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Revisando

Desenvolvimento Físico nos três


primeiros anos
O desenvolvimento físico de 0 a 3 anos é acelerado. De uma semana para a outra
os bebês engordam e crescem em proporções consideráveis.

Se atenda como uma das fases onde o CRESCIMENTO É EXTREMAMENTE


VISUAL.

os primeiros motores aparecem com o controle de cabeça, o rolar, o


arrastar e mais tarde o sentar, o engatinhar e a marcha no final do primeiro
ano.

Tudo acontece nos primeiros anos de vida. Aquele bebê que nasce
enroladinho e de olhos fechados desabrocha e “cai na vida” tornando-se um
ser que anda, corre, fala, pensa, se relaciona, faz escolhas e se faz
presente ocupando um lugar próprio no mundo.
Desenvolvimento Cognitivo nos três
primeiros anos

Prof. MSc. Cesar Soares


OS PROCESSOS COGNITIVOS

Os processos cognitivos são os recursos que todo indivíduo tem para adquirir, processar e transformar
informações, que também vão ajudar na tomada de decisões. Eles podem se manifestar de forma
orgânica ou artificial, consciente ou inconsciente, mas sempre de maneira rápida e integrada.
Os processos cognitivos básicos são:

Percepção
Atenção
Memória
Pensamento
Linguagem
Aprendizagem
O QUE É DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

O desenvolvimento cognitivo é o processo de ampliação da


capacidade de um ser humano de processar informações, o que
envolve a aquisição de recursos conceituais, habilidades
perceptivas, aprimoramento da linguagem e demais aspectos
relacionados ao amadurecimento do cérebro.

É o processo de desenvolvimento da capacidade de um


indivíduo de pensar e compreender.
Estudando o desenvolvimento cognitivo: seis
abordagens
Quais são as seis abordagens ao estudo do desenvolvimento cognitivo?
• As seis abordagens ao estudo do desenvolvimento cognitivo são:
• Behaviorista – estuda os mecanismos básicos da aprendizagem. Os
behavioristas querem saber como o comportamento muda em
resposta à experiência.
• Psicométrica – mede as diferenças quantitativas nas habilidades que
compõem a inteligência, utilizando testes que indicam ou preveem
essas habilidades.
• Piagetiana – volta-se para as mudanças, ou estágios, na qualidade do
funcionamento cognitivo. Ela quer saber como a mente estrutura
suas atividades e se adapta ao ambiente.
Estudando o desenvolvimento cognitivo: seis
abordagens
Quais são as seis abordagens ao estudo do desenvolvimento cognitivo?
• Processamento de Informação – focaliza a percepção, aprendizagem,
memória e resolução de problemas. Seu objetivo é descobrir como as
crianças processam as informações no momento em que as recebem até
utilizá-las.
• Neurociência cognitiva – examina o hardware do nosso sistema nervoso
e busca identificar quais são as estruturas do cérebro envolvidas em
aspectos específicos da cognição.
• Sociocontextual – examina os efeitos dos aspectos ambientais dos
processos de aprendizagem, particularmente o papel dos pais e de
outros cuidadores.
• Todas essas abordagens podem esclarecer como a cognição se
desenvolve no início da vida.
Abordagem Behaviorista:
O mecanismo básico da aprendizagem
• Dois tipos de aprendizagem simples
estudados pelos behavioristas são o
condicionamento clássico (resposta
reflexa, ou involuntária [piscar])
(aprendizagem baseada na associação de
um estímulo que normalmente não elicita
uma resposta com outro que a elicita) e o
condicionamento operante (quando o
bebê balbucia)(aprendizagem baseada na
associação do comportamento com suas
consequências).
• Você consegue lembrar de alguma coisa que aconteceu antes dos seus 2
anos de idade?

• Pesquisadores sugerem que os processos da memória nos bebês são muito


semelhantes aos dos adultos, embora essa conclusão tenha sido
questionada. As memórias dos bebês podem ser estimuladas por lembretes
periódicos.

• Amnésia Infantil: Incapacidade de lembrar eventos anteriores aos três anos


de idade.
Abordagem psicométrica: testes de desenvolvimento e de
inteligência

A inteligência dos bebês e de crianças de até três anos pode ser medida? E
como pode ser aprimorada?
• Os testes psicométricos medem fatores que supostamente constituem a
inteligência.

• O comportamento inteligente é orientado para uma meta e é adaptativo:


direcionado para se adaptar às circunstâncias e condições de vida. A inteligência
permite às pessoas adquirir, lembrar e utilizar conhecimento; entender conceitos
e relações; e resolver problemas do dia a dia.

