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O que é a orientação?
A orientação é a capacidade que nos permite ter consciência da nossa própria existência e do
contexto no qual nos encontramos em um determinado momento.
• Orientação pessoal: capacidade de assimilar informações relativas à história e identidade
pessoal.
• Orientação temporal: capacidade de processar informações relativas ao dia, hora, mês, ano,
festividades, estações do ano, momento adequado de agir, etc.
• Orientação espacial: capacidade de processar informação.
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Estimulação Cognitiva 2
ATIVIDADE 2: Com os olhos vendados e as mãos para trás, oferecemos vários sabores
diferentes para que os aprendentes tentem reconhecer.
Em relação com as gnosias visuais, contamos com atividades para reconhecer os objetos
tapados parcialmente (nem sempre podemos ver um objeto inteiro, mas mesmo assim, vendo
algumas de suas partes importantes somos capazes de reconhecê-lo) e selecionar os que cumprem
determinadas características.
Em relação ao esquema corporal, propomos, por exemplo, uma atividade na qual o paciente
deve reconhecer os traços faciais de uma montagem. A seguinte imagem está formada por duas
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metades que correspondem a rostos diferentes, onde o paciente deve identificar a qual das opções
corresponde cada uma.
ATIVIDADE 4:
O que é a atenção?
A atenção é o processo pelo qual podemos direcionar nossos recursos mentais sobre os
aspectos mais relevantes do meio em que vivemos e também sobre a execução de determinadas
ações, às quais consideramos mais adequadas. A atenção nos mantém em estado de observação e
de alerta, o que nos permite ter consciência do que ocorre no nosso entorno (Ballesteros, 2000).
Dito de outro modo, a atenção é a capacidade de gerar, direcionar e manter um estado de
ativação adequado para o processamento correto da informação. Dentro dessa função devemos falar
sobre cinco processos diferentes:
• Atenção sustentada: capacidade de manter, com fluidez, o foco de atenção em uma tarefa ou
evento durante um período de tempo prolongado. Esse tipo de atenção também é conhecido como
vigilância.
• Gnosias auditivas: capacidade de
reconhecer, de maneira auditiva, diversos estímulos (sons).
• Atenção seletiva: capacidade para direcionar a atenção e se concentrar em algo, sem permitir que
outros estímulos, internos ou externos, interfiram na realização de uma tarefa.
• Atenção alternada: capacidade de mudar o foco de atenção de uma tarefa ou norma interna para
outra, de maneira fluida.
• Velocidade de processamento: ritmo no qual o cérebro realiza uma tarefa (evidentemente, varia
de acordo com a tarefa, dependendo do resto das funções cognitivas envolvidas na mesma). O ritmo
se mede através do tempo que o indivíduo necessita desde o momento em que recebe o estímulo
até que emita a resposta.
• Heminegligência: grande dificuldade ou incapacidade para direcionar a atenção para um dos lados
(normalmente para o lado esquerdo), tanto em relação ao próprio corpo como ao espaço.
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Estimulação Cognitiva 4
Para trabalhar a atenção seletiva, propomos uma atividade que se chama “A palavra mágica”,
trata-se de uma sopa de letras clássica, onde as crianças devem encontrar as palavras escondidas
entre um grande grupo de letras.
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ATIVIDADE 8:
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Estimulação Cognitiva 7
O que é a memória?
A memória é a capacidade de codificar, armazenar e recuperar, de maneira eficaz,
informações e fatos obtidos através de experiências vividas. A memória nada mais é do que a
capacidade que temos de registrar informações, de lembrarmos delas e depois de aproveitá-las no
presente.
Esta é uma das funções que mais utilizamos, porque ela está em funcionamento durante toda
a vida de um humano.
O nível de atenção é que produz o bom funcionamento da memória. Para que o bom armazenamento
ocorra, as atividades cognitivas, como a capacidade de percepção e associação, são importantes para
que os conhecimentos sejam armazenados corretamente.
Quando fazemos associações, a memória fixa melhor e é mais fácil lembrarmos do conteúdo
posteriormente. Mas, quais são os tipos de memória? Dentre as funções cognitivas, a memória é uma
que possui várias etapas, dividindo-se em dois tipos:
Curto prazo: são aquelas que utilizam os nossos sentidos;
Longo prazo: são os conhecimentos que demarcam como os mais importantes e ficam presentes no
nosso cérebro por mais tempo.
Existem maneiras de aprimorar a memória, lembrando que ela começa a se debilitar a partir
dos 50 anos de idade, quando a maioria das pessoas se queixa de dificuldades em memorizar.
Não obstante, a memória é influenciada por outros fatores, tais como as emoções e a
motivação. Quando estamos mais motivados para aprender algo, memorizamos com mais facilidade,
ou seja, o armazenamento das informações se torna mais fácil e tende a ficar armazenado na nossa
memória por mais tempo.
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Estimulação Cognitiva 8
O que é a linguagem?
A linguagem é uma função superior que desenvolve os processos de simbolização relativos à
codificação e decodificação.
