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SUMÁRIO

1. EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR ................................. 2

2. UMA ESCOLA PARA TODOS ................................................................. 5

3. INTEGRAÇÃO ......................................................................................... 7

4. AEE- ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO ................... 20

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 21

LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................... 23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 51


1. EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR

Fonte: nova-escola-producao.s3.amazonaws.com

A Constituição Federal, através do artigo 205, garante o direito à educação a todos os


indivíduos. Quando a constituição se refere ao termo “todos os indivíduos”, subtende-
se que não há distinção. No artigo 206 é ressaltada a igualdade de condições para
acesso e permanência na escola. Observa-se então que, a constituição garante a to-
dos o direito de a educação sem distinção de raça, sexo, cor, origem ou deficiência.
Fica claro que não é permitido nenhum tipo de discriminação ou impedimento da ma-
trícula do indivíduo com deficiência na rede regular de ensino.
A Conferência Mundial em Educação Especial, organizada pelo governo da Es-
panha na cidade de Salamanca, em cooperação com a UNESCO, em 1994, ressalta
que o direito de cada criança a educação é proclamado na Declaração Universal de
Direitos Humanos e foi fortemente reafirmado pela Declaração Mundial Sobre Educa-
ção para Todos. Na Declaração de Salamanca ficou estabelecido que:

Toda criança tem direito fundamental a educação, e deve ser dada a oportu-
nidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem” e “toda criança
possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendiza-
gens que são únicas. Qualquer pessoa portadora de deficiência tem o direito
de expressar seus desejos com relação á sua educação, tanto quanto estes
possam ser realizados. Pais possuem o direito inerente de serem consultados
sobre a forma de educação mais apropriada às necessidades, circunstâncias
e aspirações de suas crianças. (MEC/SEESP, 2006:33)
A inclusão requer mais que integração, mas respeito à individualidade de cada
um, considerando as necessidades e desejos apresentados pelo indivíduo com defi-
ciência e a opinião da família em relação ao sujeito incluído.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB
9.394/96), o Atendimento Educacional Especializado, Assegurado no artigo 58,

§ 1º e § 2º, ressalta que:


7§ 1º. Haverá, quando necessário, serviço de apoio especializado, na escola
regular, para atender as peculiaridades da clientela de Educação Especial.
§ 2º. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alu-
nos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.
(LDB 9.394/96).

O artigo da LDB assegura o serviço de apoio especializado, ou atendimento


educacional especializado, aos indivíduos com deficiência sempre que for necessário
para atender as necessidades de cada aluno. Quando não for possível a integração
do aluno nas classes comuns de ensino regular, poderá ocorrer o atendimento edu-
cacional através do serviço de apoio especializado.
A lei Nº 10.845, de 5 de março de 2004, institui o programa de Complementação
ao Atendimento Educacional Especializado às pessoas com Deficiência e ressalta no
artigo 1º que:

Fica instituído, no âmbito do Fundo Nacional de desenvolvimento da Educa-


ção – FND, programa de complementação ao Atendimento Educacional Es-
pecializado às Pessoas Portadoras de deficiências – PAED, em cumprimento
do disposto no inciso III do artigo 208 da Constituição, com os seguintes ob-
jetivos:
I – Garantir a universalização do atendimento especializado de educandos
portadores de deficiência cuja situação não permita a integração em classes
comuns de ensino regular;
II – Garantir, progressivamente, a inserção dos educandos portadores de de-
ficiência nas classes comuns de ensino regular. ” (MEC/SEESP, 2006: 190).

A lei citada destaca a necessidade de garantir às crianças com necessidades


especiais nas escolas inclusivas, apoio e suporte extra que assegurem uma educação
efetiva evitando-se o encaminhamento dessas crianças a escolas, classes ou seções
permanentes de Educação Especial, salvo exceções, quando há incapacidade de o
aluno frequentar a classe regular de ensino.
Há estruturas de ação em Educação Especial, adotadas pela Conferência Mun-
dial em Educação Especial, que se compõe de aspectos que visam à implementação
de políticas, recomendações e ações governamentais que visão aspectos de melhoria
para a Educação Especial, dentre eles estão incluídos os serviços externos de apoio
à Educação Especial.
De acordo com a LDB (artigo 58), existe a possibilidade do Atendimento Edu-
cacional Especializado, ocorrer fora do ambiente escolar, entretanto, o ensino regular
não deve ser substituído, e sim, apoiado através de intervenções que visem o apren-
dizado e o desenvolvimento do aluno. A importância do apoio ou suporte ao professor
que possui em sala de aula um aluno com deficiência é percebida através da dificul-
dade que o educador apresenta em alfabetizar esse aluno, visto que, normalmente as
salas de aula do ensino regular público, onde a inclusão ocorre de forma mais efetiva,
normalmente apresentam problemas de superlotação. Tal fato impossibilita o profes-
sor de desenvolver com este aluno, um trabalho mais específico que atenda suas reais
necessidades.

Para crianças com necessidades educacionais especiais uma rede contínua


de apoio deveria ser providenciada, com variação desde a ajuda mínima na
classe regular até programas adicionais de apoio à aprendizagem dentro da
escola e expandindo, conforme necessário, à provisão de assistência dada
por professores especializados e pessoal de apoio externo. (MEC/SEESP,
2006:335)

O despreparo e o medo do desconhecido ainda pairam sobre as salas de aula


frente à inclusão. Incluir um aluno na escola regular vai muito além de permitir a fre-
quência e participação do mesmo nas aulas sem dá-lo condições para aprender. A
inclusão requer participação ativa no processo de ensino e aprendizagem, socializa-
ção e vivência. Para que isto ocorra de forma efetiva é necessário que a escola se
organize funcionalmente e estruturalmente para receber este aluno e incluí-lo. O cur-
rículo deve ser adaptado às necessidades dos alunos, promovendo oportunidades
que se adéquem as habilidades e interesses diferenciado na intenção de promover a
inclusão de todos.
A Educação Especial deve fazer parte do cotidiano da escola, abrangendo a
educação básica e o ensino superior, na intenção de garantir aos alunos que neces-
sitem de apoio especializado e de intervenção pedagógica adequada, uma maior efi-
ciência no processo de ensino e aprendizagem, dentro do contexto no qual está inse-
rido.
2. UMA ESCOLA PARA TODOS

Fonte: jornalhoje.inf.br

O movimento nacional para incluir todas as crianças na escola e o ideal de uma


escola para todos vêm dando novo rumo às expectativas educacionais para os alunos
com necessidades especiais.
Esses movimentos evidenciam grande impulso desde a década de 90 no que
se refere à colocação de alunos com deficiência na rede regular de ensino e têm avan-
çado aceleradamente em alguns países desenvolvidos, constatando-se que a inclu-
são bem-sucedida desses educandos requer um sistema educacional diferente do
atualmente disponível. Implicam a inserção de todos, sem distinção de condições lin-
guísticas, sensoriais, cognitivas, físicas, emocionais, étnicas, socioeconômicas ou ou-
tras e requer sistemas educacionais planejados e organizados que deem conta da
diversidade dos alunos e ofereçam respostas adequadas às suas características e
necessidades.
A inclusão escolar constitui, portanto, uma proposta politicamente correta que
representa valores simbólicos importantes, condizentes com a igualdade de direitos e
de oportunidades educacionais para todos, em um ambiente educacional favorável.
Impõe-se como uma perspectiva a ser pesquisada e experimentada na realidade bra-
sileira, reconhecidamente ampla e diversificada.
Ao pensar a implementação imediata do modelo de educação inclusiva nos sis-
temas educacionais de todo o país (nos estados e municípios), há que se contemplar
alguns de seus pressupostos. Que professor o modelo inclusivista prevê? O professor
especializado em todos os alunos, inclusive nos que apresentam deficiências?
O plano teórico-ideológico da escola inclusiva requer a superação dos obstá-
culos impostos pelas limitações do sistema regular de ensino. Seu ideário defronta-se
com dificuldades operacionais e pragmáticas reais e presentes, como recursos huma-
nos, pedagógicos e físicos ainda não contemplados nesse Brasil afora, mesmo nos
grandes centros. Essas condições, a serem plenamente conquistadas em futuro re-
moto, supõe-se, são exequíveis na atualidade, em condições restritamente específi-
cas de programas-modelos ou experimentais.
O que se afigura de maneira mais expressiva ao se pensar na viabilidade do
modelo de escola inclusiva para todo o país no momento, é a situação dos recursos
humanos, especificamente dos professores das classes regulares, que precisam ser
efetivamente capacitados para transformar sua prática educativa. A formação e a ca-
pacitação docente impõem-se como meta principal a ser alcançada na concretização
do sistema educacional que inclua todos, verdadeiramente.
É indiscutível a dificuldade de efetuar mudanças, ainda mais quando implicam
novos desafios e inquestionáveis demandas socioculturais. O que se pretende, numa
fase de transição onde os avanços são inquietamente almejados, é o enfrentamento
desses desafios mantendo-se a continuidade entre as práticas passadas e os presen-
tes, vislumbrando o porvir; é procurar manter o equilíbrio cuidadoso entre o que existe
e as mudanças que se propõem.
Observe-se a legislação atual. Quando se preconiza, para o aluno com neces-
sidades especiais, o atendimento educacional especializado preferencialmente na
rede regular de ensino, evidencia-se uma clara opção pela política de integração no
texto da lei, não devendo a integração – seja como política ou como princípio nortea-
dor – ser penalizada em decorrência dos erros que têm sido identificados na sua ope-
racionalização nas últimas décadas.
3. INTEGRAÇÃO

O êxito da integração escolar depende, dentre outros fatores, da eficiência no


atendimento à diversidade da população estudantil. Como atender a essa diversi-
dade? Sem pretender respostas conclusivas, sugere-se estas, dentre outras medidas:
elaborar propostas pedagógicas baseadas na interação com os alunos, desde a con-
cepção dos objetivos; reconhecer todos os tipos de capacidades presentes na escola;
sequenciar conteúdos e adequá-los aos diferentes ritmos de aprendizagem dos edu-
candos; adotar metodologias diversas e motivadoras; avaliar os educandos numa
abordagem processual e emancipadora, em função do seu progresso e do que poderá
vir a conquistar.

