pao decisivo o fato, empiricamente constatave], de aquela ultimos
compreender e reviver os fins pretendidos e os ideais que atfio no seu fun—
fins variarem muito e terem sido quationados historicamente. Outrossim, o co-
damento, mas também e, acima de tudo, ensinar a “avalia-los” critiamente Esta
critica, no entanto, so pode ter (mater dialético; isto signifim que so pode con— nhecimento das proposigoa mais seguras do nosso conhecimento tec’xico — o
sistir numa avaliag’io légico-formal do material que se apraenta nos juiza de das ciéncias naturais exatas e 0 da matemau'a — 6:, da mama maneira, da
Valor e nas idéias historicamente dadas, e num exame dos ideais, no que diz forma do refinamento e do agugarnento da consciéncia; é apenas um produto
rapeito ao postulado da auséncia de uma contradigio interna do daejado. En- da cultura. Quando pensamos apecifimmente acerca dos problemas praticos
quanto se propoe a ate fim, ela pode proporcionar ao homem que quer a da politia econémica e social (no sentido comumente entendido date termo),
consciencia dos ultimos axiomas, que atao na base do contefido do seu querer, percebemos, com clareza, que ha numerosas, e até mamo infinitas quatoa
a consciéncia dos critérios ultirnos de valor que se constituem de maneira in— praticas paniculara, para cuja analise, de comum acordo, se comega a partir
consciente o ponto de pam'da —- dos quais, para ser consequente, deven'a partir. de certos fins que parecem ébvios — como, por exemplo, a ajuda previdencial,
Realmente, chegar a consciénda data critén‘os filtimos que se manifatam nos as tarefas concretas da safide publia, o socorro aos pobra, as medidas tais
110 111
como inspegio das fabneas, os m'bunais industriais, os atestados de nabalho e mento ético incondicionalmente valido. Deixando de lado religiéfi
os ideais
outlas normas legais para a protegio dos operatios — com referencia a estas culturais que o individuo pretende realimr e 05 devera éticos que Cleve cumprir
questées, pelo menos aparentemente, so 550 analisados os meios para se con- tém uma dignidade fundamentalmente diferente. O destino
de uma épom CUI-
seguir dinheiro. E, mesmo se confundissemos — coisa que a ciéncia nunca de- tural que “provou da arvore do conhecimento” é ter de saber que
podemos
ven'a fazer impunemente — a aparéncia do obvio com a verdade, e se quisés— falar a respeito do senfido do devir do mundo, nao a pam'r do
resultado de
semos ver 05 conflitos aos quais, de imediato, conduz a tentativa da realizagfio a“ uma investigagfio, por mais perfeita e acabada que seja, mas a partir de
nos
pratiea na forma de questoa purarnente técnicas —- o que, pelo menos em propnos que ternos de ser capazes de criar este sentido. Temos de admitir que
muitos casos, seria enoneo — deveriamos constatar, sem dfivida, que também “cosmovisoes” nunca podem ser 0 resultado de um avango do conhecim
ento
esta aparéncia do carater obvio dos aitérios que regulam os valores desapare— empirico, e que, portanto, os ideais supremos que nos movem com a tnardma
cem logo quando, a pam'r dos problemas ooncretos do servigo de assisténcia lorgpo ssivd, e)dsta nanmd asasép oms,m fannde umlum oanm
e bem—estar, mudamos de nivel, para analisar questoes gerais da politim eco- ideaisquesao,pamomaspasoas,taosagradosoomosiopamnésosnossos
nomica e social. O que (macten'm o (mater politico—social de um problema
consiste, precisamente, no fato de nao se poder resolver a questio com base ' Apenas um sincretismo otimista, que as vezes surge do relativism histo-
em meras consideragoes técnias, a partir de fins preestabelecidos e de es en'- nco-evolutivo, é capaz de equivoalr-se teorimmente acerca da extrema serie-
tén'os reguladores de valor poderem e deverem ser postos em discussao, pois dade deste estado de ooisas, ou de evitar, na platim, as suas conseqfiéncias. E
o problema faz pane de questoes gerais de cultura. E opinifio geral que ha obvio que, em (2505 particulates, pod'e ser até mesmo um dever para o politioo
disputas entre diferentes “interesses de classe”, mas também entre cosmovisoes pratico, querer conciliar opinioes opostas, ou tomar partido de uma delas. Mas
— admitindo, entretanto, que seja verdade que a opgio, por pane do individuo IStO n50 tern nada a ver com a “objetividade” cientifim. A “linha média” de
de determinada cosmovisio depende, entre outros fatores, 8 com elevado grau modo nenhum acena a verdade dentifica mais do que os ideais dos panidos
de certeza, da afinidade que ela tern corn o seu “interesse de classe" e acei- extremes, que sejam de direita ou de esquerda. Nada prejudicou rmis o inte-
tando, provison'amente, este oonoeito como univoco. Uma coisa, sem dfivida, resse da ciencia do que nio se querer ver 05 fatos incomodos e as realidades
é oerta, em qualquer drumstancia; quanto mais ‘finiiversal” for 0 problem em da Vida na sua durem. O Arquiw lutara inoondidonalmeme contra a grave ilu-
questfio, isto é, quanto mais amplo for o seu signifimdo cultural, quanto menos sio que acredita ser passive], por meio da sintese entre opinioes partidan'as,
for possivel dar uma resposta emaida do material do conhecimento empirico, ou seguindo uma linha diagonal entre elas, obter efetivamente normas praticas
tantomaiorseraopapeldosaxiomasultimosepessoaisdaféedasidéias de validade cientifica. Esta opiniao, na realidade, ja que pretendeda encobn‘r
én'cas E simplesmente um ato ingenuo, mesmo que ele seja companilhado por de maneira relativism Seus préprios critén'os de valor, sao mais perigosas para
certos especialistas, acreditar que é necessario, para a ciéncia social pratim, esta— uma investigagfio imparcial do que a velha e ingénua fé dos pam'dos que acre-
belecer, sobretudo, “um principio”, demonstrado dentificamente como valido, ditam na “demonstrabilidade” dos seus dogmas. A mpacidade e diferenga entre
a panir do qual, em seguida, podem ser deduzidas, de maneira univoca, as oonhecer e julgar, e o cumprimento, tanto do dever dentifico de ver a verdade
normas para a solug'io de problemas pralioos singulares. Por mais que, na cién— dos fatos, como do clever prau'co de aden'r aos proprios idea's, é, realmente,
cia social, sejam necessarias explimgoes “de ptincipios” sobre problemas prati- aquilo com que busmmos nos familiarizar mda vez mais
cos, isto é, a referencia a juizos de valor que se introduzern de maneira nio-
refletida, com referéncia ao oontefido das idéias, e por mais que a nossa revista Ecenoqu eexiste— eéissoqu enosinte ressa—, emqualq uerépoe a,
se proponha dedicar-se de maneira panicular a tais explimgoes, oertamente nao uma diferengn intransporfivel, quando uma argmnentagfio se din'ge ao nosso
poderé ser sua tarefa — e, de maneira geral, de nenhuma ciéncia empirica — sentimento e a capacidade que temos de nos entusiasmar pot objetivos praticos
determinar um denominador comum pratico para os nossos problemas na forrna concretos e por formas e contaidos culturais, ou quando se dirige a nossa cons-
de idéias flltimas e universalmente validas; uma tal determinagfio n50 apenas ciénda, no use em que se tram da validade de oerras normas éticas, ou, por
seria praticamente impossivel, oomo também nao ten'a nenhum sentido. Por fim, quando se din‘ge a nossa capacidade e necessidade de ordenar oonceitual-
mais que fosse possivel interpretar o fundamento e o modo de obrigatoriedade mente a realidade empfiim, de uma maneira que insiste na pretensao de vali-
dos imperatives éticos, é certo que, a partir dates imperativos, enquanto nor- dade da verdade empiriea. E esta afirmagio continua correta mesmo quando,
mas para a agio dos individuos condicionadas concretamente, é impossivel de- oomo mosuaremos, aqueles “valores” supremos do interesse pratico tém impor-
duzir, de maneira univoca, contefidos oflmrais que sejam obrigatorios, e tanto tancia decisiva, pois sempre a taio, no que diz respeito a aiemagfto que a
menos quanto mais forem abrangentes os oontefldos em questfio. Somente as atividade ordenadora do pensamento introduz, em mda urn dos cases, no setor
religioes positivas — ou, para ser mais preciso, as seitas ligadas pot um dogma dasciénciasdawltura. Eoertoque— econtinuaraasé-lo— seumademons-
-— podem conferir ao contefido de valores witurais a dignidade de um manda- tragic dentifica, metodOlogicamente oon'eta no setor das ciéncias sociais, pre-
112 113
tende ter alcangndo o seu fim, tem de ser aceita come sendo cotteta também que atfio na sua base, justamente com es outms critérios,
per um china. Sendo mais precise: deve aspirar, em qualquer caso, atingir ata certo e aci
de rude, também com os prépn‘es. Cada valoxagio de
meta, mame quando, talvez, nae pessa set almncada devido a deficiéncias do um: grade alheiargg
pode ser uma critter: a partir da prépn‘a “cosmovisao”, num comb
material. Isto também signifim que a analise logica de um ideal, com referencia ate ao
ideal
alheio com base no ideal da prépn'a pasoa. Portanro, se, no
ae seu conteudo, aos seus axiomas L’tltimes e a indiacio das conseqfiéncias c330 particular
0 axioma do valor filtimo, que ata na base de
que sua execugfio acarretara nos setora légicos e praticos, também deve ter uma ventade pratim deve se;
nae somente comprovado e analisado cientifieamente, mas també
validade para um china, se é que pode set considerado come alcangado. Mas m apraentado
nas suas relacea com outres axiomas de valora, é inevitavel
ate mamo china talvez possa nae ter a “sensibilidade” necasan'a aos nossos uma critica “po-
smva”, que se fag por meio da exposicio da conexa’io reciproa
imperatives étices, enquante rejeita -— pelo menos, muitas veza assim proce- datas L’iltimas.
deré —— o ideal 6 es julgamentes concretes dele derivades, pois disso afeta o Per isso, nas colunas da revista, se trataré — apecifimmente no
tmtamento
valor cientifico daquelas analisa cenceituais A nossa revista, de modo nenhum das leis — ao lado da ciéncia social — que é o ordenamento conceim
al dos
fates — inevitavelmente, também da politim social —— que é a exposig
ignorara as tentativas que sempre, e de maneira inevitavel, se repetem, de de- fio de
terminar univocamente o sentido da Vida cultural. Pelo centrario, elas penencem
ideais.- Mas nae pretendemes de modo nenhum apraentar tais polemims come
“Genoa”, e empregaremes es nessos melhora aforces em precaver-nos
ou constituem es mais importanta produtos data mama Vida whmal, e, em de nae
confundir as coisas. De todo modo, nae semi mais a “ciéncia” quem
certas circunstancias, podem ser uma fora mottiz das mais importanta. Per fala, nate
caso, e, em consequencia disse, existe um segundo imperative fundam
isso, acompanharemos sempre com cuidado o percurso das analisa da “filesofia ental
gual sqa, e da imparcialidade dentifim, que consiste no seguinte em tais
social”. Porém, ainda mais: n50 companilhames, de modo nenhum, do precon- cases:
e necasan'e indicar aos leitora — e digamos novamente a nos mamo
ceito de que as reflexoa sobre a Vida cultural, que pretendem interpretar me- s — em
que-memento casa a fala do paquisador e comegi a fala do homem
tafisicamente o mundo, indo portanto, além da ordenacao cenceitual dos dados que ata
suleito a mtencea e a ventada, em que memento es argumentos
empincos, nae poderiam, per causa data sua aracteristica, contribuir, de al- se dirigem
ao intelecto, e em qual se dirigem ao sentimento. A permanente confusa
guma forma, para o conhecimento. Em que pessa consistir ata contribuigfio, o entre
a elucidacio dentifim dos fates e a reflexfio valorativa é uma das camctet
isse é uma problerna da teon‘a do conhecimento, cuja rapesta para as nossas isticas
finalidada podemos e devemos deixar de lado. No que diz rapeito ao nesse
mais difundidas em nossas disciplinas, e também uma das mais prejudiciais.
Contra ata confusao, dirigem-5e precisamente as comideracea anterio
trabalho, queremes deixar bem claro o seguinte: uma revista de ciéncias sociais, ra e, de
maneira nenhuma, contra a intromissao dos prépn'os ideais. A daamc
no sentido em que nés a entendemos, deve, na medida em que pretende ser terizacio
dentifica, ser um lugar onde se busca a verdade do modo que um china — e a “objetividade” dentifia nae tém nada em cemum. O nesso Arquiw
pelo
menos de acordo com os seus propésitos, jamais foi, e nuna devera
para lanqar mac do nosso exemplo novamente — deva reconhecer a validade ser um
lugar onde se polemim contra determinades politicos que tern uma politic;
de um cetto ordenamento conceptual da ralidade empirica. so-
cial bem definida e, menos ainda, um lugar onde se faz preselit
ismo em favor
ou contra detenninades ideais sociais e politicos. Para tanto, existem
Certamente, es editora nae podem, de uma vez per todas, proibir a si outros 6r-
gaes. O que camaerizou a revista foi, e, sem dfivida, sera, no future,
prépn’es e aos seus colaboradora que exprasem es ideais que sustentam, in- no que
depender dos editora, conseguir a colaboragio do trabalho dentiflco dos
clusiveosseusjuizesdevalor. Masaparfirdissonascemdoisimponantade opo-
nenta politicos mais encarnicades que se encontiarem ae redor. Até ate mo-
vera. Em primeiro lugar, o dever de tanto o autor come es leitora terem a mente, o Anquiw nae foi um érgiio “socialism”, nan semi futuramente
data consciéncia, em ada memento, da quatfio de “quais sac es critén‘os em- um érga’io
“burgués”. Ninguém semi excluido do circulo de seus colaboradera, se ele con-
pregades para medir a ralidade, e para obter — pattindo data cn'tén'es — tinua: no terreno da discussio dentifim. A revista nae pode ser uma arena
o juizo de valor. Defendemos ate procedimento em vez de nos enganatmos na
qual existent “rapostas”, “replicas" e ‘Tréplicas”, tampouco deve preteger es
acerca do conflito entre es ideais, e de pretender “oferecer um pouco a ada seus colaboradora, e, menos ainda, es seus editora quando, por aaso,
um”, come acontece com demasiada freqfléncia, devido a uma atranha con- ata
sao expostos a mais severa critim, basada em fates cientificamente compro
fusio de valora da mais diversa apécie. Se ate dever é observado atrita- -
vades. Quern nae suporta are procedimento, eu quem se encontra na situacio
mente, o posicionamento pratico, em fungio do pure interase cientifico, pode de nae querer colaborar nasas cendigzea com pasoas que estate a service
dar raultades nae so prejudiciais, mas até mamo diretarnente de gtande uti— de
um ideal que mate o seu, ou seja, a service do ideal do conhecimento dentifice,
lidade na cn’u'm dentifim de propostas legislativas e de outras propostas pra- pode, sem problema nenhum, flour a pane de nessa revista.
tias, a elucidacfio dos motives do legisladot e dos ideais do publicista critieado
Porém, infelimtente, com ata filtima afirmag’io — e nae queremes nos
1150 pode, muitas veza, ser feita em todo o seu alcance em outra forma intui—
enganar sobre isto — dissemos muito mais do que, talvez, pessa parecer, num
tivamente compreensivel que nio a da confiontacio dos cn‘tén'es axiolégicos,
primeiro memento. Anta de mais nada, come ja mendonames anteriormente,
114
115
a possibilidade de colaborar imparcialmente com oponentes politicos num ter- para o momento, sen'a certo o desenvolvimento do sistema capitalism, nio por-
reno neutro — socialmente entendido, ou no nivel das idéias — tern as suas que lbs parecesse, em oomparacao corn formas mais antigas, o mais apropn'a—
limitacées psicologicas em todas as panes, mas, sobretudo, nas condieoes so- do, mas por considerarem que o mpitalismo sen'a quase inevitavel na pratim,
ciais atuais da Alemanha. Iss0 em si deven'a ser combatido, ja que é um sinal e por pensarem que a tentativa de comandar uma luta fundamental contra ele
da estreiteza fanatics e do atraso em matéria de cultura polifica. E mais ainda: nao significaria um melhoramento, mas, ants, um obstaculo a ascensfio da das-
este momento adquire, para uma revista come a nossa, gmvidade decisiva, de- se operfin‘a a luz da cultura. Nas condigoes atualmente erdstentes n2 Alemanha
vido ao fato de, no ambito das Ciéncias, o impulso para o tratamento de pro- — as quais nfio necessitam aqui de um tratamento detalhado — isto era, 6 ainda
blerms cientificos advir, como regm geral, de “questionamentos praticos”, de é, inevitavel. Na realidade, este procedimento redundou no beneficio da mais
modo que o mero reconhecimento da existencia de um problema cientifico esta ampla pam'cipagio nas disciplinas cientifims, contribuigio qUe da forma a re-
em estreita uniao “pessoal” com a respectiva e bem determinada vontade hu- vista— nas condigoes amais— constimiumdostitulosquejusfifimm, enta-
mana. Por causa disso, nas colunas de uma revista que nasceu sob a influencia mente, a sua existéncia.
de um interesse geral por um problema concreto, normalmente deven‘am se N50 ha drivida de que o desenvolvimento de um “writer”, no sentido men-
reunir como colaboradores homens que voltam o seu interesse pessoal a ate cionado, pode constituir, no use de uma revista cientifica, um perigo para a
problema, pois estes considerariam que certas circunstfindas concretas estio em imparcialidade do trabalho cientifioo, e de fato signifimria, fosse a seleeio dos
contradigao com os ideals em que acreditam e que estan'am ameacados. A afi— colaboradores deliberadamente parcial. Neste (250, a for-magic daquele “carater”
nidade com estes ideals reunira, sem dt’lvida, este circulo de colaboradores, e equivalen'a a uma “tendencia”. Os editors tern plena consciéncia da responsa-
permitira o recrutamento de outms “novos”, fato que confen'ra a revista, pelo bilidade que me estado de coisas lbs impoe. ,Eles nio pretendem modifimr
menos no que diz respeito ao tratamento de problemas politico—sociais praticos, deliberadamente o (mater do Arquivo, nem conserva—lo de maneira artificial,
um determinado “writer”, com as inevitaveis conseqfiéncias que sempre estar‘io pm meio da restrigio premeditada do circulo dos seus colaboradores e espe-
presentes toda vez que homens corn sensibilidade procuram colaborar uns com cialistas que sustentam determinadas opinioes. Aceitarn—no como algo dado, e
os outros, e cuja posig’io “valorativa” n50 pode, obviarnente, ser sufoada, nem confiam no seu “posterior” desenvolvirnento. Qral sera a configuragfiono fu-
no caso de se tratar de um trabalho pummente teérico; homens que, alias, se ture, e como serfio as transformagoes em consequencia da inevitavel ampliagfio
manifestam também — e com total legitimidade — na critica de projetos e de do circulo dos nossos colaboradores, isso é algo que dependera, em primeiro
lugar, do carater daquelas personalidades que, com intengio de colocar-se a
medidas praficas, obviamente, dentre os prerequisites ja mencionados. 0 Ar-
service do trabalho dentifico, entrarn nesse circulo e comegam a se familiarim
quz‘vo apareceu, sem dfivida, numa época em que determinados problemas pra—
comele— continuamasefam iliarimrocmele— eoomaspaginasdamesma
ticos ocupavam o primeiro plano das discussoes nas dendas, no que tange a refista. Mas dependera também da ampliagio dos problemas, cuja indagagfio
“questio dos operirios”, entendendo—se esta expressio num sentido bastante é o objen'vo da revista.
tradicional. Essas personalidades, para quem a revista buscara abordar a ques-
Com esta observagfio chegamos ao problema que ate agora nao foi devi-
tfio, estavam ligadas a supremos e decisivos ideais de valor, e, além disso, se damente abordado, qual seja, 0 da limitagio objeu'va da nossa area de pesquisa.
tomaram seus colaboradores normals, passando a set representantes e partida- Mas n50 é possivel respmdé—lo sem levar em oonsideragio a naturem do fim
n‘os de uma concepgio de cultura que foi caracten'mda — n50 de um modo oognitivo da ciéncia social. Até agora, enquanto fizemos uma distingfio “de prin—
totalmente identico mas, pelo menos, semelhante — por estas mesmas idéias cipio” enne “juizos de valor” e “oonhecimento empirico”, pressupomos a exis-
de valor. Todos sabem que esta revista rejeitou, de maneira explicita, toda e tencia de um tipo de conhecimento incondicionalmente valido, isto é, o orde-
qualquer “tendencia”. Certamente possuia, no emanto, este determinado “cara- namento conceitual da realidade empirica na area das ciencias sociais. Agora,
ter", no sentido jé aludido, apesar de sua limitagfio as discussoes dentifims e este pressuposto se uansforma num problema, pois deveriamos discutir 0 pos-
do convite expresso aos “partidarios de todas as posigoes politicas”. Este carater sivel signifimdo da “validade” objetiva a que pretendemos chegar nesta nossa
foi cn'ado pelo circulo dos seus colaboradores regulares. Tratava—se, de uma ma— area de saber. Acreditamos que are problema realmente em‘ste, que n50 foi
neira geral, de homens que, por mais que divergissem eventualmente em outms criado artificialmente, que é algo que nio pode escapar a alguém que observa
setores, tinham por esoopo a defesa da safide fisim das massas operfirias, e a o combate que se trava ao redor de “métodos”, de “conceitos basioos” e de
sua crescente participagio nos bens materials e nos bens espintuais da nossa “pressupostos”, bem como a continua mudanqa dos “pontos de vista” e a cons-
cultura, para os quais, sem dfivida, estavam convictos de que o meio mais apro tante “re-definigfio” dos “conceitos” utilimdos, e a quem observa o abismo, apa-