A produção da linguagem consiste na materialização de signos (sonoros ou escritos) que
simbolizam objetos, ideais, etc., de acordo com uma convenção própria de uma comunidade
linguística (Lecours y cols., 1979).
Dentro da linguagem existem diversos processos que podem ser afetados:
• Expressão: capacidade de formular ideias com sentido e gramaticalmente corretas.
• Compreensão: capacidade de entender o significado das palavras e das ideias.
• Vocabulário: conhecimento do léxico.
• Denominação: capacidade de nomear objetos, pessoas, fatos, etc.
• Discriminação:capacidade para produzir os mesmos sons que se escuta.
• Escritura:capacidade para transformar ideias em símbolos, caracteres e imagens.
• Leitura: capacidade para transformar ideias em símbolos, caracteres e imagens.
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Estimulação Cognitiva 9
Os seres humanos somos seres sociais por natureza, e a linguagem é nosso veículo de
comunicação, em qualquer uma de suas formas (oral ou escrita).
Atualmente, vivemos em uma sociedade, onde a informação é imprescindível; e se tivermos
problemas nesta área, com certeza teremos diversos tipos e/ou níveis de limitações na nossa vida
diária.
Imagine-se em uma situação, na qual você não seja capaz de dizer o que pensa. Seguramente
você já passou por alguma situação, onde não se lembrava da palavra exata que queria dizer; pois
isso seria só a ponta do iceberg.
Além de saber e poder comunicar o que queremos ou necessitamos, também é fundamental
compreender o que os outros nos dizem. Imagine-se em um país, onde se fala um idioma
desconhecido, e que você não seja capaz de entender nada. E, ao tentar ler um cartaz ou escrever
uma lista de compras, você tampouco seja capaz de fazê-lo, porque as letras se mesclam. Por tudo
isso, a linguagem é fundamental no nosso dia a dia.
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Estimulação Cognitiva 10
• Assertividade: habilidade para ser claro, franco e direto, dizendo o que se quer dizer, sem
ferir os sentimentos dos outros, nem ignorar a validez dos demais, apenas defendendo seus
próprios direitos.
• Capacidade de escuta: ser capaz de escutar com compressão e cuidado, entendendo o que a
outra pessoa quer dizer, transmitindo-lhe que sua mensagem foi recebida.
• Capacidade de comunicar sentimentos e emoções: capacidade de manifestar diante das
demais pessoas nossos sentimentos, de maneira correta, mesmo que sejam positivos ou
negativos.
• Capacidade de definir um problema e avaliar soluções: habilidade para analisar uma
situação, tendo em conta os aspectos objetivos, e também os sentimentos e necessidades de
cada um.
• Negociação: capacidade de comunicação, onde o objetivo é encontrar uma solução que seja
satisfatória para todas as partes.
• Adequação da expressão emocional: habilidade de adequar nossas expressões emocionais
ao entorno.
• Capacidade de se desculpar: capacidade de ser consciente dos próprios erros, reconhecê-los
e pedir perdão.
• Reconhecimento e defesa dos nossos próprios direitos e também dos direitos dos demais:
capacidade para sermos consciente dos nossos direitos e também dos direitos dos outros e
defendê-los com convicção e de maneira adequada.
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Estimulação Cognitiva 11
que temos, dependem tanto da estrutura genética como do ambiente que nos rodeia durante toda
a nossa vida.
Além disso, existem outros fatores que podem alterar as capacidades cognitivas, tais como
doenças neurodegenerativas, transtornos do neurodesenvolvimento, deficiências intelectuais ou
doenças mentais. Além disso, o consumo de substâncias entorpecentes, alcoolismo, traumas físicos
ou mentais severos, também podem afetar, de maneira aguda ou crônica, a atividade cerebral.
Como podemos preservar as funções cognitivas? Está demonstrado que se pode diminuir a
velocidade do deteriorização, e os défices mais leves se mantivermos uma vida ativa e saudável em
ambientes estimulantes. Também é muito importante continuar trabalhando nossas capacidades
através de exercícios práticos de estimulação cognitiva.
Para que utilizamos as funções cognitivas? As funções cerebrais superiores como o raciocínio,
a memória ou a atenção são fundamentais para termos uma vida plena e independente. Durante o
dia, utilizamos continuamente as funções cognitivas. Nosso cérebro usa as distintas capacidades
cognitivas para realizar atividades como preparar a comida, dirigir o carro, fazer reuniões, etc.,
ativando-se em maior ou menor proporção distintas partes dos hemisférios.
Por que as funções cognitivas são importantes? Todas as atividades que realizamos requerem
a utilização das nossas funções cerebrais, o que significa que temos milhões de conexões neuronais
repartidas pelos lóbulos cerebrais e a ativação de diferentes áreas do cérebro para nos
desenvolvermos adequadamente no nosso entorno e processar a informação que obtemos por
diversos canais.
