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Bases neurobiológicas da linguagem

Os recentes avanços nas técnicas de registro de neuroimagens


permitem a investigação das bases neurobiológicas da linguagem e
dos efeitos de fatores genéticos e ambientais sobre a organização
neural para a aquisição da linguagem nas crianças.

Esses métodos têm sido cada vez mais utilizados para caracterizar
o curso temporal do desenvolvimento de diferentes subsistemas de
linguagem, e para examinar com maior precisão os efeitos da
experiência linguística, e os momentos em que esses efeitos
ocorrem, sobre o desenvolvimento de diferentes funções da
linguagem e sobre os mecanismos neurais que mediam esses
subsistemas.
• O sistema da linguagem tem uma complexidade que envolve a
rede de neurônios distribuída entre várias regiões cerebrais.
• Em contato com os sons do ambiente, a fala inclui múltiplos sons
que ocorrem simultaneamente, em várias frequências e com
rápidas transições entre estas.

• O ouvido tem de sintonizar este sinal auditivo complexo,


decodificá-lo e transformá-lo em impulsos elétricos, os quais são
conduzidos por células nervosas à área auditiva do córtex cerebral,
no lobo temporal.
• Este reelabora os impulsos, transmite-os às áreas da linguagem e
armazena a versão do sinal acústico por certo período de tempo.
AREA DE BROCA
Paul Broca descobriu a ligação entre a fala e uma região
específica do cérebro ao fazer, em 1861, a autópsia de M.
Leborgne, um paciente do hospital de Bicêtre, que não tinha
nenhuma paralisia física e compreendia a linguagem, mas era
incapaz de falar qualquer coisa além de tan.
• AREA DE WERNICKE
• Em 1874, o neurologista alemão Carl Wernicke (1848-1905)
descobriu uma área similar à área de Broca no lobo temporal
esquerdo que, quando lesionada, também ocasionaria déficit
sensorial na linguagem. Isto é, o paciente seria incapaz de reconhecer
palavras faladas, mesmo se a audição es vesse intacta.
• LINGUAGEM ÁREA DE WERNICKE ÁREA QUE COORDENA INTERAÇÕES
RECÍPROCAS ENTRE AS REPRESENTAÇÕES SENSORIAIS DAS PALAVRAS
E SEU SIGNIFICADO
• • Importante para compreender o que os outros dizem
• • Lesões nesta área implicam em perturbações na compreensão da
linguagem (“surdez verbal”)
• Diferenças entre Fala, Linguagem e comunicação

Antes de mais nada é preciso entender que esses três


componentes estão fortemente ligados entre si e que uma criança
pode apresentar dificuldades com apenas um deles.
• A fala é o ato motor que permite a transmissão de sons, palavras
e frases. Seu desenvolvimento pode ser afetado por alguns
fatores, como alterações na percepção do som (no caso da
surdez) ou por problemas estruturais ou motores que atingem os
órgãos que produzem o som.

• A fala é o canal que viabiliza a expressão da linguagem e


corresponde à realização motora da linguagem. Em outras
palavras, a linguagem significa trocar informações (receber e
transmitir) de forma efetiva, enquanto que a fala refere-se
basicamente à maneira de articular os sons na palavra
(incluindo a produção vocal e a fluência).
Linguagem é o sistema simbólico usado para representar os
significados em uma cultura, abrangendo seis componentes:

o Fonologia (sons da língua),


o Prosódia (entonação),
o Sintaxe (organização das palavras na frase),
o Morfologia (formação e classificação das palavras),
o Semântica (vocabulário)
o Pragmática (uso da linguagem).
PRAGMÁTICA Uso comunica vo da linguagem num contexto social
SEMÂNTICO Signo linguís co, as palavras e seu significado
FONOLóGICO Percepção e produção de sons para formar palavras
MORFOSSINTÁTICO Regras sintá cas e morfológicas para combinar
palavras em frases compreensíveis
Desenvolvimento Pragmático

• Intenção comunica va;


• Habilidade em usar a língua em diferentes contextos;
• Envolve aspectos não verbais, sociais e ambientais;
• Envolve com quem queremos comunicar, o que vamos comunicar e
como comunicar.
Pragmática abrange:

oUso espontâneo da linguagem;


o Atos da fala;
oFunções comunicativas;
oUso de pistas não verbais;
oInclusão de informações quando o ouvinte não compreende;
oTroca de turnos com o ouvinte;
oFluência das mensagens.
Desenvolvimento Semântico

• 1ª habilidade linguística a se manifestar na oralidade e


depende da capacidade de representação simbólica;
• Está ligada a fatores cognitivos: elaboração do pensamento,
formulação de ideias...
• Envolve a compreensão do significado das palavras, frases e
enunciados e possibilita o uso apropriado das palavras no
momento da fala.
Desenvolvimento Semântico

• Inicia-se com o aprendizado de objetos, depois ações e, em


seguida, vocábulos usados para qualificar os anteriores;
• O domínio da linguagem figurada surge em uma fase mais
tardia.

