Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SUMÁRIO
1. DEFICIÊNCIA FÍSICA.................................................................................. 3
8. PERCEPÇÃO ............................................................................................ 33
9. COORDENAÇÃO ...................................................................................... 34
1
16.2 Orientações para a convivência com os surdo cegos: conheça as
melhores formas de se comunicar ............................................................................. 44
17.3 As pessoas com deficiência são todas amigas ou familiares uns dos
outros 45
17.6 Pessoas com deficiência física não têm vida sexual ........................... 46
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 73
2
1. DEFICIÊNCIA FÍSICA
Fonte: www.afh.bio.br
3
Conforme explicita o documento do Ministério da Educação (MEC, 2003, p. 19):
E continua o documento...
Dessa maneira, as ações da criança sobre o meio: fazer coisas, brincar e resol-
ver problemas pode produzir formas de conhecer e pensar mais complexas,
combinando e criando novos esquemas, possibilitando novas formas de fazer,
compreender e interpretar o
Mundo que a cerca.
Neste sentido, a criança com deficiência física não pode estar em um mundo à
parte para desenvolver habilidades motoras. É preciso que ela receba os benefícios
tecnológicos e de reabilitação em constante interação com o ambiente ao qual ela per-
tence. É muito mais significativo à criança desenvolver habilidades de fala se ela tem
4
com quem se comunicar. Da mesma forma, é mais significativo desenvolver habilidade
de andar se para ela está garantido o seu direito de ir e vir.
Fonte: revistaepocasp.globo.com
5
apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monopa-
resia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, am-
putação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade
congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produ-
zam dificuldades para o desempenho de funções.
Fonte: s2.glbimg.com
6
Na escola encontraremos alunos com diferentes diagnósticos. Para os professo-
res será importante a informação sobre quadros progressivos ou estáveis, alterações ou
não da sensibilidade tátil, térmica ou dolorosa; se existem outras complicações associa-
das como epilepsia ou problemas de saúde que requerem cuidados e medicações (res-
piratórios, cardiovasculares, etc.).
Essas informações auxiliarão o professor especializado a conduzir seu trabalho
com o aluno e orientar o professor da classe comum sobre questões específicas de cui-
dados. Deveremos distinguir lesões neurológicas não evolutivas, como a paralisia cere-
bral ou traumas medulares, de outros quadros progressivos como distrofias musculares
ou tumores que agridem o Sistema Nervoso. Nos primeiros casos temos uma lesão de
característica não evolutiva e as limitações do aluno tendem a diminuir a partir da intro-
dução de recursos e estimulações específicas. Já no segundo caso, existe o aumento
progressivo de incapacidades funcionais e os problemas de saúde associados poderão
ser mais frequentes.
Algumas vezes os alunos estarão impedidos de acompanhar as aulas com a re-
gularidade necessária, por motivo de internação hospitalar ou de cuidados de saúde que
deverão ser priorizados. Neste momento, o professor especializado poderá propor o
atendimento educacional hospitalar ou acompanhamento domiciliar, até que esse aluno
retorne ao grupo, tão logo os problemas de saúde se estabilizarem.
Fonte: novaescola.org.br
Sabemos também que nem sempre a deficiência física aparece isolada e em mui-
tos casos encontraremos associações com privações sensoriais (visuais ou auditivas),
7
deficiência mental, autismo etc., e por isso, o conhecimento destas outras áreas também
auxiliará o professor responsável pelo atendimento desse aluno a entender melhor e
propor o Atendimento Educacional Especializado – AEE necessário.
Existe uma associação frequente entre a deficiência física e os problemas de co-
municação, como nos casos de alunos com paralisia cerebral. A alteração dos tônus
musculares, nessas crianças, prejudicará também as funções fonoarticulatórias, onde a
fala poderá se apresentar alterada ou ausente. O prejuízo na comunicação traz dificul-
dades na avaliação cognitiva dessa criança, que comumente é percebida como defici-
ente mental. Nesses casos, o conhecimento e a implementação da Comunicação Au-
mentativa e Alternativa, no espaço do atendimento educacional, será extremamente im-
portante para a escolarização deste aluno.
8
Fonte: www.vilavelha.es.gov.br
9
escolares, que levantam as necessidades de acessibilidade arquitetônica do prédio es-
colar.
Fonte: aeedonavenancia.blogspot.com.br
10
Fonte: escolaassis.blogspot.com.br
11
escolar, sendo “este nível de ensino marcado pelo desenvolvimento das aquisições lin-
guísticas, atitudinais, afetivas, sociais e psicomotoras, em que as crianças interagem
com muito mais liberdade. ” O ambiente escolar é para qualquer criança o espaço por
natureza de interação de uns com os outros. É nesse espaço que vemos estabelecer a
comunicação e sentir a necessidade de se locomover. O aprendizado de habilidades
ganha muito mais sentido quando a criança está imersa em um ambiente compartilhado
que permite o convívio e a participação. A inclusão escolar é a oportunidade para que
de fato a criança com deficiência física não esteja à parte, realizando atividades mera-
mente condicionadas e sem sentido.
O aluno da educação especial é aquele que por apresentar necessidades diferen-
tes dos demais alunos no domínio da aprendizagem requer recursos pedagógicos e me-
todológicos educacionais específicos. Inserir esses alunos no ensino regular, garantindo
o direito à educação, é o que chamamos de inclusão, ou seja, é acolher estes indivíduos
e oferecer às pessoas com deficiência oportunidades educacionais, nas mesmas condi-
ções acessíveis aos outros.
Para Dischinge e Machado (2006), deficiência é o termo usado pela Internatiol
Classification of Impairmet, Disabillities and Handicaps (ICIDH), traduzida em português
como Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens, tra-
zendo termos avançados em relação a épocas anteriores. Essa classificação foi lançada
em 1976 em Assembléia Mundial da Organização Mundial da Saúde para definição da
deficiência que é entendida como uma manifestação corporal ou como a perda de uma
estrutura ou função do corpo, a incapacidade refere-se ao plano funcional, desempenho
individual e a desvantagem diz a respeito á condição social de prejuízo, resultante da
deficiência ou da incapacidade. A expressão pessoa com deficiência pode ser aplicada
referindo-se a qualquer pessoa que possua uma deficiência e que estão sob o amparo
de uma determinada legislação.
O termo deficiente para denominar pessoas com deficiência tem sido considerado
por algumas ONGs e cientistas sociais inadequado, pois leva consigo uma carga nega-
tiva depreciativa da pessoa, fato que foi ao longo dos anos se tornando cada vez mais
rejeitado pelos especialistas da área e em especial pelos próprios indivíduos.
Segundo Nogueira (2008), na história da humanidade o deficiente sempre foi ví-
tima de segregação. No século XV crianças deformadas eram jogadas nos esgotos da
Roma Antiga, deixados em abrigos na Igreja isolados da humanidade. Na idade Média
12
que estes sujeito adquiriram um status Humano sendo assumidos pelas famílias e pela
Igreja.
Na idade contemporânea o homem na sociedade passa ser conteúdo central de
questionamento, com base nesta compreensão, as atitudes com os deficientes modifi-
cam, são oferecidas oportunidades educacionais e de integração social até chegar aos
dias de hoje.
O movimento de assistência à criança com deficiência é uma realidade, muitas
foram às ações em busca pelo direito da Pessoa com Deficiência tendo conquistas e
derrotas. Na sociedade do Brasil Colônia, não existia uma política de atendimento e nem
de tratamento com estas crianças com deficiência.
No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do Im-
pério, com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Instituto dos
Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e os Surdos Mudos, em 1857,
hoje denominados Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de
Janeiro. No início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi (1926), instituição espe-
cializada no atendimento às pessoas com deficiência mental; em 1954, é fundada a pri-
meira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE; e, em 1945, é criado o
primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Soci-
edade Pestalozzi, por Helena Antipoff. (MAZZOTTA, 1996, p. 75).
Fonte: rede.novaescolaclube.org.br
13
Segundo Bobbio (1992), as mudanças foram a partir do século XX, quando as
pessoas com deficiências passam a ser vistos como cidadãos com direitos e deveres de
participação na sociedade, a primeira diretriz política aparece em 1948 com a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, cujo o primeiro artigo diz “todas as pessoas nascem
livres e iguais em dignidade e em direito”. (BOBBIO,1992, p.262).
Nos anos 60 surgem às primeiras críticas e segregação, defendendo a normati-
zação, a adequação do deficiente à sociedade permitindo sua integração. A Educação
Especial no Brasil aparece pela primeira vez na Lei de Diretrizes e Bases nº. 4.024, de
1961. (BRASIL,1961).
Nos anos 80 e 90 declarações e tratados passam a defender a inclusão. A Cons-
tituição promulgada em 1988, traz no artigo 3º, inciso IV um dos objetivos fundamentais:
“promover o bem para todos, sem preconceito de origem, raça, cor, sexo, idade e quais-
quer outras formas de discriminação. Garante atendimento as pessoas com deficiência
preferencialmente na rede regular de ensino. ” (BRASIL,1988, p.2).
Fonte: www.portalpmt.teresina.pi.gov.br
14
congênitas ou adquiridas, exceto as deformidades estéticas e que não produzam
dificuldades para o desempenho de funções. (BRASIL, 1999, p.23)
15
de todos na escola, com o objetivo de satisfazer as necessidades básicas da aprendiza-
gem de todas as crianças, jovens e adultos devem estar em condições de aproveitar as
oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de apren-
dizagem. Essas necessidades compreendem tanto os instrumentos essenciais para a
aprendizagem (como a leitura e a escrita, a expressão oral, o cálculo, a solução de pro-
blemas), quanto os conteúdos básicos da aprendizagem (como conhecimentos, habili-
dades, valores e atitudes), necessários para que os seres humanos possam sobreviver
desenvolver plenamente suas potencialidades, viver e trabalhar com dignidade, partici-
par plenamente do desenvolvimento, melhorar a qualidade de vida, tomar decisões fun-
damentadas e continuar aprendendo. Junto, a Declaração de Salamanca (BRASIL,
1994) passam a influenciar a formulação das políticas públicas da educação inclusiva.
Em 1994, a Declaração de Salamanca proclama que as escolas regulares com
orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discrimina-
tórias e que alunos com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola
regular, tendo como princípio orientador que “as escolas deveriam acomodar todas as
crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocio-
nais, linguísticas ou outras” (BRASIL, 1994, p.330).
A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto nº
3.956/2001, afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e
liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com
base na deficiência toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exer-
cício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. BRASIL (2001), este do-
cumento tem importante repercussão na educação, exigindo uma reinterpretação da
educação especial, compreendida no contexto da diferenciação, adotado para promover
a eliminação das barreiras que impedem o acesso à escolarização.