Como utilizamos as funções cognitivas? O processamento da informação na mente humana
ocorre através do sistema cognitivo. O indivíduo tem um papel ativo nos processos de recepção,
seleção, transformação, elaboração e recuperação da informação que chega ao cérebro.
O processamento da referida informação está composto por elementos cognitivos que se
interrelacionam entre si e que atuam conjuntamente para executar as operações mentais mais
complexas. Sendo assim, uma função cognitiva pode se unir ou se complementar com outras,
formando uma unidade superior, tornando-se um processo cognitivo, sobre o qual se pode intervir
trabalhando suas unidades mais básicas (funções cognitivas) ou sobre seus processos mais
elaborados (habilidades do pensamento).
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Estimulação Cognitiva 12
No seu todo, o órgão mais organizado do organismo e do universo possui cerca 1.200 a 1.350
centímetros cúbicos de volume, pesa cerca de 1.450 gramas, ou seja, cerca de 2% do peso do corpo,
mas consome mais de 20% da sua energia disponível. De fato, o cérebro é uma estrutura
impressionante, que nos define quem somos como indivíduos únicos, totais e evolutivos, é a ela que
devemos a nossa experiência de ensino e de aprendizagem do mundo envolvente.
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Efetivamente, os neurônios podem ser considerados as células da aprendizagem, pois são elas
em si, mais a interação que recriam com as células denominadas glias, que sustentam e consolidam,
somaticamente, qualquer tipo de aprendizagem, seja a mais simples de tipo sensório-motor, práxica,
não-simbólica ou não-verbal, seja a mais complexa do tipo operacional, simbólica ou verbal, como
são a leitura, a escrita e a matemática.
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Estimulação Cognitiva 16
e como sendo composta por três componentes principais do processo total de informação em
estreita conectividade, sequencialidade e interatividade, conforme modelo simplificado apresentado
na Figura 2.
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As funções cognitivas não podem ser concebidas numa mera visão computacional, pois não
podemos esquecer que os computadores não têm predadores, não se socializam, não se enamoram,
apaixonam ou acasalam. Ao contrário dos cérebros dos seres humanos, os computadores não
dispõem de funções conativas.
Na dimensão de uma aprendizagem bem sucedida, as funções conativas positivas nutrem o
interesse, o desejo, a motivação, a curiosidade, o empenho, o esforço, a diligência, o entusiasmo, o
prazer, o sentimento de competência, a autorrealização e a autoeficácia e outras necessidades
superiores exclusivas da espécie humana.
No seu aspecto negativo (no caso do insucesso escolar ou das dificuldades de aprendizagem
globais ou específicas), as funções conativas podem dar origem a estados emocionais opostos, como:
a desmotivação, o desprazer, o desespero, o desgosto, o desencanto, a frustração, a fuga, a rejeição,
o estigma, a opressão, o afrontamento, a indisciplina, o fastio, os mecanismos de defesa, etc., que
podem provocar dissonância e disrupção na aprendizagem e bloquear e fragmentar as funções
cognitivas e as funções executivas.
Como o nosso cérebro está sempre aprendendo, ele também pode aprender a não aprender
("learned helplessness"), por via do esgotamento das funções conativas da autoestima, da
autodeterminação e da autoconfiança, as verdadeiras disposições mágicas para gostar de aprender.
É fácil perceber que as funções cognitivas interagem dialeticamente com as funções conativas
no processo dinâmico da aprendizagem. Por um lado, porque as funções cognitivas respeitam ao
processamento da informação, por outro, porque as funções conativas integram a motivação e o
esforço anímico das condutas que a executam e a pragmatizam.
Em traços simples, as funções conativas são a punção ou impulsão energética das funções
cognitivas, e porque estão adstritas à performance e ao desempenho, elas cooperam com as funções
executivas na otimização comportamental e na aprendizibilidade permanente.
O afetivo, o cognitivo e o executivo estão em interação constante no processo da
aprendizagem, porque as suas funções são indissociáveis em termos neurofuncionais, e porque os
seus substratos neurológicos têm de operar em sintonia.
O cérebro humano dispõe de substratos neurológicos que são responsáveis pela gratificação
ou recompensa decorrente do êxito ou do triunfo adaptativo, por isso, somos a espécie mais
dependente da aprendizagem, nascemos para aprender a aprender se a conação estiver disponível
e implícita.
Porque as funções cognitivas bem aplicadas e bem sucedidas geram gratificação,
recompensa, entusiasmo, curiosidade e satisfação e produzem uma representação valorizante no
próprio indivíduo, as suas funções conativas também são enriquecidas, resultando daí: mais
empenho; mais esforço; mais motivação intrínseca que extrínseca; mais estudo; mais perseverança;
mais atenção sustentada; melhor gestão do tempo; mais planificação de esforços; mais disciplina;
mais poder de síntese; mais criatividade; etc. Numa palavra, o indivíduo investe mais no
aperfeiçoamento das suas competências performáticas e aprende melhor e mais continuadamente,
reunindo assim melhores condições favoráveis à sua autorrealização.