priado sen'a o aurnento da intervengio do Estado nas aferas dos interesses ma- rentemente intransponivel, que separa a abordagem teérim da abordagem his.
teriais com o concomitante desenvolvimento posterior da ordem estatal e juri— “511% chegando a T211 Ponto que, certa vez, um examinando em Viena, a la-
mentar-se, queixava-se de que haveria “duas eoonomias polffims”. O que sig-
dim existente. E mais ainda: qualquer que fosse a sua opiniao sobre a forma
nifica, aqui, “Objeu'vidade”? Esta é a (mica questio que pretendemos examinar
da ordem social no futuro remoto, defenderam todos o ponto de vista de que, nas consideragoes que se seguem
116 117
II normativamente determinadas que designamos por “Estado” é um fenOmeno
“econémico” no que diz respeito as fmangas pflblicas. Na medida em que in-
A revista1 sempre abordou todos os objetes de sua analise como sendo tervém na vida econémiea per vias legislativas, ou por qualquer outro mode
de namreza socio-econornim. Embora nae seja esse o memento para dedicat— — mesmo nos eases em que o seu componamento é determinado consciente—
mo-nes a detenninacoes de conceitos e delimitacoes de ciéncias, impoe—se um mente per pontos de vista completamente diferentes dos economices _ é “eco-
esclarecimento sumario acerm do sentido de tudo isso. nomicamente relevante”. Finalmente, na medida em que a sua eonduta e o seu
Todos os fenemenes que, no sentide mais amplo, designamos por “socio- (mater sao determinades per motives econemices, tambérn em outras relacees,
econemicos” vinculam—se ao fate basico de a nessa existéncia fisirn, assim come que nae as “econemicas”, é “economieamente condicionado”. Compreende—se,
a satisfacio das nessas necessidades mais ideajs, depararem—se por todos es la- portanto, que, por um lado, o ambito das manifestacees econemicas é fluide
des com a limitagfio quantitafiva e com a insuficiéncia qualitativa des meios e n50 pode ser delimitado com rigor e, per outro, que os aspectes “‘econOmices”
extemes, que demandam a previsao planejada e o trabalho, a luta frente a na- de um fenémeno na'io sio apenas “economicamente condicionados”, nem ape-
tureza e a asseciagfio com os homens. Per sua vez, o (mater de fenomeno “so- nas “economimmente efimzes”, e que um fenomeno so censerva a sua quali-
cio-econérnico” de um precesso nae é algo que lhe seja “objeu'vamente” ine- dade de “econémico” na estn'ta medida em que o nosso interesse esta exclu-
rente Pelo contrario, ele esté condicionade pela orientag‘io do nesso interesse sivamente centrado no seu signifimdo para a luta material pela existencia.
de conhecimento e essa orientacio define-5e em conformidade com o signifi— A nessa revista, tal come a ciéncia econemico-social a pam'r de Marx e
cado cultural que atribuimos ao evento em questao, em cada ease particular. Rescher, nae se preecupou apenas com os fenemenos “economices”, mas tam-
Sempre que um processo da vida cultural se vincula direta ou indiretamente bém com es “economicamente eondicionades” e “economicamente relevantes”.
aquele fate basico, atraves dos elementos da sua especificidade, nos quais re- Naturalmente, o ambito destes objetes —- que varia conforme a orientacfio do
pousa, para nos, o seu significado proprio, ele contém, ou pelo menos pode nosso interesse em cada caso —— abrange a tetalidade dos processes culturais.
center conforme 0 case, um problema de ciéncia social; ou seja, envolve uma Os motives especifieamente econémices — isto é, aqueles que, devido a suas
tarefa para uma disciplina que toma como objetivo elucidar o alcance do fato particularidades sigrfificativas para n66, esta’io ligados a este fato basico — atuam
basico apontado. . sempre onde a satisfagao de uma newsidade, por mais imaten'al que seja, en-
Entre os problemas economico-sociais podemes estabelecer distincees. Te— volva a utilizagfio de meios limitades. O seu impeto contribui, assim, em todo
mes, em primeiro lugar, eventos e complexes e, deles, normas, instimicoes etc, lugar, para determinar e transformar nine 56 a forma da safisfagio, mas também
cujo signifieado cultural reside, para nos, basicamente no seu aspecto econo- e conteude das necessidades mltmais, mesmo as do tipo mais intimo. A in-
mieo. Por exemplo, acontecimentos da vida bancan‘a e da bolsa, que desde logo fluéncia indireta das relagoes sociais, das instituicoes e dos agrupamentos hu-
nos interessam essencialmente deste ponto de vista; nermalmente, mas nae ex- manos, submetidos a pressao de interesses "materiais”, estende—se (muitas vezes
clusivamente, isso acontece quando se trata de instituicées que foram criadas, de maneira indireta) per todos os dominies da culmra, sem exceg‘io, ate mesmo
ou que sfio utilizadas conscientemente para fins econémicos. Estes objetes do nos mais delicados matizes do sentimento religioso e estético. Tanto es acon—
nosso conhecimento podem ser chamades, em semido restrito, de processes tecimentos da vida cotidiana corno es fenérnenos “histéricos” da alta polities,
eu instituicees “ecenemicas”. A asses acrescentam—se outres, come, per exem-
tanto os fenémenos coledves ou de massa come as 219665 “individuais” dos esta-
plo, acontecimentes da vida religiesa que nfio nos interessam, ou que, pelo
distas, ou as realizacoes literarias e artistieas, sofrem a sua influéncia: $50, per-
menos, nae nos interessam em primeiro lugar, do angulo do seu significado
economico e em neme dele, mas que, em determinadas, circunstfincias, podem tanto, economicamente “eondicionades”. Por ouu-o lado, o conjunte de todos
adquin'r um significado econérnico desse ponto de vista, considerando—se que es fenomenos e condigees de existencia de uma cultura historicamente dada
deles resultam determinades efeitos que nos interessam em uma perspectiva influi na configuragfio de existéncia de uma cultura historimmente dada, na con-
econornica. Sio, portanto, fenomenes “eoonomicmnente relevantes”. E, por fim, flguraqio das necessidades materiais, no modo de satisfazé—las, na fermacio dos
entre es fenémenos que n50 sfio “econémicos”, segundo o sentido que lhes grupes de interesses materiais, na natureza dos seus meios de poder, e, per
atribuimes, encontram-se outros cujes efeites economices pouco ou nenhum essa via, na naturem do curse do “desenvolvimento economico”, tomandose
interesse eferecem para nos, come, exemplo, a orientacio do gosto artistico de assim, “economicamente relevantes". Na medida em que nessa ciéncia, por
uma determinada época. No entanto, tais fenémenos revelam, em determinados meio da regressio causal, atribui causas individuais — de carater economico
aspectos signifieativos de seu writer, uma influéncia mais ou menos intensa de ou nae — a fenomenos culun‘ais econémicos, ela esta buscando um conheci-
motives econémices. Em nosso case, talvez, por meio da composicao social do mento “histérico”. Na medida em que persegue um elemento especifico dos
publico interessado em arte, sfio fenémenos economicamente condidonados. fenomenes culmis — neste also, 0 elemento economico — auaves dos mais
Assim, o complexo de relacées humanas, por aremplo, normas e condicoes variados complexes culturais, no intuito de distinguir o seu significado cultural,
ela esta a busear uma interpretagfio histories a partir de um ponto de vista espe-
1l Trata—se da Revista An‘hivfiir Sozwh/isyeuschaft (Arquive para a Ciéncia Social e Politim
Soda). CI’fiCO. Oferece, assim, uma imagem parcial, um trabalho preliminar, para o co-
nhecimento histén'co complete da GJltura.
118 119
Embora nem sempre em todos os casos em que atio em jogo momentos Nao ha duvida de que acenvuar o aspecto economico-social da vida cultural
econémico—sociais, como consequencias de causas, exista um problem econé» implim uma delimitacao muito sensivel dos nossos temas. Argumentar sobre
micosocial — pois ate apenas surge quando o significado de tais momentos que o ponto de vista econémico ou, como se dizer de maneira imprecisa,
é problematioo e 56 pode ser comprovado precisamente com a aplicagao dos “materialism”, a partir do qual consideramos a vida cultural, revela—se como sen-
métodos da ciéncia econémico—social —, o alcance do campo de trabalho do do algo “parcial”. 1550 e verdade, e essa parcialidade é intencional. A convicgao
modo de consideragio sécio-econémico nao deixa de ser quase ilimitado. de que a tarefa do trabalho cientifico consiste em curar ata parcialidade da
Corn uma deliberada autolimitagiio, a nossa revista sempre renunciou ao perspectiva econémica mediante a sua ampliagio, até se chegar a uma ciéncia
cultivo de uma série de dominios apecificos muito importanta da nossa dis— geral do social, nem dade logo 0 defeito de 0 ponto de vista do “social” ——
isto é, o das relagoa sociais entre 0s homens — possuir precisao suficiente
ciplina, tais como a economia dacn'u'va, a historia da economia, sm'cto sensu,
apenas para delimitar problemas dentificos quando ata 550 provides de algum
e a atatisfita Da mama forma, deixou para outros orgies o atudo dos pro
prediado apecial que determine o seu conteudo. Do contrario, considerado
blemas técnico-financeiros e técniooeconomicos da formacao do mercado e dos
como objeto de uma ciéncia, abrangen'a naturalmente tanto a filologia como a
pregos, na moderna economia de troca. A revista tem mantido como campo
histona da igreja, e, em apecial, todas as disciplinas que se ocupam do mais
de trabalho o signifimdo awal e o daenvolvimento historico de determinadas importante elemento constituu‘vo de qualquer vida normativa - o Direito. Da
constelacoa de interase e de conflitos, nascidos na economia dos modernos mama forma com que o fato de a eoonomia soda] se ocupar dos fenomenos
paisa civilimdos, com base no papel preponderante que 0 capital dela de— da Vida ou dos fenétnenos de um corpo oelate n50 nos obn'ga a considera—la
sempenhou em sua busca de valorimgao. Nisso, ela nao se limitou aos proble- como parte da biologia ou de uma futura astronomia aperfeicoada, também o
mas praticos e do daenvolvimento histbn'co da chamada “quatao social” em fato de ela tratar de relacoa “sociais” n50 constimi razfio para que ela seja
sentido atrito, tais como as relacoa entre a moderna classe dos assalan'ados considerada como precedente necasaria de uma “ciéncia social geral”. 0 do
e a ordem existente. Indubitavelmente, o aprofundamento cientifico do cracen— minio do trabalho cientifico nio tem por base as conexoa “objetivas” entte as
te interase que ate problema teve em nosso pais no deconer da década de “coisas”, mas as conexoa conceituais entre os problemas. 86 quando se atuda
1880 fez com que asa fosse uma das suas tarefas asenciais. No entanto, na urn novo problema com o auxflio de um método novo, e se dacobrem ver—
medida em que o atudo pratico das condicoa oper‘afias se converteu, também dada que abrem novas e importanta perspectivas, é que nasce uma nova
entre nos, em obd constante da legislagio e da discussio publica, o centro “ciéncia”.
de gravidade do trabalho cienu’fico foi obrigado a daloar—se, no sentido de N50 6 por acaso que o conceito de “social”, que parece ter um sentido
atabelecer as relacoa mais universais de que ata problemas faZem parte. As— totalmente geral, adquire, logo que o seu emprego é submetido a um controle,
sim, teve de daembocar na tarefa de analisar todos os problemas culturais mo— um significado muito particular e apecifico, embora geralmente indefinido. O
dernos, cn'ados pela natureza particular dos fundamentos econémicos da nossa que nele ha de “geral” deve-se, com efeito, a sua indeterminagior Pois se for
cultuta e, portanto, dela apecificos. Por isso, a revista logo se preocupou com encarado no seu significado geral, nao oferecera nenhum ponto de vista ape—
as mais diversas condigoa de vida, em parte “economicamente relevanta”, em cifico a pam'r do qual se possa ilurninar o significado de determinados elemen-
parte “economicamente condicionadas”, das classa das modernas nacoes civi— tos culturais.
lizadas, bern como com examinar, de um ponto de vista histén'co, atatistico e Livres do preconceito obsoleto de que a totalidade dos fenémenos culturais
teén'co, as relacoa entre elas. For isso, nio faremos agora outta coisa senao pode ser dedun'da como produto ou como funcao de determinadas constela—
deduzir as conseqfiéncias data atitude, a0 afirmarmos que o campo de trabalho (goes de interasa “materiais”, cremos, no entanto, que a analise dos fendmenos
caracten’stico da nossa revista é 0 da paquisa cientifim do significado cultural sociais e dos procasos culturais da perspectiva apecial do seu condicionamen—
geral da atrutura socioeconomic: da vida social humana, e das suas formas to e alcance economico foi um pn'ncipio cientifico de fecundidade cn'adora, e
histéricas de organizagfio. E precisamente isto, e nada mais que isso, o que continuara a 56-10, enquanto dele se fizer uso prudente e livre de coibicoa
queremos dizer ao dar a nossa revista o nome de Anchiufilr Sozmlwtssemchafl dogmaticas. Quanto a chamada “concepgfio materialism da historia”, é preciso
(Arquivo para Ciéncia Social). Este nome abrange aqui o atudo historico e teo— repeli-la com a maior enfase, enquanto “concepgao do mundo”, ou quando en-
rico dos mamos problemas cuja solugao prau'a constitui o objeto da “politica carada como denominador comum da explicagao causal da realidade historica
social”, no sentido lato da palavra. Procedendo data maneira, fazemos uso do — pois o cultivo de uma interpretagao econémica da historia é um dos fins
direito de utilimr a exprasao “social” no significado determinado pelos pro- essenciais da nossa revista. Iss0 exige uma explicagfio mais concreta.
blemas concretos da atualidade. Quando se da o nome de “ciéncias culturais” Hoje em dia, a chamada “concepgio materialism da histén'a”, segundo, por
as disciplinas que atudam os acontecimentos da vida humana a partir do seu exemplo, o sentido genial e primitivo do Manifesto Comum'sta, talvez apenas
signifiado cultural, a “ciencia social”, entao, tal como nos a entendemos aqui, subsista nas menta de leigos ou diletanta. Entre asa, com efeito, encontra—se
pertence a ata mtegon'a. Em breve, veremos que conseqfiéncias de principio ainda muito difundido o singular fenémeno de que a necasidade de explicacao
dai deoorrem. causal de um fenomeno histén'co nao fica satisfeita enquanto 1150 se mostre
120 121
(mesmo que so aparentemente) a intervengao de causas economicas. Feito isto, para manter a sua validade geral como fator causal decisivo. As veZa, considera
ela passam a se contentar com as hipotaa mais flageis e com as formulacoes tudo aquilo que, na realidade histén'ca, nio pode ser deduzido a partir de mo-
mais genericas, pois ja foi satisfeita a sua necasidade dogmatica, segundo a nvoseconémicos como algo que, por isso mamo, seria “acidental” e, portanto,
qual as “forgas” economias 550 as unions ausas “auténtias”, “verdadeiras” e eienuficamente insignificante. As veza amplia o conceito de “economico” ate
“sempre determinanta em t’iltima instancia”. Fste fenémeno nada tern de ex- 0 dafigurar, de modo que nele encontram lugar todos aquela interasa hu-
traordinén'o. Quase todas as ciéncias, dade a filologia até a biologia, revelaram, manos que, de uma ou de outra forma, sao ligados aos meios externos ou ao
numa oasifio ou noutra, a pretensao de produzir r150 so 05 seus conhecimentos Ineio ambiente. No (250 de haver a prova histérica de que, em face de duas
apecificos, como até mamo “concepcoes de mundo”. E, sob o irnpulso pro smiagoa identias do ponto de vista econémico, houve reacoa diferenta —
duzido pelo enorme signifimdo cultural das modemas transformacoa econo em consequencia de diferencas nas determinanta politicas, religiosas, climatias
micas, e principalmente por meio do alance transcendente da “quatao ope— 0:1 em quaisquer outras determinanta naoeconomicas — todos ata fatora
ratia”, nao é de admirar que também viase daembomr nate aminho a inex— sao entao “rebaixados” ao nivel de “condigoa” historicamente acidentais, sob
tirpavel tendéncia monista de todo o conhecimento refratario a autocritica. Esta as quais os motives econ6micos atuam corno “causas”, visando praervar 0 pre-
mesma tendencia manifata—se hoje na antropologia, exatamente no momento dornrnio do econémico. E obvio, contudo, que todos ata aspectos “casuais”
em que as nacoa se enfrentam oom hostilidade cracente, numa luta politica para a perspectiva economical seguem as suas prépn'as leis, no mamo sentido
e economical. pelo dominio do mundo. E hoje muito difundida a opiniao de em que o fazern os aspectos economicos e que, para uma abordagem que
per—
que “em ultima analise”, o decurso historico nao seria mais do que a raultante segue o seu significado apecifico, as rapecljvas “condicoa” econémicas
sao
da rivalidade entre a agao reciproca de “qualidades raciais" inatas. A mera da— tao “historicamente acidemais” quanto ocorre tambérn em cases inversos. For
cricao acn’u'a das “caracteristicas de um povo” foi substituida pela montagem, fun, tuna tentativa muito cornum para manter, apaar de tudo, a supremacia
do
menos cn’tica ainda, de “teorias da sociedade” supostamente baseadas nas “clen— economrco, consrste em interpretar as constanta cooperagoa e interacoa
dos
cias da naturem”. Em nossa revista, acompanharemos muito atentamente 0 de— diferenta elementos da Vida cultural como dependendo causal ou funcional-
senvolvimento da investigagfio antropolégim, sempre que se mostrar importante mente uns dos outros, ou melhor, de um L’lnico elementcx o economico. Date
para os nossos pontos de vista. E de se aperar que a situagao de se ver na modo, quando uma determinada instituigfio naoeconomica realiza também,
his-
“raga” a aséncia da explicagio causal — o que era apenas um atatado de toricamente, uma determinada “fungao” a servico de quaisquer interasa eco-
nossa ignorancia —- possa ser lentamente substituida mediante um trabalho me- nérnicos de classe — isto é, quando se converte em instrumento data, como
todicamente orientado da forma como, de modo semelhante, ocorreu também no caso de determinadas instituigoa religiosas que se deixam utilizar como “po-
em relacio ao “ambiente’ ou, anteriormente, em relagio as “circunstancias da lium negra” —, asa insliuiigao é apraentada como exprasamente crlada para
época". Se houve algo que, até nate momento, prejudicou ata investigagao, ta] fimgfio, ou, em sentido completamente metafisico, como tendo sido moldada
foram as idéias de diletanta fervorosos, que acredjtavam poder fornecer ao co por uma “tendéncia de desenvolvimento" de carater econémico.
nhecimento cultural algo de apecifiamente diferente e mais importante do que Hoje em dia, nao é preciso expliar a urn especialista que ata interpretaq
a simples ampliagao da possibilidade de uma segura imputagao dos aconteci— dos fins da analise econémia da cultura era resultante, ern parte, de uma de-
mentos culturais concretos e individuais da ralidade historica a certas musas terminada conjunmra histén'a que orientou o interase dentifico para certos
concretas e historicamente dadas, mediante a obtengao de um material de ob~
problemas culturais “economicamente condicionadas”, e, em parte, também, de
servaqio exato, com perspectjvas apecificas. so na medida em que ela, a an— um forte apego a apecialidade cienu’fica. Achamos que é necasario demonstrar
tropologia, pode proporcionar—nos conhecimentos deste tipo, os seus raultados
que ata interpretaqio, nos dias de hoje, ata pelo menos ultrapassada. Em ne~
terio interesse para nos, fazendo com que a “biologia racial" adquira uma im
nhum setor dos fenbmenos culturais se pode reduzir tudo a ausas econémicas,
portancia que é superior ao fato de 561' um mero produto da moderna febre
de fundamentagao dentifica. nem sequer no setor especifico dos “fenomenos eoonémicos”. Em principio, a
historiaIbancaria de qualquer povo que pretendase alegar a sua histén'a a pam'r
Nao é outro o significado da interpretagfio econémica da l-Iiston'a. Se hoje
de monvos economicos é tao impossfvel como, por exemplo, a “explicagfio”
em dia — depois de um periodo de damedida supervalorizacao — quase existe
da Madona da Capela Sixtina a pam'r dos fundamentos sécio—econémicos da
o perigo de se subatimar a sua capacidade de fornecer explicacoa cientifims,
isso é apenas conseqi'réncia da inaudita auséncia de apirito critico, no que diz vida cultural da época de sua cn'agio, e de modo nenhum é mais exaustiva
respeito a interpretagfio da ralidade, concebida como ”método universal”, no que, por exemplo, a expliagio que faz derivar o capitalismo de certas trans-
sentido de uma dedugfio de todos os fenémenos culturais — isto é, de mdo fonnagoa dos contefidos da consciencia religiosa que contribuiram para a ge—
o que, para nos, nela é asencial — a partir de condigoa que, em filtima nae do apirito capitalism, ou ainda, a que interpreta qualquer configuraqiio
instancia, seriam “economicamente condicionadas”. Hoje, a forma légim sob a politica a partir de determinados condicionamentos geogrificos. Em todos esta
qua] se apraenta ata visao nao é totalmente homogénea. QJando a explicagfio casos, é decisivo, para a determinagio da importancia a ser concedida aos con-
puramente econc‘xnia se depara com dificuldada, dispoe-se de vén'os meios dicionamentos “econémicos”, a classe de ausas que devemos atribuir aquela