Fonte: www.sematecsolucoes.com.br

Alguns educadores defendem que uma escola não precisa preparar-se para
garantir a inclusão de alunos com necessidades especiais, mas tornar-se preparada
como resultado do ingresso desses alunos. Indicam, portanto, a colocação imediata
de todos na escola. Entendem que o processo de inclusão é gradual, interativo e cul-
turalmente determinado, requerendo a participação do próprio aluno na construção do
ambiente escolar que lhe seja favorável. Embora os sistemas educacionais tenham a
intenção de realizar intervenções pedagógicas que propiciem às pessoas com neces-
sidades especiais uma melhor educação, sabe-se que a própria sociedade ainda não
alcançou níveis de integração que favoreçam essa expectativa.
Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada, devendo firmar
a convivência no contexto da diversidade humana, bem como aceitar e valorizar a
contribuição de cada um conforme suas condições pessoais.
A educação tem se destacado como um meio privilegiado de favorecer o pro-
cesso de inclusão social dos cidadãos, tendo como mediadora uma escola realmente
para todos, como instância sociocultural.
A prática escolar tem evidenciado o que pesquisas científicas vêm compro-
vando: os sistemas educacionais experimentam dificuldades para integrar o aluno
com necessidades especiais. Revelam os efeitos dificultadores de diversos fatores de
natureza familiar, institucionais e socioculturais.
A maioria dos sistemas educacionais ainda se baseiam na concepção médico-
psicopedagógico quanto à identificação e ao atendimento de alunos com necessida-
des especiais. Focaliza a deficiência como condição individual e minimiza a importân-
cia do fator social na origem e manutenção do estigma que cerca essa população
específica. Essa visão está na base de expectativas massificadas de desempenho
escolar dos alunos, sem flexibilidade curricular que contemple as diferenças individu-
ais.
Outras análises levam à constatação de que a própria escola regular tem difi-
cultado, para os alunos com necessidades especiais, as situações educacionais co-
muns propostas para os demais alunos. Direcionam a prática pedagógica para alter-
nativas exclusivamente especializadas, ou seja, para alunos com necessidades espe-
ciais, a resposta educacional adequada consiste em serviços e recursos especializa-
dos.
Tais circunstâncias apontam para a necessidade de uma escola transformada.
Requerem a mudança de sua visão atual. A educação eficaz supõe um projeto
pedagógico que enseje o acesso e a permanência – com êxito – do aluno no ambiente
escolar; que assume a diversidade dos educandos, de modo a contemplar as suas
necessidades e potencialidades. A forma convencional da prática pedagógica e do
exercício da ação docente é questionada, requerendo-se o aprimoramento perma-
nente do contexto educacional. Nessa perspectiva é que a escola virá a cumprir o seu
papel, viabilizando as finalidades da educação.
Em uma dimensão globalizada da escola e no bojo do seu projeto pedagógico,
a gestão escolar, os currículos, os conselhos escolares, a parceria com a comunidade
escolar e local, dentre outros, precisam ser revistos e redimensionados, para fazer
frente ao contexto da educação para todos. A lei nº 9.394 – de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – respalda, enseja e oferece elementos para a transformação re-
querida pela escola de modo que atenda aos princípios democráticos que a orientam.
A Educação Especial tem sido atualmente definida no Brasil segundo uma pers-
pectiva mais ampla, que ultrapassa a simples concepção de atendimentos especiali-
zados tal como vinha sendo a sua marca nos últimos tempos.

Fonte: www.observatoriodorecife.org.br/

Conforme define a nova LDB, trata-se de uma modalidade de educação esco-


lar, voltada para a formação do indivíduo, com vistas ao exercício da cidadania. Como
elemento integrante e indistinto do sistema educacional, realiza-se transversalmente,
em todos os níveis de ensino, nas instituições escolares, cujo projeto, organização e
prática pedagógica devem respeitar a diversidade dos alunos, a exigir diferenciações
nos atos pedagógicos que contemplem as necessidades educacionais de todos. Os
serviços educacionais especiais, embora diferenciados, não podem desenvolver-se
isoladamente, mas devem fazer parte de uma estratégia global de educação e visar
suas finalidades gerais.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais preconizam a atenção à diversidade da
comunidade escolar e baseiam-se no pressuposto de que a realização de adaptações
curriculares pode atender a necessidades particulares de aprendizagem dos alunos.
Consideram que a atenção à diversidade deve se concretizar em medidas que levam
em conta não só as capacidades intelectuais e os conhecimentos dos alunos, mas,
também, seus interesses e motivações.
A atenção à diversidade está focalizada no direito de acesso à escola e visa à
melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem para todos, irrestritamente, bem
como as perspectivas de desenvolvimento e socialização. A escola, nessa perspec-
tiva, busca consolidar o respeito às diferenças, conquanto não elogie a desigualdade.
As diferenças vistas não como obstáculos para o cumprimento da ação educativa,
mas, podendo e devendo ser fatores de enriquecimento.
A diversidade existente na comunidade escolar contempla uma ampla dimen-
são de características. Necessidades educacionais podem ser identificadas em diver-
sas situações representativas de dificuldades de aprendizagem, como decorrência de
condições individuais, econômicas ou socioculturais dos alunos:
Crianças com condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e sensoriais
diferenciadas;
Crianças com deficiência e bem-dotadas;
Crianças trabalhadoras ou que vivem nas ruas;
Crianças de populações distantes ou nômades;
Crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais;
Crianças de grupos desfavorecidos ou marginalizados.
A expressão necessidades educacionais especiais podem ser utilizadas para
referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capaci-
dade ou de suas dificuldades para aprender. Está associada, portanto, a dificuldades
de aprendizagem, não necessariamente vinculada a deficiências. O termo surgiu para
evitar os efeitos negativos de expressões utilizadas no contexto educacional – defici-
entes, excepcionais, subnormais, superdotados, infradotados, incapacitados etc. –
para referir-se aos alunos com altas habilidades/superdotação, aos portadores de de-
ficiências cognitivas, físicas, psíquicas e sensoriais. Tem o propósito de deslocar o
foco do aluno e direcioná-lo para as respostas educacionais que eles requerem, evi-
tando enfatizar os seus atributos ou condições pessoais que podem interferir na sua
aprendizagem e escolarização.
É uma forma de reconhecer que muitos alunos, sejam ou não portadores de
deficiências ou de superdotação, apresentam necessidades educacionais que pas-
sam a ser especiais quando exigem respostas específicas adequadas.

Fonte: www.piaui.pi.gov.br

O que se pretende resgatar com essa expressão é o seu caráter de funcionali-


dade, ou seja, o que qualquer aluno pode requerer do sistema educativo quando fre-
quenta a escola. Isso requer uma análise que busque verificar o que ocorre quando
se transforma as necessidades especiais de uma criança numa criança com necessi-
dades especiais. Com frequência, necessitar de atenção especial na escola pode re-
percutir no risco de tornar-se um portador de necessidades especiais. Não se trata de
mero jogo de palavras ou de conceitos.
Falar em necessidades educacionais especiais, portanto, deixa de ser pensar
nas dificuldades específicas dos alunos e passa a significar o que a escola pode fazer
para dar respostas às suas necessidades, de um modo geral, bem como aos que
apresentam necessidades específicas muito diferentes dos demais. Considera os alu-
nos, de um modo geral, como passíveis de necessitar, mesmo que temporariamente,
de atenção específica e poder requerer um tratamento diversificado dentro do mesmo
currículo. Não se nega o risco da discriminação, do preconceito e dos efeitos adversos
que podem decorrer dessa atenção especial. Em situação extrema, a diferença pode
conduzir à exclusão. Por culpa da diversidade ou de nossa dificuldade em lidar com
ela?
Nesse contexto, a ajuda pedagógica e os serviços educacionais, mesmo os
especializados – quando necessários – não devem restringir ou prejudicar os traba-
lhos que os alunos com necessidades especiais compartilham na sala de aula com os
demais colegas. Respeitar a atenção à diversidade e manter a ação pedagógica “nor-
mal” parece ser um desafio presente na integração dos alunos com maiores ou menos
acentuadas dificuldades para aprender.
Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e diversificadas, a
atual Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição de priorida-
des no que se refere ao atendimento especializado a ser oferecido na escola para
quem dele necessitar.
Nessa perspectiva, define como aluno portador de necessidades especiais
aquele que “... por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos
no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer re-
cursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas.” A classificação desses
alunos, para efeito de prioridade no atendimento educacional especializado (preferen-
cialmente na rede regular de ensino), consta da referida Política e dá ênfase a:
• portadores de deficiência mental, visual, auditiva, física e múltipla;
• portadores de condutas típicas (problemas de conduta);
• portadores de Superdotação.
A educação especial pode ser oferecida em instituições públicas ou particula-
res. As políticas recentes de educação especial têm indicado as seguintes situações
para a organização do atendimento:
• Integração plena na rede regular de ensino, com ou sem apoio em sala de
recursos.
• Classe especial em escola regular. Pelas dificuldades de integração dos alu-
nos em salas de ensino regular, algumas escolas optam pela organização de salas de
aula exclusivas ao atendimento de alunos com necessidades especiais.
• Escola especializada, destinada a atender os casos em que a educação inte-
grada não se apresenta como viável, seja pelas condições do aluno, seja pelas do
sistema de ensino.
A integração dos portadores de necessidades educativas especiais no sistema
de ensino regular é uma diretriz constitucional (art. 208, III), fazendo parte da política
governamental há pelo menos uma década. Mas, apesar desse relativamente longo
período, tal diretriz ainda não produziu a mudança necessária na realidade escolar,
de sorte que todas as crianças, jovens e adultos com necessidades especiais sejam
atendidos em escolas regulares, sempre que for recomendado pela avaliação e suas
condições pessoais.

Fonte: www.fireflyfriends.com

A concepção da política de integração da educação especial na rede regular


de ensino abrange duas vertentes fundamentais:
O âmbito social, a partir do reconhecimento das crianças, jovens e adultos es-
peciais como cidadãos e de seu direito de estarem integrados à sociedade o mais
plenamente possível;
O âmbito educacional, tanto nos aspectos administrativos (adequação do es-
paço escolar, de seus equipamentos e materiais pedagógicos) quanto na qualificação
dos professores e demais profissionais envolvidos. O ambiente escolar como um todo
deve ser sensibilizado para uma perfeita integração. Propõe-se uma escola integra-
dora, inclusiva, aberta à diversidade dos alunos, no que a participação da comunidade
é fator essencial.
Entre outras características dessa política, são importantes a flexibilidade e a
diversidade, quer porque o aspecto das necessidades especiais é variado, quer por-
que as realidades são bastante diversificadas no país. Quanto às escolas especiais,
a política de inclusão as reorienta para prestarem apoio aos programas de integração.
Enquanto modalidade de ensino, a educação especial deve seguir os mesmos
requisitos curriculares dos respectivos níveis de ensino aos quais está associada. No
entanto, de modo a considerar as especificidades dessa modalidade de ensino e au-
xiliar no processo de adaptação à nova política de integração, os sistemas de ensino
contam atualmente com o documento Adaptações curriculares. Esse documento de-
fine estratégias para a educação de alunos com necessidades educativas especiais e
orienta os sistemas de ensino para o processo de construção da educação na diver-
sidade.
Os currículos devem ter uma base nacional comum, conforme determinam os
arts. 26 e 27 da LDBEN, a ser suplementada e complementada por uma parte diver-
sificada, exigida, inclusive, pelas características dos alunos.
Em casos muito singulares, em que o educando com graves comprometimen-
tos mentais e/ou múltiplos não puder beneficiar-se de um currículo que inclua formal-
mente a base nacional comum, deverá ser proposto um currículo especial para aten-
der suas necessidades, com características amplas apresentadas pelo aluno.
O currículo especial – tanto na educação infantil como nas séries iniciais do
ensino fundamental – distingue-se pelo caráter funcional e pragmático das atividades
previstas.
Alunos com grave deficiência mental ou múltipla têm, na grande maioria das
vezes, um longo percurso educacional sem apresentar resultados de escolarização
previstos no Inciso I do art. 32 da LDBEN: «o desenvolvimento da capacidade de
aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cál-
culo».
Nesse caso, e esgotadas todas as possibilidades apontadas no art. 24 da
LDBEN, deve ser dada, a esses alunos, uma certificação de conclusão de escolari-
dade, denominada «terminalidade específica». Terminalidade específica, portanto, é
«uma certificação de conclusão de escolaridade, com histórico escolar que apresenta,
de forma descritiva, as habilidades atingidas pelos educandos cujas necessidades es-
peciais, oriundas de grave deficiência mental ou múltipla, não lhes permitem atingir o
nível de conhecimento exigido para a conclusão do ensino fundamental, respeitada a
legislação existente, esgotadas as possibilidades pontuadas no art. 24 da Lei n.º
9.394/96 e de acordo com o regimento e a proposta pedagógica da escola».