À luz das neurociências, como temos apresentado, as funções conativas estão intimamente
agregadas neurofuncionalmente e sistemicamente às funções cognitivas já abordadas e às funções
executivas que abordaremos em seguida. O ser humano (aluno, formando, estagiário, etc.) não é,
consequentemente, concebido apenas como um sistema de processamento de informação, mas sim
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Estimulação Cognitiva 23
como um ser relacional e emocional, como um sujeito histórico-social constituído por atitudes e por
condutas.
Além das funções cognitivas e das conativas a que já nos referimos sumariamente, importa
sublinhar que a aprendizagem bem sucedida envolve também outro conjunto de habilidades
consideradas críticas, isto é, as funções executivas.
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• atenção (sustentação, foco, fixação, seleção de dados relevantes dos irrelevantes, evitamento
de distratores, etc);
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Estimulação Cognitiva 27
É fácil perceber pela lista simplificada apresentada como é importante treinar as funções
executivas no âmbito da intervenção psicopedagógica e, especialmente, no contexto da
educabilidade cognitiva, para que o potencial de aprendizagem das crianças e dos jovens possa ser
maximizado, otimizado, regulado, controlado, enriquecido, potenciado e educado, assim, mais
preparado para as exigências e pré-requisitos de situações-problema, quer da escola, quer da vida
futura.
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Estimulação Cognitiva 29
Efetivamente, o ser humano ao longo da sua história aprendeu com a totalidade do seu corpo,
do seu cérebro e da sua mente, com a totalidade do potencial complementar dos seus dois lados do
corpo e dos seus dois hemisférios, virtuosamente cruzados em termos neurofuncionais (mão direita-
hemisfério esquerdo versus mão esquerda-hemisfério direito) e com funções executivas
intrahemisféricas, interhemisféricas e integrativas distintas.
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Estimulação Cognitiva 30
devem ser adaptados, diferenciados e aplicados a todos os alunos sem exceção, mesmo os que
revelam déficits nas funções executivas ou dificuldades de aprendizagem globais ou específicas.
Os currículos das disciplinas da educação geral não podem continuar a ser somente
"regulares", eles têm a obrigação de ser currículos universais ("Universal Design for Learning") livres
de barreiras onde todas as crianças e jovens possam aprender sem ser excluídos por teorias de
eficácia social já ultrapassadas.
Os currículos da educação em geral devem ser desenhados para satisfazer a neurodiversidade
e a diferenciação da aprendizagem de todos os diferentes estudantes, especialmente os que estão
nas margens, e não apenas concebê-los ou validá-los para os alunos ditos regulares.
Na escola do futuro, nenhum estudante deve ficar para trás e muito menos excluído de
aprender, pois nenhuma criança ou jovem é ineducável. As escolas não podem continuar a excluir
estudantes com dificuldades ou diferenças cognitivas, conativas e executivas, como se fazia no
passado, por analogia, na arquitetura das habitações antigas em que o acesso de pessoas com
dificuldades de locomoção era simplesmente vedado. Nos casos em que os indivíduos se deslocam
em cadeiras de rodas, as escadas não são o ecossistema aconselhado para facilitar o seu acesso, pelo
contrário, elas são uma barreira difícil de transpor. Basta construir rampas e outras acessibilidades
de locomoção e de independência, para que tais barreiras se evaporem.
Da mesma forma, os currículos das várias disciplinas escolares não devem ser concebidos e
implementados só para alunos regulares, eles devem ser construídos e implementados numa
dimensão universal inclusiva, ou seja, também para alunos com diferenças e preferências de
aprendizagem onde os currículos não exagerem as suas dificuldades, mas que disponham de apoios
ou suportes ("scaffoldings") que os permitam superar.
Em vez dos currículos serem centrados exageradamente nos conteúdos sistematizados,
considerados como produtos finais, e serem meramente apresentados e debitados nas aulas, há
necessidade de maior atenção com os processos cognitivos, conativos e executivos dos alunos, caso
contrário o ciclo do sucesso escolar será uma miragem para muitos deles. Quem perde mais com o
insucesso escolar é a sociedade no seu todo.
Para enriquecer as funções cognitivas, conativas e executivas, a interação do professor-aluno
tem que ser mais intensa e intencional, o processo ensino-aprendizagem tem que ser mais
mediatizado e com uma acessibilidade aumentada para todos, onde seja possível focar mais a
colocação de perguntas ou questões de desafio cognitivo, conativo e executivo, onde os alunos
tenham que pensar mais antes de responder, onde as várias funções sejam diretamente treinadas e
onde as estratégias metacognitivas sejam mais trabalhadas. Não está em jogo o enriquecimento
curricular, está mais em jogo o enriquecimento do potencial de aprendizagem dos alunos32.
