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TEORIAS NEUROPSICOLOGICAS:

FUNÇÕES EXECUTIVAS E
LINGUAGEM

LÍVIA FERREIRA SANTANA-


PEDAGOGA/PSICOPEDAGOGA
Teorias Neuropsicológicas

Em testes realizados por Hermelin e O'Connor (1970), concluíram que


crianças TEA mostravam déficits cognitivos específicos, tais como:

• problemas na percepção de ordem e significado;

• dificuldades em usar input sensorial interno(capacidade para


selecionar, adquirir, classificar e integrar as informações) para fazer
discriminações na ausência de feedback de respostas motoras;

• tendência a armazenar a informação visual, utilizando um código


visual, enquanto as crianças com desenvolvimento normal usavam
códigos verbais e/ou auditivos.
Funções executivas e autismo

Função executiva: são um conjunto de habilidades


necessárias para o controle de nossa saúde mental e
vida funcional. Permite que o sujeito organize e
estruture seu ambiente.

Há uma hipótese de comprometimento da função


executiva em pessoas com autismo.
Funções executivas

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/692076667717921858/?lp=true
A linguagem e as Funções executivas

A linguagem foi apontada como um componente relacionado a


essas funções, primeiramente por Luria (1966) e,
posteriormente, por Vygotsky (1998a, 1998b), e esta atuação é
mantida em alguns modelos atuais de FEs (Baddeley, 2007;
Fuster, 1997, 2004).
Na visão de Luria

Segundo Luria (1966), todos os processos mentais conscientes


que governam as ações humanas envolvem a participação do
sistema de comunicação verbal e estão, de fato, sob seu
domínio. Portanto, os processos mentais (o que inclui as
funções executivas) são guiados pela linguagem.
Funções executivas e linguagem

Habilidades Atenção
Memória visuoespaciais compartilhada

Sistema
simbólico

Linguagem
Memória

Memória de trabalho: Realiza as tarefas cognitivas


difíceis como a compreensão da linguagem, a leitura, a
aprendizagem ou o raciocínio. Esta é habilidade
cognitiva que lida com vários pedaços de informação
simultaneamente, como somar números ou escolher
palavras que rimam. A memória de trabalho é o alicerce
da aprendizagem, pois determina a capacidade de
processar informação, seguir instruções e acompanhar
as atividades em sala de aula.
Memória de trabalho

Decorar números e
Curto nomes, além de reter a
prazo aparência de objetos e de
faces por alguns minutos.

Memória e
aprendizagem
Retém de forma definitiva a
informação, permitindo sua
Longo recuperação ou evocação. Nela
prazo estão contidos todos os nossos
dados autobiográficos e todo
nosso conhecimento.

As novas informações recebidas pelo nosso cérebro deve ocorrer de forma


gradual, com poucas informações por vez. Ela só sustenta quando utilizamos.
Esquema
Estruturas
A memória de trabalho é formada por três subsistemas subordinados
a uma central executiva, responsável pelo processamento das
atividades cognitivas e controle da atenção.

Alça fonológica: recebe


codifica informações verbais
e acústicas
Retentor episódico: Lida com
informação temporal
(fundamental para registrar
acontecimentos). Fornece espaço Esboço vísuo- espacial:
para sustentar as informações que lida com
trazidas da memória de longo informações espaciais e
prazo. Permite a integração da visuais
informação de diferentes tipos
como visuais, fonológicas,
espaciais.
Função Executiva Central

Segundo Baddeley a função executiva central relaciona-se


com a linguagem por meio da alça fonológica. Esta é ativada
sempre que há demanda auditiva (como na fala, por
exemplo). Já o bloco visuoespacial é necessário para o
processamento de informações visuais (figuras, localização de
objetos).
Alterações na Memória de Trabalho

A alteração nessas áreas pode causar diversas dificuldades


cognitivas e comportamentais no que diz respeito ao
planejamento e execução de tarefas. Surgem
comportamentos rígidos e inflexíveis, alterações de raciocínio,
pensamento concreto e dificuldades em tarefas cotidianas
(BOSA, 2001).
Habilidades Visuoespaciais e Aprendizagem

O que são?

• Prever distâncias
• Orientação
• Busca visual
• Identificação de formas
• Descrição do espaço
• Formação de imagens mentais
• Entender relações espaciais
Habilidades Visuoespaciais e
Aprendizagem

A capacidade de utilizar as relações espaciais é um aspecto


importante do pensamento humano. E elas podem ser
classificadas de diversas formas.