16
Fonte: playtable.com.br
17
cadeira de rodas; eliminação barreiras arquitetônicas e do preconceito do professor em
relação com a pessoa com deficiência, a exigência de um cuidador acompanhando o
aluno em sala de aula, no caso de a família não puder atendê-la. Para que os alunos
tenham acesso á rede regular de ensino é imprescindível a compreensão concreta dos
alunos que apresentam sequelas motoras. Não há possibilidade desse aluno freqüentar
uma sala de aula sem que sejam atendidas a essas necessidades, que não são especiais
e fazem parte da luta pelo seu acesso e pela permanência.
A educação das pessoas com deficiência física precisa ser repensada a partir
dessa contextualização como uma questão histórica, buscando superar uma leitura abs-
trata da mesma. É preciso que consideremos o conjunto de características físicas ao
interagirmos com o indivíduo com deficiência física, que saibamos favorecer o seu de-
senvolvimento humano, caso contrário estaremos contribuindo para o desenvolvimento
da deficiência.
Vygotsky (1984) considera que o desenvolvimento e aprendizagem estão interli-
gados desde os primeiros dias de vida, sendo que a aprendizagem impulsiona e promove
o desenvolvimento. Pois quanto mais cedo e estimulada a criança for, menos evidentes
serão suas deficiências.
Fonte: www.clmais.com.br
Um defeito ou problema físico, qualquer que seja sua natureza, desafia o orga-
nismo. Assim o resultado de um defeito é invariavelmente duplo e contraditório. Por um
18
lado, ele enfraquece o organismo, mina suas atividades e age como uma força negativa.
Por outro lado, precisamente porque torna a atividade do organismo difícil, o defeito age
como um incentivo para aumentar o desenvolvimento de outras funções no organismo;
ele ativa, desperta o organismo para redobrar atividade, que compensará o defeito e
superará a dificuldade. (VYGOTSKY, 1984, p.233).
O autor deixa transparecer a capacidade de se transformar do organismo e do ser
humano, na capacidade do indivíduo criar processos adaptativos com intuito de superar
os impedimentos que encontra. A capacidade de superação só se realiza a partir da
interação com fatores ambientais, pois o desenvolvimento se dá no entrelaçamento de
fatores externos e internos.
A Educação Infantil proposta nos espaços da creche e pré-escola, deve possibili-
tar que a criança com deficiência experimente aquilo que outros alunos da mesma idade
vivenciam: brincadeiras corporais, sensoriais, músicas, estórias, cores, formas, tempo e
espaço e afeto. Buscando construir bases e alicerces para o aprendizado, a criança pe-
quena com deficiência também necessita experimentar, movimentar-se e deslocar-se
mesmo do seu jeito diferente; necessita tocar, perceber e comparar; entrar, sair, compor
e desfazer; necessita significar o que percebe com os sentidos, como qualquer outra
criança de sua idade.
O mundo caminha para a construção de uma sociedade para incluir cada vez mais
estas pessoas com deficiência. Sinais desse processo de construção são visíveis nas
escolas, na mídia, nas nossas vizinhanças e nos programas e serviços. Muitos países já
adotaram a abordagem inclusiva, o Brasil já começou a buscar o seu caminho, mesmo
com pouca ajuda técnica e financeira os resultados ainda são pequenos. As escolas
brasileiras já deveriam estar capacitadas para inclusão, porém a realidade que enfrenta-
mos é outra.
Os professores principalmente e outros profissionais ligados na área da educação
enfrentam o desafio da inclusão, o que não poderia ser chamado assim, pois na verdade
a etapa da adaptação a essa nossa realidade já deveria ter sido superada. As escolas
deveriam estar adequadas ás necessidades de todos os alunos que necessitam dessas
adaptações e apresentam a minoria dentro das escolas. Essas adequações vêm de en-
contro à acessibilidade, de acordo com o Dischinger e Machado (2006), esta se apre-
senta nas seguintes dimensões:
• Acessibilidade arquitetônica, sem barreiras ambientais físicas em todos os recin-
tos internos e esternos da escola e nos transportes coletivos.
19
• Acessibilidade comunicacional, sem barreiras na comunicação interpessoal
(face-face, língua de sinais, linguagem corporal linguagem gestual, etc.), na comunica-
ção escrita e na comunicação virtual (acessibilidade digital).
Fonte: catracalivre.com.br
20
de dezembro de 1999 que estabelece as condições básicas de acesso nas instituições
de ensino.
Art. 2º A Secretaria de Educação deste Mistério, com apoio técnico da Secretaria
d Educação Especial estabelecera os requisitos, tendo como referência a Norma Brasil
9050, da Associação brasileira de Normas e Técnicas, que trata da Acessibilidade de
pessoas com deficiências, edificações, espaço, mobiliário, equipamentos urbanos.
Parágrafo Único. Os requisitos estabelecidos na forma do caput deverão contem-
plar no mínimo:
-para alunos com deficiência física: eliminação de barreiras arquitetônicas para
circulação do estudante, permitindo acesso nos espaços de uso coletivos, reserva de
vagas nas em estacionamentos nas proximidades das unidades de serviço construção
de rampas com corrimãos ou colocação de elevadores, facilitando a circulação de cadei-
ras de rodas, adaptação de portas e banheiros para permitir o acesso de cadeira de
rodas; colocação de barras de apoio nas paredes dos banheiros; instalação de lavabos,
bebedouros e telefones públicos em altura acessível aos usuários de cadeira de rodas.
(BRASIL, 1999, p.25).
Fonte: julianellisaed.blogspot.com.br
Existem muitas adaptações a serem feitas para favorecer as crianças com defici-
ência física, com relação à acessibilidade, a realidade é que muitas escolas brasileiras
infelizmente apresentam obstáculos a inclusão, são muitas barreiras encontradas dificul-
tando o acesso e permanência destas crianças no espaço escolar.
21
O papel do professor também é fundamental. Ele deve ser capaz de identificar as
necessidades da sala de aula e as peculiaridades de cada um do grupo. Esta é uma
dificuldade real daqueles que trabalham com a inclusão, pois é um cuidado que se deve
ter ao valorizar as diferenças como singularidade.
O professor precisa ter conhecimento bem construído em sua área de atuação,
além de se manter em permanente atualização, buscar informações e aprender a sele-
cioná-las são novas habilidades que o professor não pode deixar de desenvolver, assim
como aperfeiçoar o conhecimento especifico, conhecer teorias pedagógicas e técnicas
didáticas bastante variadas é fundamental.
Mas atualmente é necessário ter mais do que isto, é preciso estar disposto a entrar
em contato com o conhecimento em geral, com o que está acontecendo dentro e fora do
meio, pressupondo uma atitude diferenciada. Todos sabem que a inclusão embora ga-
rantida por lei, não se concretiza por si só. Para se tornar uma prática real, a inclusão
depende da disponibilidade interna dos que estão envolvidos, inclusive da família e que
constitui uma instituição de extrema importância na formação e na educação das crian-
ças, juntamente com a escola, onde é desenvolvida a educação e formação sistemati-
zada das mesmas. Porém, é no ambiente familiar que a criança tem seu primeiro contato
com a sociedade.
Daí a importância da união dessas duas instituições sociais na formação educa-
cional das crianças com deficiência. Embora a maioria dos sistemas educacionais de-
fenda a posição de que a educação inicial é de responsabilidade da família, pelo fato de
considerar esse ambiente familiar como ideal para o desenvolvimento e educação das
crianças, porém os pais precisam conhecer e discutir os objetivos da proposta pedagó-
gica e os meios organizados para atingi-los, além de trocar opiniões sobre como o coti-
diano escolar e em casa.
A prática de reunir os pais periodicamente, para informá-los e discutir algumas
mudanças a serem feitas no cotidiano das crianças, pode garantir que suas famílias
apoiem os filhos de forma tranquila, assegurando o processo educacional dos filhos, uma
vez que a educação, para ser integral precisa ser conduzida por essas duas instituições
sociais essenciais ao desenvolvimento da criança – família e escola.
22
2. A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO TRABALHO COM OS PORTA-
DORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS
Fonte: portal.sme.prefeitura.sp.gov.br
23
que se sinta à vontade significa que ele domina o seu corpo, utiliza-o com desenvoltura
e eficácia, proporcionando-lhe bem-estar, tornando fáceis e equilibrados seus contatos
com os outros.
24
Fonte: salaazu.blogspot.com.br
25
2.4 O equilíbrio
26
Fonte: www.psicomotricidadepositiva.com.br
27
Sintetizando, a Psicomotricidade subtende uma concepção holística de
aprendizagem e de adaptação do ser humano, que tem por finalidade, associar dinami-
camente, o ato ao pensamento, o gesto à palavra, o símbolo ao conceito.
Fonte: www.csa.osa.org.br
28
No entanto, Henri Wallon ousou falar em Tônus e Relaxamento e Dr. Ajuriaguerra
combinou às suas pesquisas, a importância dos tônus falados por Wallon em seus es-
critos sobre o diálogo tônico. Dra. Giselle Soubiran iniciou sua prática de relaxação psi-
cotônica e fez seguidores.
Empenhada cada vez mais em mostrar ao mundo, a importância dos tônus no dia
a dia, ela apontou aos pesquisadores, caminhos a serem seguidos e estudados e deixou
clara a sintomatologia tônica corporal do século. No Brasil, Antônio Branco Lefévre bus-
cou junto às obras de Ajuriaguerra e Ozeretski, influenciado por sua formação em Paris,
a organização da primeira escala de avaliação neuromotora para crianças brasileiras.