Fonte: nutrifilhos.com

A referida certificação de escolaridade deve possibilitar novas alternativas edu-


cacionais, tais como o encaminhamento para cursos de educação de jovens e adultos
e de preparação para o trabalho, cursos profissionalizantes e encaminhamento para
o mercado de trabalho competitivo ou não.
A educação especial para o trabalho é uma alternativa que visa à integração
do aluno com deficiência na vida em sociedade, a partir de ofertas de formação pro-
fissional. Efetiva-se por meio de adequação dos programas de preparação para o tra-
balho, de educação profissional, de forma a viabilizar o acesso das pessoas com ne-
cessidades educacionais especiais em cursos de nível básico, técnico e tecnológico,
possibilitando o acesso ao mercado formal ou informal. As adequações efetivam-se
por meio de:
Adaptação dos recursos instrucionais: material pedagógico, equipamento, cur-
rículo e outros.
Capacitação de recursos humanos: professores, instrutores e profissionais es-
pecializados.
Eliminação de barreiras arquitetônicas.
A educação especial para o trabalho pode ser realizada em escolas especiais,
governamentais ou não, em oficinas pré-profissionais ou oficinas profissionalizantes
(de forma protegida ou não), em escolas profissionais do sistema S (SESI, SENAI,
SENAC, etc.), em escolas agro técnicas e técnicas federais ou em centros federais de
educação tecnológica e em outras congêneres.
Os arts. 3º e 4º do Decreto n.º 2.208/97 contemplam a inclusão de alunos em
cursos de educação profissional de nível básico, independentemente de escolaridade
prévia, além dos cursos de nível técnico e tecnológico. Assim, alunos com necessida-
des especiais também podem, com essa condição, beneficiar-se desses cursos, qua-
lificando-se para o exercício de funções demandadas pelo mundo do trabalho.
A educação para o trabalho oferecida aos alunos com necessidades especiais
que não apresentarem condições de se integrar aos cursos profissionalizantes acima
mencionados deve ser realizada em oficinas profissionalizantes protegidas, com vista
à inserção não-competitiva no mundo do trabalho.
Sendo a educação especial uma modalidade de ensino que perpassa os diver-
sos níveis de ensino, o nível de formação exigido equivale aos requisitos para atuação
nos respectivos níveis de ensino aos quais está associada. Sendo assim, para atua-
ção na educação infantil e no primeiro segmento do ensino fundamental, exige-se for-
mação mínima em nível médio, na modalidade Normal. Para atuação no segundo
segmento do ensino fundamental e no ensino médio, exige-se formação em nível su-
perior.
A partir de 2007, a formação mínima exigida para atuação nos respectivos ní-
veis de ensino e, portanto, na modalidade de educação especial será a licenciatura
plena, obtida em nível superior.
O Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação Especial, tam-
bém desenvolve o Programa Nacional de Capacitação de Recursos Humanos, dirigido
aos profissionais que atuam no ensino regular. O Programa prevê atendimento gra-
dual dos municípios brasileiros, utilizando-se de recursos da educação à distância, de
modo a possibilitar maior oferta de atendimento aos alunos com necessidades educa-
cionais especiais.
O conhecimento da realidade da educação especial no país é ainda bastante
precário, porque não se dispõe de estatísticas completas nem sobre o número de
pessoas com necessidades especiais nem sobre o atendimento. Somente a partir do
ano 2000, o Censo Demográfico passou a oferecer dados mais precisos, permitindo
análises mais profundas da realidade.

Fonte: tatianebaptista.blogspot.com.br

A Organização Mundial de Saúde estima que em torno de 10% da população


de um país têm necessidades especiais de diversas ordens: visuais, auditivas, físicas,
mentais, múltiplas, distúrbios de conduta e, também, superdotação ou altas habilida-
des. Se essa estimativa se aplicar ao Brasil, estima-se a existência de cerca de 15
milhões de pessoas nessa condição.
A informação mais recente de que se dispõe, em âmbito nacional, foi obtida
pelo Censo Demográfico de 1991, que investigou a existência de pessoas portadoras
de cegueira, surdez, paralisia, falta de membros ou parte deles e deficiência mental,
em uma amostra com aproximadamente 10% dos domicílios do país. Apuradas as
respostas, a parcela de pessoas portadoras de deficiência foi calculada em 1,5% da
população brasileira, bem inferior, portanto, às estimativas dos organismos internaci-
onais de saúde.
De qualquer forma, o atendimento nos estabelecimentos escolares mostra-se
muito inferior ao necessário. Em 1999, havia cerca de 311 mil alunos matriculados,
distribuídos da seguinte forma: 53,8% deficientes mentais; 12,6% com deficiências
múltiplas; 12,6% com deficiência auditiva; 4,9% com deficiência física; 4,6% com de-
ficiência visual; 2,7% com problemas de condutas típicas. Apenas 0,4% com altas
habilidades/superdotados e 8,5% com outro tipo de deficiência.
Assim como o movimento inclusivo exige mudanças estruturais para as escolas
comuns e especiais, ele também propõe que haja uma articulação entre os diferentes
profissionais envolvidos neste processo. O diálogo entre diversos profissionais é ne-
cessário para o aprofundamento e melhor desempenho, seja do aluno, do professor
ou do especialista.
No entanto, o diálogo só acontece quando as partes que se respeitam mutua-
mente e não assumem uma posição de superioridade de conhecimento e de domina-
ção sobre o outro. Desta forma, para que cada espaço se organize e cumpra com o
que se propõe, sem ocupar ou se sobrepor ao trabalho do outro, faz-se necessário
destacar:
Escola (sala comum): Espaço educacional responsável pela saída da vida
particular e Familiar para o domínio público tem função social reguladora e formativa
para os alunos. A escola cabe ensinar a compartilhar o saber, introduzir o aluno no
mundo social, cultural e cientifico, ou seja, cabe a escola socializar o saber universal.
Atendimento Educacional Especializado: Tem por objetivo ampliar o ponto
de partida e de chegada do aluno em relação ao seu conhecimento. Não se atém a
solucionar os obstáculos da deficiência, mas criar outras formas de interação, de aces-
sar o conhecimento particular e pessoal. É de caráter educacional, mas ao contrário
da escola que trabalha o saber universal, o AEE trabalha com o saber particular do
aluno, aquilo que traz de casa, de suas convicções visando propiciar uma relação com
o saber diferente do que possui ampliar sua autonomia pessoal, garantir outras formas
de acesso ao conhecimento (como por exemplo, através do BRAILLE, LIBRAS, uso
de tecnologia, uso de diferentes estratégias de pensamento, etc.)
Atendimento Clínico: Preocupam-se com os sintomas específicos, as patolo-
gias apresentadas em cada área, que são trabalhados de maneira a superar ou rea-
bilitar o indivíduo nas manifestações que ocorrem. Exemplo: o fonoaudiólogo traba-
lhará com a dificuldade de linguagem expressiva ou receptiva, melhorando a condição
da pessoa neste aspecto, o fisioterapeuta buscará, por exemplo, melhorar os movi-
mentos perdidos, etc.
Sabemos que a pessoa é um ser indivisível, em que cada uma de suas partes
interage com a outra, influenciando e determinando a condição do seu funcionamento
e crescimento como pessoa. Como exemplo, podemos citar o atendimento educacio-
nal especializado, que na construção do conhecimento toca em questões subjetivas
para o aluno, o que fatalmente acarretará consequências no seu desenvolvimento
global e consequentemente na resposta ao atendimento clínico.

Fonte: www.soniaranha.com.br

Se uma instituição especializada mantém o atendimento educacional e clínico,


esses especialistas devem interagir, embora cada um mantenha os limites de suas
especificidades. E mesmo naquelas escolas especiais e comuns que não têm o pro-
pósito de desenvolver o atendimento clínico, o diálogo com os especialistas é funda-
mental. E que esta interação não se estabeleça para encerrar as possibilidades do
aluno em um diagnóstico que contempla apenas as deficiências, mas para descobrir
saídas conjuntas de atuação em cada caso.
Todos esses três saberes: o clínico, o escolar e o especializado devem fazer
suas diferentes ações convergir para um mesmo objetivo, o desenvolvimento das pes-
soas com deficiência. O atendimento educacional especializado foi criado para dar um
suporte para os alunos deficientes para facilitar o acesso ao currículo.
De acordo com o Decreto nº 6571, de 17 de setembro de 2008:
Art. 1o A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de
ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste De-
creto, com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional espe-
cializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino
regular. § 1º Considera-se atendimento educacional especializado o conjunto
de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institu-
cionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação
dos alunos no ensino regular. § 2o O atendimento educacional especializado
deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da
família e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas.

4. AEE- ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

O AEE é um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza


recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras para a plena parti-
cipação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. Ele deve ser arti-
culado com a proposta da escola regular, embora suas atividades se diferenciem das
realizadas em salas de aula de ensino comum. (MEC, 2009).
Deve ser realizado no período inverso ao da classe frequentada pelo aluno e
preferencialmente, na própria escola. Há ainda a possibilidade de esse atendimento
acontecer em uma escola próxima. Nas escolas de ensino regular o AEE deve acon-
tecer em salas de recursos multifuncionais que é um espaço organizado com materiais
didáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação para o atendi-
mento às necessidades educacionais especiais, projetadas para oferecer suporte ne-
cessário a estes alunos, favorecendo seu acesso ao conhecimento. (MEC, 2007).
O atendimento educacional especializado é muito importante para os avanços
na aprendizagem do aluno com deficiências na sala de ensino regular. Os professores
destas salas devem atuar de forma colaborativa com o professor da classe comum
para a definição de estratégias pedagógicas que favoreçam o acesso ao aluno ao
currículo e a sua interação no grupo, entre outras ações que promovam a educação
inclusiva.
Quanto mais o AEE acontecer nas escolas regulares nas que os alunos com
deficiências estejam matriculados mais trará benefícios para esses, o que contribuirá
para a inclusão, evitando atos discriminatórios.
BIBLIOGRAFIA

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pectivas para se discutir a educação infantil. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2012. 175p.,
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5. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

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Pedagogia e na Pedagogia da Política. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
LEITURA COMPLEMENTAR

DISPONÍVEL EM: http://elianepedagogia2012.blogspot.com.br/


AUTORA: CAMILA MARTINS VIANA SOARES
DATA DE ACESSO: 10/05/2016

A CRIANÇA PORTADORA DE NECESSIDADES EDUCATIVAS


ESPECIAIS E A SUA INCLUSÃO NA ESCOLA REGULAR

CAMILA MARTINS VIANA SOARES

RESUMO
Quando se fala em inclusão, há de se esperar q
Este trabalho aborda o tema portadores de necessidades educacionais especi-
ais e como a escola regular está recebendo estes alunos. Organizou-se o trabalho de
modo a fornecer subsídios para que os professores possam compreender quanto é
importante considerar a individualidade do educando, atendendo às suas necessida-
des. A educação é um direito de todos, mas sabe-se que ainda são muitas as pessoas
que não têm acesso à escola por apresentar alguma deficiência e, muitas vezes por
imposição da própria família, ficam segregadas, fora do âmbito escolar. Muitas vezes
espera-se que o aluno se adapte à escola, sem que a escola tenha condições físicas
de receber este aluno e oferecer-lhe condições de permanecer e aprender na escola.
Incluir é muito mais que receber apenas o aluno no espaço escolar, é também favo-
recer o seu aprendizado, respeitá-lo como sujeito ímpar, oferecer situações favoráveis
à sua aprendizagem, sem deixar que, por apresentar alguma necessidade educacio-
nal especial, o aluno deixe de desfrutar de todos os momentos que propiciem o seu
pleno desenvolvimento. Espera-se que o trabalho forneça informações acerca do que
é inclusão e de como a escola poderá se tornar verdadeiramente inclusiva.