É óbvio que os currículos podem inabilitar ou incapacitar muitos estudantes com dificuldades
cognitivas, conativas e executivas, por exemplo, quando estudantes cegos ou disléxicos têm
dificuldades de ler ou estudar por livros ou textos impressos ou escritos. Nesse caso, o currículo e os
materiais, por si só, geram barreiras e dificuldades de processamento visual e cognitivo e oferecem
opções muito limitadas àqueles alunos com necessidades educacionais especiais. Para alunos com
dificuldades de processamento de textos impressos e escritos basta proporcionar versões digitais de
livros e aplicações de "software", para automaticamente converter os textos em linguagem falada e
facilitar a compreensão e a significação da aprendizagem.
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Estimulação Cognitiva 31
Existe mesmo o TDAH? Ele é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial
da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos
pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.
Não existe controvérsia sobre a existência do TDAH? Não, nenhuma. Existe inclusive um Consenso
Internacional publicado pelos mais renomados médicos e psicólogos de todo o mundo a este
respeito. Consenso é uma publicação científica realizada após extensos debates entre pesquisadores
de todo o mundo, incluindo aqueles que não pertencem a um mesmo grupo ou instituição e não
compartilham necessariamente as mesmas ideias sobre todos os aspectos de um transtorno.
Por que algumas pessoas insistem que o TDAH não existe? Pelas mais variadas razões, desde
inocência e falta de formação científica até mesmo má-fé. Alguns chegam a afirmar que “o TDAH não
existe”, é uma “invenção” médica ou da indústria farmacêutica, para terem lucros com o tratamento.
No primeiro caso se incluem todos aqueles profissionais que nunca publicaram qualquer pesquisa
demonstrando o que eles afirmam categoricamente e não fazem parte de nenhum grupo científico.
Quando questionados, falam em “experiência pessoal” ou então relatam casos que somente eles
conhecem porque nunca foram publicados em revistas especializadas. Muitos escrevem livros ou
têm sítios na Internet, mas nunca apresentaram seus “resultados” em congressos ou publicaram em
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Estimulação Cognitiva 32
revistas científicas, para que os demais possam julgar a veracidade do que dizem. Os segundos são
aqueles que pretendem “vender” alguma forma de tratamento diferente daquilo que é atualmente
preconizado, alegando que somente eles podem tratar de modo correto. Tanto os primeiros quanto
os segundos afirmam que o tratamento do TDAH com medicamentos causa consequências terríveis.
Quando a literatura científica é pesquisada, nada daquilo que eles afirmam é encontrado em
qualquer pesquisa em qualquer país do mundo. Esta é a principal característica destes indivíduos:
apesar de terem uma “aparência” de cientistas ou pesquisadores, jamais publicaram nada que
comprovasse o que dizem.
O TDAH é comum? Ele é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para
serviços especializados. Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo
em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida
adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos.
Quais são os sintomas de TDAH? O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de
sintomas:
1) Desatenção
2) Hiperatividade-impulsividade
O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com
demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como “avoadas”, “vivendo no mundo da
lua” e geralmente “estabanadas” e com “bicho carpinteiro” ou “ligados por um motor” (isto é, não
param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e
impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem
apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e
limites.
Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem
como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo),
vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos (“colocam os carros na frente dos
bois”). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à
sua volta. São frequentemente considerados “egoístas”. Eles têm uma grande frequência de outros
problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.
Quais são as causas do TDAH? Já existem inúmeros estudos em todo o mundo – inclusive no Brasil –
demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o
transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo
como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.
Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas
conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser
humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do
comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de
prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.
O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias
químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam
informação entre as células nervosas (neurônios).
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Estimulação Cognitiva 33
Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região
frontal e suas conexões.
A) Hereditariedade: Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por
uma predisposição ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de
observações de que nas famílias de portadores de TDAH a presença de parentes também afetados
com TDAH era mais frequente do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A prevalência
da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população
em geral (isto é chamado de recorrência familial). Porém, como em qualquer transtorno do
comportamento, a maior ocorrência dentro da família pode ser devido a influências ambientais,
como se a criança aprendesse a se comportar de um modo “desatento” ou “hiperativo”
simplesmente por ver seus pais se comportando desta maneira, o que excluiria o papel de genes. Foi
preciso, então, comprovar que a recorrência familial era de fato devida a uma predisposição genética,
e não somente ao ambiente. Outros tipos de estudos genéticos foram fundamentais para se ter
certeza da participação de genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos com
adotados comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças afetadas, verificando se há
diferença na presença do TDAH entre os dois grupos de pais. Eles mostraram que os pais biológicos
têm 3 vezes mais TDAH que os pais adotivos.
Os estudos com gêmeos comparam gêmeos univitelinos e gêmeos fraternos (bivitelinos), quanto a
diferentes aspectos do TDAH (presença ou não, tipo, gravidade etc…). Sabendo-se que os gêmeos
univitelinos têm 100% de semelhança genética, ao contrário dos fraternos (50% de semelhança
genética), se os univitelinos se parecem mais nos sintomas de TDAH do que os fraternos, a única
explicação é a participação de componentes genéticos (os pais são iguais, o ambiente é o mesmo, a
dieta, etc.). Quanto mais parecidos, ou seja, quanto mais concordam em relação àquelas
características, maior é a influência genética para a doença. Realmente, os estudos de gêmeos com
TDAH mostraram que os univitelinos são muito mais parecidos (também se diz “concordantes”) do
que os fraternos, chegando a ter 70% de concordância, o que evidencia uma importante participação
de genes na origem do TDAH.