• Testes de desenvolvimento, como as Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil


(Teste padronizado que avalia o desenvolvimento mental e motor de bebês e
crianças até 3 anos) podem indicar o atual funcionamento da inteligência, mas
geralmente têm pouca utilidade para prever o funcionamento futuro.
• O objetivo da aplicação dos testes psicométricos é medir quantitativamente os
fatores que supostamente constituem a inteligência (tais como compreensão e
raciocínio) e, a partir dos resultados, prever o desempenho futuro (como
desempenho escolar).
• O ambiente doméstico pode afetar a inteligência medida.
• Se o ambiente doméstico não oferecer as condições necessárias que servirão de
base para a competência cognitiva, talvez seja preciso fazer uma intervenção
precoce.
Promovendo competência
Descobertas feitas pelo inventário HOME e por estudos neurológicos e outras
pesquisas sugerem as seguintes diretrizes para promover o desenvolvimento
cognitivo de bebês e crianças pequenas:

• 1. Nos primeiros meses, fornece estimulação sensorial, mas evite a


superestimulação e os ruídos que a distraem.
• 2. À medida que o bebê for crescendo, crie um ambiente que promova a
aprendizagem – um ambiente que inclua livros, objetos interessantes (que não
precisam ser brinquedos caros) e um lugar para brincar.
• 3. Responda aos sinais do bebê. Isso estabelece um senso de confiança de que o
mundo é um lugar amigável e lhe dá um senso de controle sobre sua vida.
• 4. Dê ao bebê poder de efetuar mudanças com brinquedos que possam ser
chacoalhados, moldados ou movimentados. Ajude o bebê a descobrir que girar a
maçaneta faz abrir a porta, pressionar um interruptor faz acender a luz e abrir uma
torneira faz correr a água para tomar banho.
• 5. Dê ao bebê liberdade para explorar. Não o confine regularmente, durante o dia,
em um berço, cadeirinha ou em um quarto pequeno e, mesmo por curtos períodos,
num cercado. Torne o ambiente seguro para ele e solte-o!
• 6. Converse com o bebê. Ele não vai aprender a falar ouvindo rádios ou televisão;
precisa de interação com adultos.
• 7. Ao falar ou brincar com o bebê, envolva-se naquilo que ele estiver interessado
no momento em vez de tentar redirecionar a atenção dele para outra coisa.
• 8. Arranje oportunidades para ele aprender as habilidades básicas, como nomear,
comparar e separar objetos (por tamanho, cor, etc.) colocando itens em sequência
e observando as consequências das ações.
• 9. Aplauda as novas habilidades e ajude o bebê a praticá-las e expandi-las. Fique
por perto, mas não sufoque.
• 10. Desde a mais tenra idade, leia para o bebê num ambiente aconchegante e
afetuoso. Ler em voz alta e falar sobre as histórias desenvolve as habilidades de
prontidão para a alfabetização.
• 11. Utilize a punição com moderação. Não puna nem ridicularize os resultados da
exploração normal de tentativa e erro.
Abordagem Piagetiana: o estágio sensório-motor
Como Piaget explicou o desenvolvimento cognitivo inicial?
O biólogo, psicólogo e epistemológico suíço Piaget acreditava que as crianças
desempenham um papel ativo no processo de aprendizagem. À medida que interagem
com o mundo ao seu redor, adicionam novos conhecimentos, constroem sobre o
conhecimento adquirido e adaptam ideias para acomodar novas informações.

Para Jean Piaget, a inteligência se organiza por meio de estruturas que mediam as
funções invariantes e os conteúdos comportamentais.
Os conteúdos comportamentais variam de acordo com a faixa etária da criança. As
funções invariantes definem a essência e as características da atividade da
inteligência, não se alterando com a idade do indivíduo. Elas serão explicadas com
mais detalhes no próximo tópico.
A atividade da inteligência é um processo ativo e organizado de assimilação de novas
informações, que são relacionadas a conhecimentos prévios. Assim, a inteligência se
modifica a todo momento, de acordo com fatores internos e externos.
Estágio sensório-motor — 0 a 2 anos
Neste estágio, o bebê conhece o mundo através dos seus movimentos e sensações. As crianças aprendem por ações básicas como chupar, agarrar,
olhar e ouvir.

Os bebês aprendem que as coisas continuam a existir mesmo que não possam ser vistas (permanência do objeto), aprendem que são seres
separados das pessoas e objetos ao seu redor e percebem que suas ações podem fazer com que coisas aconteçam no ambiente.