122 123
elementos especificos do fenérneno em questio que consideramos significativos nexoes causais. Segm esta concepgfio, o conteudo das “leis” que somos ea—
em cada mso particular. 0 direito a analise unilateral da realidade cultural a pazes de reconhecer na inesgotfivel diversidade do curso dos fenémenos devera
partir de “perspectivas” especifims — em nosso easo, a do seu condicionamento ser 0 unico fator considerado cientificamente “essencia Logo que tenhamos
econOmico —— resulta, desde logo, e em termos puramente metodologicos, da demonstrado a “regularidade” de uma conexio causal, seja mediante uma ampla
circurrstancia de que o treino da atengfio para se observar o efeito de determi- inducfio historim ou por meio de estabelecimento para a experiencia intima da
nadas categorias causais qualitativamente semelhantes, bem como a constante sua evidéncia imediatamente intuiu'va, admite-se que todos os eases semelhan—
tes — por mui numerosos que sejarn — ficam subordinados a formula assim
utilizagao do mesmo aparelho metodologico-conceimal, oferece todas as van—
encontrada. Tudo o que na realidade individual continue a resisrir a selegao
tagens da divisao do trabalho. Ela nao é arbitraria enquanto ha éxito no seu
feita a partir desta regularidade, ou é oonsiderado como um remanescente ainda
procedimento, isto é, enquanto oferece um conhecimento de relacoes que de-
nao elaborado cientifiamente (mas que, mediante aperfeigoamentos continues,
monstram ser valiosas para a imputagio de causas a determinados aconteci— devera ser integrado no sistema das “leis” , ou é deixado de lado. Ou seja, é
mentos historicos concretos. Mas a “parcialidade” e a irrealidade da interpreta- considerado “casual” e cientificamente secundario precisamente porque se re-
cfio puramente econémica apenas constituem um caso especial de um principio vela “ininteligivel em face das leis” e 1150 se integra ao processo “tipico”, de
de validade muito generalimda para o conhecimento cientifico da realidade cul- modo que se tornara objeto de uma “curiosidade ociosa”. Deste modo, mesmo
tural. Todas as subseqfientes discussoes terio como fim essential esclarecer as entre os representantes da escola historian, reaparece constantemente a concep—
bases logicas e as conseqfiéncias gerais de método do que a segmr é exposto. cfio de que o ideal para o qual tends ou pode tender todo o conhecimento,
Nao existe nenhuma analise dentificn totalmente “obieu' ada" da Vida cul- mesmo o das ciéncias da cultura — ainda que seja num futuro longinquo —
tural, ou — o que pode signifimr algo mais limitado, mas seguramente nao consistira num sistema de proposicoes das quais seria possivel “deduzir” a rea-
essencialmente diverso, para os nossos propésitos — dos “fenOmenos sociais”, lidade. Sabe-se que um dos porta—vozes das ciéncias da natureza julgou mesmo
que seja independente de determinadas perspectivas especiais e parciais, gragas poder caracterizar o ideal — praticamente inalcangavel — dessa elaboragfio da
as quais estas manifestagoes possam ser, explicita ou implicitamente, oonsciente realidade cultural como conhecimento “astronémico” dos fenOmenos da Vida.
ou incoscientemente, selecionadas, analisadas e organizadas na exposigao, en- Por muito debafida que seja esta questao, nio medimos esforgos para um exa—
quanto objeto de pesquisa. Isso se deve ao carater particular da meta do co- me mais profundo do tema. Em primeiro lugar, salta aos olhos que esse co-
nhecimento de qualquer trabalho das ciéncias sociais que se proponha ir além nhecimento “astronémico”, pensando no caso citado, nao é de modo nenhum
de um estudo meramente formal das normas — legais ou convencionais — da um conhecimento de leis, mas, pelo contrario, extrai de outras disciplinas, como
convivéncia social. a mecanica, as “leis” com as quais trabalha, a maneira de premissas. Quanto a
A ciéncia social que pretendernos exercitar é uma clencia da realidade. Pro prépria astronomia, interessa—lhe saber qual o efeito individual produzido pela
curamos entender na realidade que esta ao nosso redor, e na qual nos encon- agao dessas leis sobre uma constelagio individual, dado que estas constelacées
tramos situados, aquilo que ela tern de especifico; por um lado, as conexoes' tém importancia para nos. Como é natural, toda a constelagao individual que
e a significagio cultural das nossas diversas manifestacoes na sua configuragao a astronomia nos “explica” ou prediz so podera ser causalmente explicavel co-
atual e, por outro, as causas pelas quais ela se desenvolveu historicamente de mo uma seqfiéncia de outra constelagio, igualmente individual, que a precede.
uma forma e nao de outra. Acontece que, tio logo tentamos tomar consciencia E, por muito que recuemos na obscuridade do mais longinquo passado, a rea—
do modo como se nos apresenta imediatamente a Vida, verificamos que ela se lidade para a qual tais leis sao validas permanece também individual e igual—
nos manifesta “dentro” e “fora” de nos, sob uma quase infinita diversidade de mente refrataria a uma dedugao a panir de leis. Compreende—se que um “estado
eventos que aparecem e desaparecem sucessiva e simultaneamente. E a absoluta origina ” cosmico que n50 possuisse um carater individual, ou que o tivesse
infinitude dessa diversidade subsiste, sem qualquer atenuante do seu carater in- em menor grau que a realidade césmica atual, seria evidentemente um pensa—
tensivo, mesmo quando voltamos a nossa atengfio, isoladamente, a um i’Jnico mento sem nenhum sentido. No entanto, n50 sobrevive, em nossa especialida-
“objeto” — por exemplo, uma transacfio concreta — e isso tao logo tentamos de, um resquicio de representagoes semelhantes, quando se supoem “estados
descrever de forma exausu'va essa “singularidade” em todos os componentes primitives” sécio—econémicos sem qualquer “musalidade” histérica, quer inferi—
individuais, e, ainda muito mais, quando tentamos apta—la naquilo que tem de dos do direito natural, quer verificados mediante a observagao dos “povos pri—
causalmente determinado. Assim, todo o conhecirnento da realidade infinita, mitivos”? Seria o caso, por exemplo, do “comunismo agrario primin'vo”, da “pro—
realizado pelo espirito humano finito, baseia—se na premissa tacita de que ape- miscuidade sexual”, etc. dos quais nasceria, mediante uma espécie de “queda
nas um fragmento limitado dessa realidade podera constituir de cada vez 0 ob pecaminosa” no concreto, o desenvolvimento histérico individual?
jeto da compreensao dentifica e de que so ele sera “essencial” no sentido de N510 ha qualquer duvida de que o ponto de partida do interesse pelas cién—
“digno de ser conhecido”. E segundo que principios se isola $56 fragmento? cias sociais reside na configuragio real e, portanto, individual da Vida sécio—
Repetidas vezes acreditou—se poder encontrar o critério decisivo também nas cultural que nos rodeia, quando queremos apreendé—la no seu contexto uni-
ciéncias da cultura, na repeu'cfio regular, “conforme leis”, de determinadas co versal, nern por isso menos individual, e no seu desenvolvimento a partir de
1 24 125
outros estados sécioculmrais, naturalmente individuais também. Fun evidente tanto num caso como nouuo, tornar—se-ia impossivel chegar algum dia a d e e
que também nos nos encontramos pexante a situacao extrema que ambamos a reahdade da vida a partir destas “leis” e “fatoreS”. Nao por subsistirem ainda,
de expor no caso da Astronomia (e que os logicos também utilimm regular- nos fenomenos vitais, determinadas “ 011235” superiores e misteriosas (“dominantcs”,
mente) e até de um modo especifimmente acentuado. Enquanto que, no mmpo entelequlas on 011125) — o que ja oonstitui ouIro problema — mas simplesmenre
da Astronomia, os aspectos celestes apenas despertam o nosso interesse pelas porque, para o reconhecimento da realidade, so nos inreressa a oonstelagio em
suas relagoes quantitativas, suscefiveis de medicoes exatas, no setor das ciéncias que 6,553 “fauna” afipaéfiOOS) se agmpam, formando um fenomen‘o cultural
sociais, pelo contririo, o que nos interessa é o aspecto qualitativo dos fatos. historicamente significau'vo para nos; e também porque, se pretendemos “ex-
Devemos ainda acrescentar que, nas ciéncias sociais, se trata da intervengio de pllear causalmente" asses agrupamentos individuais, teriamos de nos reportar
fenémenos espin'tuais, cuja “compreensg'io” por “revivéncia” constitui uma tarefa constanternente a outros agrupamentos igualmente individuais, a partir dos
especificamente diferente da que poderiam, ou quereriam resolver as formulas quais 05 earphoissemos”, embora ufilizando, namralmente, os citados (hipoté—
do conhecimento exato da natureza. Apesar de tudo isso, tais diferengas nio ticos) conceitos denominados “leis". O estabelecinmro de tais “leis” e “fatores”
da
sio categoricas, como nos poderia parecer a primeira vista. Exceto o caso (hipotencos) apenas constituiria, para nos, 2 primeira das vafias operacods as
mecanica pura, nenhuma ciéncia da natureza pode prescindir da nogfio de qua- quais o conhecimento a que aspiramos nos oonduziria. A segunda operagio
lidade. Além disso, deparamo—nos em nosso proprio campo, com a opiniao — completamente nova e independenre, ape-m de se basear new: tarefa prelimi:
errénea — de que o fenomeno, fundamental para a nossa cultura, do comércio nar, sena a analise e a exposicfio ordenada do agtupamento individual desses
financeiro, é suscetivel de quantifimgao e, portanto, cognoscivel, mediante “fatores” historicamente dados e da combinacao ooncreta e significativa dele re-
“leis”. Por fim, dependena da definigao mais ou menos lata do conceito de “lei” sultante. Mas acima de tudo consistiria em tornar inteligivel a mum e a naturem
que nele se pudesse incluir, as regularidades nfio susceriveis de uma expressao deste significado. A terceira operagfio seria re'montar o maximo possivel ao pas-
numédm, devido ao fato de nao serem quantifioiveis. No que diz respeito espe- sado e observar como se dsenvolveram as diferentcs caracten’sn'ms individuais
cialmente a interveng‘io de motivos “espifimais”, esta, de modo algum, exclui dos~ agtupamentos de importancia para o presente, e proporcionar uma expli—
o estabelecimento de regras para uma atuacfio racional. Mas, sobretudo, acon- mgao lustérica a partir destas constelacoes antefiores, igualmente individuais.
tece que, ainda hoje, nio desapareceu contpletamente a opiniao de que é tarefa Por fim, uma quanta opetacao possivel consistin‘a na avaliacao das constelacoes
da psicologia dosempenhar, para as diversas ciencias do espirito ( G e r m possiveis no fiituro.
chaflen), um papel comparavel ao das maternatims para as “ciéncias da natu- Para todas essas finalidades, seria muito (nil, e quase indispensavel, a exis-
reza”. Para tal, ela deveria decompor os complexes fenomenos da Vida social tencia de conceitos claros e o conhecimento destas “leis” (hipotétidas), como
nas was condicoes e efeitos psiquicos, reduzi-los a fatores psiquicos mais sim- meros heuristicos — mas unimrnente como tais. Porém, mesmo com esta fun-
ples, e, enfim, classificar ates ultimos em generos e analisar as suas relacoes gno, ha um ponto decisivo que demonsua o limite do seu almnce, com o que
funcionais. Assim, ter—se-ia conseguido cn'ar, senao uma “mecanica”, ao menos somos conduzidos a peailiaridade decisiva do método das ciéncias da cultura,
uma “quimim” da Vida social nas suas bases psiquicas. Nao nos cabe decidir ou seja, nas disciplinas que aspiram a conhecer os fendmenos da Vida segundo
aqui se tais analises poderio algum dia contribuir com resultados pam'culares a sua srgnifimcfio cultural. A significacao da configuracio de um fenémeno cul-
que sejam valiosos e — o que é diferente — fiteis para as ciéncias da cultura. tural e a musa dessa signifimgao nao podem contudo deduzir-se de qualquer
No entanto, isso nao afeta de modo nenhum a possibilidade de se atingir a sistema de conceitos de leis, por mais perfeito que seja, oomo também nao
meta do conhecimento sécio—econémico, tal como o entendemos aqui — ou podem ser justifimdos nem explicados por ele, tendo em vista que pressupoe
seja, o conhecimento da realidade concreta segundo o seu significado cultural a relagao dos fenémenos culturais com idéias de valor. O conceito de cultura
e suas relagoes causais — mediante a busm da repetigfio regular. Supondo que e um conceito de valor. A realidade empirica é “cultura” para nos porque e na
alguma vez, quer por meio da psicologia, quer de qualquer outro modo, se medida em que a relacionamos com idéias de valor. Ela abrange aqueles e so-
conseguisse decompor em fatores ultimos e simples todas as conexoes causais mente aqueles components da realidade que através desta relagfio tornamse
imaginaveis da coexisténcia humana, tanto as que la foram observadas como srgnifimtivos para nos. Uma parcela infima da realidade individual que obser-
as que um ‘dia semi possivel estabelecer, e supondo que se conseguisse abran- vamos em cada caso é man'mda pela aqio do nosso interesse condicionado
ge-las de modo exausu'vo numa imensa msuisticn de conceitos e de regzas com por essas idéias de valor, apenas ela tern significado para nos, precisamente
a rigorosa validade das leis, o que significaria ate resultado para o oonheci— porque revela relagoos tornadas importantes gracas a sua vinculacao a idéias
mento, quer do mundo cultural historicamente dado, quer de algum fenémeno de valor. E somente por isso, e na medida em que isso ocorre, interwa—nos
particular, como 0 do capitalismo na sua evolugfio on no seu significado cul- conhecer a sua caracten’stica individual. Enuetanto, o que se reveste de signi-
tural? Como meio de conhecimento, nfio significa nem mais nem menos que ficagao nao podera ser deduzido de um estudo “isento de pressupostos” do
aquilo que um dicionario das combinacocs da quimim organica significa para empirimmente dado. Pelo contrario, é a comprovacio desta signifimgfio que
o conhecimento biogenético dos reinos animal e vegetal. Tanto num caso como constitui a premissa para que algo se convena em Objeto d6 analise. Natural-
noutro ter-sea realizado um importante e {nil trabalho preliminar. Todavia, e, mente, o signifimtivo, oomo ta], nao coincide com qualquer lei como tal, e isto