A partir dos dados destes estudos, o próximo passo na pesquisa genética do TDAH foi começar
a procurar que genes poderiam ser estes. É importante salientar que no TDAH, como na maioria dos
transtornos do comportamento, em geral multifatoriais, nunca devemos falar em determinação
genética, mas sim em predisposição ou influência genética. O que acontece nestes transtornos é que
a predisposição genética envolve vários genes, e não um único gene (como é a regra para várias de
nossas características físicas, também). Provavelmente não existe, ou não se acredita que exista, um
único “gene do TDAH”. Além disto, genes podem ter diferentes níveis de atividade, alguns podem
estar agindo em alguns pacientes de um modo diferente que em outros; eles interagem entre si,
somando-se ainda as influências ambientais. Também existe maior incidência de depressão,
transtorno bipolar (antigamente denominado Psicose Maníaco-Depressiva) e abuso de álcool e
drogas nos familiares de portadores de TDAH.
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Estimulação Cognitiva 34
estudos somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação
de causa e efeito.
C) Sofrimento fetal: Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto
que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos com TDAH. A relação
de causa não é clara. Talvez mães com TDAH sejam mais descuidadas e assim possam estar mais
predispostas a problemas na gravidez e no parto. Ou seja, a carga genética que ela própria tem (e
que passa ao filho) é que estaria influenciando a maior presença de problemas no parto.
D) Exposição a chumbo: Crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem
apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH. Entretanto, não há nenhuma necessidade de se
realizar qualquer exame de sangue para medir o chumbo numa criança com TDAH, já que isto é raro
e pode ser facilmente identificado pela história clínica.
E) Problemas Familiares: Algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de
discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar
caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas crianças.
Estudos recentes têm refutado esta idéia. As dificuldades familiares podem ser mais conseqüência
do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais). Problemas familiares podem agravar um
quadro de TDAH, mas não causá-lo.
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Estimulação Cognitiva 35
em níveis normais. O fato de uma criança conseguir ficar concentrada em alguma atividade não exclui
o diagnóstico de TDAH. É claro que não fazemos coisas interessantes ou estimulantes desde a hora
que acordamos até a hora em que vamos dormir: os portadores de TDAH vão ter muitas dificuldades
em manter a atenção em um monte de coisas.
Elas também tendem a ser impulsivas (não esperam a vez, não lêem a pergunta até o final e
já respondem, interrompem os outros, agem antes de pensar). Frequentemente também
apresentam dificuldades em se organizar e planejar aquilo que querem ou precisam fazer.
Seu desempenho sempre parece inferior ao esperado para a sua capacidade intelectual. O TDAH não
se associa necessariamente a dificuldades na vida escolar, embora esta seja uma queixa frequente
de pais e professores. É mais comum que os problemas na escola sejam de comportamento que de
rendimento (notas).
Um aspecto importante: as meninas têm menos sintomas de hiperatividade-impulsividade
que os meninos (embora sejam igualmente desatentas), o que fez com que se acreditasse que o
TDAH só ocorresse no sexo masculino. Como as meninas não incomodam tanto, eram menos
encaminhadas para diagnóstico e tratamento médicos.
Sintomas em adultos:
A existência da forma adulta do TDAH foi oficialmente reconhecida apenas em 1980 pela
Associação Psiquiátrica Americana. E, desde então inúmeros estudos têm demonstrado a presença
do TDAH em adultos. Passou-se muito tempo até que ela fosse amplamente divulgada no meio
médico e ainda hoje, observa-se que este diagnóstico é apenas raramente realizado, persistindo o
estereótipo equivocado de TDAH: um transtorno acometendo meninos hiperativos que têm mau
desempenho escolar. Muitos médicos desconhecem a existência do TDAH em adultos e quando são
procurados por estes pacientes, tendem a tratá-los como se tivessem outros problemas (de
personalidade, por exemplo). Quando existe realmente um outro problema associado (depressão,
ansiedade ou drogas), o médico só diagnostica este último e “deixa passar” o TDAH.
Atualmente acredita-se que em torno de 60% das crianças com TDAH ingressarão na vida
adulta com alguns dos sintomas (tanto de desatenção quanto de hiperatividade-impulsividade)
porém em menor número do que apresentavam quando eram crianças ou adolescentes.
Para se fazer o diagnóstico de TDAH em adultos é obrigatório demonstrar que o transtorno esteve
presente desde criança. Isto pode ser difícil em algumas situações, porque o indivíduo pode não se
lembrar de sua infância e também os pais podem ser falecidos ou estar bastante idosos para relatar
ao médico. Mas em geral o indivíduo lembra de um apelido (tal como “bicho carpinteiro”, etc.) que
denuncia os sintomas de hiperatividade-impulsividade e lembra de ser muito “avoado”, com queixas
frequentes de professores e pais.