29
corpo, como diálogo tônico, podendo ser lida como uma linguagem. Ajuriaguerra
que afirmou que o papel da função tônica não é apenas o de servir de pano de
fundo da ação corporal, mas é também um modo de relação com o outro;
1925 – Dupré retoma o termo psicomotricidade na obra Pathologie de l’imagination et de
l’émotivité, empregado, também, na mesma época, por Wernicke;
Henri Wallon apresenta a famosa classificação das síndromes psicomotoras e
sustenta um paralelismo das manifestações motoras e psíquicas, impregnado do
reducionismo neurológico, fruto do dualismo corpo-alma;
1930 – H. Wallon distingue dois tipos de atividades motoras e faz uma escala de desen-
volvimento da criança, além de relacionar diretamente o movimento com o desen-
volvimento psíquico;
1935 – E. Guillmain, além de montar um teste psicomotor, analisou o paralelismo entre
o comportamento geral da criança e o teste psicomotor e descobre três funções
essenciais: atividades tônica, relacional e intelectual;
1937 – Jean Piaget demonstra a importância do movimento, com base de toda a estru-
turação da inteligência humana. Reafirma que a atividade motora é o ponto de
partida para o desenvolvimento das inteligências. A partir daí, a função tônica e a
coordenação dos esquemas serão reconhecidas pelas psicologias como objeto
de estudo;
1948 – Heuyer fala da psicomotricidade como a associação estreita entre o desenvolvi-
mento da motricidade, da inteligência e da afetividade;
1960 – 1º Edição da obra “Educação Psicomotora e Retardo Mental” de Picq e Vayer,
que significa o ponto em que a educação psicomotora ganha verdadeiramente
uma autonomia, e se converte em uma atividade educativa original e com objeti-
vos próprios;
1963 – No quadro universitário do Hospital Salpétrière, na França, expediu-se um certi-
ficado de Reeducação da Psicomotricidade;
1963-1973 –Institucionalização e dispersão das doutrinas e do método;
1974 – Existe, na França, o diploma de Estado de Psicomotricista, obtido através dos
Ministérios da Saúde e da Família, envolvendo três anos de estudos, após o Bacha-
relado;
1980 – Com o incentivo de Françoise Desobeau, foi criada a SOCIEDADE BRASILEIRA
DE TERAPIA PSICOMOTORA (SBTP), integrada à sociedade Internacional de
30
Terapia Psicomotora (SITP), num encontro em Araruama, onde estiveram presen-
tes 40 profissionais de oito profissões diferentes e de oito Estados do Brasil.
1982 – I Congresso Brasileiro de Psicomotricidade;
Foram iniciadas as primeiras publicações na área de Psicomotricidade através
dos Anais do congresso, dos exemplares IPERA, da própria Sociedade, além de
revistas como CONTINUIDADE, do CESIR e CORPO E LINGUAGEM, da Editora
Jacobé, que era dirigida por um dos membros da Sociedade;
1983 – Foram criados cursos de Pós-graduação de Psicomotricidade, na Universidade
Estácio de Sá e no Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação (IBMR), consti-
tuindo um passo importante na história da Psicomotricidade.
1985 – Decreto 85.188, de 7.02.1985, rebatizou o diploma de Estado de Psicomotrici-
dade.
1989 – Em julho foi aberto, no IBMR, o curso de formação de Psicomotricidade com
duração de 4 anos, a nível de graduação.
Primeiro com Tissié (1894), com Dupré (1925), depois com Janet (1928), e funda-
mentalmente com Wallon (1925, 1932 e 1934), a Psicomotricidade ganha definitivamente
o reconhecimento institucional.
5. DESENVOLVIMENTO MOTOR
31
Fonte: atequeenfimbaby.com.br
6. AS ÁREAS DA PSICOMOTRICIDADE
32
"Prática Psicomotora" todas as atividades que visam estimular as várias áreas que men-
cionaremos a seguir:
7. COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
8. PERCEPÇÃO
Fonte: colegio.pioxii-es.com.br
33
E, por fim, discriminamos - reconhecemos as diferenças e semelhanças entre es-
tímulos e percepções. A discriminação é que nos permite saber, por exemplo, o que é
verde e o que é azul, e a diferença entre o 1 e o 7. As atividades propostas para esta
área devem auxiliar o desenvolvimento da percepção e da discriminação.
9. COORDENAÇÃO
10. ORIENTAÇÃO
A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo
ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens, recebe sons, sente
cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade corpo é centro, o referencial. A
34
noção do corpo está no centro do sentimento de mais ou menos disponibilidade e adap-
tação que temos de nosso corpo e está no centro da relação entre o vivido e o universo.
É nosso espelho afetivo-somático ante uma imagem de nós mesmos, do outro e dos
objetos.
Fonte: kitsegifts.com.br
35
diz respeito à percepção dos lados direito e esquerdo e da atividade desigual de cada
um desses lados visto que sua distinção será manifestada ao longo do desenvolvimento
da experiência. Perceber que o corpo possui dois lados e que um é mais utilizado do
que o outro é o início da discriminação entre a esquerda e direita. De início, a criança
não distingue os dois lados do corpo; num segundo momento, ela compreende que os
dois braços se encontram um em cada lado de seu corpo, embora ignore que sejam
"direito" e "esquerdo". Aos cinco anos, aprende a diferenciar uma mão da outra e um pé
do outro. Em seguida, passa a distinguir um olho do outro. Aos seis anos, a criança tem
noção de suas extremidades direita e esquerda e noção dos órgãos pares, apontando
sua localização em cada lado de seu corpo (ouvidos, sobrancelhas, mamilos, etc.). Aos
sete anos, sabe com precisão quais são as partes direita e esquerda de seu corpo. As
atividades psicomotoras auxiliam a criança a adquirir boa noção de espaço e lateralidade
e boa orientação com relação a seu corpo, aos objetos, às pessoas e aos sinais gráficos.
Alguns estudiosos preferem tratar a questão da lateralidade como parte da orien-
tação espacial e não como parte do conhecimento corporal.
Fonte: pimpumplay.pt
A matemática pode ser considerada uma linguagem cuja função é expressar re-
lações de quantidade, espaço, tamanho, ordem, distância, etc.
A medida em que brinca com formas, quebra-cabeças, caixas ou panelas, a cri-
ança adquire uma visão dos conceitos pré-simbólicos de tamanho, número e forma. Ela
36
enfia contas no barbante ou coloca figuras em quadros e aprende sobre sequência e
ordem; aprende frases: acabou, não mais, muito, o que amplia suas ideias de quanti-
dade. A criança progride na medida do conhecimento lógico-matemático, pela coorde-
nação das relações que anteriormente estabeleceu entre os objetos. Para que se cons-
trua o conhecimento físico (referente a cor, peso, etc.), a criança necessita ter um sis-
tema de referência lógico-matemático que lhe possibilite relacionar novas observações
com o conhecimento já existente; por exemplo: para perceber que um peixe é vermelho,
ela necessita um esquema classificatório para distinguir o vermelho de todas as outras
cores e outro esquema classificatório para distinguir o peixe de todos os demais objetos
que conhece.
37
• Capacidade de decompor palavras em sílabas e letras (análise);
• Possibilidade de reunir letras e sílabas para formar novas palavras (síntese).
"O que não percebeu, negais que exista; o que não calculastes, é mentira; o que
vós não pensastes, não tem peso, metal que não cunhais, dizeis que é falso." (Goethe)
Que há com ela? O que acontece com essa criança desajeitada? Porque, apesar
de sua aparência cheia de torpor e inabilidade, quando consegue aproximar-se, mostra-
se com encanto e interesse?
O que há com ela? Andou tarde, caiu quantas vezes... precipitava-se pelas esca-
das ao invés de desce-las, ou morria de medo como se fosse um grande empreendi-
mento... escalá-las e não apenas subi-las. E vestir-se. O que seria a manga, onde esta-
riam os braços, as pernas das calças? Enfiam-se pela cabeça? Por que existem laços
de sapato? Para atormentar crianças? Ou talvez, a sua mãe que, desoladamente, con-
templa sua dificuldade? E um caderno? Começa-se de que lado? Por que as coisas são
assim? Que estranho é este mundo de lados que não tem lados... O que há com esta
criança?
Seus movimentos são desajeitados, lentos e pesados. Quando andam, apoiam
duramente o calcanhar no solo. Quando crianças custam a aprender a subir e descer
escadas, nas escolas, evitam participar de jogos, nas quais geralmente são ridiculariza-
das e afastadas: tê-las como parceiras é perder na certa.
Tal ser é uma questão e uma dificuldade para seus pais, para seus mestres, para
todos nós. Como entendê-lo. Como ajudá-lo?
A criança descrita na história acima apresenta um distúrbio de motricidade: uma
dispraxia.
Praxias: São sistemas de movimentos coordenados em função de um resultado
ou de uma intenção. Não são nem reflexos, nem automatismos, nem movimentos invo-
luntários. O estudo sobre os distúrbios das praxias foram primeiramente, sistematizados
em adultos. Estas perturbações consistiam em perda ou alterações do ato voluntário,
como de lesão no sistema nervoso central. São as apraxias.
38
Pesquisas foram desenvolvidas com crianças que mostraram serem algumas de-
las portadoras de um determinado distúrbio cujos sintomas assemelhavam-se aos adul-
tos. Por outro lado, mesmo existindo a lesão, ela incidia sobre um cérebro ainda em
desenvolvimento e, portanto, em condições diferentes a dos adultos.
Fonte: s-media-cache-ak0.pinimg.com
39
Distúrbio Psicomotor: significa um transtorno que atinge a unidade indissociá-
vel, formada pela inteligência, pela afetividade e pela motricidade.
Paratonia: É a possibilidade que apresentam certas crianças de relaxar volunta-
riamente um músculo.
Sincinesias: São fenômenos normais em crianças.
Catalepsia: É uma aptidão anormal para a conservação de uma atitude.
Outros sinais são marcados como certas epilepsias, espasmos dos músculos li-
sos, alguns estados de excitação e de agitação e a instabilidade.
Assim muitos anos, os distúrbios de psicomotricidade e portanto, as dispraxias,
foram vistos sob o nome de debilidade motora que é uma insuficiência de imperfeição
das funções motoras consideradas do ponto de vista da sua adaptação.
Os distúrbios da Psicomotricidade são definidos sob o nome de Disfunções Psi-
comotoras.
15. AS DEFICIÊNCIAS
40
instituições de vinte países da América Latina. Os representantes de cinco deles disse-
ram usar as estimativas da OMS por nunca terem feito um censo que incluísse a temática
da deficiência. Os índices encontrados nos outros países variavam de 1,2% na Colômbia
a 13,1% no Peru.
O mais recente censo demográfico do Brasil, realizado pelo IBGE - Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística, em 2000, revela que 14,5% da população total, ou seja,
24,5 milhões de brasileiros possuem alguma espécie de incapacidade física, mental ou
sensorial (auditiva ou visual).
Essas pessoas e seus familiares também são parte de uma outra estatística cres-
cente, a de excluídos digitais, pessoas que não possuem acesso às tecnologias de in-
formação e comunicação estando, portanto, em posição de desvantagem para buscar
informações e vagas em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, para citar
apenas algumas situações desfavoráveis.
Segundo as premissas gerais sobre Inclusão Digital do Governo Eletrônico do
Brasil, "a exclusão digital aprofunda a exclusão socioeconômica. Toda a população deve
ter garantido o direito de acesso ao mundo digital, tanto no âmbito técnico/físico (sensi-
bilização, contato e uso básico) quanto intelectual (educação, formação, geração de co-
nhecimento, participação e criação)".