Palavras-chave: Inclusão. Educação. Família.

INTRODUÇÃO
ue o termo aconteça de modo a tornar a vida das pessoas cada vez mais com
qualidade. O trabalho tem como tema: Portadores de Necessidades Especiais e sua
inclusão na escolar regular e, para tanto, buscará trazer subsídios que auxiliem os
educadores no atendimento aos alunos portadores de necessidades educativas es-
peciais. Sua relevância consiste no fato de que, a partir das considerações aqui ex-
postas, pode-se refletir acerca do que é a inclusão e de como se deve incluir para que
o portador de necessidades educativas especiais tenha uma vida digna e com quali-
dade.
A criança que nasce com alguma deficiência ou que a adquire no decorrer da
sua vida tem no seu cotidiano uma série de dificuldades. São muitos obstáculos e
muitos desafios a serem alcançados. Não é apenas a deficiência apresentada que
torna o aprendizado, às vezes, difícil, mas também e, principalmente, a atitude da
sociedade em relação às suas dificuldades. Nesse sentido, sofre a criança, diante de
todos esses preconceitos e sofre a família, que geralmente não encontra muito apoio
nas instituições por onde passa.
Os objetivos do trabalho consistem em buscar subsídios para os educadores
que atuam com alunos portadores de necessidades especiais além de mostrar como,
de fato, a inclusão acontece no cotidiano brasileiro. Também e buscará apresentar as
principais maneiras de atuação dos professores diante de alunos portadores de ne-
cessidades especiais.
O trabalho buscará responder aos seguintes questionamentos: como incluir
um aluno portador de necessidades educativas especiais na escola regular? As esco-
las possuem estrutura física para atender a estes alunos? Através da inclusão os alu-
nos portadores de necessidades educativas especiais têm todo o desenvolvimento de
que necessitam? Que atendimentos e orientações são destinados aos pais desses
alunos?
A escola é uma instituição aberta a todos, é um direito de todos adentrar na
escola e nela permanecer, tendo a sua individualidade respeitada. Portanto, este am-
biente deverá estar preparado para atender a todos os alunos, independente das suas
dificuldades. O espaço escolar deve ser adequado para os portadores de necessida-
des educativas especiais e nãos os estudantes que têm que adequar-se ao espaço
escolar.
O trabalho foi realizado através da pesquisa bibliográfica. Foram pesquisados
sites, revistas, livros e periódicos que tratam sobre a inclusão e sobre o atendimento
dentro das escolas aos portadores de necessidades educativas especiais. Em seguida
fez-se a seleção daqueles que são de interesse para o trabalho.
Dividiu-se o trabalho em três capítulos. O primeiro capítulo trata sobre a inclu-
são do aluno portador de necessidades educativas especiais na escola regular, res-
saltando como estão estruturadas as escolas que recebem estes alunos.
A segunda parte do trabalho ressaltará a importância que é dada ao tema in-
clusão dentro das instituições escolares, bem como ao que dizem as leis sobre o tema
em questão.
A terceira e última parte do trabalho trata sobre a parceria que deve ser esta-
belecida entre a escola e a família, ressaltando-se a importância do atendimento que
se destina à família do aluno portador de necessidades educativas especiais.

CAPITULO 1 – A INCLUSÃO DO ALUNO PORTADOR DE NECESSIDADES


EDUCATIVAS ESPECIAIS
A inclusão Gonçalves (2005) cita que no Brasil há 24 milhões de pessoas que
apresentam algum tipo de deficiência e que isso deve ser tratado como uma questão
social de interesse de todos. Nos diversos períodos da história da humanidade, a de-
ficiência era vista de diferentes maneiras.
Na Idade Média, por exemplo, a deficiência era entendida como uma degene-
ração humana, sendo que as pessoas portadoras de deficiência eram abandonadas,
mortas ou ficavam sujeitas a crenças ligadas ao sobrenatural. Havia, nessa época,
para aqueles que apresentavam deficiências a marginalização social, a segregação,
o asilamento e o prognóstico da incurabilidade. Era comum que muitos portadores de
necessidades educativas especiais sofrerem diversos tipos de humilhação. Foi so-
mente a partir do século XX que a sociedade passou a compreender o conceito de
diversidade, defendo o direito de singularidade de cada indivíduo.
Segundo Cavalcante (2005) na maior parte das escolas brasileiras a inclusão
das crianças portadoras de necessidades educativas especiais não acontece da ma-
neira que deveria realmente acontecer. A referida autora cita que talvez por falta de
informação ou até mesmo pela omissão de muitos pais, dos educadores e do poder
público, muitas são as crianças que ainda vivem isoladas em instituições especializa-
das, privadas de convier com as demais crianças em uma escola regular. Pois, a partir
da convivência das crianças portadoras de necessidades educativas especiais dentro
de uma escola regular, haverá muitas possibilidades de desenvolverem plenamente
as suas potencialidades, além de quê, as demais crianças aprenderão a conviver com
um colega que necessita de seu apoio e da sua compreensão. Haverá nisso uma troca
que favorecerá o aprendizado de todos. Como cita:
O motivo principal de elas estarem na escola é que lá vão encontrar um es-
paço genuinamente democrático, onde partilham o conhecimento e a experiência com
o diferente, tenha ele a estatura, a cor, os cabelos, o corpo e o pensamento que tiver.
Por isso quem vive a inclusão sabe que está participando de algo revolucionário. (CA-
VALCANTE, 2005, p. 40)
Também Mantoan (2003) cita que as escolas de qualidade são espaços edu-
cativos de construção de personalidades humanas autônomas e críticas. Segundo a
autora, nessas escolas os alunos aprendem a valorizar a diferença a partir da convi-
vência com seus pares. Nessas escolas as aulas são ministradas embasadas em re-
lações de afetividade. Uma escola que funciona dessa maneira estará aberta às dife-
renças e os educadores são capazes de ensinar a turma toda sem discriminação.

Cuidados diferentes para cada deficiência


1- Quando a escola recebe um aluno portador de necessidades educativas
especiais, deve estar preparada para atender às suas necessidades. Algumas orien-
tações são norteadoras para que a atuação vá de encontro ao que cada sujeito ne-
cessita.
Quando a escola recebe um aluno que apresente deficiência auditiva, se faz
necessário que na escola exista um professor ou um monitor que seja especializado
na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Pois para que a comunicação com a criança
aconteça é importante que o professor da sala e as demais crianças aprendam a co-
municar-se através da Língua Brasileira de Sinais.
No caso de alunos que utilizam aparelho auditivo, o professor da sala deverá
obter junto à família da criança o funcionamento e a potência do aparelho utilizado.
Para que o aprendizado aconteça mais sistematicamente, o professor também poderá
fazer uso de representações gráficas. Outro fator importante se refere à comunicação
direta com o aluno, pois todos devem falar sempre de frente para ele, o que facilita a
compreensão da situação comunicativa.
Quando o aluno atendido apresentar dificuldades visuais existem determina-
dos materiais que devem ser usados para que as situações de aprendizagem sejam
realmente significativas para ele: o uso de regletes (uma espécie de régua para es-
crever em braile). Se faz importante que o professor saiba como se dá o uso desse
material, que seja capacitado para este fim. Algumas orientações que devem ser pas-
sadas para o aluno no que diz respeito à locomoção, comunicação e acessibilidade.
É necessário, por exemplo, colocar cercados no chão, abaixo dos extintores de incên-
dio e também deve ser instalado corrimões nas escadas, caso existam escadas na
escola. Também é importante que não se modifique a disposição dos móveis e uten-
sílios da sala, pois o aluno aprende a posição em que se encontram e usa essa orien-
tação para locomover-se na sala de aula.
Quando a escola recebe um aluno portador de deficiência física os espaços
das escolas devem ser adequados as suas necessidades e não o contrário. Não é o
aluno que deve adaptar-se à escola, mas sim a escola que deve ser adaptada para
atende às necessidades do educando. A adaptação do espaço físico deve conter:
rampas de acesso, barras de apoio e portas largas, móveis adequados para tender as
necessidades do aluno.
No caso de alunos que fazem uso de cadeiras de rodas, deve-se atentar para
que a posição seja mudada constantemente evitando desconforto e cansaço para o
aluno. Se faz importante questionar aos pais do aluno se existem posições adequadas
para ficar e o professor deve certificar no decorrer das aulas se esta posição está
correta.
Nos casos em que a escola recebe alunos portadores de deficiência mental
deve possuir uma equipe que possa realizar um acompanhamento individual e contí-
nuo. Sabe-se que, geralmente os deficientes mentais têm dificuldades para operar
ideias abstratas. O professor deverá receber todo o apoio dos profissionais especiali-
zados para que possa oferecer ao aluno condições de aprendizagem adequadas às
suas necessidades, de modo que o mesmo tenha todas as suas potencialidades de-
senvolvidas.
Existem algumas posturas que devem ser adotadas pelos educadores para
favorecer o aprendizado e crescimento do aluno, tais como: posicionar o aluno já nas
primeiras fileiras de modo que possa está a todo instante está sempre atento a ele;
estimular o aluno a desenvolver habilidades interpessoais e ensiná-lo a pedir instru-
ções e solicitar ajuda; trata-lo de acordo com a faixa etária, somente deverá adaptar
os conteúdos curriculares se receber orientações de uma equipe de apoio multiprofis-
sional; avalie a criança sempre com base no seu crescimento individual e respeitando
o que ela é capaz de fazer até aquele momento, sem jamais comparar o seu desen-
volvimento com o dos demais colegas da sala.
O professor deve estar atento às necessidades de cada aluno, para que a
partir dessa observação possa auxiliá-lo nas dificuldades que o mesmo apresenta. É
importante afirmar que nem sempre quando um aluno vai mal e toda a sala tem um
desenvolvimento satisfatório, esse aluno apresenta algum tipo de deficiência. Deve-
se considerar que, muitas vezes a forma como é ministrada a aula atinge determina-
dos alunos, mas não foi a forma correta para atender a necessidade de aprendizagem
de outro. Daí a importância do olhar sempre atento do professor.