126 127
tanto menos quanto rnais geral for a validade dessa lei. Porque a significacao em geml, a eXplimcao causal de um fato individual posto n
que tern um fragmento da realidade para nos nio se encontra evidentemente possa pensar a mera descdcio exaustiva do rmis finite flagguefrtoed: :Salrgl'ldcads:
nas relagocs que compartilha com o maior numero possivel de outIos elemen- P01? 9 numero e a natureza das causas que determinam qualquer aoontecimento
tos. A reducio de realidade com idéias de valor que lhe conferem uma signi- 1ndrvrdual sao sempre infinitos, e nao existe nas propnas coisas critén'o a]
ficacao, assim como o sublinhar e ordenar os elementos do rcal matimdos por que permrta escolher dentre elas uma fragfio que posca ermar isdadanmggnm
esta relagio sob o ponto de vista de sua significacio cultural, constituem pers— consrderagao. A tentativa de um conhecimento da rcalidade “livre de u-
peclivas completamente diferentcs e distintas da analise de realidade levada a postos” so cons~eguiria produzir urn mos de “juizos existenciais" acerca m a .
cabo para conhecer as suas leis 6 para ordena—las segundo conceitos gerals. meras concepgoes ou percepcocs particulates. E, o mesmo resultado sé seria
Ambas as modalidades de pensamento ordenador do real nao mantem entre si possrvel na aparencia, ja que a rcalidade de cada uma das percepgoes exposras
nenhuma logica necessaria. Podera acontecer que, num caso concreto, venham a uma analise detalhada, ofereceria um sem—nfimero de elementos particulars
dis-
alguma vez a coincidir, mas, se essa coincidéncia causal nos ocultar a sua que nunca poderao ser expresses de modo acausu'vo nos eiZos de percepgao
crepancia de principios, isso podera acarretar as mais funestas conseqfiéncias. Fste caos so pode ser ordenado pelo fato de que, ern qualquer caso unical
O significado cultural de um fenémeno — por exemplo, 0 do comércio mo- mente um segmento da realidade individual possui intercsse e significado para
netan‘o — pode consistir no fato de se mrifestar como fenomeno de massa, nos, posto que so ele se enoontre em relagao corn as idéias culturais de valor
como um dos elementos firndamenrais da cultura contemporanea Mas, ato con. corn que abordamos a realidade. Portanto, so alguns aspectos dos fenémenos
tinuo, o fato histérico de daempenhar esse papel é que constitui o que devera partrculares infinitamente diversos, e precisamente aquelcs a que confen'mos
cau— urna srgnrficacio geral para a cultma, merecem ser conhecidos, pois apenas eles
ser oompreendido do ponto de vista de seu significado cultural e explicado
salmente da perspectiva da sua origem histérica. A analise da esséncia geral da sao objeto de explicacfio causal. Tambérn esta emlicacao causal oferece pot
troca e da técnica do trafico comercial constituem uma tarefa preliminar, muito sua vez, p mesmo carater, pois uma regressio causal exaustiva a partir de ’qual—
embora extremamente importante e indispensavel. Mas nao fica assim resolvida quer fenorneno concreto para captar a sua plena realidade r150 56 rcsulta pra-
a questao de como a troca chegou historicamente a alcancar a significagfio fun- trcamente 1mpossivel como é pura e simplesmente urn absurdo. Apenas colo
damental que hoje possui, nem a que, em ultima analise, nos interessa: a de camos em relevo as causas a que se podem atribuir, num caso concreto, os
qual é a significagio cultural da economia monetaria. Pois é por causa dela elementos “essenciais” de um acontecimento. Quando se trata da individuali—
que nos interessamos pela descricio da técnica de circulacio e por sua causa dade de um fenomeno, o problema da causalidade nao incide sobre as leis,
também que existe hoje uma ciencia que trata data técnica. De qualquer modo, mas sobre conexoes causais concretas. Nao se trata de saber a que f6rxmrla se
n50 se deduz de nenhuma destas leis. As caracten’sticas genén'cas da treat, da deve subordinar o fenomeno a titulo de exemplar, mas sim a que constelacio
compra etc: interessam ao jurista. Mas o que a nos interessa é a tarefa de ana— deve set imputado oomo rsultado. Trata—se, portanto, de um problema de im-
lisar a significagio cultural do fato histérico de a troca constituir, hoje em dia, putacao causal. Onde quer que se trate de explicacio causal de um fenémeno
um fenémeno de massa. Quando cste fato precisa ser explicado, quando pre- cultural — ou de uma “individualidade lustorica”, expressao ja utilimda relati-
tendemos compreender a diferenca entre a nossa cultura sécio—econémica e a vamente a metodologia da nossa disciplina e agora habitual na logica, como
da Amigfiidade — onde a troca apresentava exatamente as mesmas qualidades uma formulacao mars precisa —, o conhecimento das leis da causalidade nio
genén'cas de hoje —, quando queremos saber em que consiste a significagfio
podera consntmr o fim, mas apenas o meio na investigacio. Ele apenas facilita
a. imputacao causal que leva em consideracio aquelcs elementos nos aconte-
da “economia monetaria”, surgem entao na analise principios logicos de origem
claramente heterogénea. Por certo que, enquanto contiverem elementos signi-
crmentos que ficaram importantes causalmente para a singular evolucio cultural.
ficativos da nossa cultura, un'limremos os conceitos que a analise dos elemento
s E apenas na medida em que presta este servioo que podeta ter valor para o
genén‘cos dos fenomenos econ6micos de massa nos oferece como meios de
conhecimento das oonexocs individuais. E, quanto mais “gerais”, isto é, abstra-
tas, $50 as leis, tanto menos contribuem para as necessidades da imputaciio cau—
exposigao. Porém, por muito exata que seja a distingao desses conceitos e das
sal dos fenémenos individuais e, indiretamente, para a compreensz’io da signi-
leis, nio so nao teremos alcancado o alvo da nossa tarefa, como a quesrio
ficacio dos acomecimentos culturais.
sobre qual deve ser 0 objeto da fonnagio de conceitos genéncos nao ficara
“livre de pressupostos”, dado que foi decidida em funcao da significacio que Oqueseconcluidetudoisso?
possuem para a cultura determinados elementos dessa multiplicidade infinita Naturalmente nao que, no setor das ciencias da cultura, o conhecimento
que chamamos “cirwlagfio”. Procuramos conhecer um fenorneno historico, isto do geral, a fonnagao de conoeitos genén'cos abstratos, o conhecimento de re~
é, significativo na sua especificidade. E o que ha de decisivo é o fato de a gtflaridadcs e a tentativa de formulacio de relagoes “regulates” nio tenham urna
idéia de um conhecimento dos fenémenos individuais so adquirir sentido logico )usu'ficacio dentifica. Muito pelo contrario. Se 0 conhecimento causal do histo-
mediante a premissa de que apenas uma parte finita da infinita diversidade de nador consiste na imputacio de certos resultados ooncretos a determinadas cau-
fenomenos é significativa. Mcsmo com o mais amplo conhecimento de todas sas concretas, entao é impossivel uma imputacio valida de qualquer resultado
as “leis” do devir fican’amos perplexos diante do problema de como é possivel, individual sem a utilizagfio de um oonhecimento “nomolégioo”, isto é, de um
128 129
conhecimento das regularidades das conexoes musais. Para saber se (abe ani- segmento finito e destituido de sentido prépn'o do mundo, a que o pensamento
buir a um elemento individual e singular de uma conexao, na realidade, uma confenu —- do ponto de vista do homern —— um sentido e uma significagao. E
importancia musal para o resultado que se trata de explicar causalmente, so eontrnuaa ser assim mesmo para quem se opée a uma culmra concreta como
existe a possibilidade de proceder a avaliagfio das influéndas que nos habitua- immrgo implacavel, preconimndo o “regresso a natureza”. Pois apenas pode
mos a esperar geralmente, tanto deste como de outros elementos do mmo adotar essa posrcao quando compara esta cultura concreta as suas proprias
complexo, que sejam pertinentes a explicagao. Fssas influéncias constituem, por 1de1as de valor, afigurando—se—lhe aquela como “demasiado superficial”. Referi-
conseguinte, os efeitos “adequados” dos elementos musais em questio. Saber mo-nos precrsamente a esta cirwmtancia pummente 1’ 'm e formal do
até que ponto o historiador (no sentido mais lato da palavra) é capaz de realimr afirmamos que todo o individuo histérico sra arraigadoiglde modo logicgldiagnte
com seguranga esta imputaqio, com o auxilio de sua imaginagio metodicamente necessano, em “idéias de valor”. A premissa transcendental de qualquer ciéncia
educada e alimentada pela sua experiencia pessoal de Vida, 6 ate que ponto da cultuia reside nao no fato de considerannos valiosa uma “cultura” determi-
stara dependente do auxilio de determinadas ciéncias especialimdas postas ao nada, mas na circunstancia de sermos homens de cultuia, dotados da capaci-
seu alance, é algo que depende de cada situagio particular. Mas, em qualquer dade e da vontade de assumirmos uma posigfio consciente em face do mundo
C850, e também no setor dos fenomenos economioos complexes, a certem da e de lhe confenrmos um sentido. Seja qual for we sentido, ele influira para
imputagfio é, por isso, tanto maior quanto mais seguro e amplo for o nosso que, no decurso de nossa vida, extraiamos dele avaljaooes de determinados fe-
conhecimento getal. O valor desta afirmagio nao é de modo nenhum diminuido nomenos da convivéncia hurmna e assummos, perante e16, considerados sig-
pelo fato de que nunca, mesmo nas chamadas “leis econémicas”, se tiara de mficatmos, uma posigao (positiva ou negativa). Qualquer que seja o contefido
conexoes “regulares”, no sentido esm‘to das ciéncias da natureza, mas sim de desta tomada de posig'io, asses fenémenos possuem para nos uma significagfio
conexoes causais adequadas, expressas em regras, e, portanto, de uma aplica- cultural que constitui a base finica do seu interesse cienfifico. Conseqfientemen—
gfio da mtegon‘a da “possibilidade objetiva”, que nao analisaremos aqui com te, quando utili7amos aqui a terminologia dos logicos modemos CRickert) e di-
maiores detalhes. Ocorre que o estabelecimento de tais regularidadds nio é a Zemos que o conhecimento cultural é oondicionado por determinadas idéias de
finalidade, mas sim um meio do conhecimento. E quanto a saber se rem sentido valor, sperarnos que isso nao seja susoetivel a mal-entendidos tao grosseiros
formular como “lei” uma regularidade de conexoes causais observada na expe- como a opiniao de que apenas se deve atribuir significagio cultural aos feno-
riéncia cotidiana, isso 1150 e mais do que uma questio de conveniéncia em menos valiosos. Pois tanto a prostituigio como a religiao on o dinheiro sao
cada caso concreto. Para as ciéncias exatas da natureza, as leis sao tanto mais fenémenos culturais. E todos os tre‘s o 5210, {mica e exclusivamente, enquanto
importantes e valiosas quanto mais geral é a sua validade Para 0 conhecimento a sua existencia e a forga que historicamente adotam cmpondem direta ou
das condicoes concretas dos fenomenos histén'cos, as leis mais gerais sao fre- mdiretamente, aos nossos interesses culturais, enquanto animam o nosso desejo
qflentemente as menos valiosas, por serem as mais vazias de contefido. Isto de conhecimento a partir de pontos de vista derivados das idéias de valor, as
porque, quanto mais vasto é o (ampo abrangido pela validade de um conceito quais tomam significativo para nés o fragmento de realidade expresso naqueles
genén‘co — isto é, quanto major a sua extensao — tanto mais nos afasta da conceitos.
n'queza da realidade, posto que, para poder abranger o que existe de comum Disso resulta que todo conhecimento da realidade cultural é sempre urn
no maior nfimero possivel de fenémenos, forgosamente deve ser 0 mais abstrato conhecimento subordinado a pontos de vista especificamente particulares.
e pobre de conteudo. No campo das ciéncias da cultura, o conhecimento do Quando adgimos do historiador on do sociélogo a premissa elementar de saber
geral nunca tern valor por si proprio. dislinguir entre o essential e o secundan'o, de possuir para ease fim os pontos
D e t u d o o q u e a t é aquisedisse,m11taquecarecederazfio deserum de vista necessaries, queremos unimente dizer que ele deveia saber referir
astudo “objexivo” dos acontecimentos culturais, no senfido de que o fim ideal — consciente ou inconscientemente — os elementos da realidade a “valords
do nabalho cienfifico devera consistir numa redugfio da realidade empirica a culturais” universais, e destacar aquelas conexoes que, para nos, se revstem
certas leis. Carece de razio de set 1150 porque — como frequentemente se sus- de significado. B so é freqflente a Opiniao de que tais pontos de vista podeiao
tentou — os acontecimentos cultuxais ou, se quiser, os fenomenos espirituais, ser “deduzidos da prépria matéria”, isto apenas se deve a ilusao ingenua do
evoluam “objetivamente” de modo menos sujeito a leis, mas: a) porque o co- especialista que 1150 se da conta de que — desde o inicio e em virtude das
nhecimento de leis sociais nio é um conhecimento do socialmente real, mas idéias de valor com que inconscientemente abordou o tema — destacou da
unicamente um dos diversos meios auxiliares de que nosso pensamento se ser- absoluta imensidade um fragmento infimo e, particulannente aquele cujo exame
ve para ease efeito; e b) porque nenhum conhecimento dos acontecirnentos cul- lhe importava. A propésito desta selegio de “aspectos” especiais e individuais
turais podera ser concebido senao com base na significagio que a realidade do devir, que sempre e em todos 05 (2505 se realim consciente ou inconscien-
da Vida, sempre configurada de modo individual, possui para nos em determi- temente, reina também essa coneepgio do trabalho dentifico—cultural que com-
nadas relagoes singulares. Nao existe nenhuma lei que nos mostre em que sen- titui a base da tfio repefida afirmagio de que o elemento “pessoal” é o que
tido e em que condigoes isso sucede, pois o decisivo 550 as idéias de valor, verdadeiramente confere valor a uma obra cientifica. Ou seja, de que qualquer
prisma sob o qual oonsideramos a “cultura” em cada (250. A “cultura” e; um obra devera exprimir uma “personalidade” paralelamente a outras qualidades,
130 131
Por- oerto que, sem as idéias de valor do invatigador, nao existiria nmhmn 96a juridicas. Todo aquele que cré que o modato trabalho de compreensao
principio de selegao, nem o conhecimento sensato do real singular, da mama ausal da realidade histérica constitui uma tarefa inferior pOdera dainteressar—se
forma como sem a arena do paquisador na signifiagio de um conteudo cul- por ele, mas é realmente impossivel substitui—lo por qualquer “teleologia”. Na
tural qualquer, faultaria completamente daprovido de sentido todo o atudo nossa concepgao, “fim” é a repraentagao de um resultado que se convene em
do conhecimento da realidade individual, pois também a orientagao da sua con- causa que contribua ou possa contribuir para o raultado significa
tivo. A sua
vicgao pasoal e a djfragio de valora no apelho da sua alma conferem ao significagao apecifica baseia-se unicamente em que podemos e queremos nfio
seu nabalho uma diregfio. E 05 valora a que o génio cientr’fico refere os objetos so constatar a atividade humana, mas também compreende—la.
da sua invatigaqao poderao determinar a “concepgao” que se fara de toda uma N50 ha dfivida de que as idéias de valor sao “subjetivas”. Entre o interase
época. Isto é, nio so poderfio ser decisivos para aquilo que, nos fenérnenos, pela evolugio dos maiora fenémenos imaginaveis, que durante longos perio—
se considera “valioso”, mas ainda para o que passa por significativo ou insigni- dos foram, e continuam a ser, comuns a uma magic on a toda a humanidade,
ficante, “importante” ou “secundério”. existe uma aala infinita de “significagoa” cujos graus se apraentarao, para
O conhecimento cientifico—cultural, tal como o entendemos, encontra-se mda um de nos, numa ordem diferente. E, naturalmente, esta ordem também
prao, portanto, a premissas “subjetivas”, pelo fato de apenas se ocupar daque- varia historicamente de acordo com 0 (water da cultura e do pensamento que
la elementos da realidade que apraentam algurna relagio, por muito indireta domina os homens. E evidente, no entanto, que nao devemos dedua'r de tudo
que seja, com o acontecimento a que cotiferimos uma significagvio cultural. Ape- ISSO que a invatigagao cientifico—cultural apenas conseguiria obter raultados
sar disso, continua naturalmente a ser um conhecimento puramente causal, da “subjetivos”, no sentido de serem validos para uns, mas [1210 para outros. O
mama maneira como o conhecimento de eventos naturais individuais impor- que varia é o grau de interase que se manifesta por um ou por outro. Em
tanta, que tém carater qualitativo. Paralelamente as numerosas confusoa ori- outras palavras: apenas as idéias de valor que dominam o invatigador e uma
ginadas pelo imiscuir do pensamento juridico formalism na afera das ciéncias época podem determinar o objeto do atudo e 05 limita date atudo. No que
culturais, surgiu recentemente (em obra do jurista R. Stammler, entre outras), a concerne ao método da invatigagao, o “como” é o ponto de vista dominante
tentativa de “refutar” a “ooncepgao materialism da Historia” através de uma série que determina a forrnagfio dos conceitos auxiliara de que se utiliza. E quanto
de engenhosos sofismas. Para‘ tanto, argumenta—se, ja que toda a vida econémica ao método de utilizi—los, o invatigador enoontra—se evidentemente ligado as
deveria evoluir dentro de determinadas formas reguladas de modo legal ou con- norma de nosso pensamento. Porque so é uma verdade cientifia aquilo que
vencional, qualquer “evolugio” economia deveria adotar o aspecto de aspira- pretende ser valido para todos os que querem a verdade.
goa para a criagfio de novas formas juridicas. Isto é, que apenas poderia ser Ora, daqui se deduz a total insensatez da crenga que por veza encontra-
compreensivel a partir de oertas maximas morais, e por isso seria diferente, em mos mamo entre historiadores da nossa especialidade, segundo a qual o alvo
aséncia, de qualquer “evolugao natural”. 0 conhecimento da evolugao econo- das ciéncias da cultura poden‘a ser a elaboragao de um sistema fechado de con-
mica teria, assim, uma arater “teleologico”. Sem pretendermos discutir aqui o ceitos que, de um modo ou de outro, sintetizaria a realidade mediante uma
significado ambiguo que o conceito de “evolugao” compor'ta nas ciéncias so- articulagao definitiva, a partir da qual se poderia de novo deduzi-la. O fluxo
ciais, nem o conceito igualmente ambiguo, do ponto de vista logico, de “te- do devir incomensuravel flui incasantemente ao encontro da eternidade. Os
leolégico”, Gabe deixar assente que a economia nao é necasan'amente “teleo problemas culturais que faZem mover a humanidade renascem a cada instante,
logica”, tal como prasupoe am conoepgfio. Mamo no (250 de uma total iden- sob um aspecto diferente, e permanecem variaveis: o ambito daquilo que, no
tidade de forma das normas juridicas vigenta, a significagfio cultural das rela- fluxo eternamente infinito do individual, adquire para nos importancia e signi-
goes juridicas de (mater normativo pode mudar de modo radial e, consequen- fiagao e se convene em “individualidade historica”. Mudam também as relagoa
temente, as préprias normas. Pois, se nos permitissemos um mergulho em di- intelectuais, sob as quais sao atudados e cientificamente compreendidos. Por
vagagoa sobre o futuro, poder-se-ia imaginar, por exemplo, como teoricamente conseguinte, os pontos de partida das ciéncias da cultura continuarfio a ser va—
realizavel, uma “socialimgao dos meios de produgao”, sem que se houvase riaveis no imenso futuro, enquanto uma apécie de imobilidade chinaa da vida
produn'do qualquer “aspiragfio” conscientemente dirigida para esse resultado e apiritual nao daacostumar a humanidade de fazer perguntas a vida sempre
sem que houvase necasidade de se acracentar ou suprimir qualquer artigo inagotavel. Um sistema das Ciéndas culturais, embora so 0 fosse no sentido
na nossa atual legislagao. Em compensagfio, a freqfréncia atatistim das diversas de uma fixaqio definitiva, objetivamente valida e sistemarjzadora das quatoa
relagoes legalmente normalizadas seria sem dt’rvida modificada de modo radical, e dos ampos dos quais se apera que tratem, seria um absurdo em si. Uma
e, em numerosos casos, fican'a reduzida a zero uma grande parte das normas tentativa date tipo podera apenas rematar por uma justaposigfio de diferenta
juridicas, que perderiam praticamente qualquer significado, e toda a sua signi- pontos de vista, apeciflcamente particulara, e muitas vezes heterogeneos e dis-
fiagfio para a cultura se tornan'a irreconhecivel. Por conseguinte, a “concepgao para entre si, sob os quais a ralidade tern sido, e permanecera para nos, “cul-
materialism da histéria” poderia, assim, elirninar com ramTo as discussoa de lege tura", isto é, significafiva na sua particularidade.
ferenda (com referéncia a legislagao futura), visto que o seu ponto de vista Depois data prolongada discussao podemos, finalmente, dedicarmo-nos
basico afirmava precisamente a inevitavel mudanga da signifimgao das institui- a quatao que nos interessa metodologicamente, a proposito do atudo da
132 133
“objetividade” do conhecimento nas ciéncias da cullma. Qua] é a fungao logim geral, e visto o. descomunal exito das Ciéncias da naturem, que haviam
incor—
e a estmmia dos conceitos com os quais uabalha a nossa ciéncia, a semelhangn porado esse pnncipio, pareda impossivel conceber um trabalho denfific
o que
de qualquer outia? Ou, para diZE—lo de outra maneira e em fungao do problema nao fosse 0 da descobetta de leis do devir em geral. O elemento dentific
o 65-
decisivo: qual a significagfio da teoria e da formagio teén'cn dos conceitos para sencial dos fenémenos apenas podia ser constituido pelo aspeao
“16321” 210
o conhecimento da realidade cultural? passo que os “acontecimentos individuais" so podiam ser levados em conta,
co-
mo “upos”, o que significa, aqui, como representativos das leis. O interesse por
Como ja vimos, a economia politim tinha sido originariamente uma “téc-
eles proprios, enquanto tais, nao em considerado urn interesse “cientifico”.
nica", pelo menos no que diz respeito ao nucleo dos seus ostudos, isto 6:, con-
siderava os fenomenos da realidade de uma perspectiva pratica do valor, estavel E impossivel dar pormenores aqui das impottantos repercussoes deste esta—
e univoca pelo menos na aparéncia: da perspectiva do crescimento da “riquem” do de spirito repleto de confiangn do monismo naturalista sobre as disciplinas
da populagfio num pais. For outro lado, desde o inicio em que a economia econémias. Quando a criu'ca socialista e o Irabalho dos historiadores comegn—
politica nao era apenas uma “técnica”, tendo em vista que se incorporou a po- ram 21 transformar em problemas as perspectivas axiolégicas originais, a grande
derosa unidade da concepgio do mundo do século XVIII, de carater racionalista evolugfio da investigagio biolégim por um lado, e a influencia do panlogismo
e orientada pelo direito natural. Mas a particularidade dessa concepqio do mun- hegehano, por outro, impedimm que a economia politics reconhecesse com
do, com a sua fé otimista na racionalimgfio toérim e pratim do real, componou pteosfio toda a amplitude da relagio entre o conceito e a realidade O resultado
um efeito essencial ao evitar que fosse descoberto o carater problematico da dlSSO, no que nos interessa aqui, é que, apesar do fonnidavel dique erguido
iva que ele pressupunha evidente. Do mesmo modo que o estudo ra— pela. filosofia idealism alemi desde Fichte, pelo éxito da Fscola Historica do
cional da realidade social havia nascido em estreita relagfio com a evolugio Direlto e pelos trabalhos da Esoola I-listérica Alema de Economia Politica contra
moderna das ciéncias na naturem, continuou semelhante no modo de encarar a Infiltragio dos dogmas natmalistas, nio foram ainda superados, em determi—
o seu objeto. Nas disciplinas das ciéncias da natureza, a perspectiva pratica do nados~aspectos decisivos, os pontos de vista do naturalismo, e, em parte, essa
valor, relativa ao que é diretamente util, encontra-se tecnimmente em estreita Situagno ocorre por causa desse sforgo. Entre eles, mbe citar a relagfio, ainda
relagfio com a esperanga — herdada da Antiguidade e desenvolvida posterior- problematim, que na nossa disciplina existe entte o uabalho “teorico” e 0 “his—
mente —- de que, por meio do mminho generaliudor da abstragfio e da analise onco”.
do empirico, orientadas para as relagoes legais, seria possivel chegar a um co- Ainda hoje, o método teén‘co e “abstra ” se opoe de maneira direta e apa-
nhecimento puramente “objetivo” — isto é, aqui, um conhecimento setn relagio rentemente incontomavel a investigag'io histéricoempifim. Ele reoonhece com
com todos os valores — e, 210 mesmo tempo, absolutamente racional — ou toda a exatidio a impossibilidade metodolégim de substituir o conhecimento
seja, um conhecimento monista de toda a realidade, livre de qualquer “contin— histén'co da realidade pela formulagfio de “leis”, ou de, pelo contran'o, chegar
géncia” individual, sob o aspecto de um sistema conceitual de validade meta- ao estabelecimento das “leis”, no sentido estiito do tenno, mediante a mera jus—
fisica e forma matemau‘m. As disciplinas das ciéncias da natureza, que se en- taposigio de observacoes historicas. Para oonseguir estabelecer as leis — pois
contram ligadas a pontos de vista axiolégicos, tais como a medicina clinica, e, ha consenso de que este é o fim supremo da ciéncia — parte do fato de que
mais ainda, a chamada “tecnologia”, converteram—se em pums “811$” prau'cas. experimentamos constantemente as relacoes da afividade humana em sua rea-
Desde o principio estavam determinados os valores a que deven‘am servir: a lidade imediata. Em face disso, julga poder tornar esse curso dos eventos di—
saude do paciente, o aperfeigoamento técnico de um processo de produqio retarnente inteligivel com evidencia axiomaticn e assim explora-los nas suas
etc.. Os meios a que reconeram, exam, 6 so podiam set, a aplicagio pratica “leis”. A {mica forma exata do conhecimento, a formulagfio de leis imediata e
dos conceitos de lei descobertos pelas disciplinas teon'ms. Qualquer progresso intuiu'vamente evidentes, sen'a, ao mesmo tempo, a union que nos permitiria
de principio na formagao das leis era tambérn e podia sé—lo um progresso na dedua'r os acontecimentos nio diretamente observaveis. Conseqfientemente, o
disciplina pratim. Porque, quando os fins pennanecem inalteraveis, a redugio estabelecimento de um sistema de proposigoes abstratas e puramente formais,
progressiva das questoes praticas (um caso de doenga, um problema técnico) em analogia as proposicoes das ciéncias exatas, sen'a o finico meio de dominar
a leis de validade geral e a conseqfiente ampliagio do conhecimento teén'co,
_, Mi