Durante esse estágio inicial de desenvolvimento cognitivo, bebês e crianças pequenas adquirem conhecimento através de experiências sensoriais e
manipulação de objetos. Toda a experiência de uma criança neste estágio ocorre por reflexos básicos, sentidos e respostas motoras.

É durante o estágio sensório-motor que as crianças passam por um período de grande crescimento e aprendizado. Conforme interagem com seu
ambiente, fazem novas descobertas sobre como o mundo funciona.

As crianças aprendem ações físicas — engatinhar e andar — e aprendem sobre a linguagem das pessoas com quem interagem.

Piaget acreditava que desenvolver a compreensão de que os objetos continuam a existir mesmo quando não podem ser vistos, era um elemento
importante neste ponto do desenvolvimento.

Ao aprender que os objetos são entidades separadas e distintas e que têm existência própria fora da percepção individual, as crianças são então
capazes de começar a atribuir nomes e palavras aos objetos.
Estágio pré-operatório — 2 a 7 anos
Neste estágio, as crianças começam a pensar simbolicamente e aprendem a usar palavras e
imagens para representar objetos. Tendem a ser egocêntricas e lutam para ver as coisas da
perspectiva dos outros.

Embora estejam cada vez melhores na linguagem e no pensamento, ainda tendem a pensar
nas coisas em termos muito concretos. As crianças tornam-se muito mais hábeis em brincar
de fantasiar, mas continuam a pensar muito concretamente sobre o mundo ao seu redor.

As bases do desenvolvimento da linguagem podem ter sido estabelecidas durante o estágio


anterior, mas é o surgimento da linguagem que é uma das principais marcas deste estágio
Abordagem do processamento de informações: percepções e representações

Como podemos medir a capacidade dos bebês de processar informações, e quando os


bebês começam a entender as características do mundo físico?
• Os pesquisadores em processamento de informação medem processos mentais por
meio da habituação (um tipo de aprendizagem em que a familiaridade com um
estímulo reduz, torna-se mais lenta ou faz cessar uma resposta) e de outros
indicativos de habilidades visuais e perceptuais (preferência por novidades. Presta
atenção a estímulos novos). Contrariamente às ideias de Piaget, essa pesquisa
sugere que a capacidade de representação interna está presente praticamente
desde o nascimento.
• Indicadores da eficiência do processamento de informações no bebê, como a
velocidade de habituação, tendem a prever a inteligência futura.
A atividade mental consistiria num processo contínuo, dinâmico e complexo
de incorporação, transformação, armazenamento e recuperação de
informação para orientar a ação.
Abordagem da neurociência cognitiva:
as estruturas cognitivas do cérebro
O que a pesquisa sobre o cérebro pode revelar a respeito do
desenvolvimento das habilidades cognitivas?
O que a pesquisa sobre o cérebro pode revelar a respeito do desenvolvimento das
habilidades cognitivas?

Segundo a abordagem da neurociência, determinadas estruturas do cérebro são


responsáveis por certas funções cognitivas.

A maturação do hipocampo e o desenvolvimento de estruturas corticais coordenadas


pela formação do mesmo, por exemplo, torna possível a memória de maior duração.

O córtex pré-central e circuitos associados desenvolvem a capacidade para a


memoria do trabalho (armazenamento de curto prazo de informações que estão
sendo processadas), que surge entre 6 e 12 meses.

A memoria explicita e a memoria implícita estão localizadas em estruturas distintas.


• Memória explícita
• Consciente ou intencional. Fatos, nomes e eventos.

• Memória implícita
• Recordação inconsciente. Hábitos e habilidades – memória procedural ou de
procedimentos.
• Memória do trabalho emerge entre os 6 e 12 meses.
Armazenamento de curto prazo de informações ativas,
• Os desenvolvimentos neurológicos ajudam a explicar a emergência
das habilidades piagetianas e as habilidades de memória.
Abordagem
sociocontextual:
aprendendo nas
interações com
cuidadores
De que maneira a interação
social com adultos faz a
competência cognitiva avançar?
• As interações sociais com adultos contribuem para a competência cognitiva
por intermédio de atividades compartilhadas que ajudam a criança a
aprender habilidades, conhecimentos e valores importantes em sua cultura.
Desenvolvimento da linguagem
Como os bebês desenvolvem a linguagem, e quais são as influências que
contribuem para o progresso linguístico?
• A aquisição da linguagem é um aspecto importante do desenvolvimento
cognitivo.
• A fala pré-linguística inclui choro, barulho, balbucio e imitação dos sons da
língua. Aos seis meses, o bebê aprendeu os sons básicos de sua língua e
começou a vincular som e significado. A percepção das categorias sonoras na
linguagem nativa pode comprometer os circuitos neurais com o futuro
aprendizado dessa língua apenas.