Os adultos com TDAH costumam ter dificuldade de organizar e planejar suas atividades do dia
a dia. Por exemplo, pode ser difícil para uma pessoa com TDAH determinar o que é mais importante
dentre muitas coisas que tem para fazer, escolher o que vai fazer primeiro e o que pode deixar para
depois. Em consequência disso, quem TDAH fica muito “estressado” quando se vê sobrecarregado (e
é muito comum que se sobrecarregue com frequência, uma vez que assume vários compromissos
diferentes), pois não sabe por onde começar e tem medo de não conseguir dar conta de tudo. Os
indivíduos com TDAH acabam deixando trabalhos pela metade, interrompem no meio o que estão
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fazendo e começam outra coisa, só voltando ao trabalho anterior bem mais tarde do que o
pretendido ou então se esquecendo dele.
O portador de TDAH fica com dificuldade para realizar sozinho suas tarefas, principalmente
quando são muitas, e o tempo todo precisa ser lembrado pelos outros sobre o que tem para fazer.
Isso tudo pode causar problemas na faculdade, no trabalho ou nos relacionamentos com outras
pessoas. A persistência nas tarefas também pode ser difícil para o portador de TDAH, que
frequentemente “deixa as coisas pela metade”.
Adultos
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Por favor, responda as perguntas abaixo se avaliando de acordo com os NUNCA, RARAMENTE, ÀS
VEZES, FREQUENTEMENTE, SEMPRE . Após responder cada uma das perguntas, circule o número
que corresponde a como você se sentiu e se comportou nos últimos seis meses.
1. Com que frequência você comete erros por falta de atenção quando tem de trabalhar num
projeto chato ou difícil?
2. Com que frequência você tem dificuldade para manter a atenção quando está fazendo um
trabalho chato ou repetitivo?
3. Com que frequência você tem dificuldade para se concentrar no que as pessoas dizem,
mesmo quando elas estão falando diretamente com você?
4. Com que frequência você deixa um projeto pela metade depois de já ter feito as partes mais
difíceis?
5. Com que frequência você tem dificuldade para fazer um trabalho que exige organização?
6. Quando você precisa fazer algo que exige muita concentração, com que frequência você evita
ou adia o início?
7. Com que frequência você coloca as coisas fora do lugar ou tem de dificuldade de encontrar as
coisas em casa ou no trabalho?
8. Com que frequência você se distrai com atividades ou barulho a sua volta?
9. Com que frequência você tem dificuldade para lembrar de compromissos ou obrigações?
Parte B
1. Com que frequência você fica se mexendo na cadeira ou balançando as mãos ou os pés
quando precisa ficar sentado (a) por muito tempo?
2. Com que frequência você se levanta da cadeira em reuniões ou em outras situações onde
deveria ficar sentado (a)?
3. Com que frequência você se sente inquieto (a) ou agitado (a)?
4. Com que frequência você tem dificuldade para sossegar e relaxar quando tem tempo livre
para você?
5. Com que frequência você se sente ativo (a) demais e necessitando fazer coisas, como se
estivesse “com um motor ligado”?
6. Com que frequência você se pega falando demais em situações sociais?
7. Quando você está conversando, com que frequência você se pega terminando as frases das
pessoas antes delas?
8. Com que frequência você tem dificuldade para esperar nas situações onde cada um tem a sua
vez?
9. Com que frequência você interrompe os outros quando eles estão ocupados?
Como avaliar:
Se os itens de desatenção da parte A (1 a 9) E/OU os itens de hiperatividade-impulsividade da
parte B (1 a 9) têm várias respostas marcadas como FREQUENTEMENTE ou MUITO
FREQUENTEMENTE existe chances de ser portador de TDAH (pelo menos 4 em cada uma das partes).
O questionário ASRS-18 é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A) para se fazer o
diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários.
IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com os sintomas descritos na
tabela! Veja abaixo os demais critérios.
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Tratamento:
O Tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou seja, uma combinação de medicamentos,
orientação aos pais e professores, além de técnicas específicas que são ensinadas ao portador. A
medicação, na maioria dos casos, faz parte do tratamento.
A psicoterapia que é indicada para o tratamento do TDAH chama-se Terapia Cognitivo
Comportamental que no Brasil é uma atribuição exclusiva de psicólogos. Não existe até o momento
nenhuma evidência científica de que outras formas de psicoterapia auxiliem nos sintomas de TDAH.
O tratamento com fonoaudiólogo está recomendado em casos específicos onde existem,
simultaneamente, Transtorno de Leitura (Dislexia) ou Transtorno da Expressão Escrita
(Disortografia). O TDAH não é um problema de aprendizado, como a Dislexia e a Disortografia, mas
as dificuldades em manter a atenção, a desorganização e a inquietude atrapalham bastante o
rendimento dos estudos. É necessário que os professores conheçam técnicas que auxiliem os alunos
com TDAH a ter melhor desempenho. Em alguns casos é necessário ensinar ao aluno técnicas
específicas para minimizar as suas dificuldades.