intelectualmente a diversidade social, pelo menos no que diz respeito aos fe—
se liga a ampliagio das possibilidades técnicas e pralicns e se identifica com
némenos fundamentais da vida econémim. Apesar de ter sido o criador data
ela. No momento em que a biologia modema oonseguiu englobar os elementos
teon'a (H. Gossen, precursor da teon'a marginalista na Economia, em 1854) o
da realidade que nos interessam historicamente (pelo fato de haverem oconido
precisamente assim e nao de qualquer outro modo) dentro do conceito de um primeiro e unico a efetuar uma distinqio metodolégica de principio entre o co
principio de evolugio de validade geial, que, pelo menos na aparéncia — mas nhecimento legal e o histérico am'buiu uma validade empirica as proposigoes
nfio na realidade — permitia ordenar todo o essencial daqueles objetos dentro da teon'a abstrata, no sentido de uma possibilidade de dedugfio da realidade a
W’fi’xédflfifi

de um esquema de leis com validade geral, dir-se-ia que sobre todas as ciéncias paitir dostas “leis”. E certo que o n50 fazia no sentido da validade empirica
pairava ameagadoramente o crepusculo dos deuses de todas as perspectivas clas proposigoes econOmicns abstratas por elas proprias, mas sim no sentido
axiologias. Vlsto que também o chamado devir histérico era um fragmento da de, uma vez almngadas teorias “exatas” correspondentes a todos os outros ele-
realidade total e que o principio da musalidade — premissa de qualquer tra- mentos que entram em linha de conta, dever o conjunto de todas estas teorias
balho cientifico — pareda exigir a redugao de todo o devir a “leis” de validade abstratas conter a verdadeira realidade das coisas, isto é, tudo aquilo que, da
,

134 135

realidade, fesse digno de ser cenhecido. A teeria “exata” da Economia estabe- Per censeguinte, bem pouco fecunda tem side a
leceria a influéncia de um motive psioelogico, ao passe que outras teen'as te- ‘
ao redor da questao da legitimidade psicolégim das (aging:t fi g fi g
n'am come tarefa desenvolver analogamente todes es motives restantes num tratas, bem come do alance do “instinto de aquisigfio”, do “prindp
conjunto de propesicees de validade hipetética. Com relacao a0 resultado do io econé-
mice” etc
trabalhe teorico — isto é, das teerias abstratas da formacio dos precos, dos As construcoes da teeria abstrata so aparentemente sao “dedugoes”" pam'r
juros, des rendirnentos etc. -— houve quem dissesse que, numa suposta analogia de motives psicolégices fundamentais. Na realidade, trata—se antes do
com as propesicees da fisim, seria pessivel emprega-las para deduzir, de pre- as: espe-
c1al de uma forma da constmcao de conceitos, prépn‘es das ciéncias da cultura
missas reais dadas, resultades quantitativamente determinades — portanto, leis humana e, em certo grau, indispensaveis. Vale a pena compreender a sua ca—
em sentido restrito — corn validade para a realidade da Vida, pesto que em mcten‘zagio mais profunda, visto que, assim, aproximar—nosemes da questao
face de fins dados a economia humana ficasse claramente “deterrninada” com léglca sebre a signifimcao da teoria das ciéncias sociais. Para tante, passaremes
relagio aes meies. Nae se levava em consideragfio que, para almncar tal re- poraltoe deurnave zportoda s,pelaqu estfiodes aberseas construg oesteo
sultado, ainda que fosse no mais simples dos eases, seria necessario estabelecer ncas que urilizamos come exemples ou a que faremes referéncia correspondem,
previamente come “dada”, e pressupor come conhecida, a totalidade da reali- tal come 5510, ac fim a que se destinam Iste é, se foram fermadas prau'camente
dade histérim, incluindo todas as suas relacoes musais. E que, se alguma vez de maneim apropriada. Afinal, a questio de saber até onde se deve levar a
e espirito finite conseguisse alcangnr esse conhecimente, 1150 se poden'a ima- atual “teeria abstrata” é também uma questfio da econemia do trabalho denti—
ginar qual o valor epistemolégico de uma teoria abstrata. O preconceito natu- fico, que comporta ainda outres problemas. Também a “teeria da utilidade mar-
ralista segundo o qual se deven’a, nesses conceites, elaborar algo de semelhante ginal” esta subordinada a “lei da utilidade marginal”.
as ciéncias exatas, havia precisamente levado a urna interpretacao erronea do
sentido dessas formacees teéricas do pensamento. Acreditava—se que se tratava
do isolamento psicolégice do “impulse” especifico do homem, o instinto da Na teoria economics abstrata, temes um exemplo dessas sinteses a que se
aquisicio, on entire da observagio isolada de uma maxima especifia da ativi- oostuma chamar de “idéias” dos fenérnenes histc’m'ees. Oferece—nes urn quadro
dade humana, o chamado,principio econernico. A teoria abstrata julgava poder ideal dos eventos no mercado des bens de consume, no case de uma sociedade
se apoiar em axiomas psicolégices. Isto teve come conseqfiéncia o fate de es organizada segunde o principio da treat, da livre concorrencia e de uma agfio
historiadores exigirem uma psicologia empirim, de molde a comprevar a nio- esmtamente radonal. Este quadro de pensamento refine determinadas relagoes
validade desses axiomas e a peder deduzir psicologicamente o curse dos pro- e acontecimentes da Vida histories para form urn cesmo nae oontraditério de
relacoes pensadas. Pele seu conteudo, essa construgfio reveste—se do carater de
cesses economices. Nae é nessa intencao criticar aqui pormenen'zadamente a
signifimcae de uma ciéncia sistematica da “psicelogia social” — ainda nae cons- uma utopia, obtida mediante a acentuagfio mental de determinades elementos
tituida —— come futura base das ciéncias culturais, especialmente da economia
da realidade. A sua relagio com os fates empiricamente dados oonsiste apenas
em que, onde quer que se cempreve ou se suspeite que determinadas relacoes
social. As tentativas de uma interpretacae psicelégica dos fenemenes econemi-
—— do tipo das representadas de mode abstrato na citada construgfio, a saber
ces de que temos conhecimento até agora, em parte brilhantes, demonstram
dos acontecimentos dependents do unmade — chegaram a atuar, em algum
precisamente que esta se da nae a partir da analise das instituicoes sociais, mas,
grau, sobre a realidade, podemos representar e ternar- compreensivel pragma-
inversamente, que o esclarecimento das condicoes e dos efeites psicologicos
ticamente a natureza particular densas relacoes mediante um tipo ideal. Esta pes-
das instituicoes pressupoe o exato conhecimento histérico destas L’iltimas e a
sibilidade pode ser valiesa, e mesmo indispensavel, tanto para a investigagfio
analise dentition das suas relacoes. A anélise psicolégica significa, pois, em cada
come para a expesigie. No que diz respeito a investigagio, o conceito de tipo
use concrete, um valioso aprofundar do conhecimento do seu cendicionamen— ideal prepoe-se a format 0 juizo de auibuifio Nae é uma “hipétese”, mas pre-
to histérico e da sua significacio cultural. O que nos interessa na eenduta do tende apontar o caminho para a fer-magic de hipéteses. Embora nae constitua
homem, dentro do ambito das suas relacees sociais, é especificamente particus uma exposigfio da realidade, pretende confen'r a ela meies expressives univo
larizade segundo a signifimcio cultural especifica da relacao em causa. Trata-se cos. E, portanto, a “idéia” da organimgfio moderna e historicamente dada da
de causas e de influéncias psiquicas exilemamente heterogéneas entre si e ex- sociedade numa economia de mercado, idéia essa que evolui de acorde com
tremamente concretas na sua compesigao. A investigacae sécie—psicologica sig— os mesmos principios léglcos que sen/iram, per exemplo, para formar a idéia
nifica um exame aprofundado dos diversos géneres particulates e dispares de da “economia urbana” da Idade Média a maneira de um cenceito “genétioo”.
elementes culturais, tendo em vista a sua acessiljlidade para a nessa revivéncia Nae é pelo estabelecimento de uma média dos principies economicos que re-
compreensiva. Partindo do conhecimente das instituicoes particulates, esse exa- almente existiram em todas as Cidades examinadas, mas, antes, pela constmgfio
me auxiliar-nes—a a compreender intelectualmente e, em medida crescente, o de um tipo ideal que, neste ultimo case, se forma o conceito de “economia
seu oondicionamento e significacao culturais, mas nae nos ajudara a explimr urbana”. Obtém—se um tipo ideal mediante a acenuiacao unilateral de um ou
as instituicoes a partir de leis psicolégicas ou de fenemenos psicolégices ele- de varies ponres de vista e mediante e encadeamenro de grande quantidade
mentares.
de fenomenos isoladamente dados, difusos e discretos, que se podem dar em
136
1357
-
maior ou menor numero ou mesmo faltar por oompleto, e que se ordenam cientemente motivadas para a nossa imaginagfio 6, conseq
segundo os pontos de vista unilateralmente aoenruados, a fim de se format um uentemente “objeti—