CAPITULO 2 - A ESCOLA E A INCLUSÃO


Camargo (2005) define que para que todas as necessidades dos alunos por-
tadores de necessidades educativas especiais sejam verdadeiramente atendidas se
faz necessário que os professores e todos os outros profissionais saibam como atuar
de modo a atender estas necessidades. Não se pode falar de inclusão quando dentro
da instituição escolar a equipe não tem o devido preparo para atender aos alunos.
Muitas vezes é fundamental a atuação de uma equipe multidisciplinar.
Também Baptista e Rosa (2002) tratam sobre o tema inclusão, afirmando
quão importante é a integração da pessoa portadora de necessidades educativas es-
peciais. Os autores citam que na Itália, país em que há um alto índice de inclusão
existem alguns critérios nas escolas para que a inclusão seja realmente eficaz para o
aluno. Como citam os autores mencionados:
A limitação numérica de 20 alunos para as classes que possuem alunos com
necessidades educativas. A presença de, no máximo, dois alunos com necessidades
educativas especiais em uma sala. A presença de um professor de apoio para atuar
junto à classe, como suporte de todos os envolvidos (professor e alunos). (BAPTISTA
E BOSA, 2002, P. 131)
Outra autora que trata sobre os portadores de necessidades educativas es-
peciais Maria Tereza Mantoan (2003) que diz ser a inclusão uma das melhores ma-
neiras para que as escolas revejam diversos fatores dentro do seu quadro.
O aluno portador de necessidades educativas especiais não pode ser tratado
como um sujeito que não tem habilidades a serem desenvolvidas. Deve-se acreditar
e investir no seu potencial.
A escola inclusiva oferece a todos as mesmas oportunidades. Mantoan (2005)
em entrevista concedida à Revista Pátio (2005, p. 24-26), quando questionada sobre
o que é inclusão diz que:
É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privi-
légio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva
acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física,
para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as mi-
norias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer
que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus ou até na sala de aula com
pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro.
Cada aluno que a escola recebe deve ser visto dentro da sua singularidade,
independente das necessidades que este apresenta, ele é um ser único e que tem
direito à educação de qualidade. O espaço escolar deve ser organizado de modo a
tornar a educação acessível a todos os alunos. A LDB nº 9394/96 tem um capítulo
destinado à Educação Especial e, em seu artigo 58 diz que a Educação Especial é
uma modalidade destinada aos portadores de necessidades educativas especiais e
que deve ser ofertada, de preferência na escola regular e, se necessário, os serviços
especializados atuarão juntamente com a escolar regular em que o aluno está matri-
culado.
Mesmo com as leis diversas que buscam assegurar aos portadores de neces-
sidades educativas especiais todos os seus direitos, é importante que cada cidadão
procure compreender o quanto é importante que a sociedade esteja pronta a oferecer
a todos boas condições de acesso e permanência na escola, no mercado de trabalho
e no meio social em geral.
2.1. Os direitos dos portadores de necessidades educativas especiais
Em dezembro de 1982 foi aprovado na Assembleia Geral das Nações Unidas
o Programa de Ação Mundial para pessoas com deficiência. A principal finalidade
desse programa é servir de base para todos os países interessados em lutar para
defender os direitos das pessoas portadores de deficiência, de forma que as mesmas
tenham os seus direitos garantidos.
Outro marco importante aconteceu em 1990, em Jomtien, na Tailândia, foi
aprovada a Declaração Mundial sobre Educação para todos. Esta declaração serve
de referência para governos, organizações internacionais, ONGs e todos que estão
interessados e envolvidos na meta de Educação para todos.
No ano de 1994 foi elaborada pela Unesco e pelo governo da Espanha a De-
claração de Salamanca de Princípios, Política e Prática para as Necessidades Edu-
cativas Especiais. Consta nessa declaração o princípio de integração e preocupação
em garantir escola para todos. Como se afirmar, a Declaração de Salamanca:
Proporcionou uma oportunidade única de colocação da Educação Especial
dentro da estrutura de “Educação para todos” firmada em 1990. Ela promoveu uma
plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia de inclusão das
crianças com necessidades educativas especiais. (UNESCO, 1994, p. 15)
A Declaração de Salamanca cita ainda quão importante é que os governos
executem ações que acolham todas as crianças na escola, independentemente de
condições físicas, sociais, intelectuais, emocionais e linguísticas.
A inclusão, como consequência de um ensino de qualidade para todos os alu-
nos, provoca e exige da escola brasileira novos posicionamentos e é um motivo a mais
para que o ensino se modernize e para que os professores aperfeiçoem as suas prá-
ticas. É uma inovação que implica num esforço de atualização e reestruturação das
condições atuais da maioria de nossas escolas de nível básico.
O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova perspectiva para
as pessoas com deficiência é, sem dúvida, a qualidade de ensino nas escolas públicas
e privadas, de modo que se tornem aptas para responder às necessidades de cada
um de seus alunos, de acordo com suas especificidades, sem cair nas teias da edu-
cação especial e suas modalidades de exclusão.
O sucesso da inclusão de alunos portadores de necessidades especiais com
na escola regular decorre, portanto, das possibilidades de se conseguir progressos
significativos desses alunos na escolaridade, por meio da adequação das práticas pe-
dagógicas à diversidade dos aprendizes. E só se consegue atingir esse sucesso,
quando a escola regular assume que as dificuldades de alguns alunos não são apenas
deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado, a apren-
dizagem é concebida e avaliada.
Priorizar a qualidade do ensino regular é, pois, um desafio que precisa ser
assumido por todos os educadores. É um compromisso inadiável das escolas, pois a
educação básica é um dos fatores do desenvolvimento econômico e social. Trata-se
de uma tarefa possível de ser realizada, mas é impossível de se efetivar por meio dos
modelos tradicionais de organização do sistema escolar.
É de suma importância que o aluno portador de alguma necessidade educa-
cional especial seja visto como um sujeito eficiente, capaz, produtivo e principalmente
um ser que tem aptidão para aprender a aprender. Esse aluno deve receber todo o
apoio para que se desenvolva em toda a sua potencialidade.
Todos têm direitos à educação, isso é um direito que é assegurado por lei e
que precisa ser cumprido para que se garanta a todos o seu pleno desenvolvimento e
o pleno exercício de sua cidadania. Independentemente de qualquer necessidade,
transtorno ou distúrbio que apresente todo e qualquer aluno merece ser tratado em
condições de igualdade com os demais, não se pode de forma alguma excluir o aluno
das situações vivenciadas na escola. O que se pode é criar condições que assegurem
a todos as melhores formas de aprender e de atender as suas necessidades.
Na luta por uma educação que respeite a individualidade de cada sujeito pode
entrar todo e qualquer cidadão que esteja comprometido com o crescimento e desen-
volvimento da sociedade.
A LDB 9394/96 em seu artigo 59 prescreve que é de responsabilidade dos
sistemas de ensino assegurar aos educandos com necessidades especiais a sua efe-
tiva integração na vida no meio social, inclusive criando condições de inserção no
mercado de trabalho para aqueles que possuem condições de exercer uma profissão.
Mesmo tendo garantido por lei o seu acesso e permanência na escola, sabe-
se que o aluno portador de necessidades educativas especiais ainda não tem todos
os seus direitos garantidos, uma vez que, a Educação Especial ainda é mal interpre-
tada e questionada. O que pode ser considerado como favorável é que, cada vez mais
cresce o reconhecimento por parte da sociedade e dos responsáveis pelas políticas
públicas a necessidade de atender a todos, sem discriminação.
O que faz uma escola ser realmente inclusiva, inclui, acima de tudo, o seu
projeto pedagógico. Pois de acordo com MANTOAN (2005) quando se trata de inclu-
são é importante considerar que não se trata apenas de se colocar dentro da escola
rampas e banheiros adaptados, mas sim uma a modificação nas práticas pedagógi-
cas, com atividades e programas diversificados afim de atender as potencialidades de
cada sujeito envolvido no processo de ensino-aprendizagem. Todos têm o direito a
aprender e isso deve ser visto dentro da capacidade que cada sujeito apresenta, cada
um têm as suas condições e isso deve sempre ser levado em consideração pela
equipe escolar.
Ao educador que atua com alunos que apresentam alguma deficiência é de
responsabilidade está sempre atento às reais necessidades e dificuldades que o edu-
cando apresenta. Em determinados momentos se faz importante que o aluno receba
um cuidado mais individualizado, uma atenção maior para que as suas potencialida-
des sejam desenvolvidas plenamente. O aluno tem capacidade de aprender, mas é
de suma importância que o professor saiba como organizar as atividades de forma
que o aluno possa desenvolvê-las. Deve-se sempre respeitar o ritmo de aprendizado
de cada um. Isso vale para qualquer sujeito aprendiz, seja ele um aluno com deficiên-
cia ou não.

CAPÍTULO III- PARCERIA ESCOLA E FAMILIA DO ALUNO PORTADOR DE


NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS.

3.1 A família
Sabe-se que para a família do aluno portador de necessidades educativas
especiais não é tarefa fácil lidar com todas as adversidades encontradas na socie-
dade, pois elas vão desde barreiras reais até aquelas que existem baseadas nos pre-
conceitos que ainda existe na sociedade. Como cita Wise (2003):
O entendimento de que um bebê é diferente, e de que pode apresentar uma
variedade de limitações é o começo de uma longa e dura luta para garantir o melhor
para tal criança. Alguns pais sabem, desde o nascimento, que seu filho terá problemas
duradouros. Se o diagnóstico é óbvio, eles receberão a notícia logo após a criança
nascer. Esse é um momento crítico, e a maneira como eles recebem o diagnóstico
pode ter um efeito duradouro sobre a atitude e as respostas dos pais para com as
dificuldades de seu filho. Os pais lembram para sempre a forma como a notícia foi
dada, do quão apoiadores os profissionais foram e que mensagens subjacente foi
transmitida. (WISE, 2002, p. 17)
Se faz importante que no contato com os pais, os professores e a coordena-
ção da escola questionem que tipo de ajuda o aluno necessita, qual o tipo de medica-
mento faz uso, que horários são determinados para ir ao banheiro, por exemplo, se
tem crise e quais procedimentos devem ser adotados.
Para incluir verdadeiramente os portadores de necessidades educativas es-
peciais, a escola necessita contar com a participação da família do mesmo. A família
tem um significado de grande importância, principalmente no que se refere ao lado
emocional do aluno. É a partir do convívio familiar que se estabelecem as relações
sociais, é a família a primeira instituição social que o sujeito está inserido. Por isso, a
importância de que a escola a todo instante tenha a família como parceira.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) utilizaram como base o Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA) e determinaram que existem princípios que ser-
vem de orientação para a educação escolar. Seguem as ideias centrais que regem
esses princípios, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais.

Dignidade da pessoa humana - Implica respeito aos direitos humanos, re-


púdio à discriminação de qualquer tipo, acesso a condições de vida digna, respeito
mútuo nas relações interpessoais, públicas e privadas.

Igualdade de direitos - Refere-se à necessidade de garantir a todos a


mesma dignidade e possibilidade de exercício de cidadania. Para tanto há que se
considerar o princípio da equidade, isto é, que existem diferenças (étnicas, culturais,
regionais, de gênero, etárias, religiosas, etc) e desigualdades (socioeconômicas) que
necessitam ser levadas em conta para que a igualdade seja efetivamente alcançada.
Participação - Como princípio democrático, traz a noção de cidadania ativa,
isto é, da complementaridade entre a representação política tradicional e a participa-
ção popular no espaço público, compreendendo que não se trata de uma sociedade
homogênea e sim marcada por diferenças de classe, étnicas, religiosas, etc...