As pessoas que são excluídas do mundo digital o são por diversos fatores: pelo
seu poder aquisitivo; por sua resistência ao uso das Tecnologias de Informação e Co-
municação, independentemente de classe econômica e das possibilidades de acesso,
como muitas pessoas da Terceira Idade. Outro fator excludente (ou dificultador) é a ex-
tensa utilização da língua inglesa na Internet - praticamente metade das páginas estão
neste idioma. O tipo de equipamento e os softwares utilizados também podem se cons-
tituir em fatores de exclusão. Outro segmento que ainda está muito excluído do mundo
virtual e que constitui justamente o público-alvo deste CD-ROM é aquele formado pelas
pessoas com deficiência, para as quais as Tecnologias de Informação e Comunicação
podem representar oportunidades preciosas para expressão e comunicação pessoal e
social, para educação, lazer e trabalho - ou seja, para a inserção social.
41
16. DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
42
Síndrome de Usher (as manifestações clínicas desta síndrome de origem genética
incluem a surdez, que se manifesta logo no início da vida e a perda visual que
ocorre, geralmente, mais tarde);
Surdo cegueira congênita, resultante de doenças como a rubéola ou de nasci-
mentos prematuros.
É difícil imaginar como uma pessoa surdo cega se comunica, mas isso é possível.
Os surdo cegos possuem diversas formas para se comunicar com as outras pessoas.
A LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, desenvolvida para a educação dos surdos,
pode ser adaptada aos surdo cegos, utilizando-se o tato. Colocando a mão sobre a boca
e o pescoço de um intérprete, a pessoa com surdo cegueira pode sentir a vibração de
sua voz e entender o que está sendo dito. Esse método de comunicação é chamado de
Tadoma.
Também é possível para o surdo cego escrever na mão de seu intérprete, utili-
zando o alfabeto manual dos surdos, soletrando as palavras ou ele pode redigir suas
mensagens em sistema braile, que é um alfabeto composto por pontos em relevo criado
para a comunicação dos portadores de deficiência visual.
Existe ainda o alfabeto moon, que substitui as letras por desenhos em relevo e o
sistema pictográfico, que usa símbolos e figuras para designar os objetos e ações. Há
casos de crianças surdo cegas brasileiras que desenvolvem condições de serem educa-
das com os surdos, comunicando-se em LIBRAS e usando o braile para o conhecimento
da leitura e escrita. Mas, para que isso aconteça é necessário que a intervenção seja
precoce, ou seja, quando a criança for bem pequena. Cada surdo cego adulto tem o
direito de decidir qual vai ser sua forma de comunicação, para que participe das ativida-
des em casa, no trabalho e no lazer.
Carlos Roberto, surdo cego que mora no Estado de São Paulo, Brasil, diz: "des-
cobri outro sentido, com o tato consigo ver o mundo". Ele se desenvolveu tão bem co-
municando-se em LIBRAS que está sempre rodeado de amigos, conversando e con-
tando piadas e está aprendendo atualmente o braile.
43
16.2 Orientações para a convivência com os surdo cegos: conheça
as melhores formas de se comunicar
Ao aproximar-se de um surdo cego, deixe que ele perceba sua presença com um
toque. Combine um sinal para que ele o identifique da próxima vez que se encon-
trarem;
Aprenda e use o método de comunicação que ele souber, mesmo que seja ele-
mentar, bem simples;
Tenha a certeza de que o surdo cego o está percebendo quando tentar se comu-
nicar. Lembre-se que você não pode se comunicar à distância;
Encoraje-o a usar a fala se ele conseguir, mesmo que ele saiba apenas algumas
palavras;
Se outras pessoas estiverem presentes, avise-o quando for o momento apropri-
ado para ele falar;
Avise-o sempre do que o rodeia;
Informe-o quando sair, mesmo que seja por pouco tempo;
Assegure-se que ele está confortável e em segurança. Se ele precisar de algo
para se apoiar durante a sua ausência, coloque a mão dele no que servirá de
apoio. Nunca o deixe sozinho num ambiente que não lhe seja familiar;
Mantenha-se próximo dele para que ele perceba a sua presença;
Ao andar deixe-o apoiar-se no seu braço, nunca o empurre ou puxe-o pelo braço;
Utilize sinais simples para o avisar da presença de escadas, uma porta ou um
carro;
Um surdo cego que esteja apoiado no seu braço perceberá qualquer mudança no
seu andar;
Escreva devagar na palma da mão do surdo cego, utilizando as letras de forma
do alfabeto manual.
44
17. MITOS SOBRE AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
45
17.4 Existem remédios milagrosos que curam as deficiências
Deficiência não é doença nem é contagiosa. Uma deficiência pode ser sequela de
uma doença, mas não é a própria doença.
A pessoa com surdez na maior parte dos casos apresenta os órgão fono-articula-
tórios íntegros e tem todo o potencial para desenvolvimento da fala.
Não é porque é surdo que se torna automaticamente mudo. A mudez autêntica é extre-
mamente rara e decorrente de lesões cerebrais.
46
17.9 Só há duas categorias de pessoas: os cegos e os que vêm "nor-
malmente"
Existem pessoas com baixa visão, podem distinguir formas ou cores. Algumas
pessoas com baixa visão podem ler com o auxílio de uma lupa. Também existem as
pessoas que não enxergam.
A pessoa cega tem uma atenção diferenciada aos estímulos auditivos, afinal a
audição a auxilia na locomoção e localização, ajudando na noção de distância. Daí para
esta atenção tornar-se um talento sobrenatural para a música, há uma grande diferença.
17.11 A Surdocegueira
47
Antigamente, pensava-se que a principal causa da surdocegueira seria a
Síndrome da Rubéola Congénita. Hoje em dia, com a tecnologia mais avançada, sabe-
se que as principais causas se relacionam com a prematuridade ou com várias anomalias
congétitas, tais como: rubéola, síndromes (Down, Usher, Trissomia 13, entre outras),
anomalias congénitas (síndrome CHARGE, hidrocefalia, microcefalia, síndroma fetal
alcoólico, abuso de drogas pela mãe, entre outras), prematuridade e disfunções pré-
natais congénitas (SIDA, toxoplasmose, herpes, sífilis) e causas pós-natais (asfixia,
traumatismo craniano, encefalite, meningite). Há, no entanto, estudiosos que acreditam
que a principal causa é ainda desconhecida.
Acredita-se que cerca de 80 a 90% da informação é recebida pelo ser humano
visual ou auditivamente; assim sendo, a privação destas duas capacidades provoca
alterações drásticas no acesso da pessoa à informação e no seu desenvolvimento.
A dependência do surdocego aos outros é total, quer para aceder a objectos e às
pessoas, quer para obter ajuda quanto à organização e à compreensão da informação
acerca do meio que o rodeia, com o objectivo de se relacionar com o mundo, quebrando
assim o isolamento.
Fonte: mirandalibrassemfronteiras.weebly.com
48
Os comportamentos apresentados por surdocegos são decorrentes de como eles
estabelecem contacto com o ambiente, de qual o recuso que usam para se comunicar e
se conseguem fazer-se compreender e compreender os outros. A singularidade da
surdocegueira prende-se ao prejuízo no processo de desenvolvimento devido à falta de
comunicação e de interação social.
No que toca ao comportamento infantil, ressaltam-se dois grupos: um de crianças
que apresentam comportamento hipoativo (distanciando-se do ambiente social,
isolando-se, evitando comunicar-se), e outro de crianças com comportamento hiperativo
(que nunca param, apresenta contato visual e apresentam defesa táctil). Pesquisadores
afirmam que a privação sensorial, no caso das crianças, lhes limita as respostas aos
indivíduos ou às atividades do seu ambiente, isto é, interagem de forma artificial, ou
estereotipada. Afirmam ainda que essas crianças demonstram uma alteração
significativa no desenvolvimento das habilidades de comunicação, mobilidade e acesso
à comunicação.
A criança surdocega pode apresentar os seguintes comportamentos:
Comportamento autista (movimentos estereotipados e/ou rítmicos);
Comportamento social imaturo;
Inabilidade de comportamento afectivo;
Dificuldade de uso dos sentidos próximos.
Considera-se uma criança com múltipla deficiência sensorial aquela que apre-
senta deficiência visual e auditiva associadas a outras condições de comportamento e
comprometimentos, sejam eles na área física, intelectual ou emocional, e dificuldades de
aprendizagem. Quase sempre, os canais de visão e audição não são os únicos afetados,
mas também outros sistemas, como os sistemas tátil (toque), vestibular (equilíbrio), pro-
prioceptivo (posição corporal), olfativo (aromas e odores) ou gustativo (sabor). Limita-
ções em uma dessas áreas podem ter um efeito singular no funcionamento, aprendiza-
gem e desenvolvimento da criança (PERREAULT, 2002).
Crianças que apresentam graves comprometimentos múltiplos e condições médi-
cas frágeis:
1. Apresentam mais dificuldades no entendimento das rotinas diárias, gestos ou
outras habilidades de comunicação;
2. Demonstram dificuldades acentuadas no reconhecimento das pessoas signifi-
cativas no seu ambiente;
3. Realizam movimentos corporais sem propósito;
49
4. Apresentam resposta mínima a barulho, movimento, toque, odores e/ou outros
estímulos.
Muitas dessas crianças têm dificuldade na obtenção e manutenção do estado de
alerta. Isso é crítico porque a prontidão é o estado comportamental em que as crianças
estão mais receptivas à estimulação, aprendem melhor e são capazes de responder de
uma maneira socialmente aceita. Crianças com múltipla deficiência sensorial têm uma
variedade de necessidades especiais que se assemelham às necessidades da criança
surdas cegas. Nesse sentido, toda a abordagem descrita neste documento aplica-se
também à criança com múltipla deficiência sensorial.
A criança surda cega não é uma criança surda que não pode ver e nem um cego
que não pode ouvir. Não se trata de simples somatória de surdez e cegueira, nem é só
um problema de comunicação e percepção, ainda que englobe todos esses fatores e
alguns mais (MCINNES & TREFFY, 1991).
Segundo Telford & Sawrey (1976), quando a visão e audição estão gravemente
comprometidas, os problemas relacionados à aprendizagem dos comportamentos soci-
almente aceitos e a adaptação ao meio se multiplicam. A falta dessas percepções limita
a criança surdo cega na antecipação do que vai ocorrer a sua volta. A entrada da mãe
no quarto do bebê, por exemplo, pode não significar tranquilidade, comida ou carinho,
mas pode promover instabilidade e insegurança. Sua dificuldade na antecipação dos
fatos faz com que cada experiência possa parecer nova e assustadora, como ser trans-
portada de um lugar para o outro, sentir na boca a introdução de um alimento novo ou
ser tocado repentinamente. Ainda como resultado da privação da visão e audição, sua
motivação na exploração do ambiente é proporcionalmente diminuída. Seu mundo se
limita ao que por casualidade está ao alcance de sua mão e, sobretudo, a si mesmo.