.
vamente possiveis”, e que parecem adequadas ao
dro homogeneo de pensamento. E impossivel enconuar empiricamente na nosso saber nomologico.
Quem for da opiniao de que o conhecimento da realida
realidade este quadro, na sua pureza conceitual, pois trata-se de uma utopia. de histériea deveria

w
A atividade lustoriografica defronta—se com a tarefa de determinar, em eada caso ou poderia ser uma cépia “sem presuposigfies” de fates “objetjvos”, “8831-11159;
particular, a proximidade ou o afastamento entre a realidade e o quadro ideal, qualquer valor. E mesmo aquele que Liver reconhecimento que, no ambito da
na medida, portanto, o (mater econémico das condicos de determinada cidade realidade, nada esta isento de pressuposigées em sentido logico, e que o mais

w
podera ser qualificada como “economia urbana", no sentido conceitual. Este simples extrato de atas ou documentos apenas podera ter algum sentido
cien—
conceito, desde que cuidadosamente aplieado, cumpre as fungoes especificas tlfico com relagfio a “signifieagoes” e, assim, em filtima analise, em relagao a
ldéia de valor, considerara, no entanto, a constmgao de qualquer espécie de

w
que dele se esperam, em beneficio da investigaeio e da representaeio. Para
analisarmos ainda outro exemplo, pode-3e tragar igualmente a “idéia” do “ar- “utopia” historian oomo um meio representativo perigoso para a objetividade
tesanato” sob a forma de uma utopia, para o que se procede a reuniao de de- do nabalho ciemifioo, e, com mais freqfiéncia, como um simples jogo. E, de
terminados traces que se manifestam de modo difiiso entre os anesaos das mais fato, nunca podera se decidir a priori Se se nata de mero jogo mental, ou de
diversas époeas e paises, acentuando de modo unilateral as oonseqfléncias des- uma .Construeio conceitual fecunda para a ciéncia. Também em'ste apenas urn
sa atividade num quadro nao contraditério, e referindoa a uma expressao do cuteno, 0 da efieécia, para o conhecimento de fenomenos culturais concretos,
pensamento que nela se manifesta. Além disso, podese tentar delinear uma tanto nas suas conexoes como no seu condicionamento causal e na sua signi-
sociedade na qual os ramos da atividade econémica e mesmo a atividade in- fieagao. Ponanto, a construgao de tipos ideais abstratos nao interessa como fim,
telectual se encontram dominados por maximas que nos parecem ser aplieagoes mas finiea e exclusivamente como meio de conhecimento. Qualquer exame
do mesmo principio que caracteriza o “artesanato” elevado a0 nivel do tipo atento dos elementos conceimajs da arposieio histériea demonstra, no entanto,
ideal. E a este tipo ideal do artesanato pode ainda opor—se, por antitese, um que o historiador — logo que tentar ir além da mera comprovagao de relacoes
tipo ideal correspondente a uma estrumra capitalism da industria, obtido a partlr concretas, para determinar a signifieagao cultural de um evento individual, por
da absnagio de determinados traces da grande indfistn'a moderna para, com mais srmples que seja, isto, é, para “caracterim-lo” — trabalha, e rem de tra-
base nisso, se tentar tragar a utopia de uma cultura “capitalism", isto é, domi-
balhar com conceitos que, via de regra, apenas podem 5a determinados de
nada unieamente pelo interesse de valorimeio dos eapitais privados. Ela acen—
ruan'a diferentes traces difusos da Vida cultural, material e espiritual moderna modo preciso e univooo sob a forma de lipos ideais. Ou sera qUe o coma’ido
e os reuniria num quadro ideal nao conuaditorio, para efeito de investigacao. de conceitos tais como “individualism”, “imperialismo”, “feudalismo”, “mercan-
Este quadro constituin'a, entfio, uma tentativa de tragar uma “idéia” da cultura tilismo”, “convencional”, bem como as inflmeras construcoes oonceituais deste
capitalista — mas n50 analisarernos agora se isso é possfvel, e de que modo. tipo, mediante as quais procuramos dominar a realidade pot meio da reflexa’io
Ocorre que é possivel e deve se oonsiderar como certo, formular muitas e mes- e da compreensao, devera ser determinado mediante a descrieio, “sem pressu-
mo infimeras utopias deste u'po, das quais nenhuma se parecen‘a com outta, postos”, de um fenomeno concrete, ou entao mediante a sintese, por abstraeio,
nenhuma poden'a ser observada na realidade empin'ca como ordem realmente daquilo que é comum a varies fenémenos concretos? A linguagem utilizada pelo
valida numa sociedade, mas cada uma pretenden'a ser uma representacao da historiador contém centenas de palavras que componam semelhantes quadros
“idéia” na cultura eapitalista, e eada uma poden'a realmente pretender, na me— mentais e que sao irnprecisas porque escolhidas segundo as necessidades de
dida em que solucionou caraaeristieas da nossa cultura, significativas na sua expressao no voeabulario oorrente, nao elaborado pela reflexao, e cuja signifi-
especificidade, reuni-las num quadro ideal homogéneo. Pois os fenomenos que cagao inicialmente so é intuida sem ser pensada corn clareza. Em inumeros ca-
nos interessam como manifestacées culmrais, em geral, derivam o seu interesse .
sos, e, sobretudo no campo da histéfia politiea descriu'va, o carater impreciso
— a ma signifieaeio cultural — dc idéias de valor muito diferentes, com as do conteudo dos conceitos nfio prejudica de modo nenhum a clarem da ex-
quais podemos relaciona-las. Da mesma forma que existem “pontos de vista” posieio. Nestes casos, basta que simamos aquilo de que o historiador tem uma
,

06 mais diferentes, a partir dos quais podemos considerar como significativos vaga concepgao, ou, entao que nos contentemos com a presenea difusa de uma
os fenc‘xnenos citados, é possi se fazer uso dos mais diferentes principios especificaeio particular do contaido oonceiural, no easo singular que ele cogita.
de selecao para as relacoes suscen’veis de ser integradas no tipo ideal de de- Mas quanto mais Clara consciénda se pretende ter do carater signifieativo de
3

terminada cultura. um fenomeno cultural, tanto mais imperiosa se toma a necewidade de trabalhar
.

Qua] é a signifieagfio desses conceitos de tipo ideal para uma déncia em- com conceitos claros, que n50 tenham sido determinados segundo um 56 aspec-
pinea, tal como nos pretendemos prau'ca-la? Queremos sublinhar desde logo a to particular, mas segundo todos. Ora, sera absurdo confen'r a essa sintese do
necessidade de que os quadros de pensamento que aqui abordamos, “ideais” pensamento histérico uma “definigao” segundo o esquema genus pmximum,
em sentido puramente logico, sejam rigorosamente separados da noefio do de-
"

dyfl'erentr’a Mica; que se tire a prova. Este modo de comprovagao da signi-


ver ser, do “exemplar”. Trata—se da construeio de relacoes que parecem sufi- fieagao das palavras apenas existe no campo das disciplinas dogmatieas, que
138
139
"
trabalham com silogismos. Também nio existe, pelo menos aparent
emente, uma consciente ou inconscientemente, outras construgoes analogas sem as formular
mera “decomposigfio descritiva” desses conceitos nos seus elementos, posto que explicitamente e sem elaboragfio 16giea, ou entao fica encalhado na esfera do
o que importa é saber quais desses elementos deverao ser considerados essen— vagamente “sentido”.
ciais Se quisermos tentar uma definigio genéfiea do contefido do conceito, res- Deceno, nada ha de mais perigoso que a confusz'io entre teoria e historia,
tar-nos—a apenas a forma do tipo ideal, no sentido antenormente estabelecido. nascida dos preconceitos naturalistas. Esta confusfio pode apresentar—se sob a
Trata—se de um quadr'o de pensamento, n50 da realidade histories, e muito me— forma da crenga na fixaeio de quadros conceituais e teén'cos do contefido “pro-
nos da realidade “autentiea”; nao serve de esquema em que se possa incluir a priamente dito”, on da sua utilizagio a maneira de leito de Procusto, no qual
realidade a maneira de exemplar. Tem, antes, o signifieado de um conceito-li- a Histén'a devera ser introduzida a forga, e hipostasiando ainda as “idéias” como
mite, pummente ideal, em relaeio ao qual se mede a realidade a fun de escla— se fossem a realidade “propriamente dita”, ou as “forgas reais” que, por tras do
fluxo dos acontecimentos, manifestam—se na Histén'a. Este L’llu'mo perigo é tanto
recer o contefido empirico de alguns dos seus elementos importantes, e com
mais constante quanto mais habituados estamos a entender por “idéias” de uma
o qual esta é comparada. Tais conceitos sio oonfiguracoes nas quais cons— época, os pensamentos e ideais que govemaram a massa ou uma pane histc»
truimos relagoes, por meio da utilizagfio da categoria de possibilidade objetiva, n‘eamente decisiva dos homens dessa épocn, e que, por esse mesmo motivo,
que a nossa imaginaeio, formada e orientada segundo a realidade, julga ade- constituiram elementos signifieativos para o aspecto particular da culmra citada.
quadas.
A tudo isso convém acrescentar duas coisas. Em primeiro lugar, o fato de »
Nesta funeio, o tipo ideal é, acima de tudo, uma tentativa de apreender que entre a “idéia”, no sentido de tendéncia do pensamento prfitico e teorico
os individuos historioos ou os seus diversos elementos em conceitos genéticos. de uma époea, e a “idéia”, no sentido de tipo ideal desta época, pot nos cons—
Tomemos como exemplos os conceitos “igreja” e “seira”. Mediante classificaeio truido como um meio conceitual auxiliar, existem, via de regra, determinadas
pura, podemos analisa-los num complexo de earaaeristieas, com o que so 0 relagoes. Um fipo ideal de condigoes sociais determinadas, obtido através da
limite entre ambos os conceitos, como o seu contefido, permanecerao indis- abstraeio de determinadas manifestagoes sociais mmcteristieas de uma époeu,
tintos. Pelo contrario, se quiserrnos compreender o conceito de “selta” de modo pode ser efetivamente considerado aos olhos dos nossos contemporfineos como
genético, isto é, com referencia a certos signifieados cultmais importantes que um ideal a ser alcaneado na prairies ou, pelo menos, como maJdma para a re-
o “espin'to seaario” [eve para a civilizaeio moderna, aparecem entio cenas ea—

,
gulagio de certas relagoes sociais. Assim acontece com a “idéia” da “protegio
racterisficas essenciais e precisas de ambos, visto que se encontram numa re- dos bens de substanda” e de outras teorias dos Canénicos, especialmente de
lagfio eausal adequada relativamente aqueles efeitos. Ora, os conceitos se tor— 8210 Tomas de Aquino, com relaeio ao jé citado conceito tipico—ideal de “eco-
nam, entao, u'pos ideais, isto é, nao se manifestam na sua plena pureza con—

}
nomia urbana” medieval, utilizado atualmente. E, com maior raz’io, assim su—
ceimal, ou apenas de forma esporédien o fazem. Aqui, como em qualquer outro cede com o famigerado “conceito fundamental” da economia polities: 0 do “va—
eampo, qualquer conceito que nao seja puramente classificatorio nos afasta da lor” economico. Desde a escolésu'ea até a teoria marxista, duas nogoes se en—

3
realidade. Mas a natureza discursiva do nosso conhecimento, a circunstancia de trecruzam, a do “objetivamente” valido, isto é, a de um “dever-ser”, e a de uma
apenas eaptarmos a realidade através de uma eadeia de transforma oes na or- abstraeio a partir do processo empirico da formagao de pregos. A idéia de que
dem da representaeio, postula este tipo de taquigrafia conceitual. ceno que o “valor” dos bens deve ser regulado segundo determinados principios do “di—

:1
a nossa imaginaeio pode, com freqfiéncia, prescindir da sua formulagio con— reito natural” teve um significado incomensuravel para o desenvolvimento da

4
oeimal explicita, no nivel dos meios de investigaeio, mas, em numerosos cases,
$
nossa civilizaeio — nao apenas na Idade Media — e, ainda hoje, o tem Em
toma-se impresdndivel a sua utilimgio no mmpo da analise cultural quando especial, influi intensamente no processo empirico da formaeio dos pregos.
se nata da exposigfio, e enquanto esta pretende ser univoea. Quem dela pres— Ora, é apenas mediante uma construeio rigorosa dos conceitos, ou seja, gragns
cinde completamente, forgosamente deveré se limitar ao aspecto formal dos fe— ao tipo ideal, que se toma possivel expor de forma univoea o que se entende
nomenos culturais, como, pot exemplo, o historico-jun’dico. O universo das nor- e se pode entender pelo conceito teén'co do valor. Era isso que o sareasmo
mas juridicas pode ser claramente determinado a partir do ponto de vista con— acerca das “robinsonadas” da teon'a abstrata deveria ter em coma, pelo menos
ceiuJal e, ao mesmo tempo, 6 valido para a realidade histories (no sentido ju- enquanto n50 for mpaz de nos ofereoer algo melhor, o que, aqui, significa algo
n’dico). Mas é da sua signifieaeio praties que se ocupa o nabalho das ciéncias mais claro.
sociais, tal como as entendemos. E muito freqfiente, porém, se tomar apenas A relaeio de euusalidade entre a idéia historicamente comprovavel que do-
univoeamente esta sigxfifieagio, em se tratando do empiricamente dado a urn mina os homens e os elementos da realidade histories dos quais se pode fazer
enso—limite ideal. Se 0 historiador (no semido mais lato da palavm) rejeita a a abstracio do tipo ideal correspondente pode adotar formas extremamente va—
tentativa de formular urn u'po ideal como esse, sob o pretexto de constituir uma riaveis. Em principio, devemos apenas recordar que ambas sao coisas funda-
“ooristmgao teoriea", ou seja, algo infitil ou desneoessan'o para o fim concreto mentalmente diferentes. E aqui surge a nossa segunda observaeio As “idéias”
do oonhecimento, resulta, entio, em regm geral, que este historiador utllim, que dominaram os homens de uma époea, isto e, as que neles amaram de for—