(Oliveira e Britto & Taitson, 2005)


Desenvolvimento Morfossintático

• Conhecimento da organização formal do seu sistema


linguístico, constitui um dos fundamentos da linguística;
• Refere-se a organização estrutural da linguagem, incluindo os
conceitos de morfologia (que trata das formas das palavras) e
de sintaxe (que estuda as funções).
Desenvolvimento Fonológico
• Ocorre de forma grada va até aproximadamente os 7 anos;
• O início está relacionado aos primeiros sons e combinações de sons
produzidos pela criança;
• A medida que vai evoluindo e desenvolvendo a linguagem oral, vai se
apropriando dos diferentes fonemas da língua;
• A fase de maior expansão é dos 1:6 ano e 4:0 anos. Este período é
caracterizado pela ocorrência de omissões, subs tuições e processos
fonológicos;
• Dos 4:0 anos aos 7:0 anos ocorre a estabilização do sistema
fonológico.
Desenvolvimento de Fala
e Linguagem

O a 5 anos
Desenvolvimento Infan l

O a 6 meses

- Vocalizações (repe ções de vogais e sons guturais) não linguís cas. Essas produções têm pouca influência da
língua-mãe.

- Sorriso reflexo.

- Movimentos corporais bruscos ou acorda ao ouvir es mulo sonoro.


-Aquieta-se com a voz da mãe.
- Procura fonte sonora com movimentos oculares.

- A fase de lalação aparece por volta dos 3 a 4 meses e se dis ngue por sua fonação lúdica. A criança sente prazer
em balbuciar (brincar com os órgãos fono-ar culatórios).
6 a 9 meses

As vocalizações começam a adquirir algumas caracterís cas de linguagem, ou seja, entonação, ritmo e
inicia-se a modulação de ressonância.

Começa a voltar à cabeça em direção a um som lateral e próximo.

Pré-conversação. A criança vocaliza principalmente durante os intervalos em que é deixada livre pelo
adulto, e também encurta suas vocalizações para dar lugar às respostas do adulto.

Responde quando chamada.


Repete sons para escutá-los.
9 a 12 meses

- Localiza diretamente a fonte sonora para baixo.


- Reage paralisando a a vidade quando a mãe fala "não".
- Vocaliza na presença de música.

Compreende algumas palavras familiares, por ex.: “mamãe, “papai”, “nenꔓ.


- Compreende ordens simples, por ex.: "bate palmas" e dar "tchau".
- Vocalizações mais precisas e melhor controladas quanto à altura tonal e à intensidade. Agrupa sons e sílabas
repe das a vontade.

Pede, recebe objetos e oferece-os de volta.

Usa gestos indica vos.

Surge a primeira palavra, muitas vezes não inteligível.


12 A 18 meses

Surgem as primeiras palavras funcionais que, em geral, se dá um prolongamento semân co, por ex.: chama
"cachorro" a todos os animais.
Crescimento quan ta vo de compreensão e produção de palavras.

Localiza fonte sonora indiretamente para cima.


Gosta de música.
Compreende verbos que representam ações concretas (dá, acabou, quer).
Iden fica objetos familiares através de nomeação.

Iden fica parte do corpo em si mesma.

U liza-se de palavra-frase (usa uma palavra que corresponde a um enunciado completo).

Repete palavras familiares.

Tenta contar.
18 a 24 meses

- Surgimento de frases de dois elementos.

- Localiza fonte sonora em todas as direções.

Presta atenção e compreende histórias.


- Iden fica parte do corpo no outro.

- Inicia o uso de frases simples.

Usa gesto representante.

- Usa o próprio nome.


2 a 3 anos

Iniciam-se sequências de três elementos, por ex.: "nenê come pão" (fala telegráfica).
Aponta gravura de objeto familiar descrito por seu uso.

Iden fica objetos familiares pelo nome e uso.


Aponta cores primárias quando nomeadas (vermelho, azul, amarelo...)
Compreende o "Onde?" "Como?"
Pergunta o que?

Nomeia ações representadas por figuras.

Refere-se a si mesmo na 3ª pessoa.

Combina objetos semelhantes.

Cons tui frase grama cal simples (com verbos, preposições, adje vos e advérbio de lugar).
Por volta dos 4 anos

Manter uma conversa.

Conseguir lembrar situações passadas e contar histórias simples, por exemplo, o que fez na escola, o que
comeu, quem encontrou na rua, etc.
Gostar de brincar em grupo, de imitar personagens e brincar de faz-de-conta.

Conseguir contar histórias como narrador.

Aumenta a complexidade das regras dos jogos.


Aos 5 anos

a criança deve ser capaz de pronunciar, de forma adequada, todos os fonemas.


Os diálogos e as histórias são contados com detalhes, com noção de tempero e espaço.

Ter noção temporal. Ex: amanhã, ontem, hoje, antes, depois, dias da semana, manhã, tarde, noite, primeiro,
segundo, terceiro...

Iden ficar letras do próprio nome.


Conhecer os números.

Manter uma conversa.


Falar as palavras corretamente.

Gostar dos amigos e de brincar de faz de conta. Ex: super-herói.

Interessar-se pela leitura e escrita.


Contar histórias com mais detalhes
Linguagem e Autismo
Crianças com autismo muitas vezes são não são capazes de
expressar verbalmente sentimentos, pensamentos e
necessidades, sua luta para comunicar até mesmo as
necessidades mais básicas, através de modos verbais ou não
verbais, pode ser frustrante para elas, e para a família e
cuidadores.

(Lal; Sanghvi, 2015)


• Estima se que 30% das pessoas com autismo não desenvolve
a fala articulada ou uma fala que seja funcional.
• As crianças dentro do Transtorno do Espectro Autista podem
sofrer danos significativos no desenvolvimento global, em
razão dos problemas que afetam sua linguagem.
Transtornos que podem afetar a fala

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