50
Fonte: 1.bp.blogspot.com
51
formas de comunicação inteligíveis com os seus interlocutores, antecipar sucessos futu-
ros ou o resultado de suas ações. Além dessas questões, é importante que a criança
esteja motivada a participar de experiências externas, ainda que básicas, como alimen-
tação, higiene, lazer etc. O processo de aprendizagem ocorre por repetição e estimula-
ção orientada em contextos naturais, dado que a surdo cegueira interfere na capacidade
de aprendizagem espontânea e na capacidade de imitação.
A criança surdo cega é portadora de características únicas, que resultam do efeito
combinado das deficiências auditiva e visual. As características clínicas que definem a
criança, do ponto de vista oftalmológico e audiológico, são insuficientes para prever o
quanto poderá se desenvolver quando imersa num ambiente que proporcione uma esti-
mulação adequada às suas necessidades (CADER & COSTA, 2001).
A característica da interação da criança com deficiência primária no ambiente,
frequentemente marcada pela carência de estímulos, pode desencadear um desenvolvi-
mento atípico, compatível com os limites impostos pela combinação das deficiências au-
ditiva e visual.
Fonte: 3.bp.blogspot.com
52
os sentidos remanescentes e/ou os resíduos auditivos e visuais para o estabelecimento
de trocas significativas e necessárias à sua participação efetiva no ambiente.
A falta de audição faz com que a criança surdo cega não possa responder usando
a fala ou o movimento do corpo (ex: voltar-se para a pessoa que a chama). Outras vezes,
o comprometimento visual pode restringir os movimentos da criança na exploração sen-
sório motora de seu ambiente físico e humano.
As implicações das limitações visuais e auditivas nas interações podem ser mini-
mizadas com a introdução do toque. Muitas crianças parecem não gostar de serem to-
cadas por não conseguirem identificar a origem e o significado do toque. Nesses casos,
a utilização de objetos e/ou toques familiares à criança poderão ser usados como meio
intermediário entre a criança e o professor. Esse é um fator importante no sucesso das
interações.
Na ausência desses cuidados, a criança surdo cega poderá apresentar compor-
tamentos inadequados socialmente, ou seja, pode desenvolver comportamentos indese-
jáveis, como movimentar aleatoriamente as mãos e/ou corpo, emitir sons, direcionar o
olhar compulsivamente para luz, provocar sons em locais com vibrações mais intensas
e tatilmente perceptíveis, balançar, bater os pés, apertar os olhos, agredir-se, entre ou-
tros. Estes comportamentos reativos são geralmente recursos utilizados pela criança
para substituir a falta dos estímulos adequados e dão aos educadores informações im-
portantes quando interpretados numa perspectiva comunicativa.
O fato de as crianças surdo cegas apresentarem, frequentemente, comportamen-
tos como: 1) dificuldades em elaborar a consciência da relação dos segmentos corporais
em si e destes com objetos (fase comum a todas as crianças); 2) limitações para o mo-
vimento e funcionamento do próprio corpo; 3) insegurança pessoal; e, 4) atraso no de-
senvolvimento motor e afetivo, pode ser atribuído à qualidade e quantidade das intera-
ções mantidas com o ambiente. Afinal, enquanto as crianças normais usam a audição e
a visão para direcionar sua ação, e com isso aprendem, por exemplo, que seu compor-
tamento e movimento têm consequências determinadas e que objetos e crianças que
não podem ser vistos continuam a existir, a criança surdo cega não possui condições
para responder e compreender as demandas do meio, precisando, por isso, que esses
aspectos lhes sejam ensinados.
53
O papel do professor, intérprete ou guia-intérprete junto à criança surdo cega será
o de suprir sua carência de funcionamento sensorial com estímulos organizados e signi-
ficativos, promovendo a construção de sua consciência e imagem corporal, seu desen-
volvimento motor e afetivo, e também sua autonomia (ERIKSON, 2002).
As informações do mundo deverão chegar à criança de forma estruturada e siste-
matizada, para que ela possa começar a construir seu mundo. Esse procedimento a au-
xiliará na construção do conhecimento como um todo, uma vez que a carência de infor-
mações sensoriais tão básicas como a visão e a audição fazem com que cada criança,
quando exposta a um estímulo, consiga absorver apenas parte dessa informação. Ape-
nas a repetição de estímulos em contextos significativos poderá assegurar que ela venha
a ser capaz de assimilar a estimulação como um todo.
As crianças surdo cegas podem apresentar perfis distintos, em função de vários
aspectos:
1. Características da interação que mantém com o meio, decorrentes do compro-
metimento dos sentidos de distância (audição e visão) e da disponibilidade do meio para
interagir com elas utilizando formas adaptadas às suas necessidades;
2. Grau de perda auditiva;
3. Grau de perda visual;
4. Outros comprometimentos associados, entre eles o motor e o neurológico;
5. Período de aquisição da surdo cegueira. As características do meio socioeco-
nômico e cultural no qual a criança está inserida pode desencadear atrasos no seu pro-
cesso inicial de aprendizagem e desenvolvimento. Assim, as capacidades apresentadas
por elas podem ser decorrentes não da deficiência em si, mas da relação entre a forma,
o método e o conteúdo das interações vivenciadas, ou seja, a aprendizagem vai ser
dependente do modo como a criança surdo cega estabelece seu contato com o meio e
este com ela, de qual o recurso utilizado na comunicação e a de sua capacidade de ser
compreendida e de compreender as demandas do seu universo familiar, escolar, social
e cultural.
O processo de aprendizagem da via de comunicação exige atendimento especia-
lizado, com estimulação específica e individualizada. Quando a criança é estimulada pre-
cocemente, ela adquire comportamentos sociais mais adequados e, também, poderá
desenvolver e aprender a usar seus sentidos remanescentes melhor do que aquela que
não recebeu atendimento.
54
18. DIFERENÇAS ENTRE DIFICULDADES E DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
55
- Apresentam quociente de inteligência normal, muito próximo da normalidade ou
até mesmo superior;
- Não apresentam deficiências sensoriais, nem neurológicas significativas;
- Possuem rendimento escolar insatisfatório em relação às demais pessoas que
se encontram na mesma faixa etária;
- Apresentam uma disfunção no sistema nervoso central;
- Suas dificuldades são detectadas, na maioria das vezes, no início da alfabetiza-
ção, quando passa a frequentar a escola e nota-se suas diferenças de aprendizado em
relação ao restante do grupo;
- Têm dificuldades em um aspecto específico da aprendizagem (leitura, fala, es-
crita, matemática, raciocínio);
Ao contrário das dificuldades de aprendizagem, que podem estar ligadas a pro-
blemas externos ou a um conjunto de elementos, os distúrbios de aprendizagem estão
mais vinculados ao próprio aluno independente de questões relacionadas, por exemplo,
à estrutura geral da educação ou ao ambiente familiar e suas condições econômicas,
atingindo o aluno em nível individual. Essas questões podem influenciar de forma nega-
tiva a aprendizagem, mas não são determinantes nesses casos.
As características que devem ser observadas em alunos que possuem distúrbios
de aprendizagem, são dificuldades específicas para a realização de atividades como a
leitura, a escrita, a fala, o raciocínio e as habilidades matemáticas. Esses precisam de
atenção e tratamentos diferenciados como a ajuda de profissionais especializados, for-
mas diferentes de ensino, escolas com recursos específicos, entre outras.
É preciso estar claro, como já foi dito anteriormente, que a confirmação de um
diagnóstico de distúrbio de aprendizagem, depende de um conjunto de fatores e exames
específicos. Alunos com dificuldades causadas por outros motivos podem ter seus pro-
blemas sanados quando inseridas em ambientes com qualidades diferenciadas de orga-
nização, ambientes saudáveis e profissionais capacitados.
As dificuldades de aprendizagem podem ser transitórias quando suas causas são
tratadas ou eliminadas, enquanto os distúrbios permanecem pela vida toda, já que são
disfunções do sistema nervoso. Eles também podem e devem ser tratados, porém, essas
ações representam alternativas para que as pessoas possam conviver de forma saudá-
vel com suas limitações e saber como superá-las e não constituem curas definitivas.
56
Dessa forma, a disfunção neurológica é uma característica fundamental para di-
ferenciar uma criança com distúrbios de aprendizagem daquelas que apenas apresen-
tam algumas dificuldades. Aqueles têm uma relação médica, o que explica o fato de
apenas uma pequena parte da população que encontra dificuldades de aprendizagem,
terem nos distúrbios as causas de seus problemas.
18.1 Dislexia
A dislexia tem sido o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Ela reflete
na dificuldade de aprendizagem na qual a capacidade de um aluno para ler ou escrever
está abaixo do seu nível de inteligência. A mesma pode ser caracterizada como uma
insuficiência para assimilar os símbolos gráficos da linguagem.
Sua origem é congênita (nata) e hereditária e seus sintomas podem ser identifica-
dos logo na pré-escola em crianças que demoram a começar a falar ou trocam os sons
das letras e têm dificuldades para aprender a ler e escrever.
Ela pode ser chamada de “a mãe dos transtornos de aprendizagem” porque foi a
partir da identificação deste problema que se iniciou uma busca pelo conhecimento de
todos os outros tipos de distúrbios existentes. Com o passar do tempo, surgiu a neces-
sidade de estabelecer as diferenças entre os problemas na aprendizagem e, a partir de
então, eles começaram a ser subdivididos e classificados. A dislexia também foi conhe-
cida durante um grande período como “cegueira verbal congênita” devido às dificuldades
para ler e escrever em pessoas que possuíam visão normal.
Esse distúrbio se dá em alunos com audição, visão e inteligência normais, que
vivem em ambientes familiares saudáveis e possuem condições econômicas adequadas.
Assim, em casos de dislexia, as causas não podem ser atribuídas a questões
emocionais, culturais ou instrucionais. Embora esses fatores tenham uma influência no
desempenho de pessoas disléxicas, eles não são determinantes.
Nos indivíduos que não possuem dislexia, a área esquerda do cérebro é a res-
ponsável pela percepção e pela linguagem, subdividida em três partes: uma que pro-
cessa fonemas, outra que analisa as palavras e a última que reconhece as palavras.
Essas três partes trabalham em conjunto e dão capacidade para que os indivíduos
aprendam a ler e escrever. Os alunos conseguem realizar essa tarefa apenas quando
reconhecem e processam fonemas, memorizando as letras e seus sons. Com o tempo
e o desenvolvimento do aluno na leitura e na escrita, sua memória permanente começa
57
a ser construída, o que faz com que ela reconheça as palavras com mais agilidade e
sem grande esforço.