Corresponsabilidade pela vida social - Implica partilhar com os poderes pú-


blicos e diferentes grupos sociais, organizados ou não, a responsabilidade pelos des-
tinos da vida coletiva. É, nesse sentido, responsabilidade de todos a construção e a
ampliação da democracia no Brasil.
Se faz importante que a integração da pessoa portadora de necessidades
educativas especiais também abarque a família, ela deve estar inserida nesse pro-
cesso para que a aceitação e a adaptação aconteçam de modo a fazer com que o
pleno desenvolvimento do sujeito aconteça. A todo o momento o mais importante é o
bem-estar do portador de necessidades educativas especiais, a sua melhor qualidade
de vida e o atendimento às suas reais necessidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola é um espaço ao qual todos têm direito ao acesso, porém é de suma
importância que aqueles que nela ingressam tenham todas as suas necessidades ver-
dadeiramente atendidas. Os alunos portadores de necessidades educativas especiais
não são diferentes dos demais ditos “normais”, pois, cada sujeito apresenta a sua
singularidade e a escola como instituição que atende a todos deve levar essa singu-
laridade em conta em cada sujeito que atende.
Sabe-se que ainda existe muito preconceito contra os portadores de necessi-
dades educativas especiais, porém, também já foram quebradas muitas barreiras.
Prova disso é o maior acesso destes à escola regular. E não apenas o acesso, mas o
acompanhamento, o desenvolvimento que muitos têm conseguido atingir.
A sociedade, a família e as instituições têm buscado juntas soluções e enca-
minhamentos para fazer com que todos os portadores de necessidades educativas
especiais possam desenvolver todas as suas potencialidades. Não tem sido tarefa
fácil, porém, há a cada dia melhores resultados. Isso mostra que quando todos se
unem em prol de uma boa causa não há como não atingir os objetivos almejados. O
melhor de tudo é observar que a inclusão dos alunos nas escolas regulares tem sido
feita de modo a fazer com que sua qualidade de vida melhore, que ele se sinta parte
de um grupo e que, neste grupo ninguém é exatamente igual. Cada sujeito que faz
parte dele é diferente, aprende de uma forma diferente e deve ser tratado de acordo
com as suas peculiaridades.
Ainda há muito para fazer, mas a bandeira da inclusão já foi levantada e tem
conseguido fazer a luta valer a pena. Com isso ganham a sociedade, a escola, a fa-
mília e os portadores de necessidades educativas especiais.
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Trad. Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2003.
DISPONÍVEL EM: http://www.redentor.inf.br/
AUTORA: CRISTINA DE FÁTIMA DO NASCIMENTO
LÍLIAN SIPOLI CARNEITO CANETE
WANY DE SOUSA SILVA CAMPOS
DATA DE ACESSO: 13/05/2016

EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL E AS DIFICULDADES EN-


FRENTA-DAS EM ESCOLAS PÚBLICAS

CAMILA MARTINS VIANA SOARES

RESUMO

A discussão sobre a inclusão de alunos com necessidades educacionais espe-


ciais em escolas públicas vem ganhando maior dimensão nos últimos tempos. O con-
ceito de inclusão vem sendo discutido no Brasil de norte a sul, sob diferentes pers-
pectivas e enfoques teóricos. Porém, ao analisar mais profundamente esse assunto
tão importante, pode-se perceber que o processo de inclusão escolar tem como pres-
suposto a mobilização da sociedade para um novo olhar frente às diferenças huma-
nas, elegendo-as como um valor a ser assumido por todos os profissionais da educa-
ção, pais e familiares desses alunos especiais, partindo do princípio de que a principal
característica do ser humano é a pluralidade, e não a igualdade ou a uniformidade.
Podemos conceituar inclusão como um processo educacional gradual e interativo. É
um movimento que respeita às singularidades de cada ser humano, oferecendo res-
postas às suas necessidades e particularidades. A perspectiva primordial da inclusão
é a certeza de que não existem pessoas iguais e são exatamente as diferenças entre
os seres humanos, que o caracterizam. O aluno é então compreendido como um ser
único, singular e social, que tem sua história de vida, constituindo-se então um ser
histórico diferente. O objetivo deste trabalho é analisar as dificuldades no processo de
inclusão escolar em escolas públicas e as situações relevantes que se originam ao
decorrer do tempo, pois cada participante, com suas atitudes e pensamentos, vão
interferindo no processo educacional, vai cristalizando ideias, reafirmando conceitos
e pré-conceitos, que por sua vez, são manifestos de forma subjetiva e concretamente.
A partir das análises que serão realizadas, deve-se analisar mais profundamente que
os espaços são diferenciados de um aluno normal para um aluno especial, e merecem
mais atenção, tendo suas características peculiares que vão ao encontro dos diferen-
tes objetivos destas duas condições de ensino. Porém, assim será possível presenciar
na prática dos professores situações de controle sobre o como interagir com esses
alunos. É possível afirmar que algumas escolas se encontram (des) orientadas frente
às perspectivas de inclusão no ensino desses alunos com necessidades especiais,
principalmente porque este novo paradigma exige um repensar sobre o fazer pedagó-
gico, uma transformação da escola atual para uma escola para todos, permeada pelo
respeito ao sujeito singular e social.

Palavras-chave: Espaços escolares. Inclusão Social. Estratégias.


INTRODUÇÃO
Com o presente artigo, pretende-se ampliar o conhecimento e a discussão
sobre esse desafio que é incluir os portadores de necessidades especiais não so-
mente na escola, mas em um contexto mais amplo que é a sociedade e principalmente
o meio em que vivem, observando diariamente o desenvolvimento e se há progresso
no resultado da inclusão.
Para que a Educação seja realmente uma realidade vivida e enfrentada para
todos, na qual todos possam aprender o verdadeiro sentido de se tornar um cidadão
pleno, temos antes de tudo um ideal que é o de elevar o conhecimento cultural. A
educação especial pode ser conceituada como uma educação voltada para os porta-
dores de deficiências como: auditivas, visuais, intelectual, física, sensorial, surdo ce-
gueira e as múltiplas deficiências. Para que esses seres humanos tão especiais pos-
sam ser educados e reabilitados, é importante a participação deles em escolas e ins-
tituições especializadas. E que eles disponham de tudo o que for necessário para o
seu desenvolvimento cognitivo.
A Educação Especial faz parte de "um todo" que é a educação, e ter o seu
valor reconhecido é muito importante para que esses alunos especiais tenham seu
crescimento e desempenho educacional satisfatório.
Nota-se que a Educação Inclusiva é uma educação voltada de todos para to-
dos onde os ditos "normais" e os portadores de algum tipo de deficiência poderão
aprender uns com os outros. Uma depende da outra para que realmente exista uma
educação de qualidade.
A Educação Inclusiva no Brasil é hoje um desafio a ser enfrentado dia após
dia para os profissionais da Educação.
Contudo, é bom lembrar que o conceito de inclusão engloba: atender aos alu-
nos portadores de necessidades especiais na vizinhança da sua residência; propiciar
a ampliação do acesso destes alunos às classes regulares; propiciar aos professores
um suporte técnico; perceber que as crianças podem aprender juntas, embora tendo
objetivos e processos diferentes; levar os professores a estabelecer formas criativas
de atuação com as crianças portadoras de deficiência; propiciar um atendimento inte-
grado ao professor de classe comum do ensino regular. No entanto, o conceito de
inclusão não é: levar crianças às classes comuns sem o acompanhamento do profes-
sor especializado; ignorar as necessidades específicas da criança; fazer as crianças
seguirem um processo único de desenvolvimento, ao mesmo tempo e para todas as
idades; extinguir o atendimento de educação especial antes do tempo; esperar que os
professores de classe regular ensinem as crianças portadoras de necessidades espe-
ciais sem um suporte técnico.
É na Educação Inclusiva que se atende esses alunos com qualidade, mas tem
que dar condições e formação aos profissionais também, para que os objetivos e o
desenvolvimento aconteçam corretamente. Ao longo de todo o processo, a maioria
dos profissionais envolvidos na educação não sabe ou desdenham a importância e a
diferença da educação especial e a educação inclusiva.
Por essa razão, propusemos a realização deste artigo para o esclarecimento
das pessoas envolvidas na educação, seus familiares e pessoas que convivem com
esses seres tão especiais que vivem em nossa sociedade. Sabe-se que o ser humano
é por natureza um ser pensante e cada um apresenta suas individualidades, vive sua
vida de várias maneiras e acredita que tudo na vida precisa de desafios, críticas, con-
quistas e atenção. E que o mundo gira e, nessas voltas, vai mudando e nessas muta-
ções, ora drásticas ora nem tanto, há um envolvimento e convívio com o novo.
Neste sentido, o interesse pelo tema surgiu a partir da necessidade de se
discutir e colaborar para um melhor entendimento sobre a Educação Inclusiva, cujo
foco principal é mostrar que a Educação Inclusiva não é somente um paradigma ou
ideologia no cenário educacional brasileiro, mas sim uma realidade vigente em nosso
País e que está abrangendo pontos positivos com muito estudo, pesquisa e dedica-
ção.
No decorrer do mesmo, tenta-se traçar o perfil, averiguar o quanto os profes-
sores especialistas conhecem sobre as abordagens, métodos e práticas pedagógicas
que regem seu trabalho, levantar os empecilhos enfrentados por esses docentes, e
que tipo de formação continuada vem recebendo.
Esse estudo se faz necessário no intuito de colaborar com a construção de
um campo teórico que auxilie na verificação de lacunas e orientações dos professores,
para propor uma educação inclusiva concisa e competente a ponto de atender com
precisão os alunos com deficiência.
A pesquisa hora apresentada buscou um levantamento bibliográfico que per-
mitisse discutir a temática da inclusão, apontando as perspectivas de trabalhos nas
escolas, falando sobre e com os alunos especiais, mas nunca por eles.