140 141
ma difusa, so poderio set compreendidas sempre que fonnarem um quadro pios” de uma épom economica, de que falamos acima. Quanto mais vastas $50
de pensamento complexo, com rigor conceitual, sob a forma de tipo ideal, pois, as relagoes que se devem expor, e quanto mais variada fiver sido a sua signi-
empirimmente, elas habitam as memes de uma quann'dade indeterminada e mu- ficagao cultural, tanto mais a sua apresentagiio sistematia e global num sistema
tavel de individuos, nos quais estavam expostas aos mais diversos matizes, se- conceitual e mental se aproximara do tipo ideal e tanto menos se tornara pos-
gundo a forma e o contet’ldo, a clareza e o sentido. Os elementos da Vida espi- srvel ficar com um unico conceito deste genero. E dai resulta ser tanto mais
n'tual dos diversos individuos em deterrninada epoca da Idade Media, por exem- natural e necessario repetir a tentatjva de construir novos conceitos de tipo ide-
plo, que poderiamos designar pelo termo de “crisu'anismo” dos individuos em al, com a finalidade de tomar consciencia de sempre novos aspectos significa-
questao, continuatiam, mso f655emos capazes de expo-105 por completo, um t1vos das relagoes. Assim, por exemplo, todos os enunciados de uma “essencia”
mos de relagoes intelectuais e de sentimentos de toda sorte, infinitamente di- do enstianismo constituem tipos ideais que, oonstante e necessariamente, ape-
ferenciados e extremamente contraditén'os, se bem que a igreja da Idade Media nas tern uma validade muito relativa e problematica, se reivindicarem a quali-
tenha sido capaz de impor, em elevado grau, a unidade da fé e dos costumes. dade de enunciado histén'co empiricamente dado. Por outro lado, possuem um
Posta a questao do que correspondia, no meio daquele caos, ao “cristianismo elevado valor heuristico para a investigagfio e um enorme valor sistemafico para
medieval”, temos de trabalhar continuamente com um quadro mental puro por a exposigao, se apenas forem utilimdos como meios conceituais para comparar
nos criado. Trata—se de uma combinagao de artigos de fé, de normas étjcas e e medir, com relagao a eles, a realidade. Com esta fungao, tornam-se mesmo
de direito canénico, de maximas para o componamento na Vida e de inumeras indispensaveis. Tais exposigoes fipioo-ideais, contudo, oomportam normalmente
relagoes paniculares que nos combinamos numa so “idéia”, numa sintese que ainda um outro aspecto que toma ainda mais complexa a sua sigmficagao. Ge—
sen’amos incapazes de estabelecer de modo nao contraditén‘o, senao reconés- ralmente elas pretendem set, on inconscientemente o 550, tipos ideais, 1150 so
semos, a conceitos fipicoideais. mente no sentido logico, mas também no sentido pratico. Ou seja, sao tipos
Claro que, tanto a esuutura légim dos sistemas conceituais em que expo- exemplares que — seguindo o nosso exemplo — contem aquilo que o cn'su'a-
mos essas “idéias” como a sua relagao com o imediatamente dado na realidade nismo deven'a ser segundo o ponto de vista do cienu'sta; aquilo que, na sua
empinca sao, evidentemente, muito diferentes. As coisas apresentam—se, no en- opiniio, é “essencial” nesta religiao, porque representa um valor permanente
tanto, de forma bastante simples, sempre que se uata de oasos em que um ou para ele. Ora, no mso em que isso ocorrer, de forma consciente ou — como
alguns raros principios diretores teoricos, facilmente traduziveis em formulas — acontece mais freqfientemente — inconsciente, tais descrigoes contém determi—
como a fé de Calvino na predestinagio — ou, entao, certos postulados morais nados ideais aos quais o pesquisador refere o cristianismo avaliando—o, isto 6,
passiveis de formulagao Clara, tenham governado os homens e produzido de— as tarefas e as finalidades segundo as quais orienta a sua “idéia” de cristianismo.
terminados efeitos histén'cos, de modo que nos seja passive] introduzir a “idéia” Claro que tais ideais podem ser, 6 sem duvida o serao sempre, completamente
numa hierarquia de pensamentos inferidos logicamente desses principios dire— diferentes dos valores com que, por exemplo, os contemporaneos dos primiti-
tores. Entao facilmente se perde de vista por mais importante que tenha sido vos cristaos compararam o cristianismo. Neste (250, as “idéias” ja 1150 $50 meios
o poder constmu‘vo, puramente logico, do pensamento na Histén'a — de que auxiliares pummente logicos, nem conceitos relativamente aos quais se mede
o mandsmo é um exemplo notavel — o processo empirico—historico que se de- a realidade de modo comparativo, mas, antes, sao ideais a partir dos quais se
senvolveu na mente das pessoas deve ser geralmente compreendido como um julga a realidade, avaliando-a. Ja nao se trata, aqui, do processo puramente teonco
processo condicionado psicologicamente, e nao logicamente. O carater tipico da relagio do empirico com deterrninados valores, mas sim de juizos adotados
ideal dessas sinteses de idéias que tiveram uma agao histories. manifesta—se de no “conceito” do “en'su'anismo”. Dado que o tipo ideal reivindica aqui uma va—
forma ainda mais Clara se eases principios diretores e postulados fundamentais lidade empiriat, ele penetra na regiio da mterpretagao avaliadora do cn'stianis—
ja nao subsistem nas memes dos individuos, ainda que estes continuem domi- mo: abandonou—se 0 mp0 da ciéncia experimental para 5e fazer uma profissao
nados por pensamentos que sao conseqfiéncia logica destes principios, ou que de fé pessoal, n50 uma construgfio conceitual fipico—ideal. Por muito notavel
deles sairam por associagao — quer porque a “idéia” historicmnente original que seja esta diferenga quanto aos principios, a confusao entre estas duas sig—
que lhes servia de base se extinguiu, quer porque apenas conseguiu exercer nificagoes, fundamentalmente diferentes da nogao de “idéia”, da—se com extra—
influencia attaves das suas conseqfiéncias. E essas sinteses incorporam ainda ordinaria frequencia no decorrer do trabalho histén'co. Ocorre sempre que o
mais o carater de “idéias” por nos construidas quando, de inicio, esses princi— historiador comega a desenvolver a sua prépn'a “apreensfio” de uma persona—
pios diretores fundamentais nao foram captados, ou apenas de modo incom— lidade ou de uma época. Contran'amente aos padroes éticos constantes que
pleto, pela consciencia dos homens, ou, ainda, quando nao adotaram a forma Schlosser estabeleceu segundo o espin'to do racionalismo, o historiador moder-
de um conjunto claro e coerente de pensamentos. Assim, se nos empenhamos no, de espin'to relativista, que, por um lado, se propoe “compreender por si
neste procedimento, como tantas vezes acontece e devera acontecer, “idéia” que propria” a época de que fala, e que, por outro, também quer “avalia-la”, sente
formamos — como a do “liberalismo” de um determinado periodo, a do “me- a necessidade de obter 0s padroes dos seus juizos a pattir da “prépn'a matéria”
todismo”, ou a de qualquer variante embn'onan'a do socialismo —— n50 é mais do seu studo. Isto é, deixa que a “idéia”, no sentido de ideal, nasga da “idéia”,
do que um tipo ideal puro com o mesmo (mater que as sinteses dos “princi— no sentido de “tipo-ideal”. E o atrativo estético deste procedimento constante-
142 143
menteomdtaaesqueoeralinhaqueas separa— daiestasituag’iointerme— . Seprocuramos analiw aquilo gimm enteoc on
diaria que, por um lado, nao pode reprimir o juizo de valor, e, por outro, tende ' “' -' ” ”
tido e tao desacreditado pelo abuso que dele se fafm
a declinar a responsabilidade dos juizos E necessario opor a tudo isto um clever léodetdnsdcgs
gfirssm:$211? “pregzdemlntes que a formai de conceitos tipicos no sentido
elementar do autocontrole cientifico, unioo suscetivel de evitar surpresas, e que da
ac: n ”, e sobretu '
nos convida a faZer uma distingio esuita entre a relacao que compara a reali—
dade com tipos ideais no sentido logico, e a apteciagio avaliadora dessa rea—
dividualidades histén'cas. mm do’ tem lugar no 6mm das 1"-
Como é natural, rambém podemos confedr os conceitos ’'
lidade a partir de ideais. Devemos repetir que, no sentido que lhe atribuimos,
contramos continuamente sob a forma de elementos constimtfifg
um “u‘po ideal" é algo complaamente djferente da avaliagfio apreciadora, pois dos hisrorioos, e dos conceitos histc’m'oos concretos a forma de seldgecrliuuifi:
ljpo
nada tem em comum com qualquer “perfeigfio”, salvo com a de (mater pura— a auxilio da abstragiio e da aoentuagfio de determinados dos seus ideal com
mente légico. Existem tantos Iipos ideajs de bordéis como de religioes. E, entre conceitualmente essenciais. Trata—se mesmo de um dos modos
elementos
os primeiros, tanto existem alguns que, segundo a atual perspectiva da étiea prau'cos mais fre-
quenies e importantes de aplicar os conceitos de tipo ideal, pois cada tipo
policial, poden'am pareoer tecnicamente “oportunos”, como outros em que indiwdual é composto de elementos conceimais que tém um carater ideal
aconteceria justamente o contrario. genéric
e que {cram elaborados a maneira de tipos ideais. Também neste caso exibe-so
Verno-nos obrigados a passar por alto a discussao pormenon’zada do caso a fungao logica espedfica dos conceitos de tipo ideal. O conceito de “troca”e
que é, em muitos aspectos, o rnais oomplexo e interessante: a questao da estru— por exemplo, é um simples conceito genérico, no sentido de um cornplex
tura légiea do conceito de Estado. A we respeito, pretendemos apenas fazer earactensucas que sao comuns a vfin’os fenomenos, sempre que deixam o de
os
notar aqui que, quando perguntamos o que conesponde a nocao de “Estado” considemr a significagfio dos elementos conceituais e, portanto, limitamo-nosdea
na realidade empiriea, deparamo—nos com um infinitude de agoes e sujeicoes analisa-lo em termos da linguagem cotidiana Se este conceito, contudo
, é posto
humanas difusas e discretas, de relagoes reais e juridicamente ordenadas, sin— em relagao’ com a “lei da utilidade marginal” e se forma o conceito de “troea
gular-es ou regularmente repefidas, e mifieadas por uma idéia: a crenga em nor— econormca a maneira de um processo econémico radonal, este conceito —
mas que se encomram efetivamente em vigor ou que deven'am estar, bem como como qualquer outro integralmente elaborado de forma logica — contera um
em determinadas relacoes‘ de dominio do homem pelo homem Esta crengn é, 11.1120
sobre as condigoes “fipicas” da troea. Assume entio um (mater genéfico
em pane, uma posse espin'tual desenvolvida pelo pensamento, em pane sentida e convene—5e em tipico—ideal, no sentido légico, isto é, afasta—se da realidad
e
confusamente, e em pane aceita de modo passive, que se manifesta com os empmca, que apenas se pode comparar e refen'r a ele. Algo de semelhante
mais diferentes matizes nas memes dos individuos. Se 05 homens chegassem podemos dizer acerca de todos os supostos “oonceitos fundamentais” da eco-
a conceber corn toda a clareza esta “idéia”, n50 precisan‘am da “teon‘a geral do nomia politica: so é possivel desenvolve-los de fcxma genétiea enquan
to tipos
Estado” que se propoe esclarecé—la. O oonceito cientifioo do Estado, qualquer. ideals. A drferenca entre conceitos genericos simples, que apenas refinem
as
que seja a forma pela qual se formula, constitui sempre uma sintese que nos earactensncas comuns a diversos fenomenos empiricos, e 05 u'pos ideais
gené-
ncos, corno, por exemplo, um conceito de u'po ideal da “essencia” do
realizamos para determinados fins do oonhecimento. Mas, por outro Iado, ob anaa-
temo-lo também por abstmgfio das sinteses obscuras que encontramos nas men—
nato, lnaturalmente é fluida nos pormenors. Mas nenhum conceito generico
posnsur, enquanto tal, um (mater “tipioo”, como também nao existe
tes dos homens histéricos. Apesar de tudo, o conceito concrete que a nocao um tipo “mé—
l pm’amente generico. Sempre que falamos de grandeus “tipims” —- como
histén'm de “Estado” adota podera ser apreendido com clareza mediante uma
na estatism‘a, pot exemplo — encontramos algo que é mais do que um
onentacao segundo os conceitos de tipo ideal. E, além disso, nao ha a menor mero
termo médio. Quanto majs se tratar de classifimcoes de processos que se ma-
duvida de que a maneira como os ccmtemporfineos reali7am essas sinteses, de nifestam na reah'dade de uma forma madea, tanto mais se tratara de conceitos
uma forma légica sempre impelfeita, ou seja, as “idéias” que €188 tém do Estado genencos. Pelo connario, quanto mais se atribui uma forma conceirual aos ele-
— por exemplo, a idéia “organica” de Estado da metafisica alemfi, em oposicao mentos que constituem o fimdamento da significagfio cultural especifiea das re-
a concepgfio “oomercial” dos americanos — possuem uma signifieacfio eminen— lagoeslnstoncas complexas, tanto mais o conceito, on o sistema de oonceitos
temente prau'ca. Em outras palavras, também aqui a idéia pratim, em cuja va- adqumra o arater de tipo ideal. Porque a finalidade da formagfio de conceitos
lidade se ere, bem como o tipo ideal teon'oo construido para as necessidades de upo ideal eonsrste sempre em tomar rigorosamente consciencia n50 do que
da investigagfio, comem paralelos e mostram uma tendéncia oonstante de mu- e genenco, mas, mu1to pelo contrario, do que é especifico a fenOmenos cul-
tuamente se confundirem
Mais acima, enmramos intendonalmente o “tipo ideal” como uma constru- ’O fato de poderem sa utilizados os tipos ideais, incluidos os de (mater
qio intelectual desfinada a medigfio e a maerizaqio sistemfiu‘ca das relagoes generico, e de efetivamente o serem, apenas ofereoem um interesse metodolo-
individuals, isto é, significativos pela sua especificidade, tais como o cn‘stianis— gico com relagfio a outra cirmnstancia.
mo, 0 capitalismo etc. 1550 se deu para eliminar a opiniio corrente de que, no Até este momento, temos nos ocupado principalmente com os cipos ideais
dominio dos fenomenos allun‘ais, o fipioo abstrato é idénu'co a0 genén'co abs- no seu aspecto essencial de conceitos abstratos de relacéa, que concebemos
Irato. Esse n50 é o (2850. como relacoes estiveis no fluxo do devir, oomo individuos histén'cos nos quais
144
145
se processam desenvolvimentos. Mas se nos apresenta agora uma compliesgao, uma lei. A ordem légica dos conceitos, por um lado, e a distrib
que é o preconceito naturalista, segundo o qual a meta das ciéncias sociais de- uigio empiri
ca
daquilo que é conceitualizado no espago, no tempo e na conexfio causal por
vera set a redueio da realidade a “leis”, introduzido na nossa disciplina com outro, aparecem entao de tal modo ligados entre si, que quase
grande facilidade, por meio do conceito de “tipico”. E que também é possivel chega ; ser
irresrstivel a tentagio de “forgar” a realidade para consolidar a validade efetiva
construir tipos ideais de desenvolvimentos e was construgoes podem ter um da construgao da realidade.
valor heun’stiCO consideravel. No entanto, surge neste easo o perigo iminente Intendonalmente, nao demonstramos a nossa concepeio no
de se confundir o tipo ideal e a realidade. Assim, por exemplo, é possivel che— exemplo de
Marx: de longe o mais importante nas construgoes de tipo ideal. E
gar ao resultado teén'co de que numa sociedade organizada rigorosamente se- isso para
nao complicar a exposigio com a introduefio das interpretaeoes de Marx e tam-
gundo normas “artesanais”, a (mica fonte de acumulagao de eapital seria a renda
bém para nao antecipar as fuluras discussoes de nossa revista, nas quais sub-
da term. A partir daqui talvez se pudesse consuuir — nfio cabe examinar agora meteremos a uma analise critica as obras escritas sobre este grande pensado
a exatidao dessa construeio — um quadro ideal puro da transfonnagao da for- r,
ou 1nspiradas nas suas doutrinas. Limita—nos a constatar aqui que todas as “leis"
ma economies anesanal na eapitalista, com base apenas em deterrninados fa- e construgoes do desenvolvimento histérico especifieamente marxistas, natural-
tores simples, tais como a eseassez do solo, o crescimento da populagfio, a mente possuem um carater de tipo ideal, na medida em que sejam teon'camente
abundancia de metais preciosos e a radonalizaeio do modo de vida. Para saber corretas. Quem quer que tenha trabalhado com os oonceitos marxistas conhece
se 0 curso empirico do desenvolvimento foi efeu'vamente o mesmo que o cons- a eminente e inigualavel importancia heuristica destes tipos ideais, quando uti—
truido, é necessario comprova-lo com o auxilio desta construgao tomada como lizados para sua comparagio com a realidade, mas conhece igualmente o seu
meio heuristico, procedendo—se a uma comparaeio entre o tipo ideal e os “fa- pengo, logo que apresentados como construgao com validade empiriea ou, até
tos”. Se 0 tipo ideal river sido consuuido de forma “correta” e o decurso efetivo mesmo, como tendencias ou “forgas ativas” reais (o que quer dizer, na verdade,
nao corresponder ao decurso de tipo ideal, ten’amos a prova de que, em de-
“metafisieas”).
terminadas relagoes, a sociedade medieval nao foi uma sociedade estritamente
“artesanal”. E no easo de 0 tipo ideal ter sido construido de modo “heuristica- Conceitos genericos, tipo ideal, conceitos genérioos de estrutura tipicoide-
mente” “ideal” — nao interessa saber aqui se e como, no presente exemplo, ais, idéias no sentido de oombinagoes de pensamento que influem empiriea—
este caso poderia dar—se —— entio, orientaria a investigaeio para o caminho que mente nos homens histc’xicos, tipos ideais dessas idéias, ideais que dominam
conduz a urn estudo mais profundo da natureza particular e da significagao his— os .homens, Iipos ideais desses ideais, ideais a que o historiador refere a His-
tories dos elementos na sociedade medieval que nio tern carater anesanal. Se téna, constmgoes teon'eas com uu'lizag'io ilusuativa do empirico, investigagio
condum‘r a esse resultado, tera cumpn‘do o seu papel logico, precisamente ao histén'ca com utilizagfio de oonceitos teoricos como easos—limite ideais, enfim,
tomar manifesta a sua prépn'a irrealidade Constitui, nesse caso, a prova de uma as mais diversas complieagoes possiveis, que apenas pudemos aqui assinalar
hipétese. O processo nio desperta nenhuma objegfio metodolégica, enquanto — tudo sao constmgos ideals cuja relagfio com a realidade empirica do ime-
se tiver presente que a I-Iistéria e a construeio tipico—ideal do desenvolvimento diatamente dado é, em eada easo particular, problematica. Fsta lista diminuta
devem ser rigorosamente diferenciadas, e que a construgao apenas serviu como demonstra ja o constante entrelaeamento dos problemas metodolégicos e con-
meio para realizar metodieamente a atribuigao valida de um processo histérico ceituais que continuamente se encontram no eampo das dencias da cultura. E
as suas mums reais, entre as possiveis na simagiio dada do nosso conhedmento. visto que nos limitamos aqui a nos referir aos problemas, vimo-nos obrigados
a renunciar ao aprofundamento das questoes de metodologia e a discutir 00m
Tal como mostxa a experiéncia, torna—se extremamente dificil manter com
pormenores as relagoes entre o conhecimento de tipo ideal e o obfido por
rigor essa diferenga e isto por uma circunsténcia precisa. No interesse da
“leis”, entre os conceitos de tipo ideal e 05 conceitos coletivos etc
demonstragio data do tipo ideal ou do desenvolvimento de tipo ideal, ela de-
vera ser ilustrada mediante um material da realidade empiricohistériea. O pe- Depois de todas estas abordagens, o historiador talvez confinue, no entan-
rigo deste procedimento, legitimo em si, reside em que o saber histén'co apa- to, a insistir em que a preponderancia da forma tipico-ideal na formaeio 6 na
rece como servidor da teoria, em vez de suceder o contrfirio. O teorico facil— construeio dos conceitos trio 6 mais que um sintoma especifico da juventude
mente se ve tentado a considerar como normal esta relagio, ou entao, o que de uma disciplina dentifiea. E, em oerta medida devemos dar—lhe razao, embora
é pior ainda, misturar a teon'a e a histéria ao ponto de confundi-las. Esse perigo com consequencias muito diferentes das que ele deduzira. Tomemos alguns
é ainda mais ameagador quando se chega a combinar, dentro de uma classifi- exemplos de outras disciplinas. N50 ha dfivida de que, tanto o aluno atormen-
eaeio genéu'ca, a constmgfio ideal de um desenvolvimento com a classificagao tado do curso elementar come 05 filélogos amigos imaginam, em principle, que
conceitual de tipos ideal de determinadas configuraeoes culturais (por exernplo, a lingua é algo “organico”, isto é, uma totalidade supra-empiriea regida por nor-
as formas da empresa industrial a partir da “economia doniestica fechada”, ou mas, atribuindo a denda a tarefa de estabelecer o que deve ter validade como
OS conceitos religiosos a partir dos “deuses” do momento). A seqi'lencia de tipos normas lingflisticas. A primeira tarefa, a que geralmente se lanes. qualquer “fi-
que results. das earacten’sticas conceituais selecionadas corre o risco de ser to- lologia”, é a de elaborar de forma logica a “lingua” escn'ta, tal como, por exem-
mada Como uma sucessio historim de tipos que obedecem a necessidade de plo, o faz a Aeademia della Crusea, reduzindo o seu oontefido a daerminadas
146 147
regras. E se, em face disso um dos principais filésofos da atualidade proclama teoriamente os fatos mediante uma oonstmgio de conceitos e a decomposigfio
que o objeto da filologia é a “fala de mda individuo”, a instituig‘ao de um tal dos quadros mentais assim obu‘dos, devido a uma ampliacao e a um desloca—
programa so parece possivel depois de ja em'stir, na linguagem escn'ta, um tipo memo do horizonte cienu’fico, e a construgao de novcs conceitos sobre a base
ideal relativamente fixo, com o qual a analise possa uabalhar, ainda que im- assim modificada. Nrsto, de modo nenhum, se expressa urn carater erroneo da
plicitamente, no interior da infinita diversidade da fala, sem o que se encontran‘a intengfio de criar sistemas conceituais, pois qualquer ciéncia — mesmo a sim—
completamente desprovida de qualquer direg’io e delimitag’io. Este mesmo pa— ples histén'a descritiva — nabalha o repertério conceitual de sua época. Antes,
pel foi representado pelas constmcoes das teorias do Estado com base no Di- aqui se expn'me o fato de que, nas ciéncias da culmra humana, a constmg’io

m
reito Natural e na concepqio organim, ou para evocarmos também um tipo de conceitos depende do modo de propor os problemas, e de que este L’ilu'mo
ideal na nossa aoepcao, pela Teoria do Estado Amigo, segundo Benjamin Cons- varia de acordo com o contefido da cultura. A relagfio entre o conceito e o
tant. 5510, por assim diler, portos que servem de abrigo a espem de que se concebido comporta, nas ciéncias da cultura, o carfiter transiton'o de qualquer
consiga uma orientagao no mar imenso dos fatos empiricos. Na verdade, a den— dessas sinteses. No campo da nosm ciéncia, grandee tentativas de construgoes
cia amadurecida signifioa sempre uma superagao do tipo ideal, enquanto se lhe conceituais deVeram o seu valor exatamente ao fato de pot a descoberto os
atn'bui uma validade empirica ou o valor de um conceito generico. Ora, hoje limites da significagio, do ponto de vista que lhes servia de alicerce. Os maiores
em dia, 11:10 56 se torna oompletamente legitima a utilizaqio da brilhante cons— progressos no mmpo das ciencias sociais estao ligados substandalmente aos
trugio de Constant para demonstrar determinados aspectos e particulan'dades deslocamentos dos problemas da civilimgfio e assmnem a forma de um cn’u'm
histérims da Vida politica anfiga, na condigao de se manter cuidadosamente o da construgio dos conceitos. Uma das principais tarefas da nossa revista con-
seu (mater de u'po ideal, como ainda, e principalmente, existem ciencias dota- sistira, pois, em servir as finalidades da citada criticn e, pot oonseguinte, ao
das de etema juventude. E o caso, por exemplo, de todas as disciplinas histt’)

m
exame dos principios da sintese no mmpo das ciéncias sociais.
ricas, de todas aquelas para as quais o fluxo constantemente progressive da
Se deduzirmos as conseqfiéncias do que foi dito, chegaremos a um ponto
cultura continuamente suscita novos problemas. Na esséncia de sua tarefa esta em que as nossas opinioes talvez se diferenciem, num ou noutro aspecto, das
0 (water transitério de todas as construgoes tipioo—ideais, mas também o fato opinioes de muitos represemantes eminentcs da escola histérica a que também
de serem inevitaveis construcoes fipicoideais sempre novas.
pertencemos. Pois a s filtimos persistem, quer de forma exprasa, quer impli-
Continuadamente se repetem as tentativas para determinar o sentido “au- citamente, na opiniao de que a finalidade e o alvo ultimo de qualquer ciéncia
temico” e “verdadeiro” dos conceitos historicos, sem jamais alcangarem o seu consistem em ordenar toda a sua matéria de estudo num sistema de conceitos,
fim. Assim, é normal que as sinteses com as quais a Historia constantemente cujo conteudo deveria ser estabelecido e progressivamente aperfeicoado me-
trabalha nao sejam mais do que conceitos determinados relativamente, ou logo diante a observagfio de regularidades empiricas, construcao de hipéteses e ve-
que se exige para o conteudo um (mater univoco, tipos ideais abstratos. Neste rificagao das mamas, até que um dia dai nascesse uma ciéncia “perfeita” e,

w
ultimo also, 0 conceito revela um ponto de vista teén'co e, portanto, “unilateral”, consequentemente, deduu'va. Para isso, o trabalho historico e indutivo contem-
que, embora esclarega a realidade, demonstra ser improprio para se tornar um poraneo consistin'a apenas numa tarefa preliminar, condicionada pela imperfei-
aquema no qual essa realidade pudesse ser completamente incluida. Porque 9510 da nossa disciplina. Segundo o ponto de vista desta concepgao, nada, pois,