As crianças disléxicas possuem falhas nas conexões cerebrais. Elas podem con-
tar apenas com a região do cérebro responsável por processar fonemas e sílabas, en-
quanto a área responsável pela análise de palavras, não exerce a sua função. Suas
ligações cerebrais não incluem a área responsável pela identificação de palavras e, por-
tanto, a criança não consegue reconhecer palavras que já tenha lido ou estudado. A
leitura se torna um grande esforço para ela, pois toda palavra que ela lê aparenta ser
nova e desconhecida. Para simplificar, pode-se dizer que a dislexia é causada por alte-
rações nas áreas do cérebro responsáveis pelos sons da linguagem e do sistema que
transforma o som em escrita.
Esse distúrbio é confundido com frequência com outros problemas de adaptação
escolar como os atrasos de desenvolvimento e a deficiência mental ligeira, afinal, o aluno
disléxico tem dificuldades em compreender o que está escrito e de escrever o que está
pensando. Quando tenta expressar-se no papel, o faz de maneira incorreta e o leitor não
compreende as suas ideias. Abaixo você pode ver algumas das características mais en-
contradas por alunos que têm dislexia:
- Fraco desenvolvimento da atenção
- Falta de capacidade para brincar com outras crianças
- Atraso no desenvolvimento da fala e escrita
- Atraso no desenvolvimento visual
- Falta de coordenação motora
-Dificuldade em aprender rimas/canções
- Falta de interesse em livros impressos
- Dificuldade em acompanhar histórias
- Dificuldade com a memória imediata e a organização em geral
- A pronúncia ou a soletração de palavras monossilábicas é uma dificuldade evi-
dente
- Inversão de palavras de maneira parcial ou total. Exemplo: A palavra “casa” é
lida como “saca”.
- Inversão das letras e números. Exemplo: “p” por “b”; “3 por “5”
- Alteração na ortografia em função de alterações no processo auditivo
- Cometem erros na separação das palavras
- Dificuldades em distinguir esquerda e direita
58
- Alteração na sequência das letras que formam as sílabas e palavras
- Dificuldades na matemática
- Pobreza de vocabulário
- Escassez de conhecimentos prévios (memória de longo prazo)
- Falhas na elaboração de orações complexas e na redação espontânea
- Copiam as palavras de forma errada mesmo observando na lousa como são
escritas.
Além disso, os disléxicos também sofrem com a falta de rapidez ao ler. Sua leitura
é sem ritmo e, muitas vezes e com muito sacrifício, decodificam as palavras, mas não
conseguem compreendê-las.
As características colocadas acima não são suficientes para se fechar um
diagnóstico a respeito da dislexia, afinal, existem outros distúrbios de aprendizagem que
também possuem elementos parecidos, no entanto, elas podem ser usadas como um
ponto a partir do qual se é levado a procurar a ajuda de profissionais especializados e
buscar formas de superação.
A dislexia é responsável por altos índices de repetência e abandono escolar. A
ausência de conhecimentos dos professores contribui para uma evasão escolar e o agra-
vamento dos problemas enfrentados pelos alunos. Essas são incompreendidas em seu
fracasso e não valorizadas em suas tentativas vãs para superar suas dificuldades, de-
senvolvendo uma imagem negativa sobre si mesmas. A escola se torna um ambiente
que causa ansiedade e as exigências dos pais e professores acabam se revertendo em
comportamentos agressivos, inibições e outros.
Os alunos disléxicos precisam olhar e ouvir atentamente, prestar atenção aos mo-
vimentos da mão enquanto escrevem e da boca quando falam para associar os fonemas
aos seus sons e à sua escrita.
É recomendada a montagem de “manuais” de alfabetização apropriada para pes-
soas com essas dificuldades. Além disso, o sucesso escolar de um disléxico está base-
ado em uma terapia multisensorial (uso de todos os sentidos), sempre combinando ati-
vidades que motivem o uso da visão, da audição e do tato para ajudá-lo a ler e soletrar
corretamente as palavras. Abaixo estão colocadas algumas atitudes que podem ajudar
essas pessoas no processo de aprendizagem:
- Usar folhas quadriculadas para matemática.
- Usar letras com várias texturas.
- Usar máscara para leitura de texto.
59
- Evitar dizer que a criança é lenta, preguiçosa ou compará-la aos outros alunos
da classe.
Não forçar a criança a ler em voz alta em classe a menos que demonstre desejo
em fazê-lo.
-Suas habilidades devem ser julgadas mais em suas respostas orais do que nas
escritas.
- Sempre que possível, a criança deve ser encorajada a repetir o que foi lhe dito
para fazer, isto inclui mensagens. Sua própria voz é de muita ajuda para melhorar a
memória.
-Revisões devem ser frequentes e importantes.
- Copiar do quadro é sempre um problema, tente evitar isso, ou dê-lhe mais tempo
para fazê-lo.
- Demonstre paciência, compreensão e amizade durante todo o tempo, principal-
mente quando você estiver ensinando a alunos que possam ser considerados disléxicos.
- Ensine-a quando for ler palavras longas, a separá-las com uma linha a lápis.
- Dê-lhes menos dever de casa e avalie a necessidade e aproveitamento desta
tarefa.
- Não risque de vermelho seus erros ou coloque lembretes como “você precisa
estudar mais para melhorar”.
- Procure não dar suas notas em voz alta para toda classe, isso a humilha
e a faz infeliz.
- Não a force a modificar sua escrita, ela sempre acha sua letra horrível e não
gosta de vê-la no papel. A modulação da caligrafia é um processo longo.
- Use sempre uma linguagem clara e simples nas avaliações orais e principal-
mente nas escritas.
- Uma língua estrangeira é muito difícil para eles, faça suas avaliações sempre
em termos de trabalhos e pesquisas.
Além do apoio da escola, os alunos precisam receber apoio em casa. Os pais e
demais responsáveis devem ajudar a melhorar sua autoestima, oferecendo carinho,
sendo compreensivos e elogiando a cada acerto alcançado e encorajando a realização
de tarefas em que se saiam bem e que podem ser estimulantes. Também devem ser
ajudados em seus trabalhos escolares e não se pode permitir que seus problemas esco-
lares impliquem em mau comportamento ou falta de limites.
60
Para diagnosticar corretamente a dislexia, deve-se procurar a ajuda de profissio-
nais como fonoaudiólogos, psicólogos, neurologistas e psicopedagogos. Não se espera
encontrar todas as dificuldades numa única criança disléxica, mas a presença de pelo
menos uma delas, associada às dificuldades de ler, pode fazer supor a existência de um
quadro de dislexia. Os problemas podem ser avaliados através de um acompanhamento
adequado e direcionado às condições de cada caso.
Faz-se necessário adequar métodos e materiais que atendam o desenvolvimento
do aluno, bem como o acompanhamento e a observação para que se conheça as parti-
cularidades de cada um considerando o seu tempo e a sua construção de saberes.
É importante que se fale sobre o “dom da dislexia”. Pois, quando um dislexo do-
mina alguma coisa, ele a aprendeu tão bem que pode fazê-la sem pensar sobre o que
está fazendo.
Obs: Irlen ou dislexia da leitura – Irlen é uma síndrome que pode afetar além da
leitura, outras áreas variadas da vida do indivíduo. A sensibilidade à luz pode causar
desde simples incômodos em determinados ambientes ou circunstâncias, até prejuízos
em habilidades, tais como: prática de esporte com bola, coordenação motora fina e
grossa, habilidades musicais, coordenação espaço temporal, entre outras.
Um indivíduo mesmo com acuidade visual dentro dos padrões de normalidade (ou
seja, enxergando bem), tem chances de ser portador da síndrome, já que se trata de
uma disfunção da percepção e não uma patologia ligada diretamente aos olhos. Ela está
relacionada diretamente a déficits na codificação e decodificação das informações visu-
ais pelo sistema nervoso central. É necessário um diagnóstico diferencial por profissio-
nais especializados, uma vez que não pode ser detectada através de exames oftalmoló-
gicos de rotina, nem por testes padronizados para verificação de dificuldades de apren-
dizagem. Esta é uma síndrome conhecida no Brasil há aproximadamente cinco anos,
através de cursos oferecidos pela Fundação do Hospital de Olhos de Minas Gerais.
O uso da lâmina overlarys (overleis), proporciona conforto, nitidez, estabilidade e
fluência durante a leitura. Esta pode ser usada como lente dos óculos ou sobre postas
em textos.
18.2 Disgrafia
A disgrafia também é conhecida como “letra feia” porque as crianças que possuem
esse tipo de distúrbio, apresentam uma escrita muito feia. Isso leva a um desempenho
61
ruim na escola mesmo em alunos que possuem inteligência normal ou acima da média.
Esse problema constitui uma deficiência na qualidade do traço gráfico, o que se reflete
através de grandes dificuldades para escrever corretamente a linguagem falada.
O aluno com disgrafia tem dificuldades em coordenar as informações visuais e na
realização motora do ato de escrever. Alguém que tem apenas dificuldades para escre-
ver, mas não apresenta problemas em outras atividades motoras, provavelmente não
tem este distúrbio.
Existem dois tipos de disgrafia: a motora e a pura. A primeira atinge a maioria das
crianças com este distúrbio e consiste na dificuldade em escrever palavras e números
corretamente. A segunda é mais difícil de ser diagnosticada porque aparece quando ao
aluno sofre algum trauma emocional e isso se reflete na sua letra. Existem alguns sinais
que podem indicar as relações entre os problemas causados por este distúrbio e as con-
dições emocionais:
- Letras pequenas demais podem indicar uma timidez excessiva.
- Letras grandes demais podem indicar um aluno que necessita estar sempre no
centro das atenções.
- Letras feitas com muita força, que chegam a marcar as outras páginas do ca-
derno, podem indicar que o aluno esteja tenso.
No entanto, a disgrafia acontece também em alunos com capacidade intelectual
normal, sem qualquer transtorno neurológico, sensorial, motor ou afetivo. Eles, ainda que
tenham boas notas e facilidade de se expressar pela fala, não conseguem planejar os
movimentos para conseguir o traçado da letra. Ao observarem os conteúdos de uma
lousa ou um papel, não são capazes de reproduzir o que viram. Algumas das caracterís-
ticas mais encontradas em crianças com este tipo de distúrbio são:
- Letras ilegíveis
- Traços pouco precisos ou incontrolados
-Falta de pressão nos traços ou pressão muito forte a ponto de marcar o papel
- Letras distantes ou extremamente juntas
- Omissão de letras
- Dificuldade em manter uma frase na mesma linha
- Dificuldade em recordar a grafia correta para representar um determinado som
ouvido ou elaborado mentalmente.