1- UM OLHAR SOBRE A INCLUSÃO


Entretanto, para um melhor aprofundamento do tema, observa-se que medi-
ante a justiça, o direito do aluno com necessidades educativas especiais e de todos
os cidadãos à educação, é um direito constitucional. Uma educação de qualidade para
todos implica entre outros fatores a necessidade de um redimensionamento da escola
no que consiste não somente na aceitação, mas também na valorização das diferen-
ças.
Logo, com a vigência da LDB nº 9394/96 (BRASIL, 1996), que no seu capítulo
V define educação especial como modalidade de educação escolar oferecida prefe-
rencialmente na rede regular de ensino, para portadores de necessidades especiais,
observou-se a necessidade de capacitar os professores, principalmente os professo-
res da rede pública, pela responsabilidade que têm em relação ao trabalho desenvol-
vido com a maioria das crianças e adolescentes em idade escolar.
Esta capacitação teria que abordar questões voltadas tanto para o melhor
convívio e entendimento com estes alunos com necessidades educacionais especiais
quanto aos seus processos de aprendizagem e necessidades adaptativas.
Contudo, o que se percebe é que para essa mudança ocorrer torna-se neces-
sário ir muito além de simples capacitações e especializações de caráter informativo
para o professore lidar com essa população. Toda a escola deve estar engajada para
essa nova etapa, desenvolvendo um projeto político pedagógico que envolva estes
alunos especiais, tendo instrumental didático, esclarecimento sobre as necessidades
educacionais especiais do aluno, entre muitas outras coisas.
Essa mudança na valorização se efetua pelo resgate dos valores culturais, os
quais fortalecem a identidade individual e coletiva do indivíduo, bem como pelo res-
peito do aprender e construir. Cada aluno numa sala de aula, representa característi-
cas próprias e um conjunto de valores e informações que os tornam únicos e especi-
ais, constituindo um ritmo de aprendizagem, o desafio da escola hoje é trabalhar com
essas diversidades na tentativa de construir um novo conceito do processo ensino-
aprendizagem de modo que sejam incluídos neste processo todos que dele, por di-
reito, são sujeitos.
Contudo, de acordo com alguns autores pesquisados (MONTOAN, MAZ-
ZOTA, BUENO) uns estão insatisfeitos com os paradigmas que têm predominado em
Educação Especial, isto originado pelo fato de que, a despeito de todos os esforços,
os alunos com deficiências, condutas típicas e síndromes neurológicas, psiquiátricas
ou quadros psicológicos graves e, ainda, os de altas habilidades (Superdotados) con-
tinuam excluídos, seja das escolas comuns, seja do direito à apropriação do saber na
intensidade e ritmo necessários para sua aprendizagem
A integração dos portadores de necessidades especiais tem sido objeto de
sérios questionamentos. Com o objetivo de analisar e melhor entender esse quadro,
no qual se inserem as minorias, têm se discutido um novo paradigma: a inclusão de
todos. Para tanto, a sociedade precisa assumir mais concretamente o seu papel, cri-
ando as condições necessárias para a equalização de oportunidades.
A inclusão escolar em escolas públicas tem gerado inúmeras discussões e
controversas, que é comum ouvir que a Educação Especial passa por momentos crí-
ticos em todas as estâncias que permeiam: conceitual, nos aspectos das divergências,
nos aspectos das atribuições de competências, no aspecto da transição do modelo
pedagógico, no aspecto da construção da prática pedagógica, no aspecto qualidade
docente, no aspecto da educação para o trabalho e o fenômeno da globalização. No
entanto, deve-se entender como é a Educação Inclusiva na sua totalidade, para não
a tornar excludente.
A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de uma parte sig-
nificativa de seus alunos, que são marginalizados pelo insucesso, por privações cons-
tantes e pela baixa autoestima resultante da exclusão escolar e da social – alunos que
são vítimas de seus pais, de seus professores e, sobretudo, das condições de pobreza
em que vivem, em todos os seus sentidos. (MANTOAN, 2005, p. 27).
Um dos grandes desafios que se coloca a escola inclusiva são a preparação,
interação e conscientização da equipe pedagógica, bem como na formação, partici-
pação e formação de professor, ainda que se façam necessários programas de for-
mação mais significativos para uma qualificação maior desses profissionais.
Na perspectiva dessa abordagem, não é difícil verificar como a escola pode
contribuir para o sucesso ou o insucesso do aluno e, que através desses mecanismos
forma-se o tipo de ser humano desejável para uma determinada sociedade. Na ques-
tão da inclusão do aluno com necessidades educativas especiais o especialista deve
concentrar-se em uma investigação sobre o funcionamento da instituição, seu currí-
culo, a pedagogia que orienta a ação educativa e o tipo de avaliação, e sugerir as
modificações necessárias para reduzir as diferenças e a amplitude dos possíveis in-
sucessos escolares, não só dessas crianças, mas de todos os alunos.
Contudo faz-se importante declarar que esta pesquisa contém a metodologia
de pesquisas bibliográficas, tais como: livros, revistas, internet e informações sobre a
educação inclusiva no Brasil. Os instrumentos para se atingir os objetivos da inclusão
do aluno com necessidades educativas especiais na escola são necessariamente o
conhecimento das teorias educacionais e das propostas existentes neste sentido, e
sua divulgação aos profissionais da Educação tais com os professores que estão mais
perto desses alunos todos os dias, aprendendo e ensinando com os mesmos, para
que ocorra a sensibilização e a conscientização da comunidade escolar.
Conceito de inclusão Segundo Mazzotta (1996) a preocupação com a educa-
ção das pessoas portadoras de necessidades especiais no Brasil é recente, tendo se
iniciado efetivamente no século XIX inspirado em experiências norte-americanas e
europeias. O histórico pode ser dividido em quatro grandes períodos, a saber:
 Até 1854 os portadores de deficiências de qualquer natureza – física,
mental ou sensorial – eram excluídos tanto da família como da socie-
dade, sendo acolhidos em asilos e instituições de cunho filantrópico
e/ou religioso. Não raro passavam ali toda a sua vida sem receber ne-
nhum atendimento especial de modo a torná-los produtivos.
 Entre 1854 e 1956 foi marcado pelo gradual surgimento de algumas
escolas especiais de caráter privado, com ênfase no atendimento clí-
nico especializado. Neste período a sociedade começava a compreen-
der que os deficientes poderiam ser produtivos, e o atendimento foi mi-
grando lentamente do âmbito da saúde para o da educação.
 De 1957 a 1993 constituiu-se em um período marcado por ações ofici-
ais de âmbito nacional. A educação especial se estabeleceu como
sendo uma modalidade de educação escolar, que assegurava um con-
junto de serviços educacionais especiais, organizados nas diferentes
instituições de ensino, sendo: apoiar, complementar, suplementar e,
em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns.

O objetivo era de garantir o acesso à educação escolar formal e desenvolver


as potencialidades dos alunos. Em 1990, com a participação do Brasil na Conferência
Mundial sobre Educação para Todos na cidade de Jomtien, na Tailândia, se estabe-
leceu os primeiros ensaios da política de educação inclusiva.
 E desde 1994, a concepção de educação inclusiva substituiu definitiva-
mente o conceito de educação especial com base na Declaração de
Salamanca (UNESCO, 1994), que ampliou o conceito de necessidade
educacional especial e defendeu a necessidade de inclusão dos alunos
especiais no sistema regular de ensino, tendo por princípio uma “Edu-
cação para Todos”.
A proposta da educação inclusiva se baseia na adaptação curricular, realizada
através da ação de uma equipe multidisciplinar que oferece suporte tanto ao professor
quanto ao portador de necessidades especiais, por meio do acompanhamento, estudo
e pesquisa de modo a inseri-lo e mantê-lo na rede comum de ensino em todos os seus
níveis. A concretização da escola inclusiva baseia-se na defesa de princípios e valores
éticos, nos ideais de cidadania e justiça, para todos, em contraposição aos sistemas
hierarquizados de inferioridade e desigualdade.
Para SASSAKI (1997, p. 41) inclusão é:
Um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em
seus sistemas sociais gerais pessoas com necessidades especiais e, simul-
taneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. In-
cluir é trocar, entender, respeitar, valorizar, lutar contra exclusão, transpor
barreiras que a sociedade criou para as pessoas.

É oferecer o desenvolvimento da autonomia, por meio da colaboração de pen-


samentos e formulação de juízo de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo,
como agir nas diferentes circunstâncias da via.
Os contextos político, econômico e social No Brasil, a implementação de pro-
postas relacionadas aos portadores de necessidades especiais é muito difícil. Não
apenas na área educacional, mas também no que diz respeito a emprego e direitos.
Essa dificuldade reflete a predominância de uma perspectiva assistencialista que,
apesar de todas as lutas e leis instituídas, ainda está diretamente vinculada a iniciati-
vas e disposições individuais.
De acordo com Mazzotta (1982):
Os dispositivos legais servem como sustento as linhas de ação esta-
belecidas, pela política educacional e, se constituem em preceitos a serem
respeitados e utilizados como ferramentas, para embasar as ações que levem
ao cumprimento das determinações contidas nos textos e nas recomenda-
ções de organismos internacionais. A Constituição Federal estabelece como
fundamentos da República a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art.
1° inc. II e III), e como um de seus objetivos fundamentais a promoção do
bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e credo.