Outra modalidade de tratamento, muitas vezes requerida para o TDAH é a terapia
medicamentosa. Confira a lista de medicamentos utilizados para esse transtorno:
SEGUNDA ESCOLHA: caso o primeiro estimulante não tenha obtido o resultado esperado, deve-se
tentar o segundo estimulante
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TERCEIRA ESCOLHA
10,18,25,40 e 60mg
Atomoxetina (1) 24 horas
Strattera 1 vez ao dia
1 a 2,5mg por kg de
Nortriptilina
Pamelor peso divididos em 2 12 horas
(antidepressivo)
doses
QUINTA ESCOLHA: caso o primeiro antidepressivo não tenha obtido o resultado esperado, deve-
se tentar o segundo antidepressivo
Clonidina
0,05mg ao deitar ou
(medicamento anti- Atensina 12 a 24 horas
2 vezes ao dia
hipertensivo) (2)
OUTROS MEDICAMENTOS
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Medicalização infantil
Desde a década de 70, fala-se em medicalização e, com o passar dos anos, mais problemas
foram sendo incorporados ao campo médico. Assim, seria muita ilusão pensarmos que a
medicalização traz consigo somente aspectos negativos, já que a sociedade a aceita há muito tempo.
No entanto, não podemos negar que existe uma supervalorização de determinados diagnósticos, o
que faz que muitas pessoas, sem nenhum transtorno, sejam diagnosticadas com transtornos
mentais, por exemplo.
Precisamos considerar que grupos sociais criam regras e impõem suas definições de
normalidade ou não criando padrões que precisam da aprovação social. Se considerarmos a
Infância, é possível observarmos que grande parte dos desvios ocorridos nessa época da vida são
notados primeiramente na escola (onde a criança passa grande parte do tempo) a partir do momento
em que os pequenos desenvolvem algum problema de aprendizagem.
Partindo destas premissas, podemos pontuar alguns desvios da infância, relacionados às
quebras de normas e de regras impostas socialmente, como a falta de atenção e a agitação em sala
de aula. Mas nem sempre foi assim, já que até alguns anos atrás, os problemas escolares eram
resolvidos dentro da escola ou na rotina familiar. Contudo, escolares que são mais ativos, agitados
e que são pouco atentos são considerados um problema para pais e professores. A diferença está
no fato de a maioria das pessoas acreditar que esses comportamentos sejam sintomas de um
transtorno mental tratável com medicamentos.
De malvados, irresponsáveis, preguiçosos, mal-educados, dentre outros atributos, os
indivíduos passaram a ser considerados doentes e não mais culpados por seus comportamentos. A
correção desse comportamento deveria ser mais terapêutica do que punitiva. Conferir aos
sofrimentos humanos o estatuto de doença, nos casos das crianças, poder ser uma forma de
libertação de seus estigmas morais de maus comportamentos, desatenção e preguiça, dentre outros.
Além disso, essa forma de abordagem permite que muitas crianças que recebiam castigos diários
ou que ate mesmo eram expulsas da escola continuassem estudando. As facilidades em tomar uma
pílula, em vez de enfrentar medos e situação não muito agradáveis, fazem com que muitas pessoas
busquem o tratamento medicamentoso, com a promessa de alivio para suas dores e conflitos.
Mãe de crianças com TDAH, apesar de não gostarem de dar o medicamento psicotrópico
para o filho, o faz primeiramente, por ser uma recomendação medica, portanto, indiscutível. Em
segundo lugar, existe uma pressão por parte da escola para que essa criança receba uma avaliação
e um acompanhamento medica. Por fim, existe ainda uma preocupação da adequação de seus filhos
na sociedade, para que eles possam ter a mesma oportunidade que os demais.
Se considerarmos especificamente a escola, a medicalização dos processos de
aprendizagem pode representar uma ajuda em sala de aula, pois resulta em crianças mais calmas e
concentradas. Se existe a suspeita de algum transtorno mental e a criança é encaminhada para uma
avaliação médica e se a suspeita for confirmada, a responsabilidade por aquela criança passa a não
pertencer somente à escola, mas também aos profissionais que passarão a atendê-la. Quando uma
criança encaminhada retorna à escola com um diagnóstico, ocorre uma mudança na forma de lidar
com essa criança. Parece que o próprio diagnóstico gera um tipo de compreensão que estava até
então ausente.
Diante de tudo isso, a busca por soluções mais fáceis, o diagnóstico equivocado e a
incompreensão dos pais sobre a agitação natural das crianças elevou o Brasil ao posto de segundo
maior consumidor de Ritalina do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Esta informação
do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos (2021) é alarmante. Ritalina é o
nome comercial do metilfenidato, o medicamento prescrito para o tratamento do Transtorno de Déficit
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