- O aluno escreve devagar, retocando cada letra, realizando de forma inadequada
às uniões entre as letras ou amontoando-as para esconder os erros ortográficos.
62
A ortografia pode ser verificada como uma das dificuldades da disgrafia a partir
do momento que se exige rapidez e um ritmo gráfico de um aluno que ainda não auto-
matizou a relação som-letra. Nesse caso, a escrita das palavras é lenta e, na maioria das
vezes, incompleta, porque o aluno tem certas dificuldades em recordar com rapidez qual
a grafia para representar determinado som. Podendo os elementos citados serem resu-
midos em três características básicas:
Refere-se ao grau de limpeza do traçado das letras, sua dimensão (muito grandes
ou minúsculas), desorganização das formas e escrita alongada ou comprimida.
A disgrafia normalmente é observada um ou dois anos depois que o aluno aprende
a escrever. É comum que os professores demorem para perceber o problema, pois eles
estão mais preocupados com o desenvolvimento intelectual dos alunos do que com o
motor. Embora não se treine de forma efetiva a organização espacial das crianças, exige-
se que elas tenham uma boa escrita, o que pode ser visto como uma problemática na
educação infantil. O professor deve ficar atento às possíveis posturas inadequadas para
poder corrigi-las o mais cedo possível e, junto com um profissional especializado, esta-
belecer estratégias de ajuda que favoreçam a qualidade do traçado gráfico.
Uma grande parte dos professores não conhecem os distúrbios ligados à apren-
dizagem e acabam julgando de forma errônea seus alunos ao dizer que eles não são
63
caprichosos, são preguiçosos e pouco esforçados. Por esse e outros motivos, é preciso
saber que o que diferencia uma letra sem capricho da disgrafia, é o fato de o aluno ter
também outras dificuldades motoras leves como problemas na hora de amarrar o sapato
ou abotoar a camisa.
A idade mais indicada para se começar a tratar a disgrafia é a partir dos oito anos,
quando a letra começa a se firmar. Quando não tratado, o distúrbio pode trazer proble-
mas mais sérios na vida adulta, entre eles a dificuldade de comunicação. Em processos
seletivos como vestibulares, por exemplo, é preciso escrever textos relativamente longos
e tem-se pouco tempo disponível para isso. Candidatos que sofrem com a disgrafia, já
se apresentam em desvantagem na concorrência.
Além da antecedência, a disgrafia precisa ser superada através de tratamentos
psicológicos e treinos motores. Sem a busca de um tratamento, a criança começa a se
sentir atrasada em relação aos outros alunos e não compreende porque não consegue
se expressar através das palavras no caderno. A finalidade dos tratamentos é fazer com
que a criança atinja o domínio do gesto e do instrumento, a percepção e compreensão
da imagem a reproduzir.
Algumas atitudes podem ser tomadas no sentido de minimizar os problemas cau-
sados pela disgrafia. Pode-se citar como exemplo exercícios como o ombro (como os
realizados com o brinquedo “vai e vem”), para o cotovelo (como os realizados ao jogar
peteca), para os punhos e mãos (como brincar com massinhas ou argilas e pintar com
lápis de cor ou giz de cera).
Deve-se destacar ainda a importância dos esportes. Através deles é possível tra-
balhar a orientação espacial e a coordenação motora da criança. Brincadeiras como jo-
gar vôlei, xadrez e peteca também podem ajudar na melhora da letra, já que fazem a
criança usar as mãos e planejar os movimentos.
Não se pode descartar o papel que pais e professores têm nesse processo. Eles
precisam estar cientes das capacidades motoras da criança e não exigir resultados que
estão acima daqueles que ela pode apresentar num dado momento. É claro que não se
pode esperar que o aluno desenvolva suas habilidades sozinho, mas sim estimular esse
desenvolvimento através de práticas motoras baseadas em crescimentos graduais que
exijam pouco a pouco mais rapidez e controle do ato motor.
O desenvolvimento do controle motor é uma característica básica para atingir a
qualidade na escrita. Afinal, o ato de escrever mobiliza uma série de segmentos do corpo.
Antes de se atingir o nível ideal de desenvolvimento motor, que permite a realização da
64
escrita de forma rápida, precisa, legível e sem cansaço, a coordenação motora passa
por diversos estágios. Em cada estágio um segmento do corpo realiza uma função até
chegar o momento em que se atinge o controle total do ato de escrever, que é caracte-
rizado pela fixação do cotovelo na mesa e a rápida movimentação dos dedos durante a
escrita.
No início da alfabetização, é natural que escrita do aluno não saia de forma per-
feita no papel, afinal, ele está apenas começando a aprender. No entanto, se com o
tempo e o treinamento em cadernos de caligrafia, o aluno ainda estiver longe de escrever
corretamente, é preciso que pais e educadores comecem a buscar as causas dessas
dificuldades e procurem formas de superação.
Não se pode esquecer também que o traçado gráfico é feito de características
pessoais e, portanto, vai adotando peculiaridades individuais ao longo do desenvolvi-
mento de cada um. Baseados nisso, responsáveis e professores não podem impor ne-
nhum modelo de letra para os alunos, mas sim, respeitar o seu grafismo desde que ele
seja legível, claro e atinja o objetivo principal da escrita, que é a transmissão da lingua-
gem oral com o máximo de eficiência sem o desprendimento de grandes esforços.
19.1 Disortografia
65
Características da disortografia:
_ Troca de grafemas: Geralmente as trocas de grafemas (unidades gráficas) que
representam fonemas homorgânicos (fonemas que têm a articulação realizada pelo
mesmo órgão do aparelho responsável pela emissão de sons, sendo as trocas mais fre-
quentes àquelas que envolvem o p ou o b), acontecem por problemas de discriminação
auditiva. Quando o aluno troca fonemas na fala, a tendência é que ela escreva apresen-
tando as mesmas trocas, mesmo que os fonemas não sejam auditivamente semelhan-
tes.
_ Falta de vontade de escrever.
_ Dificuldade em perceber as sinalizações gráficas (parágrafos, travessão, pontu-
ação e acentuação).
_ Dificuldade no uso de coordenação/subordinação das orações.
_ Aglutinação ou separação indevida das palavras.
Os pais desses alunos precisam ser orientados a levar seus a especialistas para
que possam ter orientações mais precisas do caso, podendo também ter o conhecimento
se este distúrbio possui algum tipo de tratamento para diminuir as dificuldades. Existem
alguns fatores que devem ser analisados no processo de verificação dos educadores:
_ Nível de escolaridade
_ Frequência dos erros e quais acontecem
_ A frequência de palavras no vocabulário
_ A frequência visual
Através dessas colocações, os educadores conseguem ter um diagnóstico mais
preciso do distúrbio, podendo realizar um trabalho eficiente, apresentando menos falhas
quando comparados a educadores sem conhecimento sobre o assunto.
Afasia
Este distúrbio também está ligado à linguagem e tem como principais caracterís-
ticas a perda das capacidades e habilidades da comunicação tanto escrita, como falada.
Ele está muito envolvido com a área da neurologia clínica, uma vez que pode
originar-se de acontecimentos como acidentes vasculares cerebrais, infecções e outros,
afetando, dessa forma, áreas específicas do cérebro responsáveis pela comunicação.
De acordo com o local da lesão cerebral, são ocasionados tipos diferentes de alterações.
Por isso, a afasia divide-se em quatro tipos:
_ Afasia de Broca; Afasia de Wernicke; Afasia de Condução e Afasia Global.
66
O fato de elas estarem divididas em tipos diferentes, possibilita aos profissionais
da área médica uma maior facilidade para darem diagnósticos e encontrar o melhor tra-
tamento.
Discalculia
A discalculia está ligada às dificuldades com as habilidades matemáticas. Os alu-
nos são capazes de compreender as lições transmitidas, mas quando tentam colocar em
prática o que aprenderam, acabam trocando e invertendo as ordens das operações.
Pessoas com discalculia não apresentam problemas fonológicos, mas encontram
dificuldades em:
- Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior.
- Conservar a quantidade.
Exemplo: Não compreender que 1kg é igual a quatro pacotes de 250 g
- Os sinais de soma, multiplicação e os demais.
- Sequenciar números, como, por exemplo, o que vem antes do 11 e depois do 15
(antecessor e sucessor).
- Classificar números.
- Dificuldade na memória de trabalho.
- Dificuldade de memória em tarefas não verbais.
- Dificuldade na soletração de não palavras (tarefa de escrita).
- Dificuldade na memória de trabalho que implica contagem.
- Dificuldade nas habilidades viso-espaciais.
- Dificuldade nas habilidades psicomotoras e perceptivo-táteis.
- Montar operações.
- Contar através dos números cardinais e ordinais.
- Estabelecer correspondência um a um: não relaciona o número de alunos de
uma sala à quantidade de carteiras.
Acalculia
A acalculia também é uma dificuldade relacionada às habilidades matemá-
ticas e está diretamente ligada à discalculia. O aluno não tem dificuldade com elementos
como a contagem, mas sim em como relaciona isso com o mundo que a cerca. A acal-
culia ocorre quando o indivíduo, após sofrer lesão cerebral, como um acidente vascular
cerebral ou um traumatismo crânio-encefálico, perde as habilidades matemáticas já ad-
quiridas. A perda ocorre em níveis variados para realização de cálculos matemáticos.
67
Gagueira
Ainda hoje não se sabe ao certo quais são as causas da gagueira. Ela é um dis-
túrbio ligado às dificuldades da fala e pode prejudicar o cotidiano daqueles que a pos-
suem. Devido à sua incidência, ás dificuldade que pode causar na aprendizagem e à
importância de saber como lidar com ela, julgou-se relevante abordá-la neste material.
Esse distúrbio é caracterizado por uma fala que envolve bloqueios, hesitações,
prolongamentos e repetição de sons, sílabas e palavras. A fala também pode ser acom-
panhada de tensão muscular, piscar de olhos, irregularidades na respiração e caretas.
Os alunos sentem grande dificuldade para achar o que será dito, fazendo repetições de
palavras até encontrarem uma saída.
Algumas de suas possíveis causas são: Genética/Hereditariedade; Alterações ce-
rebrais; Prematuridade; Distúrbio no sistema nervoso central; Freio da língua muito curto;
Traumas de nascimento; Infecções ou Problemas emocionais
Os alunos com gagueira devem ser reconhecidos e aceitos como normais. Não
se pode humilhar ou criticar uma criança por falar dessa maneira, afinal ela não tem
conhecimento acerca da causa do seu erro e, atitudes como essas, apenas o deixa mais
nervosa, aumentando a sua dificuldade de fala. Portanto, é preciso manter as crianças
em boas condições físicas, ambientes familiares saudáveis e com bons exemplos de
fala. É importante que elas desenvolvam sua autoconfiança, através do destaque de
suas aptidões e da minimização de suas deficiências.