➢Representação espacial
➢Percepção espacial
➢Rotação mental
➢Navegação espacial
➢Formação de imagens mentais
Como são classificadas as representações de
espaço?
Objetos ou eventos, vistos de um ângulo particular,
com detalhes de uma certa instância do objeto ou
evento. Modelos mentais são representações
analógicas, um tanto quanto abstraídas, de
conceitos, objetos ou eventos que são espacial e
temporalmente análogos a impressões sensoriais,
mas que podem ser vistos de qualquer ângulo (e aí
temos imagens) e que, em geral, não retêm aspectos
distintivos de uma dada instância de um objeto ou
evento.
Nesses casos,
devemos considerar a
distância, o
posicionamento e a
dimensão de outros
objetos em relação a
nós mesmos. Mesmo
quando queremos ir a
algum lugar que não
conhecemos, temos
que nos orientar e
isso implica usarmos
essa habilidade
cognitiva.
Salvador, Larissa. Introdução a Neuropsicologia
Rotação mental
• É a habilidade de imaginar como um objeto estaria se ele
aparecesse em outra posição.

Fonte:http://www.enscer.com.br/pesquisas/tec
nica/eeg/eeg.html

Fonte: http://design-ergonomia.blogspot.com/2007/06/ver-sem-ver.html
Exemplo
Suponhamos os seguintes enunciados:
Temos três frutas: banana, maçã e laranja. Descubra o posicionamento delas.
• A banana está à esquerda da laranja.
• A maçã está à esquerda da laranja.

Fonte:http://www.inf.ufsc.br/~edla.ramos/infoedu/alunos/alunos99/trabfinal/RepresentacoesMentais.h
tm

Podemos concluir que temos duas situações: na primeira a maçã está entre a banana
e a laranja e na outra a maçã está à esquerda da banana
Navegação espacial

• Envolve julgamentos de respostas dinâmicas sobre estimação de


tempo, velocidade, dentre outros.

• A avaliação dessa habilidade pode ser feita através de tarefas de vida


diária como:

➢Atravessar a rua
➢Estimar a velocidade de aproximação de um carro
➢Estimar o tempo que se leva para chegar à escola
Autismo e espacialidade

Amorim (2008) defende a ideia que no autismo,


haveria uma alteração no processamento da
informação em vários níveis (percepto, viso espacial
e semântico verbal) que resultaria em um
processamento centrado em detalhes em detrimento
ao contexto global, o que explicaria a preocupação
do autista com partes e sua resistência a mudanças.
Atenção compartilhada

Entende-se por atenção compartilhada, a habilidade


em coordenar a atenção entre uma pessoa e o
objeto, engajando-se em uma mesma atividade com
o outro, com a finalidade de compartilhamento de
experiências.

Para detê-la devemos falar sobre o objeto em que a


criança está focada, ao invés de constantemente
tentar redirecionar a atenção da criança para aquilo
que o adulto quer que ela veja e aprenda.
Aquisição da linguagem

A aquisição da linguagem intriga pesquisadores há várias décadas e foi


estudada em diferentes perspectivas teóricas.

A linguagem é um comportamento verbal que


Skinner
poderia ser aprendida por meio do contato social

A linguagem seria a expressão da função simbólica


Piaget subjacente, estreitamente relacionada ao pensamento. A
linguagem e o pensamento são necessários, mas não
determinantes para que o pensamento se torne possível.
Aquisição da linguagem

O desenvolvimento do sistema simbólico ou da


linguagem representa a construção sobre a qual
Vygotsky todas as demais funções cognitivas estão
alicerçadas, tais como planejamento, raciocínio,
memória, capacidade de avaliar opções e realizar
escolhas, entre outras. Segundo essa perspectiva,
pode-se concluir que prejuízos na capacidade
simbólica necessária à linguagem gerariam
dificuldades na coordenação da ação intencional.
Signos externos e signos internos

Durante os primeiros estágios do desenvolvimento,


as ações infantis apoiam-se no uso de sinais
evocativos exteriores, denominados signos externos.
Posteriormente, no curso do desenvolvimento, a
criança passa por um processo de internalização, em
que os signos externos são gradualmente
substituídos por signos internos, gerando a base
para a capacidade representacional.
Signos

O signo permite a criança se conectar a dimensões


espaçotemporais cada vez mais distantes do
momento presente. A imitar na ausência do modelo.