• Antes de pronunciar sua primeira palavra, o bebê utiliza gestos.


• A primeira palavra costuma surgir entre 10 e 14 meses, dando início à fala
linguística. Para muitas crianças, ocorre um “surto de nomeação” entre os 16 e os
24 meses de idade.
• As primeiras sentenças breves geralmente surgem entre 18 e 24 meses. Por volta
dos 3 anos, a sintaxe e a capacidade de comunicação estão razoavelmente
desenvolvidas.
• A fala inicial é caracterizada pela supersimplificação, restrição e
supergeneralização dos significados das palavras, e universalização das regras.
• Duas visões teóricas clássicas sobre como a criança adquire a linguagem são a
teoria da aprendizagem e o inatismo (teoria de que os seres humanos possuem
uma capacidade inata para adquirir linguagem). Hoje, a maioria dos cientistas do
desenvolvimento afirma que a capacidade inata de aprender a linguagem pode ser
ativada ou restringida pela experiência.
• As influências sobre o desenvolvimento da linguagem são a maturação do
cérebro e a interação social.
• Características de família, como nível socioeconômico, uso da língua adulta e
responsividade materna afetam o desenvolvimento do vocabulário da criança.
• Crianças que ouvem duas línguas em casa geralmente aprendem ambas no mesmo
ritmo que crianças que ouvem apenas uma língua, e sabem utilizar cada uma delas
na circunstância apropriada.
• A fala dirigida à criança (FDC) parece trazer benefícios cognitivos, emocionais e
sociais, e os bebês demonstram preferência por ela. Entretanto, alguns
pesquisadores questionam esse valor.
• Ler em voz alta para uma criança desde os primeiros meses ajuda a preparar o
caminho para o letramento.
A primeira infância, em especial os 3 primeiros anos de vida (chamados de primeiríssima
infância), é o período em que a arquitetura do cérebro está se formando.

As experiências vividas pela criança nesse período têm um impacto importante e


duradouro no seu desenvolvimento, podendo formar uma base cerebral forte ou frágil
para a aprendizagem, o comportamento e a saúde, ao longo da vida. Os fatores
genéticos contribuem no caminho do desenvolvimento, mas as experiências
(principalmente as experiências de 0 a 3 anos de vida) podem modificar alguns traços
herdados geneticamente.

Apesar da plasticidade cerebral, ou seja, da capacidade do cérebro para ser modificado,


permanecer pela vida toda, é na primeiríssima infância que ela acontece com maior
velocidade e intensidade. Vivenciar experiências positivas na primeira infância influencia
na formação de uma arquitetura cerebral mais apta para superar dificuldades.

Essas experiências positivas e a consequente melhor estruturação cerebral preparam a


criança para ter maior sucesso na alfabetização, para desenvolver mais habilidades ao
longo da vida, para ser mais saudável, mais madura emocionalmente, etc.
Os bebês constroem conhecimento agindo sobre os objetos. Depois expandem
seu conhecimento correlacionando o novo com o que já sabem e, por fim,
apropriam-se do conhecimento pela prática (repetição).
Para que o cérebro da criança se desenvolva com qualidade, ela precisa de três
tipos de experiências ou vivências básicas e integradas: as sensoriais, as
emocionais e as motoras.
O cérebro precisa dos estímulos sensoriais porque tudo chega a ele através dos
sentidos. Portanto, para desenvolver o cérebro é fundamental pensar na
qualidade e variedade das informações para o tato, o olfato, a audição, o
paladar e a visão. Já o vínculo afetivo é essencial tanto para proporcionar
segurança quanto para motivar a criança em sua adaptação ao novo ambiente.
Integrado a esses componentes sensório-emocionais, a criança precisa do
movimento, não só para aprender a utilizar o corpo, mas também porque o
aprendizado na primeira infância ocorre principalmente por meio das
experiências concretas com o mundo.
Além disto, para a promoção do desenvolvimento integral, uma boa qualidade
de sono e uma alimentação adequada também são essenciais.
Referências Bibliográficas:

● BEE H. A Criança em Desenvolvimento. 11ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.

● PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed,

2000.

● KALLO, E.; BALOG, G. As origens do brincar livre. São Paulo: Omnisciência, 2017.

● Projeto pela Primeira Infância. O crescimento e o desenvolvimento dos 0 aos 5 anos. Disponível em:

http://www.projetoprimeirainfancia.com.br/wp-content/uploads/2020/05/Apostila02_web.pdf

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