A fala é uma das coisas mais esperadas pelos pais de crianças pequenas, inde-
pendentes de quantos filhos eles já tenham, essa expectativa sempre existe. Por isso,
eles sempre ficam repetindo palavras o tempo todo e, conforme o tempo vai passando,
começam a fazer isso com frases maiores. Assim, as palavras vão sendo gradualmente
juntadas e cada passo é motivo de felicidade para os pais e demais familiares ou res-
ponsáveis.
Diante dessa empolgação, os pais podem perceber determinadas falhas na fala
de seus filhos. No entanto, a maior parte deles, demora em procurar a ajuda e opinião
de especialistas no assunto. Eles sempre tendem a buscar uma causa muito depois do
começo da gagueira e, até este momento, criam desculpas para si mesmos acreditando
que seja apenas uma fase ou algo normal nas crianças pequenas. Esse comportamento
apenas dificulta a aplicação de técnicas capazes de auxiliar no desenvolvimento dessas
crianças. As características da gagueira complicam-se com o passar do tempo, pois o
sujeito acaba se adaptando ao seu modo de falar, embora nunca esteja satisfeito consigo
68
mesmo por não ser capaz de participar de uma conversa por mais simples que ela possa
parecer.
Os professores também têm um papel de suma importância no desenvolvimento
dos alunos com gagueira. Eles podem agir em sala de aula através de ações como acei-
tar a criança e manter uma postura objetiva em relação ao seu problema; eliminar ao
máximo as dificuldades e interrupções da criança e motivar as demais a fazerem isso
também; criar um ambiente calmo e sereno evitando tensões; evitar falas rápidas; dando
ênfase às habilidades que ela possui; encorajando-a a falar, mas sem forçá-la.
Déficit de Atenção
Conhecida como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade),
esse distúrbio é caracterizado, principalmente, pela desatenção, pela agitação e pela
impulsividade. Crianças hiperativas são capazes de aprender, mas encontram dificulda-
des no desempenho escolar devido ao impacto que seus sintomas causam.
Para essas crianças, concentrar-se é algo complicado. Elas se distraem com fa-
cilidade, esquecem de suas obrigações, perdem e esquecem objetos com frequência,
têm dificuldades em seguir instruções e se organizarem, falam de maneira excessiva a
ponto de não serem capazes de esperar a sua vez, o que as leva a responderem per-
guntas antes mesmo de serem concluídas.
A hiperatividade também pode ser caracterizada por um descontrole motor acen-
tuado, que faz com que as crianças tenham movimentos bruscos e inadequados, mu-
danças de humor e instabilidade afetiva.
O distúrbio está ligado à produção de neurotransmissores (substâncias produzi-
das no sistema nervoso central, responsáveis pela regulação do mesmo). Todos os se-
res humanos possuem uma área no cérebro que desenvolve o equilíbrio entre a percep-
ção, a estimulação ambiental e a capacidade de resposta do cérebro a tudo isso. Quando
ocorre uma deficiência nesse processo como, por exemplo, na produção de substâncias
como a dopamina, é gerada uma falta de equilíbrio nesse sistema. Daí origina-se o
TDAH.
A hiperatividade costuma melhorar ou até mesmo desaparecer em grande parte
das crianças quando elas atingem a puberdade, embora, em alguns casos, possa conti-
nuar na adolescência e na vida adulta. Existem algumas crianças que possuem maior
propensão a ter estes problemas como os filhos de pais hiperativos, irmãos de pessoas
hiperativas e os irmãos gêmeos.
69
Além da deficiência na produção de neurotransmissores, a hiperatividade também
pode ser causada por outros motivos como a ansiedade, frustrações, depressões, cria-
ção imprópria e outros.
O TDAH afeta as crianças na escola, no ambiente familiar, na comunidade e tam-
bém pode prejudicar o seu relacionamento com professores, colegas e familiares. Os
sintomas mais encontrados podem ser divididos entre desatenção e hiperatividade/im-
pulsividade e, muitas vezes, também pode haver uma mistura entre os dois.
19.2 Hiperatividade/Impulsividade
Dificuldade para se manter parada ou sentada, corre sem destino ou sobe exces-
sivamente nas coisas, inquietação, mexendo com as mãos e/ou pés, ou se remexendo
na cadeira, age como se fosse movida a motor, é “elétrica”, fala excessivamente, dificul-
dade em engajar-se numa atividade silenciosamente, responde a perguntas antes
mesmo de serem formuladas totalmente, interrompe frequentemente as conversas e ati-
vidades alheias, dificuldade em esperar sua vez em filas e brincadeiras e corre sem des-
tino ou sobe excessivamente nas coisas.
19.3 Desatenção
70
Existem estágios avançados e reduzidos desse distúrbio. Para cada um deles há
um tratamento diferenciado. Em estágios avançados, especialistas indicam o uso de me-
dicações. Em outros, simples programas de modificação do comportamento são capazes
de diminuir o nível de atividade ou desatenção.
Para diagnosticar o TDAH, os sintomas devem interferir de forma significativa na
vida da criança através de um comportamento crônico que se repita em diferentes am-
bientes, por exemplo.
Esse diagnóstico precisa passar por uma ampla avaliação. Afinal, alguns dos sin-
tomas também podem ser indicadores de outros tipos de distúrbios. O importante é que
seja feito um histórico cuidadoso onde são incluídos dados recolhidos de professores,
pais e outros adultos que tenham contato com a criança avaliada. A avaliação também
deve contar com um levantamento do funcionamento intelectual, social, emocional, aca-
dêmico e médico obtidos com a ajuda de profissionais como o neuropediatra e outros
capazes de realizar testes psicológicos e neurológicos.
A hiperatividade normalmente aparece na primeira infância e atinge uma parcela
pequena da população, independente do grau de inteligência, o nível de escolaridade ou
a classe social.
O tratamento de crianças com TDAH demanda a intervenção psicológica, peda-
gógica e médica. Uma abordagem que envolva todas essas áreas do conhecimento ori-
gina um processo de treinamento dos pais para controlar o comportamento dos filhos,
um programa pedagógico adequado e possíveis medicamentos. Existem diversos pro-
gramas para pais de crianças com TDAH, bem como uma diversidade de vídeos e outros
materiais com dados a respeito das dificuldades e estratégias efetivas que podem ser
usadas no ambiente familiar.
Os pais devem recompensar as crianças quando se comportam de forma ade-
quada.
Elas precisam de respostas imediatas, frequentes, previsíveis e coerentes aplica-
das ao seu comportamento. Além disso, também necessitam de mais tentativas para
aprender.
Quando conseguem terminar uma tarefa ou outros tipos de atividades, devem ser
recompensadas.
Os professores e a escola também possuem um papel essencial no desenvolvi-
mento das crianças. O sucesso da sala de aula pode exigir uma série de intervenções.
A maior parte das crianças hiperativas pode continuar na classe regular com pequenas
71
adaptações no ambiente estrutural como a modificação do currículo e estratégias ade-
quadas. Apenas crianças com problemas muito mais sérios podem exigir salas de aula
especiais.
Alguns alunos com TDAH precisam ter algo em mãos para dar um foco para a sua
atenção. Também pode surgir efetivo combinar algo que passe despercebido (como mú-
sica de fundo), circular pela sala e a proximidade física para controlar e avisar os alunos
(mãos no ombro, contato de olhar, toque na carteira).
Além disso, também se pode criar opções de atividades para os alunos que ter-
minam seus deveres mais cedo para evitar problemas como o tédio. Nesse processo, é
de extrema importância que se tenha cuidado para não pedir que eles façam trabalhos
que não sejam capazes de realizar com êxito, pois isso pode gerar frustrações.
Deve-se certificar que as atividades são estimulantes e que os alunos compreen-
dem a lição, através de técnicas eficientes e providenciando, ainda, oportunidades para
que essas crianças possam se mover dentro da sala de aula nos intervalos entre as
atividades.
72
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Casa Civil. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: CC, 1996. Disponível em: <http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm>. Acesso em: 12 maio 2010.
BRASIL. Direito à educação: subsídios para a gestão dos sistemas educacionais: ori-
entações gerais e marcos legais. 2. ed. Brasília: MEC, SEESP, 2006.
73
BRASIL. Diretrizes gerais para o atendimento educacional aos alunos portadores
de altas habilidades/superdotação e talentos. Brasília: MEC/Secretaria de Educação
Especial. 1995
74
BRUNO, M. M. G. O desenvolvimento integral do portador de deficiência visual: da inter-
venção precoce à integração escolar. São Paulo: NEWSWORK, 1993.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
DARCY, Raiça; PRIOSTE, Cláudia; MACHADO, Maria Luísa Gomes. 10 questões so-
bre a educação inclusiva da pessoa com deficiência mental. São Paulo: Avercamp,
2006.
FREEMAN, J. & GUENTHER, Z.C. Educando os mais capazes. São Paulo: EPU. 2000.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999
75
GUENTHER, Z.C. Desenvolver capacidades e talentos. Um conceito de inclusão.
Petrópolis: Vozes, 2000.
MAMEDE, M. M. & CORRÊA, M. E. G. Da barriga da mamãe aos três anos - como ajudar
a me desenvolver melhor. Brasília: Coronário, 1997.
MANZINI, Eduardo José. Portal de ajudas técnicas: recursos para comunicação alter-
nativa. Brasília: MEC/ SEESP, 2007.
p.121-140, jan.-abr.2009.
76
PELOSI, Miryan Bonadiu. In.: Seminário internacional sociedade inclusiva PUC Minas.
Belo Horizonte: 2003. Anais. P. 183-187.
REILY, Lúcia. Escola inclusiva: linguagem e mediação. São Paulo: Papirus, 2004.
SASSAKI, K. R. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA,
1997.
SASSAKI, Romeu. Por que o termo “Tecnologia Assitiva”? 1996. Disponível em:
http://www.cedionline.com.br/ta.html. Acesso em 24 mar. De 2007.
SCHROEDER, S. Etapas y transiciones a través del periodo de vida para las personas
com problemas en el desarrollo: perspectivas norteamericanas y latinoamericanas. Lima-
Peru, Mimeo, 1993.
VYGOTSKY LS. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
VIRGOLIM, A.M.R., FLEITH, D.S. & NEVES-PEREIRA, M.S. Toc toc... plim plim. Li-
dando com as emoções, brincando com o pensamento através da criatividade (3a.
ed.). Campinas: Papirus, 2001.
77