._
nenhum destes sistemas de pensamento, que sao imprescindiveis para a corn- poderia existir de mais graVe do que a construcio e a aplimg’io de conceitos
preensfio dos elementos significativos da realidade, pode esgotar a sua infinita rigorosos que pudessem Vir a antecipar de forma prematura essa meta, a ser
riqueza. Todos n‘ao passam de tentativas para conferir uma ordem ao caos dos atingida apenas num futuro longinquo. Esta concepcao seria, em principio, in-
fatos que incluimos no ambito do nosso interesse, e que sao realizadas com contestavel no campo da teoria do conhecirnento amigo e escolastico, que per-
base no estado atual dos nossos conhecimentos e nas strumras conceituais de dura, profundamente viva, na massa dos especialistas da escola histén'ca, cujo
que dispomos. O aparelho inteleaual que se desenvolveu no passado, mediante pressuposto é que os conceitos sio copias representativas da realidade “obje-
uma elaboracao reflexiva ou, a rigor, uma transformaqio reflexiva da realidade tiva”. Por muss diao, ha uma constante alusao a irrealidade de todos os con-
w

imediatamente dada, e ainda através da sua integragao nos conceitos que cor- ceitos rigorosos. Para aquele que desenvolve, levando as ultimas conseqfiéncias,
respondiam ao @5m do oonhecimento e a orientagfio assumida pelos interes- a idéia fundamental da modema teoria do conhecimento — baseada em Kant,
ses, encontra-se em continuo confronto com tudo o ue podemos e queremos segundo a qual os conceitos 550 e 56 podem ser meios intelectuais para 0 do-
adquin'r quanto ao conhecimento novo da realidade. g nessa luta que se realiza minio spiritual do. empirimmente dado — o fato de os conceitos genéticos
o progresso do trabalho cientifico no dominio cultural. O seu resultado é um rigorosos serem tipos ideais nao constitui razfio para se opor a sua construgio.
constante processo de transformacao dos conceitos através dos quais tentamos Para ele, dever—se—ia inverter a relagio entre conceito e trabalho historiografico:
apreender a realidade. Por conseguinte, a historia das ciéncias da Vida social meta final adma citada parece—lhe logicamente impossivel, e os conceitos nao
é, e confinuara a ser, uma altemancia constante entre a tentativa de ordenar constituem meta, mas meios para o conhecimento das relacoes significativas,
148 149

de pontos de vista individuais. Precisamente porque o centeude dos oenceites resss dos agricultores que dsejam vender as suas terms, pelo que apenas lhs
histérioos é variavel, é precise formula-106 de sda vez com maior precisao. interssa uma rapida elevacfie do preco do terrenos; o intersse diametralmente
Ele exigira apenas que, ao utilizar tais cenceitos, se mantenha cuidadosamente OPOSIO daquels que querem comprar terras, aumenta—las, ou tema-las per ar-
o seu writer de tipo ideal e que nae se confunda o ripe ids] e a Histéria. rendamento, e intersse dos que stao empenhades em conservar uma pre-
Dado que, devido a inevitavel variaqie das idéias de valor basiss, nae ha cen- priedade para obter vantagens sociajs para os seus dscendents, pelos que stao
ceitos histéricos verdadeiramente definitives, passiveis de ser considerados co- interssados numa stabilimgio da propriedade; o intersse contrarie dsss eu-
me fim ultimo geral, ele admitira que, precisamente per se formarem conceitos tros que, corn vistas a si propries, ou a seus filhos, dsejam uma redistribuigfio
rigorosos e univocos para o ponto de vista singular que en‘enta o trabalho, sera d” “31138, em beneficie do que melhor as explora ou — o que nae é o msmo
possivel dar-se coma claramente dos limits da sua validade — do cemprador com mais capital; 0 intersse puramente econemico que o
Nae deixaremes de dar a entender, e, alias, ja o admitirnes, que, num sso “explorader mais eficaz”, no sentide da economia privada, encentta na liber-
particular, é possivel que o dsenvolvimento de uma relagae histén's cencreta dade ecenemica da treca de prepriedads; o intersse oposte de certas camadas
possa ser exposto com clareza sern relaciona-lo censtanternente com cenceitos deminants da sociedade em conservar a posigfie social politics tradicional do
definidos. E, oonseqfientemente, poder—se-a reivindicar para o historiador da seu “testamento” e dos seus dscendents; e intersse social das mmadas sociais
nossa disciplina e msme direite oenoedido ae historiador pelirico, isto é, “falar nae deminants pela suprssae dssas camadas elevadas, que, para elas, signi-
a linguagem da vida”. Decerte. Mas, quanto a isso, cabe dizer que é nste pre- ficam uma eprssao, e intersse, per vezs oposte, que se tem de oemiderar,
cedimento, em grande scala acidental, que o pento de vista, a partir do qual de dirigents politicos das smadas superiors spaZs de proteger es intersss
e evento tratado ganha signifisgfie, torna-se claramente consciente. Em regra das classs inferiers. Poderiamos prelongar indefinidamente a lista, embom
geral, n50 nos encontramos na situaqie favoravel do historiador pelitice, para tenhamos procedide de mode muito imprecise e suman‘e. Outrossim, passare-
quem es contends culturais a que sua dscricae se refere sao normalmente mos per alto es intersss “egeistas” que, ocasionalmente, se rnisturam corn os
univoces, ou, pelo menos, pareoem se-lo. Qualquer dscn'cfie meramente in- mais diverses valors puramente idsis, pode dsvia—los eu reprimi-los. Recor-
tuitiva faz—se acempanhar do fenemene particular da importancia assurnida pelo damos ainda que, sempre que falamos dos “intersss agrfirios”, via de regra,
enunciade stéticcx “cada um sabe o que tern no coracao”. Os juizos validos pensamos nae so nsss valors materiais e idsis a que es agricultors referem
prssupéem sempre, pelo contrfin'o, a elaboragfio légica do intuitive, iste é, a es seus “intersss”, mas também nas idéias de valor, em parte totalmente he-
utilizaqio de cenceitos. E embora se tome possivd, e muitas vezs agradavel, terogéneas, as quais nos proprios referimos a agricultura. Assim, per exemple,
do ponte de vista stétice, conserva-los in petto, ha no entante e perigo de se es interesss da producao, que tanto decorrem do intersse em propercienar
comprometer a seguranca da orientacie do leitor e, freqi'rentemente, do préprio a populacio produtos baratos, come do intersse, nem sempre ceincidente, em
scriter, quanto ae conteudo e ae almnoe dos seus juizos. lhe fornecer produtos de qualidade. Nste ponto, es intersss urbanes podem
Porém a emissae da construg'io de conceitos rigorosos pode ser extrema- aprsentar as mais variadas divergéncias em relagie aos intersss agrarios, as-
mente perigosa, no case das discusses pratiss de politica ecenemis e social. sim come es intersss prsents podem colidir com os intersss provaveis
Assim, um leigo nae pode imaginar a confusao que suscita, per exemple, o das garages vindeuras. Ha ainda es intersss demegrfificos, come 0 de um
emprege do terme ‘valor”, torrnento da economia politica, ae qual apenas se pais em possuir uma populagfie rural numerosa, quer derive dos “intersss do
pode cenferir um sentido univeco atravs do tipo ideal; ou, entfio, a cenfusie Estade”, per razes de polin'ca interna ou externa, quer de outros intersss
suscitada per exprssos come “prochitivo”, “o ponto de vista ecenemice” etc, ideais muito diferents, come, per exemplo, o que se spera da influéncia de
que nae rsistem a uma analise conceitualmente clara. Sio sobretude es cen— uma numerosa populacio rural solxe as peculiaridads culturais de um pais
ceitos celetives, tomados a linguagem coddiana, que prevecam mais danos. Te- Esse intersse demografice pode, per sua vez, colidir com os mais variados in-
me-se, pois, a tiurle de exemplo, o oonceite de “agricultura”, tal come aparece tersss da econemia privada de todos es setors da pepulagfio rural de um
na exprssie “intersss agrarios”. Consideremes, em primeire lugar, sts “in- pais, e, talvez msmo, com todos os intersss prsents da pepulag'ie em ble-
tersss agran'es" come reprsentacos subjetivas mais ou menos claras e veri- co. Podemos considerar ainda o intersse per deterrninade tipo de strutura
ficaveis empiricamente, que os diferents agents economics individuais tém social da populagie rural, devido a natureza das influéncias peliu'ss eu cultu-
dos seus intersss, sem levar em consideragio es inumeros cenflitos de inte- rais que dai derivam Este t’llu'rne é spaz de colidir, segundo a sua eds, com
rsss dos agricultors, quer se dediquem a cn'agie de animals, quer a engorda todos os intersss imaginaveis, prsents e futures, tante dos agricultors come
do gado, quer a culvura do trigo, on a sua transfermagio em forragem ou a do Estade. Mas o que vem complicar mais a qustae é que o “Estado”, a cujo
W

sua dstilacio. Qualquer specialism, e talvez até msmo es leigos, conhecem “intersse” referimos com tanta facilidade os intersss particulars dste ripe,
W

o monumental entrelagmnente de relacés de valor opostas e contraditérias que é, para nés, apenas uma exprssie que envelve um enredamente obscure de
a citada exprssio pode reprsentar. Queremos apenas expor alguns: es inte- idéias de valor, as quais e reportarnos nos cases particulars. Tais idéias de valor
,

150 151
_
podem ser. 2 pura seguranea militar, com relagio ao exterior; a manutengao conhecirnento dotado de sentido daquilo que, para nés, é essencia
l na infinita
do predominio de uma dinastia ou de determinadas classes, internamente; o riquem do devir, liga—se a utilimgfio ininterrupra de pontos de vista de (mater
interesse pela manutencao e o fortalecimento da unidade formal do Estado, especifieamente particular que, em filtima instancia, sao orientados por idéias
quer por ele prépn'o, quer para conservar determinados valores culturais obje- de valor. Estas, por sua vez, podem ser comprovadas e vividas empirimmente
tivos e diferenciados entre si, que nés acreditarnos devemos defender em nossa como elementos de qualquer agio humana significativa, mas o fundamento da
qualidade de povo unifimdo no seio de um Estado, on a transformacfio do sua validade nao deriva da prépn'a matéria empirica. A “objeu'vidade” do co
carater social do Fstado, no senu'do de determinados ideais culturais, por sua nhecimento no mmpo das ciéncias sociais depende antes do fato de 0 empi—
vez muito variados. Enfim, mesmo a mera enumeragio de tudo quanto esta ricamente dado estar constantemente orientado por idéias de valor, que 550 as
envolvido na expressao “interesses do Estado”, a que podemos refen'r a agri- L’Inicas e conferir—lhe valor de conhecimento; e ainda que a significagao desta
cultura, nos levaria demasiado longe. Tanto o exemplo escolhido, como a nossa objetividade apenas se compreenda a pam'r de tais idéias de valor, nao se trata
analise smnaria, sao toscos e simples. Por isso, convido o leigo a analisar de de converter isso no pedestal de uma prova empiricamente impossfvel da sua
modo semelhante (e com mais profundidade) o conceito de “interesses da clas- validade. E a crengi — que todos nos alimentamos de uma forma ou de outra
se operéria”, para que veja, pct Si préprio, que emaranhado contraditorio essa — na validade supra-empirica de idéias de valor L’rltirms e supremas, em que
expressao encerra, compondo-se de interesses e ideais da classe operaria, tanto fundamentamos o sentido da nossa existéncia, nio exclui, mas pelo conuario,
quanto de interesses a paru‘r dos quais nos prépn‘os consideramos os trabalha- inclui a variabilidade incessante dos pontos de vista concretos, a pam'r dos quais
dores. Torna—se impossivel superar os slogans suscitados pela luta de interesses a realidade empirica adquire significado. A realidade irradonal da Vida e o seu
mediante uma acentuacfio puramente empiriea do seu emitter “relativo”. O L’mico contefido de possiveis significacoes sao inesgotaveis, e a configurag’io concreta
caminho que nos permite superar a vacuidade retérica é 0 da determinacao das relacoes valorativas mantém—se flunmnte, submetida as variagoes do futuro
Clara, rigorosa e conceitual dos diferentes ponnos de vista possiveis. O argu- obscuro da cultura humana; a luz propagada por essas idéias supremas de valor
mento da “livre-troat” corno concepqio do mundo, ou como norma empirica- ilumina, de cada vez, uma pane frnita e continuamente modificada do curso
mente valida, é ridiculo. Contudo, seja qual for a naturem dos ideais que cada caotico de eventos que fluem atraves do tempo.
individuo se propoe defender, o fato de haver subesu'mado o Valor heuristico E preciso nao darmos a mdo isso uma falsa interpretacao no sentido de
da velha sabedon'a dos maiores comerciantes do mundo, expressas nessas for- considerarmos que a auténtica tarefa das ciencias sociais consiste numa perpe—
mulas tipico—ideais, (ausou grandes prejuizos aos nossos esmdos sobre a politica tua caca a novos pontos de vista e construgoes conceituais. Pelo contrario, con-
comercial. 56 mediante formulas conceimis tipiooideais é que se chega a com- vém insistir mais do que nunca no seguinte: servir o conhecimento da signifi—
preender realmente a natureza particular dos pontos de vista que interessam cagio cultural de complexes histéricos e concretos constitui o fim ultimo e ex—
no caso particular, gracas a um confronto entre o empirico e o u'po ideal. A clusivo ao qua], juntamente com outros meios, é dedicado também o trabalho
utilimgfio de conceitos coletivos nio diferenciados, com os quais trabalha a lin- da construgao e critica de conceitos. Utiliundo os termos de Friedrich Theodor
guagem cotidiana, muitas vezes é um instrumento de perigosas ilusoes, e sem— Vischer, concluiremos que, em nossa disciplina, também existem cientistas que
pre é um meio de inibir o desenvolvimento do enunciado correto dos problemas. “cultivam a matéria” e outros que “cultivam o espirito”. O aperite dos primeiros,
Chegamos ao final da nossa discussao, que teve como unioo propésito des- avidos de fatos, apenas se sacia com grandes volumes de documentos, com
tacar a linha quase imperceptivel que separa a ciencia da crenga, e per a des- tabelas estafistims e sondagens, mas revela—se insensivel aos delicados manjares
coberto o sentido do esforco do conhecimento sécio—econémico. A validade ob- da idéia nova. O requinte gustativo dos segundos chega a perder o sabor dos
jetiva de todo saber empirico baseia-se finica e exclusivamente na ordenagfio fatos atraves de constantes destilacoes de novos pensamentos. O virtuosismo
da realidade dada segundo categorias que sio subjetivas, no sentido especifico legitimo que, entre os historiadores, Ranke possuia em tao elevado grau, cos—
de representarem o pressuposto do nosso conhecimento e de associarern, ao tuma manifestar—se precisamente pelo poder de cn'ar algo de novo atraves da
pressuposto de que é valiosa, aquela verdade que so 0 conhecimento empirico referencia de certos fatos conhecidos a determinados pontos de vista, igualmen—
nos pode proporcionar. Com os meios da nossa ciéncia, nada poderernos Ofe— te conhecidos.
recer aquele que considere que essa verdade nfio tern valor, visto que a crenca Numa época de especializagfio, qualquer trabalho nas ciéncias da cultura,
no valor da verdade dentifica é produto de determinadas wltmas, e n50 urn depois de ter se orienrado para determinada matéria através do seu modo de—
dado da natureza. Mas o certo é que busmra em v50 ouua verdade que subs- terminado de apresentar os problemas, e uma vez adquin'dos os seus principios
titua a ciencia naquilo que somente ela pode fornecer, isto é, nos conceitos e metodolégicos, vera na elaboragfio dessa matén'a um fim em si prépn‘o, sem
juizos que nao constituem a realidade empirica, nem a podem reproduzir, rms controlar continuamente e de forma consciente o valor cognitivo dos fatos iso
que permitem ordena-la de modo valido por meio do pensamento. Ja vimos lados, para referéncia sua as idéias de valor e mesmo sem tomar consciéncia
que, no campo das ciéncias sociais empirims da cultura, a possibilidade de um da sua ligacao com essas idéias de valor. E é bom que assim seja. Mas um dia
152 15?)
W

o signifiado dos pontos de vista adotados irrefletidamente se toma inceno e


o mminho se perde no aepfisculo. A luz dos gxandes problemas mlmrais des-
loca-separamaisalém Entao, aciénciatambémmudaoseuoenan'oeoseu
aparelho conceitual e fita o fluxo do devir das altums do pensamento. Segue
a rota dos astros que unicamente podem dar sentido e rumo ao seu nabalho:

“(...) despena o novo impulse; :


lanQo-me para soxver sua luz etexna; , /
diante de mm o dig, MS: a ndte, ” III. ESTUDQS CRITICOS SOBRE A LOGICA
Am de m 0 Ge“: Mo as 0nd” DAS CIENCIAS DA CULTURA (1906)
(Fausto, de Goethe)

l. A polém'ca com Edmd Meyer — II. Possibilidade objetiva e camag’to adequada m Gomideragio
causal de Histétia.

1. A POLEMICA COM EDUARDO MEYER


O fato de que um dos nossos mais renomados historiadores se ve na obri-
gagiodeprestarcontasasi mmoeaosswscolegassobreosfinseosmeios
do seu trabalho deve, indiscutivelmente, decpextar interesse fora do ambito do
circulo dos especialistas, pois ele, com are procedimento, ultrapassa os limites
da sua disciplina especifica para entrar no (ampo de considezagio epistemolo-
gim. Nurn pn'meiro momento, certamente, pode parecer que este procedimento
tem consequencias negativas. Uma abordagem realmente segura das categorias
fiat: da 16gica que, no estado atual do seu desenvolvimento, se apresenta como uma
disciplina Bio especializada como qualquer outta, requer sem dfivida um exer-
cicio cou'diano como, alias, também é o caso de qualquer outta disciplina cien-
tifica. E, a nosso ver, é ébvio que Eduard Meyer, a cujo livro Zur Theon'e und
Methodile der Gaehichte (Sobre teoda e metodologia da Histén'a) nos nos re-
w

feximos, nem pode, nem deseja reclamar para si ta! exercicio cotidiano e fami-
swan?“ w

liafimgfio com 05 problems da logica, tampouco como o autor date ensaio.


Eu diria que as observagées de criticn do conhecimento que se encontrarn na—
quela obra, por assim dimer, repmemam um relatén'o clinico elaborado pelo
proprio paciente e nfio elaborado pelo médico, devendo ser entendidas e va-
lorimdas dentro deste panorama. Muitas das observagoes de Eduard Meyer Cer-
tamente escandalizam os especialistas em légica e ern teon'a do conhecimento,
e muito desses specialisms acreditaria nao [er encomrado, essencialmente, nada
de novo que pudesse set relevante para os seus interesses epistemolégicos. Po
rém este fato em nada diminui a imponancia da obra de Meyer, sobretudo no

154 155

Você também pode gostar