No artigo 5º preconiza o direito à igualdade e a educação para todos indistin-


tamente. Esses direitos devem visar o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (art. 205). Além disso,
determina como um dos princípios para o ensino, a: “igualdade de condições de
acesso e permanência na escola” (art. 206 inc. I), acrescentando que o “dever do
Estado 10 com a educação será efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis
mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística segundo a capacidade de
cada um.” (Art. 208 V).
Embora a educação especial tenha o amparo da referida lei, ressaltando mais
uma vez, a LDB nº 9.394, 20 de dezembro de 1996 em seu capítulo V, Da Educação
Especial, art. 58, “Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a mo-
dalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino,
para educandos portadores de necessidades especiais”. (LEI DE DIRETRIZES E BA-
SES N°9394/96, Capítulo V, Art.58, 1996).
Ao adotar a prática inclusiva como um objetivo de curto prazo, as políticas
públicas desconsideram que: os ambientes físicos não estão preparados para receber
esses indivíduos e que a adequação desses espaços vai exigir um grande investi-
mento em infraestrutura e equipamentos, cujas verbas geralmente inexistem. A comu-
nidade não foi “educada” para receber, acolher, integrar e aprender a se relacionar
com o diferente.
Com isso a possibilidade de que haja rejeição por parte dos demais integran-
tes da sociedade se torna concreta. O professor precisa ter tempo para refletir e ade-
quar as suas práticas pedagógicas aos novos desafios sem comprometer a qualidade
de seu trabalho. Como discute ARANHA (2001) adotar o objetivo de curto prazo, a
intervenção junto às diferentes instâncias que contextualizam a vida desse sujeito na
comunidade, no sentido de nelas promover ajustes (físicos, materiais, humanos, soci-
ais, legais, etc.) que se mostrem necessários, para que a pessoa com deficiência
possa imediatamente adquirir condições de acesso ao espaço comum da vida na so-
ciedade”. (pg. 160-173).
É preciso destacar o despreparo dos professores do ensino regular para re-
ceber em suas salas de aula, geralmente repletas de alunos com problemas de disci-
plina e aprendizagem, os alunos com necessidades especiais. Se considerarmos que
o ensino regular tem excluído, sistematicamente, larga parcela da população escolar
por apresentar problemas pessoais das mais diversas origens, então será possível ter
uma boa ideia de como a inclusão é desafiadora. (BUENO, 1999).
A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de uma parte sig-
nificativa de seus alunos, que são marginalizados pelo insucesso, por privações cons-
tantes e pela baixa autoestima resultante da exclusão escolar e da social – alunos que
são vítimas de seus pais, de seus professores e, sobretudo, das condições de pobreza
em que vivem, em todos os seus sentidos. (MANTOAN, 2003, p. 27).
Observando essas constatações é preciso compreender que a profissão do-
cente na contemporaneidade exige um novo perfil, baseado em estudo, reflexão e
desenvolvimento de competências práticas realmente significativas. Perrenoud (2000)
destaca que uma condição para transformação escolar é a “profissionalização do pro-
fissional” da educação e para tanto, ele elenca três aspectos que precisam estar pre-
sentes: a responsabilidade, o investimento e a criatividade.
Educação Inclusiva A educação inclusiva diz respeito ao direito à educação e,
conforme Monteiro (2004) deve buscar-se em princípios tais como: a preservação da
dignidade humana, a busca de identidade e o exercício de cidadania. Segundo Ma-
cedo (2005), é preciso refletir sobre os fundamentos da educação inclusiva, procurar
saber e repensar o modo de funcionamento institucional, hoje pautado na lógica da
exclusão em favor da inclusão. Conforme consta na Cartilha da Inclusão dos Direitos
das Pessoas com deficiência, para se ter realmente uma escola democrática, é pre-
ciso criar uma nova ordem social, pela qual todos sejam incluídos no universo dos
direitos e deveres. (GODOY, 2000).
Segundo Mantoan (2005) para haver um projeto escolar inclusivo são neces-
sárias mudanças nas propostas educacionais da maioria das escolas, uma nova or-
ganização curricular idealizada e executada pelos seus professores, diretores, pais,
alunos e todos os que se interessam pela educação na comunidade onde está a es-
cola. Pietro (2006), a inclusão é uma possibilidade que se abre para o aperfeiçoa-
mento da educação escolar e para o benefício de todos os alunos com e sem defici-
ência; ensinar é marcar um encontro com o outro, e a inclusão escolar provoca, basi-
camente, uma mudança de atitude diante do outro, esse que é alguém especial e que
requer do educador ir além.
Construir um projeto político pedagógico, numa perspectiva de escola inclu-
dente exige, portanto: reorientar radicalmente o currículo em todos os seus aspectos,
desde a organização das turmas, a escolha de cada professor ou professora para
cada grupo de alunas, a horários de aula, a seleção de conteúdos culturais que na
escola ganham o nome de conteúdos pedagógicos, a escolha dos materiais didáticos,
das metodologias e didáticas ao tipo de relações que se dão na sala de aula e no
espaço fora da sala de aula, a relação da escola com as famílias das alunas e com a
comunidade circundante e, até a repensar a avaliação em suas consequências na
vida das alunas.
A reorientação curricular leva a um novo projeto político-pedagógico orien-
tado por uma visão intercultural que acolha todas as etnias, contribuindo assim para
que a escola se torna efetivamente uma escola includente, sintonizada com um projeto
de sociedade mais democrática e, portanto, includente.
(GARCIA, 2003) Freire (1997) uma das virtudes do educador democrático é
saber ouvir as diferentes vozes com suas linguagens específicas, construídas a partir
de um contexto sociocultural, o que implica em saber silenciar, em estar imerso na
experiência histórica e concreta dos educandos, mas nunca imerso de forma paterna-
lista, de modo a falar por eles mais do que verdadeiramente ouvi-los.
(FREIRE, 2001) 4.A formação de professores para a educação inclusiva Para
Morin (2004, p. 11.) Uma educação só pode ser viável se for uma educação integral
do ser humano. Uma educação que se dirige à totalidade aberta do ser humano e não
apenas a um de seus componentes. A educação deve contribuir, não somente para a
tomada de consciência de nossa Terra Pátria, mas também permitir que esta consci-
ência se traduza em vontade de realizar a cidadania terrena. (MORIN, 2004 – p. 18)
Quando se trata da inclusão, deve-se considerar aspectos ligados a formação
do professor, uma vez que, este deve estar preparado e seguro para trabalhar com o
aluno com necessidade educacional especial. Conforme já destacava Piaget (1984,
p. 62) a preparação dos professores constitui questão primordial de todas as reformas
pedagógicas em perspectiva, pois, enquanto não for a mesma resolvida de forma sa-
tisfatória, será totalmente inútil organizar belos programas ou construir belas teorias a
respeito do que deveria ser realizado.
Ora esse assunto apresenta dois aspectos. Em primeiro lugar, existe o pro-
blema social da valorização ou da revalorização do corpo docente primário e secun-
dário, a cujos serviços não são atribuídos o devido valor pela opinião pública, donde
o desinteresse e a penúria que se apoderaram dessas profissões e que constituem
um dos maiores perigos para o progresso, e mesmo para a sobrevivência de nossas
civilizações doentes.
A seguir, existe a formação intelectual e moral do corpo docente, problema
muito difícil, pois quanto melhores são os métodos preconizados para o ensino mais
penoso se tornam o ofício do professor, que a pressupõe não só o nível de uma elite
do ponto de vista dos conhecimentos do aluno e das matérias como também uma
verdadeira vocação para o exercício da profissão. Para esses dois problemas existe
uma única e idêntica solução racional: uma formação universitária completa para os
mestres de todos os níveis (pois quanto mais jovens são os alunos, maiores dificulda-
des assumem o ensino, se levado a sério).
Os três elementos apontados por Perrenoud (2000) se constituem em aspec-
tos fundamentais para a construção de profissionais que assumam a tarefa de des-
bravar e abrir novos caminhos, construindo com isso uma autonomia individual e lide-
rança na gestão de sala de aula. Na condição de profissionais reflexivos, as receitas
prontas não são mais adequadas e sim as habilidades para identificar, definir, projetar,
avaliar os desafios.
Segundo Paula (2004): Na formação de professores de educação especial,
essa ambiguidade manifesta-se, por exemplo, na forma como as políticas públicas
consideram essa questão. Também fica evidente, na construção do saber e, do saber
fazer, desses futuros docentes, pois os currículos de sua formação inicial privilegiam,
predominantemente, a especificidade do trabalho com determinados alunos “especi-
ais” por que apresentam incapacidades físicas, e/ou mentais, e/ou sensoriais, e/ou
adaptativas”.
Tal como constata Bueno (1998) apud Nunes et al (1998, p. 70). A formação
universitária do professor especial foi incluída como habilidade da pedagogia a qual,
via de regra, trata a formação docente como subproduto da formação do especialista:
forma-se nesse curso, portanto, um docente especializado com pouca formação como
professor, com insuficiente experiência teórico-prática consistente como professor do
ensino fundamental. A ênfase nas características e dificuldades específicas das diver-
sas deficiências reiterou, ainda mais uma “especificidade docente” que não levou em
conta perspectivas ampliadas sobre a relação entre o fracasso escolar e processo
pedagógico.
Bueno (1999) assinala que um ensino de qualidade para crianças com neces-
sidades especiais, na perspectiva de uma educação inclusiva, envolve pelo menos,
dois tipos de formação profissional docente: professores “generalistas” do ensino re-
gular, com um mínimo de conhecimento e prática sobre alunado diversificado; e pro-
fessores “especialistas” nas diferentes “necessidades educacionais especiais”, quer
seja para atendimento à essa população, quer seja para apoio ao trabalho realizado
pelos profissionais de classes regulares que integrem esses alunos.
O trabalho docente com portadores de necessidades educativas especiais na
contemporaneidade deve combinar estes dois aspectos, o profissional e o intelectual,
e para isso se impõe o desenvolvimento da capacidade de reelaborar conhecimentos.
Desta maneira, durante a formação inicial, outras competências precisam ser traba-
lhadas como a elaboração, a definição, a reinterpretação de currículos e programas
que propiciam a profissionalização, valorização e identificação do docente.
(PIMENTA, 2002, p. 131-132) A verdadeira profissionalização se dá a partir
do momento em que é permitido ao professor racionalizar e analisar a própria prática,
criticando-a, revisando-a, fundamentando-a na construção do crescimento da unidade
de ensino como um todo. O professor é um agente fundamental no processo de inclu-
são, mas ele precisa ser apoiado e valorizado, pois sozinho não efetivar a construção
de uma escola fundamentada numa concepção includente.
Para tanto se faz necessário “a preparação de todo o pessoal que constitui a
educação, como fator chave para a promoção e progresso das escolas inclusivas”
(Declaração Salamanca, p. 27). E também, “a provisão de serviços de apoio é de
importância primordial para o sucesso das políticas educacionais inclusivas. ”
(SALAMANCA, p. 31) Segundo Mittler (2003, p. 35), “A inclusão implica que
todos os professores têm o direito de esperar e de receber preparação apropriada na
formação inicial em educação e desenvolvimento profissional contínuo durante sua
vida profissional”.
Inclusão e inclusão social Abordagem dessas categorias conceituais, relativas
à pessoa com necessidades educativas especiais, implica, em buscar o conceito de
“inclusão”, que no entendimento de Forest & Pearpoint, significa “estar com”, “viver
com o outro”, sair da condição de marginalidade na qual se encontra. Inclusão significa
convidar aqueles que (de alguma forma) têm esperado para entrar e pedir-lhes para
ajudar a desenhar novos sistemas que encorajem todas as pessoas a participar da
completude de suas capacidades como companheiros e como membros. (Apud MAN-
TOAN, 1997, p.137)
Segundo ainda FOREST; PEARPOINT (apud MANTOAN, 1997), inclusão,
significa estar com o outro e cuidar uns dos outros, que traduz em convidar pais, es-
tudantes e membros da comunidade para ser parte de uma nova cultura, de uma nova
realidade, juntar-se a novos e excitantes conceitos educacionais (tecnologia da infor-
mática, pensamento crítico, educação cooperativa).
Sassaki (1999), fala da “inclusão social” como um novo paradigma, “o cami-
nho ideal para se construir uma sociedade para todos e que por ele lutam para que
possamos – juntos na diversidade humana – cumprir nossos deveres de cidadania e
nos beneficiar dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e de desen-
volvimento”.
Karagiannis e Stainback (1999, p. 21), afirmam que “a educação é uma ques-
tão de direitos humanos, e os indivíduos com deficiências devem fazer parte das es-
colas, as quais devem modificar seu funcionamento para incluir todos os alunos”, esta
é a mensagem claramente transmitida pela Conferência Mundial de 1994 da UNESCO
sobre Necessidades Educacionais Especiais. Inclusão social é o processo pelo qual
a sociedade se adapta para poder receber em seus sistemas sociais, cidadãos que
dela foram excluídos, no sentido de terem sido privados do acesso aos seus direitos
fundamentais. (PAULA, 2004, p. 93) Segundo Mendes (2001, p.17), “ao mesmo tempo
em que o ideal de inclusão se populariza, e se torna pauta de discussão obrigatória
para todos interessados nos direitos dos alunos com necessidades educacionais es-
peciais, surgem às controvérsias, menos sobre seus princípios e mais sobre as formas
de efetiva-la”.
Segundo Góes e Laphane (2004) muitos dos alunos com diferenças individu-
ais e sociais são mais prevalecentes em populações mais carentes e menos favoreci-
das econômica e culturalmente.

CONCLUSÃO
O objetivo desse trabalho foi analisar e levar em consideração as demandas
atuais da Educação Especial, esta revisão bibliográfica pode vir a constituir um ponto
de partida para desacomodar certas tradições às quais estamos acostumados. Uma
reforma da educação para a cidadania envolve também uma reforma dos educadores.
Essa é uma tarefa política cuja finalidade é fazer dos educadores pessoas
mais informadas e mais eficazes na transformação da sociedade.
A inclusão implica na mudança de políticas educacionais e de implementação
de projetos educacionais do sentido excludente ao sentido inclusivo. Educação Espe-
cial é muito mais do que uma escola especial, sua prática não precisa estar limitada a
um sistema paralelo de educação, e sim fazer parte da educação como um todo, acon-
tecendo nas escolas regulares e constituindo-se em mais um sinal de qualidade em
educação, quando oferecida a qualquer aluno que dela necessite.
Para que a inclusão de alunos com necessidades especiais no sistema de
ensino regular possibilita o resgate da cidadania e ampliação das perspectivas exis-
tenciais, pois não basta uma legislação que determinem a criação de cursos de capa-
citação básica de professores, nem a obrigatoriedade de matrículas nas escolas da
rede pública. A educação inclusiva no modelo atual é um desafio que nos obriga a
repensar a escola, sua cultura, sua política e suas práticas pedagógicas.
Dessa forma estará atendendo não somente aqueles com deficiência, mas
todos aqueles atualmente marcados pelo ciclo de exclusão e do fracasso escolar. Por-
tanto para finalizar, cabe ressaltar que a inclusão não é uma ameaça, muito menos
uma mera questão de terminologia, é apenas uma expressão linguística e física de
um processo histórico que não se iniciou e nem terminará hoje. Na verdade, a inclusão
não tem fim, se entendida dentro deste enfoque dinâmico, processual e sistêmico que
procuramos levantar nesta revisão.

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