Quanto mais próxima de chegar a conseguir se


integrar suas representações em todos reversíveis
mais ela agiliza as suas trocas com o meio de forma
lógica.
Manifestações simbólicas

Cada vez mais a criança vai precisar especializar os gestos,


sinais, para produzir no ambiente a mudança desejada,
criando assim uma linguagem gestual.

A criança repete muito os gestos que aprende para


internalizar as ações, pouco a pouco a prende a organizar
as organizações imagéticas e verbais.

As grandes categorias do real, espaço, tempo, objeto e


causalidade são esboçadas através da ação prática, que
ainda não compreende o mundo, mas consegue o que
quer através das suas ações.
Imitação por gestos
Manifestações simbólicas

A criança através da formação e utilização das diversas


manifestações simbólicas-linguagem, imagem,
brincadeira, desenhos, imitação, fabulação- Adquire
condições de, gradativamente ir se percebendo como
alguém que constrói a própria história de vida.
Reprodução de histórias do seu
cotidiano
Manifestações simbólicas

Essa consciência elementar de si mesmo se inicia


através das primeiras brincadeiras simbólicas através
do corpo como a manifestação gestual que com o
tempo se torna evocativas.

A verbalização se transporta cada vez mais à situação


imaginada. Por isso, a importância da representação
simbólica.
Manifestações simbólicas

Quando a criança percebe que o contexto em que vive


se conserva, ele confia mais. Essa é a importância de
uma rotina, de apresentar as mesmas musicas na hora
de dormir ou comer. Ela internaliza o que é vivido.
Linguagem e o pensamento: Funções
semióticas e o aprendizado

Começa a aprender a lidar com


internalização da ação, através das
2 ano de vida
situações vividas em imagens mentais, ou
palavras que representam o objeto

A criança começa a aprender a lidar com as suas


Até os 6 anos representações, numa combinatória crescente e
complementar entre imagens , lembranças e
palavras

Quanto mais a criança organiza de forma sistemática e consciente suas


representações (verbais ou magnéticas), mais caminha para o período operatório
e vem a compreender sistemas simbólicos, como escrita e o numero.
Relações entre intencionalidade, linguagem e
funções executivas

Durante esse desenvolvimento, a comunicação não verbal


anteriormente desenvolvida por meio de expressões faciais e
corporais, gestos e sons dá lugar à comunicação verbal ou
coexiste com ela. A criança aprende que os sons, as palavras e
os símbolos possuem significados próprios e passa a operar
com representações. Futuramente, a capacidade simbólica e
representacional fundará as bases para uma ação cada vez
mais reflexiva e mais consciente, chegando à capacidade
metarrepresentacional e metacognitiva.
Perspectiva sociointeracionista da linguagem

A capacidade de apreender e simbolizar o mundo, atenção,


memória, orientação, comunicação receptiva e expressiva,
considerando o processo sócio histórico, que preconiza
Vygotsky.
Prova Escrita realizada por uma criança autista
Dica de leitura
Artigo:
• A linguagem e o pensamento: Função Semiótica e relações com o aprendizado.
Autoras: Noeli Reck Maggi e Renata Santos de Moraes
• Interfaces entre função executiva, linguagem e intencionalidade

Livros:
• Avaliação psicopedagógica da criança de zero a seis anos
• Orgs. Nadia Bossa, Vera Barros
Por Leda Maria Codeço Barone (Autor), Maria Célia Malta Campos (Autor), Elsa L.G.
Antunha (Autor), Rosa Maria Macedo (Autor), Suelly Cecília Olivan Limongi (Autor),
Marina Pereira Gomes (Autor)

• Avaliação psicopedagógica da criança de sete a onze anos


• Orgs. Nadia Bossa, Vera Barros
• por Leda Maria Codeço Barone (Autor), Walter Trinca (Autor), Maria Lúcia Leme
Weiss (Autor), Elsa L.G. Antunha (Autor), Suelly Cecília Olivan Limongi (Autor),
Roxane Helena Rodrigues Rojo (Autor)
Dica de Vídeos
https://www.youtube.com/watch?v=rjQk7njrZ3Y publicado por didatics

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